Usina Tamoio
(Araraquara e Ibaté, SP)

 

Usina Tamoio


Em 16/02/2002, a agência de correios da outrora próspera vila ferroviária da estação de Tamoio era apenas um prédio abandonado. Foto José H. Bellorio, Bauru, SP

Em 1909, foi aberto na linha da Paulista, logo após a estação de Ibaté, um posto telegráfico de nome Tamoio. Ele provavelmente recebeu o nome por causa da fazenda e usina nas terras da qual estava. Em 1922, com o aumento de bitola da linha, um prédio mais novo foi construído e o posto virou estação. Uma vila ferroviária ali se desenvolveu, com armazéns, lojas, correio, escola. Sabe-se que em 1929 de lá partia uma ferrovia, pertencente à Usina Refinadora Paulista (Usina Tamoio), de 30 km e bitola métrica e que ia até a fazenda e usina Tamoio, transportando açúcar e derivados. Nessa época, a fazenda já pertencia à família Morganti, que também eram donos da usina Monte Alegre, em Piracicaba, SP, e, nos anos 1950, da fazenda Guatapará, comprada à família Prado. A fazenda Tamoio tinha várias seções, como a Santa Elza, esta junto à estação da Cia. Paulista; a Central, a uns 8 km afastada da rodovia, onde ficava a casa-sede (já demolida), o campo de futebol, o clube e a igreja; a Bela Vista, mais longe, hoje invadida por sem-terras; e a Andes. A ferrovia particular da fazenda, de bitola métrica, não transportava passageiros nem funcionários (que utilizavam as jardineiras para transporte interno), apenas cargas; e tinha pelo menos duas linhas, uma, a linha da Bela Vista e outra, a linha da estação, que seguia para o armazém à beira da estação da Cia. Paulista. Bruno Valala trabalhou como maquinista da locomotiva nro. 9; Sebastião Correia, da número 14. Hoje, a usina Tamoio ainda existe e funciona, mas os Morganti a venderam em 1964 para a família Silva Gordo, que depois a venderam para a Corona. Segundo visitantes recentes da usina, dos prédios antigos quase nada existe mais. Na vila ferroviária, distante da usina, o que sobrou está em total abandono. Apenas a linha da antiga CP continua lá, a ferrovia particular não existe mais há pelo menos trinta anos e os trilhos foram arrancados, junto com os desvios da estação. A vila ferroviária pode ser vista da rodovia Washington Luiz, ficando num ponto em que o leito da linha passa bem junto à estrada (cerca de 300 metros), acompanhando-a pelo seu lado oeste. Outra colônia habitada, esta da fazenda Marilu, que não é e nunca foi parte da Tamoio, mas está dentro dela como um enclave, com uma igreja, esta abandonada, fica às margens do km 260 da rodovia Waxhington Luiz, ao lado do canavial, a uns 6 km da estação ferroviária.

Ralph Mennucci Giesbrecht, maio de 2002

* A Usina Tamoio fica no município de Araraquara, enquanto a vila ferroviária fica em Ibaté, próxima à divisa. É ainda uma das grandes usinas do Estado, mas, como todas as fazendas, é totalmente mecanizada e o número de trabalhadores é reduzidíssimo, não havendo motivos para se manter todos os prédios; como conseqüência, eles são geralmente demolidos ou abandonados. Fontes: Rodrigo Cabredo, São Paulo, SP; Claudete, de Araraquara, que nasceu e viveu na Tamoio até 1979, quando o proprietários ainda eram os Silva Gordo; e arquivos do próprio autor.

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Estações Ferroviárias do Estado de São Paulo

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O mapa à direita mostra, por volta de 1956, a estação de Tamoio, quase
na divisa do município de Ibaté com o de Araraquara; no da esquerda,
a linha da CP continua no sentido de Chibarro, e para a esquerda sai um ramal cheio de voltas, particular, da Usina Tamoio, dentro do
município de Araraquara. Curiosamente, a saída do ramal não aparece
no mapa da direita, e também não está no mapa a indicação da Usina e Fazenda Tamoio, que já existiam, e com esse nome... (IBGE, 1958)

Com exceção da primeira foto, em branco e preto, tirada por Filemon Peres por volta de 1918, as fotos em sépia abaixo são todas do dia 09/11/1944, pertencentes ao arquivo do autor, e foram tiradas dentro da Fazenda Tamoio, em local não exatamente conhecido:


Acima, à esquerda, a locomotiva da Paulista deixa a velha estação de
Tamoio, c. 1918. À direita, em 09/11/1944, a inauguração da oficina
com a presença de Sud Mennucci e do dono da fazenda, Pedro
Morganti.



A homenagem continuou com os convidadoe e presentes. Segundo
testemunhas, nada disso existe mais e estaria na área da fazenda,
longe da estação. A reportagem abaixo dá ima idéia do que foi a festa
(do jornal O Estado de S. Paulo, da época)




Acima, a estação de Tamoio, bem próxima à via Washington Luiz, abandonadíssima em 1998. Fotos de Ralph M. Giesbrecht

Acima, à esquerda, o armazém ao lado da estação, e, à direita, a
estação, ambos esperando a morte. Fotos José H. Bellorio, Bauru, SP



Acima, colônia da fazenda Marilu, às margens do km 260 da rodovia
Washington Luiz. Não faz e numca fez parte da Tamoio, mas sempre esteve encravada num pedaço dela. E também, um pouco mais afastado e isolado, a
belíssima capela abandonada. Fotos de Ralph M. Giesbrecht
em 27/05/2002

Para saber mais sobre a estação ferroviária de Tamoio, clique aqui