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VXY Mogiana em MG
...
Cobiça
Antonio Justino
Guardinha
...
ESTIVE NO LOCAL: NÃO
ESTIVE NA ESTAÇÃO: NÃO
ÚLTIMA VEZ: N/D
...
 
E. F. São Paulo-Minas (1924-1971)
FEPASA (1971-1998)
ANTONIO JUSTINO (antiga SAPÉ)
Município de Altinópolis, SP
Linha-tronco original - km 102,950 (1937)   SP-0941
Altitude: 834 m   Inauguração: 1924
Uso atual: demolida   com trilhos
Data de construção do prédio atual: n/d (já demolido)
 
 
HISTORICO DA LINHA: As origens da E. F. São Paulo-Minas remontam a 1891, quando um médico da cidade de São Simão resolveu construir uma linha (Cia. Melhoramentos São Simão) que seguisse do centro até a fazenda Santa Maria. A empresa fechou em 1895, mas foi sucedida pela V. F. São Simão, em 1897. Esta se tornou em 1902 a E.F. São Paulo-Minas, quando passou a sair da estação de Bento Quirino e não mais do centro, sendo abandonada a linha que ligava este a Santa Maria, muito mais longa. A linha atingiu seu ponto máximo em 1911, quando alcançou São Sebastião do Paraíso, em Minas. A empresa mudou de donos mais vezes, até que em 1930, em dificuldades financeiras e dois anos após implantar um ramal de Serrinha (Ipaúna) a Ribeirão Preto, foi encampada pelo Estado. Em 1968, passou a ser administrada pela Mogiana, que fechou o trecho entre São Simão e Ipaúna. Em 1971, a SPM foi uma das cinco empresas fundidas para formar a Fepasa. Trens de passageiros correram até 1976. Atualmente a linha, de Ribeirão Preto até São Sebastião do Paraízo, está abandonada em quase toda a sua extensão.
 
A ESTAÇÃO: A estação de Sapé foi aberta em 1924. Era a última estação em território paulista.

Mais tarde passou a se chamar Antonio Justino.

A estação já estava fechada e em mau estado em 1986, quando o relatório de instalações fixas da Fepasa recomendava sua demolição.

Já foi, realmente, demolida.

"Tive alguns dos mais maravilhosos momentos de minha infância ligada a esta estação. Todo o final de ano, eu e meus pais íamos visitar o irmão de minha mãe, o ferroviário Antonio Miguel da Silva, hoje aposentado na cidade de Altinópolis, que na época residia na estação. Eu me lembro de cada detalhe desde quando embarcávamos em Ribeirão Preto até a chegada. A viagem era mágica. Lembro-me do cobrador, alto, meio gordinho, com seu uniforme azul marinho e um belo quepe com o logotipo da São Paulo-Minas e um grande bigode que lembrava aqueles atores mexicanos, além de extremamente simpatico. Seu nome era Francisco, mas era conhecido como Chicão. Trazia um apito em seu bolso, e dava 2 silvos breves ao que o maquinista respondia com duas apitadas de que tudo estava ok para a partida. Era assim a cada partida. A alegria do início da viagem chegava com os pequenos solavancos que cada carro dava no arranque da locomotiva, ainda a vapor. Essa é uma sensação que a grande maioria das crianças de hoje jamais irão sentir, sem contar o barulho da junção dos trilhos, aquele tara ta tá, tara ta tá, tara ta tá...

Quando chovia, tínhamos que procurar assentos onde não havia goteiras. Ao chegarmos à estação, já devagar, quase parando, a alegria de ver os tios, os primos a nos esperar e mais à frente a locomotiva numa parada quieta, onde mais parecia um gigante adormecido tomando um fôlego para seguir sua viagem, e também se reabastecendo de água na caixa dágua, que também nos servia de chuveiro para banhos. frios, é claro, mas quem ligava prá isso? Lá havia também 2 casas, no sentido Minas, no lado direito. A primeira era a do meu tio, e mais à frente existiam alguns vagões, 2 ou 3 no máximo, que serviam de casa para algumas pessoas. Quase de frente à casa do meu tio, a tal caixa dágua, com mais ou menos 6 metros de altura e uma enorme manqueira de borracha.

Com a chegada das diesel, foi aposentada. Ao lado dela, uma casinha onde eles guardavam o troley. Ao lado da Estação, sentido Ribeirão Preto, existia um campo de futebol onde também empinávamos pipas que eu fazia para mim meus primos. Logo abaixo, uma escolinha, onde meus primos estudavam, mas que foi desativada por falta de professores. Havia a família do chefe da estação, que morava na própria, conhecido como Toti, que adorava tocar sanfona, animando os bailinhos das festas e mais tarde falecido num acidente de carro. A estação de Antonio Justino estava num lugar bastante curioso, ao lado do chamado Morro da Mesa, por ter o formato de uma mesa.

Diziam também que era mal assombrado: a esposa do chefe da estação jurava ter visto diversas vezes homens trajados com uniformes militares apontando uma carabina em sua direção, com luzes verdes e vermelhas que apareciam beirando os trilhos e que sumiam rapidamente. Estive lá há 2 anos, em 2005, e fiquei muito triste com o que vi. A estação já não existe mais, apenas a plataforma ainda está de pé tomada pelo mato. Nem casas, nem a caixa dágua, nem a escolinha, . apenas os trilhos enferrujados sobre dormentes podres que ainda procuram resistir ao tempo tendo sobre eles um pouquinho que daquilo resta, daquilo que foi uma das maiores alegrias de minha vida
" (Luiz Gustavo, 07/2007).

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1924
AO LADO:
A estação foi entregue ao tráfego mútuo entre ferrovias (O Estado de S. Paulo, 11/4/1924).

ACIMA: Em janeiro de 2008, os restos da plataforma da estação de Antonio Justino, já há muito demolida. Se há trilhos, estão cobertos pelo matagal. A paisagem, no entanto, ainda é bonita (Foto Mauro Theodoro de Souza).

ACIMA: Caixa d'água da estação de Antonio Justino em 2020 (Foto Leandro Ghidini).

ACIMA: Milagre: ainda evistiam trilhos junto à estação de Antonio Justino em 2020 (Foto Leandro Ghidini).
ACIMA: Milagre: ainda evistiam trilhos junto à estação de Antonio Justino em 2020 (Foto Leandro Ghidini).

(Fontes: Luiz Gustavo; Mauro Theodoro de Souza; FEPASA: Relatório de Instalações Fixas, 1986; O Estado de S. Paulo, 1924; E. F. São Paulo-Minas: relação oficial de estações, 1937)
     

Estação de Antonio Justino em mau estado, em 1986. Relatório de instalações fixas da Fepasa, 1986
   
     
     
Atualização: 28.07.2020
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.