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Q R S T U
VXY Mogiana em MG
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Continental
Colômbia
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Tronco CP-1935
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ESTIVE NO LOCAL: SIM
ESTIVE NA ESTAÇÃO: SIM
ÚLTIMA VEZ: 2001
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Cia. Paulista de Estradas de Ferro (1929-1971)
FEPASA (1971-1998)
COLÔMBIA
Município de Colômbia, SP
Linha-tronco - km 506,655 (1958)   SP-1144
Altitude: 454,680 m   Inauguração: 01.07.1929
Uso atual: abandonada (2022)   com trilhos
Data de construção do prédio atual: 1929
 
 
HISTORICO DA LINHA: A linha-tronco da Cia. Paulista foi aberta com seu primeiro trecho, Jundiaí-Campinas, em 1872. A partir daí, foi prolongada até Rio Claro, em 1876, e depois continuou com a aquisição da E. F. Rio-Clarense, em 1892. Prosseguiu por sua linha, depois de expandi-la para bitola larga, até São Carlos (1922) e Rincão (1928). Com a compra da seção leste da São Paulo-Goiaz (1927), expandiu a bitola larga por suas linhas, atravessando o rio Mogi-Guaçu até Passagem, e cruzando-o de volta até Bebedouro (1929), chegando finalmente a Colômbia, no rio Grande (1930), onde estacionou. Em 1971, a FEPASA passou a controlar a linha. Trens de passageiros trafegaram pela linha até março de 2001, nos últimos anos apenas no trecho Campinas-Araraquara.
 
A ESTAÇÃO: A estação de Colômbia foi inaugurada em 1929, mas segundo os relatórios da Paulista, os trens somente chegaram a ela em março de 1930. Antes de a ferrovia chegar, o local se chamava Porto Cemitério.

Histórias locais e contadas por antigos moradores contam que o nome Colômbia veio de um engenheiro da Cia. Paulista, que teria sido colombiano. Outros falam que era por que o engenheiro fumava um cigarro de nome Columbia (seg. Vania Cristina da Silva, de Colombia, em 28/9/2022).

Deste ponto, às margens do rio Grande, no limite norte do Estado, a Paulista pretendia estender suas linhas até Frutal, no Triângulo Mineiro, e depois até Goiás. A Cia. aguardava apenas pela concessão federal para iniciar as obras. Com a revolução de
Vargas
, no fim desse ano, e a progressiva estatização das ferrovias, a concessão nunca saiu e a Paulista perdeu o interesse.

Em 1952, a estação ainda era um local bastante isolado: "Entreposto de gado, alpendre do Triângulo Mineiro, sudoeste goiano e parte de Minas Gerais, que pode ser considerado seu fundo de quintal (de Barretos) próximo ao rio Grande, distante do mesmo 50 km, por via física da Cia. Paulista, a estação e povoado de Colômbia (...)" (informe de 0/5/1952 do Delegado Francisco de Campos, delegado regional do DEOPS). O DEOPS na época estava sempre preocupado e atento com relação às cidades
interioranas, e Barretos era considerada "boca-de-sertão", com Colômbia sendo o seu bairro mais afastado. "Morei em Barretos entre 1961 e 1965 na casa 13 da Colonia Paulista. Meu pai era chefe substituto na escala para Amoreira, Continental, Adolfo Pinto, Colombia e Palmar. Muitas vezes o acompanhei neste trajeto. Em inicio de 1966 mudamos para Palmar, ele como chefe titular da estação" (Carlos Ronaldo Lopes, agosto de 2008).

Em 1978, os trens da Paulista deixaram de seguir para Colômbia, passando a parar em passageiros Barretos. Aliás, nunca houve trens diretos para Colômbia: sempre existiu troca de trens em Barretos. O fim desses trens de passageiros ter-se-ia dado no dia 15 de julho, segundo reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo em 11 de julho de 1978, que antecipava a data final.

"Infelizmente não (havia trens de passageiros diretos São Paulo-Colombia). Toda composição vinda de SP morria em Barretos. Tão logo o noturno chegava, saia uma pequena composição mista para Colômbia, retornando ao final da tarde, a tempo do noturno de volta a SP. Fiz muito este trecho conduzindo cargueiros enormes, sempre com meu pai, maquinista. Não tenho conhecimento de que em algum momento tenha sido diferente, pois a lavagem de carros ficava em Barretos, bem como o depósito de locomotivas. Já Colômbia não dispunha de qualquer estrutura, era apenas uma pequena estação. Diferente das cargas, que apesar do pequeno pátio, conseguia embarcar mínimos 2 a 3 grandes trens de soja/milho/dia, exigindo 4 locomotivas ALCO RSD3 por composição, alterando tanto o fluxo normal de locomotivas, que por vezes vi 1 só ALCO tendo que cuidar do noturno com carros extras e outros com duplas de LEW, arrastando-se. Enfim, Colômbia era boa em carga, só isso (Jorge Manuel, em 10/10/2019)".

Em 1986, o prédio da estação já estava alugado à OLMA, uma fábrica de óleos vegetais, e o armazém até 1999, pelo menos, ainda servia a eles. Até por volta do ano 2001, os trens de carga ainda chegavam a Colômbia na época da safra. Em 2005 a situação já era bem diferente - para pior. "Da Coopercitrus em diante, incluindo Barretos-nova está tudo abandonado. Pequenas árvores crescem entre os dormentes, lembrando os últimos dias do ramal de Descalvado. Em muitos trechos até Colômbia a linha está interrompida por cercas, aterramentos e furtos de trilhos. Colômbia é um retrato deste abandono. As linhas do pátio estão cobertas de mato, a estação deserta com as portas abertas e e os armazéns aparentemente com pouca atividade. Apesar de ser um lugar fantástico do ponto-de-vista logístico para se instalar um terminal intermodal de cargas, o antigo Porto Cemitério cai no esquecimento de tudo e todos. Tornou-se uma cidade pobre que vive em função de alguma atividade agrícola e dos ranchos à beira do rio Grande" (Rodrigo Cabredo, 18/03/2005). "Pelo que pudemos deduzir, a linha não chega até as margens do Rio Grande, como chega em Panorama no Rio Parana. O pátio parece terminar a pouco mais de 300 m da estação e o terminal da Quintella, que está fechado, fica do lado oposto ao rio, à esquerda da estação, na ponta do pátio sentido Barretos. Como os grãos carregados lá chegavam até o terminal?" (Rafael Correa, 11/1/2009).

De qualquer forma, pelas fotografias, era fácil ver que em dezembro de 2008 o matagal sobrava por todo o pátio.

Em 2011, trens, mesmo os poucos cargueiros que ainda faziam o trecho, já não chegavam a Colômbia há muito. Em 2022, o abandono da estação era total.

Em 1921 era anunciada o prolongamento da linha da Paulista até Barretos. No entanto, o nome de Porto Cemitério não era ainda citado: "A administração da Companhia Paulista de Estradas de Ferro aprovou a ampliação da linha férrea do terminal da cidade de Barretos (SP) até as barrancas do rio Grande, que divide os Estados de São Paulo e Minas Gerais, e na qual o governo paulista já confirmou que pretende construir uma ponte. A companhia já requereu ao governo a licença necessária para iniciar as obras. Segundo a alta administração da companhia, a construção da estrada será de grande valor para o desenvolvimento da corrente comercial de São Paulo com o Triângulo Mineiro e com o sul de Goiás" (Folha de São Paulo, 21/3/1921). Dez anos depois, anunciou-se que o governo do Estado de Goiás contatara a Cia. Paulista para que ela prolongasse seus trilhos de Colômbia a Goiânia, ao que o seu presidente na época - Pádua Salles - retrucou (e esnobou): "Não se trata de prolongar os trilhos da Companhia, levando-os através de território goiano, o que seria, no momento, verdadeira quixotada econômica. Um quilômetro de trilhos custa hoje algumas centenas de contos e não me consta que a produção goiana seja tão vultosa que compense o sacrifício. O que a Paulista vem fazendo é auxiliar a abertura de uma estrada de rodagem na outra margem do rio Grande, facilitando assim a canalização dos produtos goianos destinados à exportação para o Estado de São Paulo".
1931
AO LADO:
Folha da Manhã, 26/6/1931.
1933
AO LADO:
A ponte ferroviária jamais foi construída, mas a rodoviária, sim, em 1933, três anos depois de a ponte primitiva de madeira ser levada pelas águas do rio Grande (O Estado de S. Paulo, 14/11/1933).

ACIMA: No meio do mato e sobre a plataforma, a placa com o nome de Colombia ainda está lá em novembro de 2008. Ao lado da estação, a pequena casinha, que pode ter sido sanitário (Fotos Rafael Corrêa, em novembro de 2008).

ACIMA: A estação depredada em janeiro de 2015. Foto Glaucio Henrique Chaves

ACIMA: A estação mais depredada ainda em 22/11/2015. A entrada principal está à esquerda da foto, esta tirada da lateral do prédio (Foto Jurandir Junior).

ACIMA: A "iluminação interna" é causada pela queda dos trelhados em diversos pontos do prédio da antiga estação, em foto de 2022 (Foto: Jurandir Jr. em 2/12/2022).

(Fontes: Ralph M. Giesbrecht, pesquisa local; Glaucio Henrique Chaves; Flávio Marcellini; Rodrigo Cabredo; Rafael Corrêa; Antonio Carlos Brito; Carlos Ronaldo Lopes; Folha da Manhã, 1931; Folha de S. Paulo, 1978; Francisco de Campos: Informe, 1952; Cia. Paulista: relatórios anuais, 1872-1969; Filemon Peres: Album de 50 anos da Cia. Paulista, 1918; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht)
     

A estação de Colômbia, em 01/1980. Foto Flávio Marcellini

A estação, fechada e abandonada. Foto 29/12/1999, de Ralph M. Giesbrecht

A entrada da estação em 29/12/1999. Foto Ralph M. Giesbrecht

A estação, fechada e abandonada. Foto 29/12/1999, de Ralph M. Giesbrecht

A estação, em outubro de 2001. Foto Rodrigo Cabredo

A estação, em outubro de 2001. Foto Rodrigo Cabredo

A estação em 09/2006. Foto Antonio Carlos Brito

A estação em 11/2008. Foto Rafael Corrêa

A estação em 2/2015. Foto Glaucio Henrique Chaves

A estação em 27/05/2017. Foto Rafael Asquini
     
Atualização: 28.12.2022
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.