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Ribeira
Mangaratiba
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ESTIVE NO LOCAL: NÃO
ESTIVE NA ESTAÇÃO: NÃO
ÚLTIMA VEZ: S/D
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E. F. Central do Brasil (1914-1975)
RFFSA (1975-c.1985)
MANGARATIBA
Município de Mangaratiba, RJ
Ramal de Mangaratiba - km 103,241 (1928)   RJ-0626
Altitude: 2 m   Inauguração: 07.11.1914
Uso atual: demolida   sem trilhos
Data de construção do prédio atual: fanos 1930? (já demolida)
 
 
HISTORICO DA LINHA: O ramal de Angra, posteriormente chamado de ramal de Mangaratiba, foi inaugurado em 1878, partindo da estação de Sapopemba (Deodoro) até o distante subúrbio de Santa Cruz. Somente foi prolongado em 1911 até Itaguaí, e em 1914 chegou a Mangaratiba, de onde deveria ser prolongado até alcançar Angra dos Reis, onde, em 1928, a E. F. Oeste de Minas havia atingido com sua linha vinda de Barra Mansa. Tal nunca aconteceu, e o ramal, com trechos belíssimos ao longo da praia, muito próximo ao mar, transportou passageiros em toda a sua extensão até por volta de 1982, quando foi desativado. Antes disso, em 1973, uma variante construída pela RFFSA e que partia de um ponto próximo à estação de Japeri, na Linha do Centro, permitia que trens com minério alcançassem o porto de Guaíba, próximo a Mangaratiba, encontrando o velho ramal na altura da parada Brisamar. A variante, entretanto, deixava de coincidir com o ramal na altura da ponta de Santo Antonio, onde desviava para o porto; com isso, em 30/06/1983, o trecho original entre esse local e Mangaratiba foi erradicado e os trens passaram a circular somente entre Deodoro e Santa Cruz, de onde voltavam. Hoje, esse trecho ainda é usado pelos trens de subúrbio, o trecho entre Santa Cruz e Brisamar está abandonado e o restante, Brisamar-porto, é utilizado pelos trens de minério apenas.
 
A ESTAÇÃO: A estação de Mangaratiba foi inaugurada em 1914.

A estação original acabou sendo derrubada para a construção de uma nova, provavelmente no final dos anos 1930, já que o estilo desta era art-decô.

A população do distrito-sede de Mangaratiba era de 4.796 habitantes em 1950.

Foi desativada em 1970/80, mas, já em 1976, segundo Hélio Suevo, já era um prédio de madeira, substituindo o original de alvenaria, já então demolido.

O trem de passageiros deixou de passar no trecho entre Santa Cruz e Mangaratiba nos anos 1980, e, ao contrário da linha até Santa Cruz, não era eletrificado e era servido por locomotivas a diesel a partir dos anos 1950.

O trecho compreendido entre a ponte ferroviária da ilha de Guaíba e a estação de Mangaratiba foram erradicados pela RFFSA nos anos 1980.

"Observe na foto abaixo, de 1976, que ao final a estação de alvenaria já havia sido demolida e em seu lugar existia uma edificação improvisada em madeira. Meu palpite, sem confirmação, é que o prédio de alvenaria provavelmente havia desabado ou estaria em perigo e por isto mesmo teria sido demolido, ficando o de madeira como provisório definitivo, bem ao estilo brasileiro" (João Bosco Setti, 03/2007).

Os trilhos foram removidos e a estrada aterrada. Até pelo menos 2002, era possível ver dormentes de madeira ao longo do caminho. A estação acabou sendo demolida. De acordo com informações de moradores, a RFFSA alegou inviabilidade econômica do trecho. No entanto, muitos alí acreditam que a desativação teria sido resultado da pressão da empresa mineradora. O trem de passageiros que atendia aos residentes daquela localidade, apelidado de "Macaquinho", estaria atrasando os cargueiros que levavam minério até o porto da ilha de Guaíba.

"O "Macaquinho" era um trem com carros de madeira que partia de Santa Cruz em três ou quatro horários diariamente. Da estação de Dom Pedro II saía diariamente o Rápido (RI) com carros de aço-carbono as 19 hs e retornava no outro dia pela manhã. No Macaquinho só tinha gente jovem, a paquera já rolava solta dentro dos carros, muitas garotas. O cheiro de maconha era forte, tudo ao som de Pink Floyd e Black Sabbath. A linha passava em alguns cortes sensacionais, a gente nas janelas tocava o mato com as mãos, quase que dava pra pegar os cachos de bananas, logo ao lado da estrada. A rodovia era de terra e cheia de curvas, o trem era muito mais rápido. Havia várias passagens de nível, muitas com cancela, sinal, sirene... bons tempos.

Aliás, o ramal de Mangaratiba era originalmente uma linha bananeira. Aos sábados, saía de Dom Pedro II um elétrico, de manhã cedo, que parava em Engenho de Dentro, Bangu, Campo Grande, entre outras. Quando chegava em Santa Cruz, uma RS-3 o rebocava ate Mangaratiba. Esse trem retornava por volta das 11 horas. Havia também os RDCs que rodavam nos finais de semana, com até três unidades engatadas. Bons tempos aqueles. A gente chegava a controlar o horário durante o dia pela passagem do Macaquinho
" (Milton, Rio de Janeiro, 2002). "Quando fui para lá em 1989, a linha do Saí-velho até Mangaratiba já tinha sido desativada. Ainda vi muito trilho jogado a beira-mar sendo comido pela corrosão. Pelo leito antigo, acessávamos a cabeceira (continente) da ponte da Ilha de Guaíba, da linha da mineradora" (Nelson Correia, 2002).

ACIMA: A estação de Mangaratiba em 1924 (O Malho, novembro de 1924).
1924
AO LADO:
Descarrilamento em Mangaratiba , 28/11/1924).

ACIMA: O ano era 1931 e já se dizia que o álcool era o futuro dos combustíveis no Brasil. Hoje, mais de oitenta anos depois, a situação continua muito longe das previsões (Revista da Semana, 31/1/1931).

ACIMA: No final do ramal havia uma curva de 180° para atingir a estação final. Isso não existe mais. Havia também uma ligação por mar com a praia de Jacarehy (Revista da Semana, 28/5/1932).

ACIMA: A cidade de Mangaratiba vista do alto, em 1952. O pátio e a estação, bem como a caixa d'água, aprecem a centro-esquerda, em frente aos barcos na baía (Foto do Roteiro Rodoviário Fluminense, 1953).
ACIMA: Na locomotiva diesel-elétrica em Mangaratiba em 1953 (acervo Nadir Marques da Fonseca).

ACIMA: Junto à praça Hildebrando de Araújo Gois, os trilhos do ramal de Mangaratiba passavam ao lado da Praia do Sahy nos anos 1950 (IBGE: Enciclopedia dos Municipios Brasileiros, vol. XXII, p. 288).

(Fontes: Carlos Latuff; João Bosco Setti; Nadir Marques da Fonseca; Valéria Ribeiro; Walter Rocha; Nelson Correia; Milton __; O Estado de S. Paulo, 1924; Revista da Semana, 1931 e 1932; Max Vasconcellos: Vias Brasileiras de Communicação, 1928; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht)
     

A estação antiga, provavelmente anos 1920. Autor desconhecido

A estação de alvenaria mais recente, provavelmente anos 1960. Autor desconhecido

A linha em Mangaratiba nos anos 1970. Foto Walter Rocha, cedida por Carlos Latuff

A linha em Mangaratiba nos anos 1970. Foto Walter Rocha, cedida por Carlos Latuff

A última estação de Mangaratiba, em foto de 1976; era de madeira e com a automotriz ED12 à sua frente. Foto João Bosco Setti

A linha em Mangaratiba, em 1982. Parece já meio abandonada. Ao fundo, a linha da mineradora, do outro lado do canal, no istmo. Foto Valéria Ribeiro, cedida por Carlos Latuff
     
     
Atualização: 03.12.2022
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.