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Q R S T U
VXY Mogiana em MG
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(1883-1964)
São Simão
Bento Quirino
Canaã
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(1964-1972)
São Simão
Bento Quirino
Canaã-nova
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Saída para o tronco da São Paulo-Minas
(1902-1968):
Louzadópolis
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Tronco CM - 1935

IHGSP - anos 1940
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ESTIVE NO LOCAL: SIM
ESTIVE NA ESTAÇÃO: SIM
ÚLTIMA VEZ: 2015
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Cia. Mogiana de Estradas de Ferro (1902-1971)
BENTO QUIRINO
Município de São Simão, SP
Linha-tronco original - km 259,082   SP-1039
Altitude: 590 m   Inauguração: 01.11.1902
Uso atual: escola (2018)   sem trilhos
Data de construção do prédio atual: 1902
 
 
HISTORICO DA LINHA: A linha-tronco da Mogiana teve o primeiro trecho inaugurado em 1875, tendo chegado até o seu ponto final em 1886, na altura da estação de Entroncamento, que somente foi aberta ali em 1900. Inúmeras retificações foram feitas desde então, tornando o leito da linha atual diferente do original em praticamente toda a sua extensão. Em 1926, 1929, 1951, 1960, 1964, 1971, 1973 e 1979 foram feitas as modificações mais significativas, que tiraram velhas estações da linha e colocaram novas versões nos trechos retificados. A partir de 1971 a linha passou a ser parte da Fepasa. No final de 1997, os trens de passageiros deixaram de circular pela linha.
 
A ESTAÇÃO: Teria esta estação sido inaugurada com o nome de Serradão em 1892 (ver caixa abaixo, de 28/10/1892)?

Inaugurada dez anos depois, em 1902, a estação de Bento Quirino servia no início para cruzamento de trens entre Cravinhos e São Simão, atendendo também aos moradores da fazenda Restinga - a estação era para se chamar Restinga - e para atender ao pessoal do cemitério da cidade de São Simão, ali perto, pois ninguém queria enterrar os mortos das epidemias que assolaram a cidade naquela época, perto do centro... e como a estação ficava muito perto da linha da então Viação Férrea São Simão (mais tarde a São Paulo-Minas), os proprietários desta fizeram um acordo com a Mogiana para que a linha, que saía do centro de São Simão, passasse a sair dali, economizando quilômetros de linha na serra da Cangalha, que a partir daí foram eliminados (veja a história da São Paulo-Minas).

Ainda no mesmo ano de 1892, a modificação foi feita. Os trens da VFSS, entretanto, por muitos anos embarcaram seus passageiros na estação ao lado, que ela própria administrava, deixando a estação de Bento Quirino para os passageiros da Mogiana.

Ao seu redor, foi-se construindo uma vila ferroviária, pelos donos da SPM, que chegou a ser considerada modelo.

O nome desta estação foi uma homenagem ao presidente da Cia. Mogiana na época, Bento Quirino dos Santos.

Porém, em 1969, a SPM deixou de sair de Bento Quirino, sendo desativado o trecho entre esta estação e a de Ipaúna e a própria estação, com isto, foi fechada. Funcionou ainda por poucos anos como escritório da São Paulo-Minas, até sua extinção em 1971, mesmo ano em que a estação ficou fora da linha, com a inauguração, em 25 de fevereiro, da variante Tambaú-Bento Quirino.

Parte da vila foi destruída em 1972, em atitude até hoje inexplicada, aparentemente por funcionários da Fepasa.

Dezoito anos depois, em 1986, o prédio da estação de Bento Quirino estava fechado, em estado razoável de conservação, e já fora dos trilhos, devido à retificação de 1971.

Uma das casas da vila ainda abrigava o arquivo da EFSPM, mas a casa estava fechada e trancada. Hoje o prédio transformou-se em estação rodoviária e sede de igreja (Fontes: Edilson Palmieri e relatórios da Mogiana e da São Paulo-Minas).

O livro "O Drama das Estradas de Ferro no Brasil", de Hugo de Castro, conta o que foi a vila ferroviária de Bento Quirino: "Alargou-se a sua bitola de 60 centímetros para um metro; seu leito começou a ser empedrado; mas a adaptação do material rodante e de tração para a nova bitola tornou-se um sério problema. Foi nesse período de vida da estrada (anos 1920) que Bento Quirino, uma simples estação da Companhia Mogiana, começou a crescer; começou a crescer materialmente e a nascer como célula social modelo.

E em virtude do espírito de honestidade, de solidariedade mútua e de trabalho constante de sua gente, chegou a figurar nas estatísticas do Conselho Nacional de Geografia, na década de cinquenta, como o núcleo populacional de maior conforto médio no Brasil. Materialmente foi provida de: Uma sede para a administração da estrada; uma ótima casa para o diretor; Um grupo de cinquenta casas para funcionários, de entre as quais cinco muito grandes, com amplos jardins e quintais, para os chefes de departamento;
Uma oficina mecânica muito bem aparelhada; Um depósito de vagões; Uma rotunda com girador; Uma escola de formação de oficinas; Um poço semi-artesiano, de 109 metros de profundidade, de base diabásica, jorrando em quantidade água puríssima, distribuída à população através de rede da própria estrada; Um grupo escolar amplo e moderno; Um gabinete dentário; Uma pequena cadeia; Um vasto armazém de abastecimento que fornecia, a prazo, para os funcionários, desde o fósforo até a geladeira; Um clube recreativo e de esportes que causava surpresa, espanto e admiração a quem o visitava pela primeira vez e nem acreditava no que estava vendo.

Esse clube, a Associação Esportiva Quirinense, em cujo jardim frontal se exibe, vaidosa e sedutora, uma das primeiras locomotivas que vieram de Filadélfia para a estrada, está instalado numa área de dois alqueires aproximadamente, e contém uma grande sede moderna, com salão de dança, cinema e bar; tem um campo de futebol oficial cercado de tela e muro, com arquibancadas de concreto armado e vestiário; um campo de bocha duplo, campo de basquete, grande área coberta com cozinha e barracas de telha, para jogos e leilão de prendas nas quermesses.

As quermesses de Bento Quirino eram famosas; a população inteira se esforçava, gratuitamente, para dar-lhe um brilho incomum; para tomar parte
nelas chegava gente de toda a redondeza, até de São Paulo; às vezes duravam três dias seguidos e era uma delícia passar os fins de semana assistindo seus ricos leilões, deglutindo frangos e leitão assado, mastigando, com volúpia, os célebres pastéis de D. Cezira, bebericando uma suave cerveja gelada, ouvindo música, tudo isso unido ao picante prazer de comentar a vida alheia, ao ingênuo sabor do "Correio Elegante" e a doces idílios precursores de suaves noivados e felizes compromissos de casamento.

A finalidade inicial daquelas quermesses era a construção da graciosa igreja local dedicada a Santo Antônio, erguida em sombreada praça à custa do povo que, além das quermesses ainda se reunia constantemente em gloriosos mutirões de trabalho para que a linda igrejinha ficasse logo pronta e o bimbalhar dos sinos enchesse de místicas vibrações a comunidade. Todas as crianças e toda a juventude estudavam; um ônibus construído nas oficinas hoje arrasadas da estrada, levava, cedo, para São Simão, os alunos do Ginásio e da Escola Normal; e, à noite, levava e trazia os discentes da Escola de Comércio. Mas... delenda Bento Quirino!
(...)".

Em maio de 2009, a estação já havia sido reformada e passou a abrigar um museu ferroviário. O museu funcionava no interior do prédio, enquanto a plataforma era utilizada de um lado como parada de ônibus e do outro lado (a estação tinha uma de cada lado) estava então em exposição uma pequena locomotiva diesel em bitola de 60 cm.

A estação foi tombada pelo CONDEPHAAT em 20 de março de 2018. Nesse mesmo ano funcionava como escola.

CLIQUE AQUI PARA VER O ÍNDICE DAS ESTAÇÕES DA SPM EM VÁRIAS ÉPOCAS

1892
AO LADO:
Anuncio da inauguração da estação de Serradão, entre as estações já existentes de São Simão e de Serra Azul (a atual Canaã; não confundir com a estação de Serra Azul da São Paulo Minas). Sera esta Serradão alguma estação próxima a Bento Quirino? (O Estado de S. Paulo, 28/10/1902).

1902
AO LADO:
A estação de Bento Quirino, quase pronta (O Estado de S. Paulo, 28/08/1902).

1902
AO LADO:
Anuncio da inauguração da estação (O Estado de S. Paulo, 28/10/1902).
ACIMA: Pátio da estação de Bento Quirino, lado da saída da São Paulo-Minas. A estação está ao fundo, e a linha da Mogiana, à direita. Anos 1940? (Cessão Rodrigo Flores).
ACIMA: Problemas na baldeação de trens da Mogiana e da São Paulo-Minas em Bento Quirino em 1952 (O Estado de S. Paulo, 5/3/1952).

ACIMA: A linha da direita é da São Paulo-Minas. A da esquerda, da Mogiana. Foto dos anos 1960 (cessão Rodrigo Flores).

ACIMA: A estação de Bento Quirino, neste mapa de 1982, já está desativada; a linha que passa junto a ela de sudeste a noroeste é o tronco velho da Mogiana, desativado em 1971. A Variante passa perto, ao sul, subindo para o norte; para o norte e corcoveando, a linha que saía da estação de Bento Quirino e também constando no mapa como desativada é a da antiga São Paulo-Minas, desativada em fins de 1968 (IBGE).
ACIMA: Casa que abrigou o que hoje se chama CCO - Centro de Controle de Operações - da São Paulo-Minas em Bento Quirino, ou seja, centro de controle de via. Foi recentemente restaurada (Foto José Roberto França em 2/2011).

(Fontes: Ralph M. Giesbrecht, pesquisa local; Rodrigo Flores; Edilson Palmieri; Elly Roberto de Oliveira Jr.; O Estado de S. Paulo, 1902; Museu da Cia. Paulista, Jundiaí, SP; Hugo de Castro: O Drama das Estradas de Ferro no Brasil; Mogiana: Relatórios anuais, 1880-1969; Mogiana: Relação oficial de estações, 1937; IHGSP; Mapas - acervo R. M. Giesbrecht)
     

Bento Quirino, c. 1910. Foto Álbum da Mogiana

A estação, em 16/11/1998. Foto Ralph M. Giesbrecht

A estação, em 16/11/1998. Foto Ralph M. Giesbrecht

A estação, em 16/11/1998. Foto Ralph M. Giesbrecht

A estação em 21/10/2001. Foto Elly Roberto de Oliveira Jr.

A estação em 21/10/2001. Foto Elly Roberto de Oliveira Jr.

A estação, em 16/11/1998. Foto Ralph M. Giesbrecht

A estação em 18/12/2013. Foto Carlos R. Almeida

A estação em 8/5/2018. Foto Silvio Rizzo
     
Atualização: 01.12.2021
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.