|
|
...
Terceira Parada
Clemente Falcão
Engenheiro Gualberto
...
ram. S. Paulo EFCB-1950
Mapa de S. Paulo-1978
...
ESTIVE NO LOCAL: SIM
ESTIVE NA ESTAÇÃO: SIM
ÚLTIMA VEZ: 2010
...
|
|
|
|
|
E. F. do Norte (1886?-1890
E. F. Central do
Brasil (1890-1975)
RFFSA (1975-1981) |
CLEMENTE
FALCÃO
(antiga QUARTA PARADA)
Município de São Paulo, SP |
Ramal de São Paulo - km
494,795** |
|
SP-0004 |
Altitude: 746,857 m |
|
Inauguração: 29.08.1886? |
Uso atual: demolida em 1981 |
|
com trilhos |
Data de construção do
prédio atual: n/d (já demolida) |
|
|
|
HISTORICO DA LINHA: Em
1869, foi constituída por fazendeiros do Vale do Paraíba a E. F. do
Norte (ou E. F. São Paulo-Rio), que abriu o primeiro trecho, saindo
da linha da SPR no Brás, em São Paulo, e chegando até a Penha. Em
12/05/1877, chegou a Cachoeira (Paulista), onde, com bitola métrica,
encontrou-se com a E. F. Dom Pedro II, que vinha do Rio de Janeiro
e pertencia ao Governo Imperial, constituída em 1855 e com o ramal,
que saía do tronco em Barra do Piraí, Província do Rio, atingindo
Cachoeira no terminal navegável dois anos antes e com bitola larga
(1,60m). A inauguração oficial do encontro entre as duas ferrovias
se deu em 8/7/1877, com festas. As cidades da linha se desenvolveram,
e as que eram prósperas e ficaram fora dela viraram as "Cidades Mortas"...
O custo da baldeação em Cachoeira era alto, onerando os fretes e foi
uma das causas da decadência da produção de café no Vale do Paraíba.
Em 1889, com a queda do Império, a E. F. D. Pedro II passou a se chamar
E. F. Central do Brasil, que, em 1892, incorporou a já falida
E. F. do Norte, com o propósito de alargar a bitola e unificar as
2 linhas. O primeiro trecho ficou pronto em 1901 (Cachoeira-Taubaté)
e o trecho todo em 1908. Em 1957 a Central foi incorporada pela RFFSA.
O trecho entre Mogi e São José dos Campos foi abandonado no fim dos
anos 1980, pois a construção da variante do Parateí, mais ao norte,
foi aos poucos provando ser mais eficiente. Em 31 de outubro de 1998,
o transporte de passageiros entre o Rio e São Paulo foi desativado,
com o fim do Trem de Prata, mesmo ano em que a MRS passou a ser a
concessionária da linha. O transporte de subúrbios, existente desde
1914 no ramal, continua hoje entre o Brás e Estudantes, em Mogi e
no trecho D. Pedro II-Japeri, no RJ. |
|
A ESTAÇÃO:
ACIMA: Em mapa de 1916,que, aliás, não mostra nenhuma das paradas, a linha da E. F. do Norte saindo da estação do Norte, sentido sudeste, depois fazendo uma curva de quase noventa graus para o leste, numa longa reta no sentido de Mogi das Cruzes (que não aparece neste mapa). Na altura do bairro da Penha, nota-se uma bifurcação no sentido norte onda sai uma linha em forma de arco, na extrema direita do mapa aqui mostrado, dali até a rua Coronel Rodovalho, onde termina, na estação da Penha-ramal. O ramal, que é o trecho em arco seguido da reta que levava até a rua Coronel Rodovalho, desapareceu já nos anos 1950, depois de transportar trens de passageiros por ele, de 1886 até o final dos anos 1920. As paradas - da Segunda à Sexta - ficavam não no ramal, mas justamente na grande reta até hoje onde circulam os trens da CPTM para Mogi das Cruzes. No ramal, por sua vez, a única estação era a terminal da Penha, na rua Coronel Rodovsalho - CLIQUE SOBRE O MAPA PARA VÊ-LO EM MAIOR TAMANHO).
Não se conhece a data de abertura das paradas da E. F. do Norte, que depois passaram para a Central do Brasil. Porém, isto parece ter-se dado
com a entrada da operação, em 1886, dos trens de subúrbio
no então recém-construído ramal da Penha, que ligava a estação do Norte à rua Coronel Rodovalho, junto ao casarão dos Rodovalho e a igreja da Penha, esta foco de festas muito frequentadas algumas vezes por ano.
Os trens da E. F. do Norte - também chamada de E. F. São Paulo-Rio -, desde 1875 a 1886, quando foi aberta pela mesma ferrovia a linha Norte-Mogi das Cruzes, que passava pela Penha, mas a uma distância de cerca de um quilômetro
da igreja, caminho que, sem ligação por trilhos à linha Norte-Mogi, tinha de ser percorrida a pé ou com o uso de trolys.
A supressão dos trens do ramal da Penha em outubro de 1915 não eliminou o uso das paradas na linha do ramal de S. Paulo. Pelo menos, não durante algum tempo. Max Vasconcellos, em seu livro "Vias
Brasileiras de Communicação" (1928) cita as paradas, mas sem citar nenhuma data para suas aberturas.
Também o Guia Levi de janeiro de 1930 não mostrava estas paradas. Para completar, o mapa paulistano da Sara Brasil (1930) não
mostrava mais as paradas.
Porém, o jornal O Estado de S. Paulo, de 21 de março de 1931 (ver caixa abaixo), afirmava que o prefeito (Luiz Ignacio de Anhaia Mello) pedia que a Quarta (e a Quinta) Parada fosse reativada, o que mostra que a parada já estava desativada havia algum tempo - na "administração passada", segundo ainda o prefeito*). Realmente, ela foi reativada em novembro de 1931
(veja outro caixa abaixo de 15/11/1931), sete meses depois da reclamação do prefeito. Os Guias Levi de 1933 realmente a mostram já em funcionamento.
*Nota para o parágrafo imediatamente acima: "administração passada" pode tanto ser a do prefeito anterior a Anhaia Mello (muito curta, entre 1930 e o início de 1931, após a revolução de 1930) quanto à administração de prefeitos ou governadores imediatamente anteriores à mesma revolução. Não consegui encontrar nada nas notícias da época.
Notar também que as referências a todas essas paradas encontradas na época falavam em geral dos pequenos bairros que se montavam ao redor delas. Porém, de todas as seis paradas originais, apenas a 4ª parada tornou-se nome de bairro e até de cemitério.
Esta página não conseguiu informações exatas sobre em que data a estação passou a se chamar Clemente Falcão. Anos mais tarde, ela ficaria situada
defronte à estação Belém do metrô e a menos de 900 m da nova
estação Tatuapé. É sabido que os locais com os dois nomes tornaram uma sucessora da outra.
A se confiar nestes números, existiriam 1.300 metros de
distância entre a 4a Parada original e a de Clemente Falcão, algo considerável** ("*Nota para a quilometragem: conforme Max Vasconcellos, em 1928, era 494,795. Segundo o artigo em que a Central reativava a parada em 1931 (ver caixas abaixo, de 1931), a quilometragem era 496. Conforme o Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil em 1960, era 496,212. Depois, chegou a ter a quilometragem assinalada como 496,089 (anos 1970-80).
Em julho de 1937, morreu
Clemente Falcão (ver caixa abaixo). Quase que certamente por este motivo, a Quarta Parada passou a ser chamada com o nome do finado. Difícil de se saber a data exata que inauguraria o novo nome, mas a mudança de nomes não foi imediata.
Em 1940, a estação ainda se chamava Quarta Parada (ver caixa abaixo, de 28/8/1940) Em 1947, já tinha o nome de Clemente Falcão (de acordo com uma reportagem de 30/10 deste ano de O Estado de S. Paulo, que citava a estação como ainda sendo o ponto terminal da eletrificação dos suburbios em São Paulo).
Em 1948, a estação teve o prédio depredado e incendiado por uma multidão enraivecida depois de um acidente na estação, que mandou diversos feridos para o hospital (ver caixa abaixo).
"Fui morador do Belém entre 1975 a 1982 e freqüentei
bastante a antiga Clemente Falcão. Naquela época, eu
me lembro que a Av. Álvaro Ramos tinha uma passagem de nível
e uma passarela de madeira dando acesso á estação,
e recordo-me quando descia as escadas da passarela com meu pai e ouvia
o chefe da estação anunciando o trem: 'tronco a Mogi
das Cruzes!" ou "variante a Calmon Viana!' anunciava ele.
Inclusive ainda existe aquele prédio ao lado direito da plataforma,
de onde os moradores do prédio acenavam pra gente quando embarcávamos
no trem. Naquela época, os trens da RFFSA para Mogi eram os
Budd-Mafersa, e para Calmon Viana eram aqueles trens azuis, cariocas,
muito velhos" (Paulo Duarte, 05/2005).
A estação foi fechada quando se inaugurou a estação
Tatuapé, "às 24 hs do dia 5/11/1981" (Revista Ferrovia no.
81, de 1981).
O fechamento da estação levou a muitas reclamações
dos moradores e usuários que ali embarcavam, obrigados então
a caminhar por mais de um quilômetro até a nova estação
de
Tatuapé.
Em 2002, ainda existia a plataforma da antiga estação,
como que congelada sob o muro colocado ao lado da linha (ver foto de 2002 ao pé da página).
De todas as seis paradas originais, a Quarta foi a única que sobreviveu após as suas desativações e, ainda, a única que manteve um bairro com seu nome até hoje (o bairro da Quarta Parada). O cemitério ali existente também mantém seu nome até hoje.
DÚVIDAS QUE PAIRAM NA HISTÓRIA DA QUARTA PARADA, DEPOIS RENOMEADA COMO CLEMENTE FALCÃO:
- As paradas da linha-tronco da E. F. do Norte foram criadas em que época? O fato de elas serem uma sequência de paradas que devem ter sido ihauguradas ao mesmo tempo não significa que isso tenha sido verdade. Quando, afinal, foi isto? Parece ter sido junto com a criação dos subúrbios da Penha, mas ainda não consegui uma confirmação disto.
- O fato é que os nomes da Primeira à Sexta Parada somente começaram a aparecer na imprensa em geral depois de 1886, ano em que o ramal da Penha foi inaugurado. Isto leva-nos a crer que existe uma grande possibilidade que elas tenham surgido em 1886, com o ramal (embora nenhuma delas ficasse no ramal).
- Existe uma diferença entre a parada aparecer como parada mesmo e o bairro que ela nomeava. A maioria das notícias em que são citadas essas paradas referem-se aos bairros em si que elas foram gerando depois de instaladas, e não a uma ocorrência no local da parada em si. Nas poucas notícias das "caixas" abaixo, parece que o fato ocorreu na parada mesmo.
- As paradas da Central em São Paulo apareciam nos Guias Levi
enquanto estavam em funcionamento? Dos guias que consegui consultar no período em que elas supostamente estavam em atividade - e foram apenas dois, o de 1917 (que foi anual) e de janeiro de 1930, nenhuma dessas duas houve qualquer menção a estas paradas. Nestes dois guias, estariam elas em atividade e não foram mencionadas por estes guias por algum motivo? O fato é que muitas dessas paradas simples, que nunca tiveram o status de estações, poucas eram mencionadas. As duas únicas que foram mencionadas foram-no quando foram elevadas a estações, o que ocorreu após os anos 1930: a Quarta Parada (Clemente Falcão) e a Quinta Parada (Engenheiro Sebastião Gualberto). Nos horários divulgados pela imprensa, no entanto, as seis paradas apareciam sim.
- Confuso? Bastante. Se tiver algo para cooperar, contate-me por e-mail ou whats-up por favor.
|
1894
AO LADO: Choque de trem e carroça na Quarta Parada
(O Estado de S. Paulo, 5/1/1894). |
|
1900
AO LADO: Atropelamento e morte na Quarta Parada (O Estado de S. Paulo, 3/4/1900) |
ACIMA: Tabela das paradas da Central em 1902
(O Estado de S. Paulo).
ACIMA: A posição exata da Quarta Parada no cruzamento da avenida Alvaro Ramos com os trilhos da Central em mapa de 1913. (Mapa de São Paulo, 1913).
|
1931
AO LADO: Desativação e reativação
da Quarta Parada. Pelo visto, esta ordem havia fechado todas as seis paradinhas
(O Estado de S. Paulo, 21/3/1931).
|
|
1931
AO LADO: Depois de ter sido fechada, voltavam a funcionar a 4a e a 5a parada. Fica aqui a dúvida. Estaria ela no mesmo local da anterior, dos "suburbinhos da Penha"? Afinal, o texto falava em "novas paradas". Pelo texto, não há como saber, pois as quilometragens no artigo são um pouco diferentes das oficiais
(O Estado de S. Paulo, 15/11/1931). |
|
1933
AO LADO: Acidente grave na 4a parada
(O Estado de S. Paulo, 15/11/1933). |
|
1934
AO LADO: Atropelamento na 4a parada
(O Estado de S. Paulo, 8/7/1934). |
|
1935
AO LADO: Atropelamento na 4a parada
(O Estado de S. Paulo, 5/7/1935). |
ACIMA: Atropelado por um trem na passagem de nível da ferrovia na avenida Alvaro Ramos, ao lado da Quarta Parada, em 1936 - CLIQUE SOBRE A IMAGEM PARA VER TODA A REPORTAGEM (Correio de S. Paulo, 21/5/1936).
|
1937
AO LADO: Morte de Clemente Falcão
em julho (O Estado de S. Paulo, 14/08/1937). |
|
1938
AO LADO: Atropelamento na passagem de nível próxima
à estação da Quarta Parada (O Estado
de S. Paulo, 1/11/1938).
|
|
1940
AO LADO: Morte na estação da Quarta Parada (O Estado
de S. Paulo, 28/8/1940). |
|
1947
AO LADO: Outra morte na estação da Quarta Parada (O Estado
de S. Paulo, 30/10/1947). |
|
1948
AO LADO: E mais uma morte na estação da Quarta Parada (O Estado
de S. Paulo, 23/04/1948). |
ACIMA: Multidão ataca, depreda e
incendeia a estação após um desastre no ano de
1948 (VEJA A REPORTAGEM TODA CLICANDO SOBRE A FOTO).
O prédio seria aquele ao fundo e, em primeiro plano, um muro
que possivelmente separava a linha da rua. A foto é muito ruim
e jamais consegui uma foto decente do prédio que supostamente
havia ali. Terá esse prédio sido restaurado depois e
voltado a funcionar? (Folha da Manhã, 02/09/1948).
ACIMA: Infelizmente com uma péssima reprodução das fotos, mais um desastre, desta vez\ em 1959, com mortos em Clemente Falcão. Qual seria o problema de haver tantos desastres nesta estação em vinte anos? - CLIQUE SOBRE A FOTO PARA LER A REPORTAGEM INTEIRA (O Estado de S. Paulo, 10/09/1959).
ACIMA:, Passagem de nível em Clemente Falcão. "Olhando a foto, esta me deixou com uma dúvida. A plataforma
que aparece na foto é no sentido Roosevelt-Mogi. Observe o muro após
a plataforma, ele é de placas de concreto e o de Clemente Falcão era
e ainda é de pedras e após a construção do metrô boa parte dele foi
preenchido com concreto para ficar mais alto. A foto foi tirada provavelmente
nos anos 1960 e trata-se de um usuário equilibrando-se sobre
o trilho para não pagar passagem e sendo observado pelo segurança
da ferrovia. Todas as estações tinham nos dois sentidos fossos com
um recipiente no meio dos trilhos contendo água e óleo para
dificultar a evasão de renda. A passagem de nível em questão ficava
na outra extremidade da plataforma, ou seja após a rampa de acesso
que está até hoje lá como recordação. Era a passagem de nível interna
e a externa era a da Av. Álvaro Ramos. Trabalhei na Fábrica de Aparelhos
Elétricos Fame situada à Rua Cajurú de 1961 a 1965 e era usuário da
estação de Clemente Falcão diariamente. Fica a dúvida, a foto foi
revelada invertida ou trata-se de outra estação? (Sérgio Moura, 3/2/2013)
(autor e data desconhecidos).
ACIMA: Estação
provisória de Clemente Falcão que funcionou durante
muito pouco tempo no início dos anos 1980. Teria sido
construída em 7 dias (Cessão Thomas Correa, foto de
1981).
ACIMA: A estação de Clemente Falcão será fechada no dia 5 de novembro de 1981 e provoca reclamações dos usuários - CLIQUE SOBRE O ARTIGO PARA VER A REPORTAGEM INTEIRA (O Estado de S. Paulo, 3/11/1981).
(Fontes: Ralph M. Giesbrecht, pesquisa local; Alberto del Bianco;
Coaraci Camargo; Paulo Duarte; Revista da Semana, 1924; O Estado de
S. Paulo, 1902 e 1938; Folha de S. Paulo, 7/11/1981; Revista Ferrovia,
1981; Max Vasconcellos: Vias Brasileiras de Communicação,
1928; Guias Levi, 1932-79; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht) |
|
|
|
Na plataforma da estação de Clemente Falcão,
em 1977, o cruzamento dos trens DP1 com DP4. Foto Alberto del
Bianco |
No início de 2002, a antiga plataforma da estação
ainda está ali, cimentada sob o muro... Foto Coaraci
Camargo |
No início de 2002, a antiga plataforma da estação
ainda está ali, cimentada sob o muro... Foto Coaraci
Camargo |
|
|
|
|
|
|
|
Atualização:
27.02.2023
|
|