Casa Branca-Canoas (Ramal de Mococa)
Casa Branca-Guaxupé (Ramal de Guaxupé)
(São Paulo/Minas Gerais)

 

Cia. R. F. Rio Pardo (1887-1888)
Mogiana (1891-1971)
Fepasa (1971-1977)

Bitola: métrica.


Acima, a estação de Ribeiro do Valle, logo após o rio Pardo, em 1999. Aqui se bifurcavam as linhas dos ramais de Mococa e de Guaxupé. Abaixo, estação de Casa Branca, em 1996, de onde até 1951 saíam os trens para Mococa e Guaxupé (Fotos Ralph M. Giesbrecht).



Acima, a estação de Casa Branca-nova, de onde a partir de 1951 passaram a sair os trens para Mococa e Guaxupé, até sua eliminação total em 1977. (Foto Ralph M. Giesbrecht). Abaixo, os horários do trem dos ramais de Mococa e de Guaxupé em 1951. Note que a saída dos trens da estação de Joaquim Libânio era provisória devido à construção da variante nessa época. (Guia Levi, dezembro de 1951)

Veja também:

Estação de São José do Rio Pardo

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Indice

Nota: As informações contidas nesta página foram coletadas em fontes diversas, mas principalmente por entrevistas e relatórios de pessoas que viveram a época. Portanto é possível que existam informações contraditórias e mesmo errôneas, porém muitas vezes a verdade depende da época em que foi relatada. A ferrovia em seus 150 anos de existência no Brasil se alterava constantemente, o mesmo acontecendo com horários, composições e trajetos (o autor).

Aberta pela Companhia Ramal Férreo do Rio Pardo em 1887, a linha movimentou trens de passageiros entre 1887 e 1888 entre Casa Branca e São José do Rio Pardo, quando o ramal foi comprado pela Mogiana, que o estendeu até Canoas, na divisa com o Estado de Minas Gerais. Em 1898, um ramal foi aberto de Ribeiro do Vale, estação logo após o Rio Pardo, até a cidade de Guaxupé, em Minas Gerais. O trem para Mococa foi extinto em 1966 (Mococa-Canoas havia sido suprimido em 1961). Os trens continuaram rodando de Casa Branca até Guaxupé, pelo antigo sub-ramal, até meados de 1977. Houve uma viagem do trem de passageiros entre Casa Branca e São José do Rio Pardo em 1986 pela Fepasa como festa inaugural para a reativação da linha até Guaxupé para cargueiros, mas três anos depois a linha foi retirada.

Mapas de localização das linhas
Percurso: Casa Branca-Canoas (ramal de Mococa); Casa Branca-Guaxupé (ramal de Guaxupé)
Origem da linha:

Casa Branca-S. J. R. Pardo - 1887
S. J. R. Pardo-Canoas - 1891
Rib. Vale-Guaxupé - 1898
De Guaxupé saíam os ramais de Biguatinga (até 1915-1962), Juréia (1914-1966) e de Passos (até 1921-1977). Entre 1961 e 1977, toda essa rede foi desativada e em 1989 os trilhos foram todos retirados. Hoje somente sobra uma pequena parte do ramal de Passos, entre São Sebastião do Paraiso e Itaú de Minas, mas abandonado.

Os trens de passageiros aparentemente eram divididos na estação de São José do Rio Pardo (procedentes de Campinas), de onde seguiam parte para Mococa, com a locomotiva que vinha de Casa Branca, e parte para Guaxupé, puxados por outra. A partir de 1966, quando se suprimiram os ramais de Mococa, da Biguatinga e de Juréia, estes dois últimos saindo de Guaxupé, deixando apenas o de Passos, que também saía dali, os trens passaram a seguir direto pela linha Casa Branca-Guaxupé-Passos.

ACIMA: (esquerda) O trem de passageiros chegando de São José do Rio Pardo em Itobi, em 1973. Nessa época, ele não seguia mais para a estação de Mococa, que já não mais existia, mas sim para Guaxupé. A locomotiva com as cores da Mogiana já é operada pela Fepasa. Segundo informações, esse único carro de passageiros - que já mostrava a decadência do trecho - era dividido em dois: parte era 1a classe, parte 2a. (Foto Marília C. C. Coltri). (direita) Trem misto para Guaxupé atravessa o rio Pardo, provavelmente nos anos 1960 (Autor desconhecido).

"Gostaria de colocar o seguinte: em 1973 ainda corriam três trens de passageiros no ramal, que eram o PP1 - esse chegava em Guaxupé por volta das 16h15 - o LG 1 - que chegava por volta das 20h30 - e o NP 1 - que chegava as 06h30. A foto (acima), eu suponho ser o LG 2 que partia de Guaxupe às 06h30, pelo fato de a foto ter sido tirada durante o dia" (Paulo de Tarso Vieira Rola, 02/2006).

"Em meados de 1967, saía eu de Guaxupé de carro, rumo ao Rio, e ao passar numa passagem de nível da Mogiana, tive de aguardar um trem que vi então ser o noturno procedente de Campinas, chegando naquela cidade, com alguns de seus carros (ou todos??? Não me lembro mais...) envernizados como esses (ver abaixo) e brilhando no sol que nascia antes das 7 da matina... Belo espetáculo!" (Leonardo Bloomfield, 2007)


Carros como este rodavam pela Mogiana no ramal de Guaxupé até pelo menos o final dos anos 1960. Este carro está hoje no museu de Mairiporã. As fotos foram tiradas em 2007, exceto a acima à direita, que é o mesmo carro, antes da reforma por que passou (Fotos Thomas Correa).


O texto de 1944 retrata uma viagem num trem misto de domingo: "Levantei-me cedo nesse dia. Deixando o ambiente morno de minha casa, de portas e janelas fechadas, atirei-me à neblina de uma manhã invernosa, dirigindo-me à estação da Mogiana. A vida de Casa Branca despertava-se ali. O barulho das máquinas, do carregamento de mercadoria para os vagões, o vozerio de um bate-papo caracterizam seus primeiros bocejos. Algumas pessoas, envolvidas em couraças de agasalhos, defendendo-se da imagem impertinente, passam afoitamente por mim, à procura de um lugar no carro, que leva uma placa: Canoas. A máquina do nosso trenzinho arrastava um vagão, uma prancha repleta de lenha, um carro de passageiros subdividido em duas partes, correspondentes à 1ª a 2ª classes; um outro vagão servindo de escritório e oficina de uma companhia de publicidade. Nosso meio-carro transformou-se, dentro em pouco, numa improvisada sala de visitas, sendo que a maior parte das pessoas, entretidas em conversas, pertencia ao corpo funcional do Asilo-Colônia-Cocais. Em poucos instantes chegávamos àquela localidade, ficando, daí por diante, privados da companhia de tão amáveis pessoas. Desceu aquele bloco de gente, quase num só ímpeto, numa algazarra de passarinhos contentes, que não ajuntam em celeiros. "A máquina suspirou... O trenzinho partiu de novo. Ia lerdo, parando de estação em estação, comendo e expelindo, penosamente, uns grãozinhos de mercadorias - pondo na morosidade dos gestos de metal a alma do funcionário público. "Seis horas depois, Mococa. "Mococa, no meu binóculo!... Que esplendor de céu! Quanta luz na terra! O sol focalizava, esplendidamente, a beleza impressionante do painel, onde se desenhava, em linhas perceptíveis, Mococa à distância (...)" (Apolonio de Tiana, 1944 - "Mococa, no meu binóculo!", do livro Um dia o trem passou por aqui - a história e as estórias dos trens de passageiros do Estado de São Paulo e as saudades que eles deixaram, Ralph M. Giesbrecht, RMG, 2001).