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ESTIVE NO LOCAL: NÃO
ESTIVE NA ESTAÇÃO: NÃO
ÚLTIMA VEZ: S/D
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E. F. Dom Pedro II (1884-1889)
E. F. Central do Brasil (1889-1974)
MATADOURO-VELHA
Município do Rio de Janeiro, RJ
Ramal de Mangaratiba - km 56,498 (1928)   RJ-1471
Altitude: 6 m   Inauguração: 01.01.1884
Uso atual: moradia (2019)   com trilhos
Data de construção do prédio atual: n/d
 
 
HISTORICO DA LINHA: O ramal do Matadouro foi aberto em 1884, com apenas uma estação construída ao lado do prédio do Matadouro Municipal, para o transporte por via férrea da carnes e de gado de corte. Passou também a servir a passageiros da região, embora distasse apenas cerca de 1.700 metros da estação de partida, Santa Cruz. O ramal funcionou com trens metropolitanos até cerca de 1976, quando foi desativado.
 
A ESTAÇÃO: A estação de Matadouro foi inaugurada em 1884.

Da estação de Santa Cruz, no ramal de Mangaratiba, saía o ramal circular do Matadouro, que tinha apenas cerca de 1.700 metros, curta distância, mas que o trem também atendia.

O ramal era chamado de circular, pois a linha fazia uma curva em volta do prédio do Matadouro, ao lado da estação (ver mapa ao lado, gentileza de Alexandre Fernandes Costa), para retornar à estação de Santa Cruz.

Marcelo Almirante afirma que no "princípio dos anos 1970, em função de obras na estação Santa Cruz, foi suspenso o serviço de trens de passageiros no sub-ramal do Matadouro, que não voltou a operar após o final das obras na estação Santa Cruz em 1974".

A estação velha em 2013 servia de moradia. Parte do ramal ainda estava então em uso pelos trens da SuperVia, sendo usado para estacionar os trens elétricos.

Numa das fotos ao pé desta página é possível ver, ao fundo, o trecho onde as linhas se bifurcam para circundar o Palácio do Matadouro (hoje centro cultural) e o antigo prédio de abate de gado, que hoje é uma instituição de Ensino do Estado do Rio de Janeiro.

É preciso esclarecer que a eletrificação do ramal cessa no momento que esse se bifurca (onde a casa branca entre as linhas), e desse ponto em diante, seguindo pela linha da esquerda, cerca de 200 m a frente, encontra-se a passagem de nível e a estação do Matadouro. A linha da direita segue por mais 300 m até uma passagem de nível e depois dessa não mais se a registra, pois seus trilhos foram retirados pela população da periferia para usá-los como viga de suas casas. Deste ponto em diante, os únicos vestígios eram (em 2013) os postes da antiga eletrificação e os poucos dormentes de madeira que por lá ficaram.

"A estação é atualmente uma terra de ninguém: trilhos arrancados, famílias que residem no espaço público e nenhum órgão que se responsabilize por sua manutenção. Tombada em 1993 pelo Departamento Geral de Patrimônio Cultural da Prefeitura, a Estação do Matadouro nunca mereceu qualquer projeto da instituição, apesar de sua importância histórica. A Supervia - que detém os direitos de exploração da malha ferroviária do Rio desde meados da década de 1990 - alega que sua responsabilidade termina na estação de Santa Cruz (...) A importância histórica contrasta com a situação de descaso absoluto. Para o historiador Carlos Eduardo Branco, especialista em ferrovias, ela é reflexo do abandono que o próprio bairro amarga desde a década de 60. - Hoje nós temos uma visão negativa de Santa Cruz, mas é estudando monumentos históricos como esses que percebemos o quão importante o bairro já foi. Santa Cruz era um verdadeiro jardim quando foi proclamada a República, era onde ficava a família real, uma área nobre da cidade. Mas, desde que se institui a política dos grandes conjuntos habitacionais e diversas favelas do Centro foram trazidas para cá sem qualquer estrutura, o bairro acabou sendo desvalorizado - explica o historiador (...) A dificuldade está exatamente em descobrir quem é o responsável pelo local. Segundo Carlos Eduardo Branco, a estação original foi desativada na década de 1970, quando todo o serviço ferroviário fluminense foi reformulado e os trens passaram a ser laminados (de alumínio). A impossibilidade de esses veículos circularem pela "pera" - curva que os trens realizavam para circundar o prédio do Matadouro - e o novo esquema de cobrança de bilhetes obrigaram o governo federal, então detentor da malha ferroviária, a construir uma nova estação, conhecida popularmente como Matadouro Nova. Esta estação nunca chegou a ser utilizada ou foi usada por pouquíssimo tempo. É uma história de descaso com o dinheiro público: ela já estava toda pronta, com roletas, iluminação e toda a estrutura adequada. Atualmente, o local é usado como depósito de carros para mecânicos que realizam serviços de pintura nas proximidades (...) O pior é que não vemos perspectiva de resolução. E o problema não acaba em Santa Cruz: toda a extensão da linha que vai para Itaguaí está abandonada, teve trilhos arrancados e foi invadida - diz o historiador" (O Globo, 11/06/2006).

É bom lembrar que existem dois prédios por ali: a estação velha e a nova. A nova está abandonada. Em volta dela ainda há restos de trilhos e dormentes enterrados, no meio do matagal. Em volta também há casas antigas e as ruínas do antigo matadouro, já desativado. Moradores antigos ainda podem contar do estouro de bois à chegada do Matruquinho, um trem especial de madeira que transportava as carnes ao centro do Rio. Sim,o texto fala sobre o Matruquinho, não confundir com o Macaquinho,que também passava por Santa Cruz.

No princípio dos anos 1970, a estação de Santa Cruz entrou em obras, acarretando a suspensão do tráfego até o matadouro e quando da inauguração da estação reformada de Santa Cruz em 30 de março de 1974, não houve a volta dos trens, situação que perdura até hoje apesar das reformas da linha circular e da nova estação (Matadouro-nova) em 1976.

Bem, há uma segunda estação do Matadouro, mais moderna que a antiga, mas que, de acordo com registros, inclusive o seu site, nunca foi usada ou o foi por pouquíssimo tempo. Quando se sai da estação Santa Cruz, a linha segue até um ponto em que se bifurca. Atualmente esse ponto está fechado por muros, então boa parte do terreno da linha circular está cercada. Continuando, depois da bifurcação, o leito à esquerda segue até cruzar com a rua do matadouro, dando imediatamente na estação Matadouro-nova. Assim que sai dela, o leito, sem trilhos, começa a curva para a direita, e no meio dela aparece a estação Matadouro-velha, servindo de moradia, cruza de novo com a rua do Matadouro e segue o leito, voltando à de Santa Cruz.

A estação de Matadouro-nova estava servindo como moradia em 2019.

(VEJA TAMBÉM MATADOURO-NOVA)


ACIMA: Horário dos trens para a estação do Matadouro, em 1906 - CLIQUE SOBRE A FOTO PARA VÊ-LA MAIOR (Almanaque Laemmert, 1906).

ACIMA: A estação velha do Matadouro, em 2019 (Foto: Mario Ribeiro).

ACIMA: Ruínas do prédio onde estava instalado o matadouro desde o final do século XIX (Cortesia Felipe Oriente, 2022).

ACIMA: Mapa do ramal do Matadouro. A estação de Santa Cruz, de onde sai o ramal, está no canto superior direito do mapa, enquanto o prédio onde ficava o matadouro e a estação do Matadouro estão quase juntos, no canto inferior esquerdo (Cortesia Felipe Oriente em 2022).

ACIMA: A estação velha do Matadouro, em 2019 Foto: Mario Ribeiro).

(Fontes: Felipe Oriente, 2022; Mario Ribeiro; Alexandre Fernandes Costa; Julio César da Silva; Nelson Mendonça Jr., 2013; Marco André Daltro Chaves, anos 1990; O Globo, 2006; Max Vasconcellos: Vias Brasileiras de Communicação, 1928; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht)
     

A estação velha do Matadouro, já abandonada, provavelmente anos 1990. Foto Marco André Daltro Chaves

A estação em 2013. Foto Nelson Mendonça Jr.
 

   
     
Atualização: 06.09.2023
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.