A B C D E
F G H I JK
L M N O P
Q R S T U
VXY Mogiana em MG
...
Jabuti
Biguatinga
...

ramal da Biguatinga-1950

Guia Levi-1941
...
ESTIVE NO LOCAL: NÃO
ESTIVE NA ESTAÇÃO: NÃO
ÚLTIMA VEZ: S/D
...
 
Cia. Mogiana de Estradas de Ferro (1915-1961)
BIGUATINGA
Município de Biguatinga, MG
Ramal da Biguatinga - km 29,500   MG-2515
Altitude: 1.044 m   Inauguração: 03.10.1915
Uso atual: agência dos Correios (2001)   sem trilhos
Data de construção do prédio atual: 1915
 
 
HISTORICO DA LINHA: O ramal da Biguatinga, que saía da estação de Guaxupé e corria todo dentro do território mineiro, foi construído entre 1914 e 1915, chegando no primeiro ano a Jabuti e em 1915 a Biguatinga. Tendo menos de 30 quilômetros em bitola métrica, foi suprimido em 2 de agosto de 1961. As três estações ainda sobrevivem, os trilhos foram retirados.
 
A ESTAÇÃO: O traçado da Mogiana de Guaxupé a Biguatinga deveria chegar até Passos, passando por Jacuí, o que não aconteceu. De fato, um ofício foi dirigido ao Sr. Dr. José Pereira Rebouças, Inspetor Geral da Companhia Mogiana, assinado pelas autoridades e fazendeiros de Jacuí, em 14 de abril de 1913. A construção da estrada teve início em 1910 e seu término se deu a 18/10/1915, quando foi inaugurada (nota: o relatório da Cia. Mogiana dá como data de inauguração o dia 3/10 desse ano). Quando o trem chegou pela primeira vez a Biguatinga, houve gente que, de tanto medo, saiu correndo em cavalo arreado. Em época de política, os trens de passageiros eram autorizados a parar em qualquer lugar para pegá-los.O primeiro chefe da estação despa-chava e vendia passagens, dentro do próprio vagão. Era um vagão adaptado para isso, enquanto ultimavam o acabamento do prédio da estação. Em Biguatinga se concentrava todo o carregamento de café da região que compreendia Jacuí, São Pedro da União, Nova Resende e Juruaia. Havia também em Biguatinga muito ovo, galinha e gêneros. As máquinas eram tipo Mogiana de pouca potência. Puxavam no máximo 130 toneladas, que correspondiam a quatro vagões pequenos carregados. Vinham os carros de bois carregados de café para ser transportado. Após alguns meses, inaugurou-se o prédio da estação definitiva. Às três horas da tarde, houve uma festinha com comes e bebes. Os "bebes" para as crianças e senhoras eram gasosa, espécie de guaraná de hoje e para os homens, as cervejas Fidalga e Hamburguesa. O trem vinha de Guaxupé três vezes por semana: terça, quinta e sábado. Chegava às 11:30, e saia às 14:30. "Puxei muitos mourões e dormentes para essa estrada. Não houve muitos acidentes graves na construção. Tudo foi feito à base da carrocinha, da pá, picareta, enxada e enxadão. Os ferimentos leves eram curados com salmoura e outros recursos da flora medicinal. O pessoal dormia em acampamentos improvisados, verdadeiros ranchos de sapé. Ali se instalava a cozinha e o dormitório. A cama era feita de capim gordura" (depoimento do sr. Misael, falecido com 119 anos de idade). Os aterros eram feitos por carrocinha e carroções. Em Biguatinga existia um viradouro e o embarcadouro onde embarcavam o gado de Chico Bufoni, Manoel Ferraz e José Arcanjo Pereira. O primeiro maquinista que apareceu naquelas bandas se chamava Abelo. A lenha transportada para a Mogiana era controlada, porque havia muito roubo e até vendia-se uma coisa e entregava-se outra. A lenha retirada por ali era de cerrado: capixingui, peito de pomba, quaresma, viúma, gravatá, serralha, batalha e pororéia. A maioria dos trabalhadores da estrada eram portugueses. Ganhava-se uma miséria e trabalhava-se aos domingos. O trem que vinha para Biguatinga era uma composição completa: carro de passageiros de 1a e 2a, breque, correio e carga (encomenda). De 1915 a 1945, havia muito movimento em Biguatinga, onde ainda não havia luz, apenas o lampião. Mas tinha telefone e muita loja sortida. A estação de Biguatinga foi fechada em 1961, quando todo o ramal foi suprimido (*RM-1961). Em 09/1964, foram retirados os 3 km restantes do ramal da Biguatinga, de acordo com o relatório da Mogiana para esse ano. O prédio estava mal conservado em 2001. As telhas das pérgolas foram retiradas, restando as estruturas. Era usado como posto de atendimento da CEMIG, dos Correios e da Telemar. Em 2016, não tenho ideia da situação atual do prédio.
(Fontes: Eduardo Roxo Nobre; O Estado de S. Paulo, 1/8/1961; Cia. Mogiana: Relatórios anuais; Olavo Amadeu de Assis: O ferroviário nos trilhos da saudade)
     

A estação, em 2001. Foto Eduardo Roxo Nobre

A estação, em 2001. Foto Eduardo Roxo Nobre

A estação, em 2001. Foto Eduardo Roxo Nobre

A estação, em 2001. Foto Eduardo Roxo Nobre
   
     
Atualização: 26.06.2016
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.