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VXY Mogiana em MG
Indice de estações
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Casal
Carlos Niemeyer
Andrade Pinto
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ESTIVE NO LOCAL: NÃO
ESTIVE NA ESTAÇÃO: NÃO
ÚLTIMA VEZ: N/D
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E. F. Central do Brasil (1898-1975)
RFFSA (1975-1996)
CARLOS NIEMEYER
Município de Vassouras, RJ
Linha do Centro - km 165,549 (1937)   RJ-1369
    Inauguração: 12.01.1898
Uso atual: demolida   com trilhos
Data de construção do prédio atual: n/d (já demolido)
 
HISTORICO DA LINHA: Primeira linha a ser construída pela E. F. Dom Pedro II, que a partir de 1889 passou a se chamar E. F. Central do Brasil, era a espinha dorsal de todo o seu sistema. O primeiro trecho foi entregue em 1858, da estação Dom Pedro II até Belém (Japeri) e daí subiu a serra das Araras, alcançando Barra do Piraí em 1864. Daqui a linha seguiria para Minas Gerais, atingindo Juiz de Fora em 1875. A intenção era atingir o rio São Francisco e dali partir para Belém do Pará. Depois de passar a leste da futura Belo Horizonte, atingindo Pedro Leopoldo em 1895, os trilhos atingiram Pirapora, às margens do São Francisco, em 1910. A ponte ali constrruída foi pouco usada: a estação de Independência, aberta em 1922 do outro lado do rio, foi utilizada por pouco tempo. A própria linha do Centro acabou mudando de direção: entre 1914 e 1926, da estação de Corinto foi construído um ramal para Montes Claros que acabou se tornando o final da linha principal, fazendo com que o antigo trecho final se tornasse o ramal de Pirapora. Em 1948, a linha foi prolongada até Monte Azul, final da linha onde havia a ligação com a V. F. Leste Brasileiro que levava o trem até Salvador. Pela linha do Centro passavam os trens para São Paulo (até 1998) até Barra do Piraí, e para Belo Horizonte (até 1980) até Joaquim Murtinho, estações onde tomavam os respectivos ramais para essas cidades. Antes desta última, porém, havia mudança de bitola, de 1m60 para métrica, na estação de Conselheiro Lafayete. Na baixada fluminense andam até hoje os trens de subúrbio. Entre Japeri e Barra do Piraí havia o "Barrinha", até 1996, e finalmente, entre Montes Claros e Monte Azul esses trens sobreviveram até 1996, restos do antigo trem que ia para a Bahia. Em resumo, a linha inteira ainda existe... para trens cargueiros.
 
A ESTAÇÃO: A estação foi inaugurada em 1898, com o nome do chefe da locomoção em 1889, Carlos Conrado de Niemeyer. Em 1990, Carlos Niemeyer já era outra cidade-fantasma que havia morrido quando o tráfego ferroviário deixara de existir. "Dom Pedro II desembarcou em Barra do Piraí e inaugurou a estação, em 1864. Estava criando nessa vila do sul do Rio de Janeiro o maior entroncamento ferroviário do Brasil. E projetava isso: os estrategistas da época descobriram ali o lugar geograficamente mais racional para o encontro de dois grandes ramais de estradas de ferro, no caminho de São Paulo e Minas, por onde a riqueza do País circularia. No passo dos trilhos, os trabalhadores da Estrada de Ferro Dom Pedro II construíram suas pousadas entre as cidades já existentes, como Barra Mansa e Volta Redonda, caminho de São Paulo; Vassouras e Três Rios, rumo a Minas Gerais. Eram usadas no meio do mato, onde peões ferroviários guardavam material de construção, ferramentas e alimentos. A concentração de peões trazia os mascates, a expectativa de comércio e o crescimento atraía as olarias - e as pousadas viraram vilas e caminhavam para ser cidades. Pequenos proprietários de terra estabeleceram-se e as vilas eram quase auto-suficientes. Quase. Surgidas da necessidade dos trabalhadores na estrada de ferro, tinham nos trilhos o eixo de sua economia - por ali recebiam mantimentos e notícias de outros lugares e escoavam a produção agrícola. Dependiam do trem. E morreriam na década de 1970, quando o trem acabou. Aristides Lobo, Demétrio Ribeiro, Barão de Vassouras, Sebastião de Lacerda, Aliança, Casal, Carlos Niemeyer, Andrade Pinto são cidades mortas. Algumas, cidades-fantasma: Casal e Carlos Niemeyer viveram o êxodo total e hoje apenas as ruínas de suas igrejas sem altar e casas trancadas e desertas vivem ali. Na estação agora inútil, o sempre grandioso prédio da administração e do almoxarife perdeu as telhas importadas de Marselha e as vigas de pinho de riga. As cidadezinhas perderam suas características mais pela ação do tempo, pois mesmo o roubo predatório ficou difícil com a ausência do trem (...) Estranho passeio por um mundo deserto. De um lado, a mata atlântica: mais perto um pouco, o Paraíba do Sul. Cortando o mato, trilhos que atravessam a cidade: à direita a estação, à esquerda a igreja. Ambos vazios. Anda-se um quilômetro pisando os dormentes, correndo as fachadas que ainda restam em Carlos Niemeyer. O líder ferroviário Juarez Gilberto Porto serve de guia e aponta: 'Aqui morava fulano, ali sicrano. Naquele barranco adiante ficava a casa de beltrano. Desapareceu. Ali havia mais duas e depois outras'.

TRENS - Os trens de passageiros pararam nesta estação de 1898 até 1980. Ao lado, o trem Rio-Belo Horizonte, que fazia esse percurso. Clique sobre a foto para ver mais detalhes sobre esses trens. Veja aqui horários em 1968 (Guias Levi).
Eram 50. Restam 15 fachadas mortas. A igreja sem altar dá para uma praça agora inexistente" (O Estado de S. Paulo, 03/01/1990). Quase 20 anos depois, a situação era igual, ou pior: "A manhã estava nublada, o clima ameno, havia chovido forte durante a noite. Aos poucos o céu foi se abrindo. Tomei café, peguei a mochila, e segui rumo a praça central da cidade onde peguei um ônibus até Andrade Pinto, cuja estação ferroviária localizada no km 170,2 seria o ponto de partida até Carlos de Niemeier e Casal. O caminho mais fácil aquelas localidades seria de trem mesmo e logo, logo eu descobriria o quão sacrificado é o acesso a pé. Chegando ao vilarejo de Andrade Pinto por volta das 8 da manhã, fiz algumas fotos da estação e comecei a caminhada pelos trilhos. Ainda era cedo e o sol já se mostrava vigoroso. A ida foi tranquila, estava bem disposto, e percorri os 4 km até Carlos de Niemeyer sem grandes esforços. Deu pra perceber que ao redor da estação, ou melhor, de suas ruínas, havia um povoado. O pouco que restou foi engolido pelo mato. Trata-se de mais um lugarejo que morreu devido a erradicação de linhas regulares de trens de passageiros" (Carlos Latuff, Expedição ao Inferno, 13/2/2009).
(Fontes: Carlos Latuff; O Estado de S. Paulo, 1990; Max Vasconcellos: Vias Brasileiras de Communicação, 1928; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht)
     

Plataforma coberta de mato e restos da cobertura, em 13/2/2009. Foto Carlos Latuff

Caixa d'água, em 13/2/2009. A data nela inscrita mostra que não é tão antiga: 24/8/2966 Foto Carlos Latuff
 
     
     
Atualização: 08.10.2018
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.