Mogiana (1875-1967)
Bitola: métrica
Acima, a estação de Jaguariúna-nova, nos anos
1980, de onde partia o trem para Amparo, de 1945 a 1967. Antes,
havia a estação de Jaguari, ali próxima (Acervo
Alberto del Bianco). Abaixo, a estação de Amparo,
já desativada, em 1998 (Foto Ralph M. Giesbrecht)
Acima, a estação de Monte Alegre, já desativada
e descaracterizada, em 1998 (Foto Ralph M. Giesbrecht).
Acima e abaixo, a estação de Reversão, em dois
tempos: em 1910, recem inaugurada (Foto Album Mogiana), e em 1998,
servindo de moradia, mal cuidada... (Foto Ralph M. Giesbrecht)
Acima, a
estação de Socorro, ainda ativa, anos 1960. Ela não
mudou muito hoje, virou rodoviária e perdeu os trilhos (Acervo
Antonio C. Belviso). Abaixo, horário dos trens para Amparo
e Socorro em 1962 (Guia Levi, setembro de 1962).
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também:
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Índice
Nota:
As informações contidas nesta página foram
coletadas em fontes diversas, mas principalmente por entrevistas
e relatórios de pessoas que viveram a época. Portanto
é possível que existam informações contraditórias
e mesmo errôneas, porém muitas vezes a verdade depende
da época em que foi relatada. A ferrovia em seus 150 anos
de existência no Brasil se alterava constantemente, o mesmo
acontecendo com horários, composições e trajetos
(o autor).
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Trem
de passageiros operado pela Mogiana desde os seus primordios, em 1875.
No início somente até Amparo, mas com a extensão
do ramal até Monte Alegre (1892) e até Socorro (1909),
por todo o ramal. Por muitos anos o trem partia de Campinas, saindo
da linha-tronco em Jaguariúna, onde o ramal começava.
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Percurso:
de Amparo a Monte Alegre do Sul, e de Monte Alegre do Sul a Socorro
Origem da linha:
Jaguari (Jaguariúna) - Amparo: 1875
Amparo - Monte Alegre (do Sul): 1890
Monte Alegre (do Sul) - Socorro: 1908/9 |
No início, no longínquo
ano de 1875, os trens para Amparo, onde parava o ramal Jaguari-Amparo,
saíam direto de Campinas, dada a importância da cidade,
paralelos aos trens que ligavam Campinas a Mogi-Mirim, na linha principal.
Era até difícil dizer qual era a linha principal...
Com o tempo, a linha-tronco da Mogiana avançou até Ribeirão
Preto e dali até Araguari, quase em Goiás. O ramal de
Amparo só aumentou um pouco, foi até Monte Alegre, ali
ACIMA:
Trem de passageiros do ramal de Amparo em foto de 1964 (Quatro Rodas,
agosto de 1964).
perto, e vinte anos depois chegou a Socorro, também
não muito longe. Entre Jaguariúna e Amparo havia um
túnel, um dos pouquíssimos que existiam nas linhas originais
da Mogiana. Em 1909, Para facilitar o serviço de manobras em Monte
Alegre, como o ramal para Socorro sairia um pouco antes da estação
(850 m), foi construído um sistema de linhas para a reversão
dos trens de três formas: os trens de Amparo a Monte Alegre podiam
chegar até esta última, e depois, recuando até pouco além do posto
telegráfico projetado no km 17+98 da linha Amparo-Monte Alegre, entrariam
na linha de Socorro; os trens de Socorro a Amparo podiam chegar até
além do posto e recuando, chegariam até a estação de Monte Alegre;
os trens que não tivessem serviços em Monte Alegre, entrariam e sairiam
diretamente da linha de Socorro. A esse posto se deu o nome de Reversão.
Aos poucos, o trem de Amparo e Socorro foi perdendo importância,
e foram suprimidos, primeiro os trens que passavam de Amparo, em setembro
de 1966, e finalmente os que somente iam até ela, como no princípio,
no dia 3 de janeiro de 1967.
Em foto de cartão postal, provavelmente dos anos 1950,
as posições dos prédios no pátio ferroviário de Amparo e também a
saída do ramal para Serra Negra. À esquerda, a saída
para Serra Negra (esta, "bitolinha") e Socorro; à
direita, para Jaguariúna (Acervo Kelso Medici).
Até Amparo chegaram
a trafegar locomotivas diesel. Já para o trecho seguinte até
Monte Alegre e Socorro, não, as locomotivas a vapor foram até
o fim. Como relata o antigo passageiro abaixo, no "fim dos tempos"
se
Acima, em Pedreira, já no pátio da estação,
que não é vista na foto, o trem a vapor ainda passeia
trazendo seus passageiros em tempos mais tranqüilis, provavelmente
anos 1940 (Acervo Kelso Medici).
Ônibus de linha que andou pelo ramal de Amparo.
Foto sem data (Acervo Kelso Medici).
precisava de duas baldeações,
uma em Jaguariúna, outra em Amparo, para se ir adiante desta,
para qualquer estação do ramal:
"Naqueles idos dos anos 60, embarcávamos em Campinas naqueles longos
trens azul-amarelo e 30 km depois, descíamos em Jaguariúna. Baldeação
para Amparo, a composição já aguardava pronta na linha 2 ou 3 uma
locomotiva azul-amarela puxando um correio-bagageiro, um carro de
primeira e um de segunda classe, e às vezes, um vagão de carga e um
gaiola também. Meu tio era maquinista das vaporosas e diesel dos ramais
de Amparo e Socorro, e hoje, com mais de 80 anos, ele afirma que a
locomotiva diesel que ia de Jaguariúna a Amparo era chamada pelos
maquinistas por '60', acho que era uma GL... Em Amparo, enquanto ocorria
o embarque e desembarque de passageiros, carga e descarga de encomendas
e do correio, desengatavam a locomotiva diesel e engatavam a vaporosa
que seguia para o ramal de Socorro, pois diziam que os trilhos e raio
das curvas impediam que a diesel chegasse até Socorro, atingida cerca
de duas horas depois. As estações eram edifícios tão caros a nós como
eram a igreja da cidade, nossa casa, a escola, etc. Quando
Em 16 de setembro de 1966, o fim do ramal - o trem
está partindo de Socorro - e o aceno de alguém anônimo
que representa o fato de que "nunca mais o trem vai passar por
aqui" (Acervo Kelso Medici).
desativaram o ramal
de Socorro, lembro-me que os mais idosos (eu tinha 13 anos) de Monte
Alegre do Sul diziam que seria o fim da cidade, tal era o amor a integração
pessoas-ferrovia: parentes ferroviários, meio de transporte para viagem
e para encomendas - até leitoas vivas para Ribeirão Preto nós embarcávamos
às vésperas do Natal - para enviar e receber telegramas" (Ubirajara
Inácio de Godói, Ribeirão Preto, 03/2003).
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