|
|
...
Monte Belo
Juréia
Trompowsky
...
Ramal da Juréia - 1935
...
Guia Levi - 1941
...
ESTIVE NO LOCAL: SIM
ESTIVE NA ESTAÇÃO: SIM
ÚLTIMA VEZ: 2007
...
|
|
|
|
|
Cia. Mogiana de
Estradas de Ferro (1914-1966) |
JURÉIA
Município de Monte Belo, MG |
Ramal de Juréia - km 74,330 (1938) |
|
MG-2508 |
Altitude: 795 m |
|
Inauguração: 07.09.1914 |
Uso atual: demolida |
|
sem trilhos |
Data de construção do
prédio atual: 1914 (já demolido) |
|
|
|
HISTORICO DA LINHA: O ramal de
Tuiuti, nome inicial do ramal da Mogiana que corria todo ele em território
mineiro, teve sua origem na E. F. Muzambinho, adquirida pela Mogiana
junto ao Governo daquele Estado em 30/07/1907, antes inclusive da
ferrovia ter suas obras iniciadas. Em 1913, a linha foi finalmente
aberta de Guaxupé a Muzambinho, e em 1914 chegava a Tuiuti,
antigo nome da estação de Juréia, onde se encontrava
com a linha da Rede Mineira que vinha de Cruzeiro, na Central do Brasil,
no leste do Estado de São Paulo e atravessava todo o sul do
Estado de Minas Gerais. Em 1944, o ramal passou a se chamar ramal
de Juréia. Finalmente, em 7/11/1966 o ramal foi fechado definitivamente
pela Mogiana, e os trilhos retirados alguns anos depois. |
|
A ESTAÇÃO: Na construção
do trecho do ramal de Tuiuti trabalharam portugueses, espanhóis,
italianos e até japoneses, predominando, porém, os portugueses.
O traçado da ferrovia, desde a sua construção,
foi sempre o mesmo. Não se modificou absolutamente nada. Na
construção, usou-se a carroça. Quem as conduzia
para os aterros e desaterros eram os molecotes que eram apelidados
de opinantes. Os burros estavam tão acostumados que faziam
o trajeto sozinhos. Já o trecho da E. F. Muzambinho - em 1908
incorporada à E. F. Minas e Rio, e em 1910 ambas passaram a
integrar a Rede Sul Mineira - entre Três Corações
e Tuiuti foi construído em 1909, portanto a Mogiana
chegou ali com 5 anos de atraso. Existiria já a estação
desde 1909, operada pela RSM? Existem inclusive fontes que afimam
que a linha já funcionaria desde 1913. Esse trecho da RMV tinha
o nome de Monte Belo. Aliás, tanto o ramal de Tuiuti
quanto o de Passos eram de concessão da E. F. Muzambinho,
mas foi cedido à Mogiana, que os construiu. A estação
de Tuiuti teria sido finalmente inaugurada pela Mogiana apenas
em 1914, como ponta de linha do ramal ao qual dava o nome. Servia
de entroncamento com a linha Cruzeiro-Tuiuti, da Rede Sul Mineira,
ligando, pelos trens desta, a estação com a cidade de
Cruzeiro, também no Estado de São Paulo, mas
nos trilhos do ramal de São Paulo, da E. F. Central
do Brasil, para isso cruzando boa parte do sul do estado mineiro.
Em Tuiuti, a composição de passageiros da Rede
Mineira de Viação - que substituiu a RSM em 1931 - saía
e chegava ao toque do sino, o que não acontecia com a da Mogiana.
O pessoal era muito amigo e a estrutura da RMV era a mesma da Mogiana.
Por todo o ramal corria também o trolei, que prestava inestimáveis
serviços, sobretudo quando havia alguém doente, necessitando
urgentemente de um médico. O paciente era levado à estação
mais próxima, de onde se telegrafava à cidade, solicitando
auxílio.
Segundo depoimentos do sr. Lourenço Marques
Piza, de Muzambinho, a estação de Tuiuti
ficava não muito longe do bairro de São Domingos.
Na estação, eram embarcados cereais, grãos, leite,
farinha, banha e gado, em sua maioria transportados para lá
por carro de bois. Em 1944, o seu nome foi alterado para Jureia,
por determinação do CNG, e a linha da RMV tornou-se Cruzeiro-Jureia.
Em 7 de novembro de 1966, a estação foi fechada e desativada, juntamente com
o ramal.
Desde 1964, a linha da RMV já não chegava a
Jureia; a linha entre ali e Varginha já não
funcionava mais. A represa de Furnas acabou com essa seção
da linha, inundando-a em vários pontos. A estação
já foi infelizmente demolida: era um prédio pequeno,
de madeira; isto pode ser visto nas fotografias ao pé da página.
Segundo moradores do bairro, com quem falei em outubro de 2007, foi
demolida "há uns 10 anos". Outro discorda, diz "uns
vinte". Enfim: nos anos 1980 ou 1990 foi para o chão,
demolida pela Prefeitura. O prédio era de madeira e já
estava depredado, depois de ter servido para moradia por algum tempo
depois da desativação.
Em 2007 somente sobrava o piso com a plataforma, sem nada em cima,
no meio da praça, ainda chamada - segundo a placa metálica
ali colocada - "Praça da Estação",
da estação que não mais existe. O hotel da esquina
da praça com a estrada de acesso está abandonado, o
"Novo Mundo". Antes, dizem os velhos moradores, além
dele, havia quase 10 pensões. Afinal, o trem da Mogiana chegava
de noite e da RMV partia de manhã. O pernoite e a baldeação
eram inevitáveis.
Em 2012, anunciava-se a reconstrução da estação,
que já estaria semi-pronta em abril. No entanto, surgiu em local diferente da antiga estação algo
completamente diferente do prédio que aparece nas fotos
desta página.
|
1912
AO LADO: Na polêmica
sobre a construção das estações
após Muzambinho, vemos no texto de 1912 que: 1) A estação
mal-feita era a futura Tuiuti (depois Jureia), que, pelo visto,
já existia no fim da linha da E. F. Muzambinho sem
ainda os trilhos da Mogiana, que somente chegariam até
ali mais tarde? 2) Havia uma estação antes da
de Monte Santo, que tanto podia ser a que seria renomeada
para Palmeia como a futura Montecristo, que já estava
pronta, aguardando os trilhos; 3) A estação
atual de Monte Belo foi construída depois e recebeu
a denominação a pedido da população
do povoado (O Estado de S. Paulo, 16/11/1912).
|
|
1916
AO LADO: Os problemas de
sempre em 1916: o governo protelava as decisões que
precisa tomar para que o país funcione (O Estado de
S. Paulo, 12/5/1916) |
|
1917
AO LADO: O tréfego mútuo entre as estações da Mogiana e da Rede Sul Mineira não funcionava nem na estação de Sapucaí, nem na de Jureia e quem perdia eram os usuários, que clamavam por uma solução (CLIQUE SOBRE O TEXTO PARA VÊ-LO INTEGRALMENTE) (O Estado de
S. Paulo, 18/1/1917) |
|
1921
AO LADO: Falta de transportes em Tuiuty (O Estado de
S. Paulo, 13/8/1921) |
ACIMA: A vila de Tuiuti em 1945. Não é
fácil de localizar ali a pequena estação (www.
jureiaonline.hpg.ig.com.br).
ACIMA: Estação de Jureia,
provavelmente anos 1950 (http:// muzambinhominasgerais. blogspot.com).
ACIMA: Anúncio do final do ramal da Mogiana
que ligava Guaxupé a Jureia, em 1966 (O Estado de S. Paulo,
16/10/1966).
2016
AO LADO: Relato de Mauro
Couto.
|
Aos 5 ou 6 anos de idade, eu com alguns
irmãos e meus pais viajamos num trem misto de Três Corações
até Juréia, para o casamento de um irmão. Ele era agente de
estação e tendo feito substituições naquele lugar, ficou conhecendo
a moça com quem estaria se casando. A viagem foi cheia de
muitas expectativas e as janelas do vagão eram disputadas
pelos meus irmãos e eu que estávamos atentos a tudo que fosse
interessante. O chefe de trem, com seu boné e guarda-pó complementando
o uniforme, sempre passava se equilibrando aos balanços do
trem, picotando os bilhetes de passagens e sempre brincava
com a gente. Nas curvas botávamos a cabeça para fora da janela
para apreciar o movimento das braçagens da locomotiva, embora
sob as repreensões dos nossos pais. O abastecimento d'agua
da locomotiva naquelas grossas mangueiras e os apitos do trem
nas proximidades das estações era algo que nos chamava a atenção.
Observávamos quando o maquinista descia da locomotiva e com
uma almotolia lubrificava as braçagens, assim como a labareda
por baixo da locomotiva, tudo nos deixava fascinados. Num
certo momento nosso pai nos fez um alerta de que logo estaríamos
atravessando uma grande ponte, o que nos deixou apreensivos.
Não demorou muito e já iniciamos a travessia de um rio largo
e caudaloso, era o Sapucaí, que nos fez sentir uma mistura
de medo e muita admiração. A chegada à Juréia foi bem à noite
e logo encaminhamos para o "hotel dos viajantes," ali mesmo
no pátio da estação que por sinal era de propriedade do pai
da noiva. Na manhã do dia seguinte, ainda cedo já havia grande
movimentação na cozinha do hotel com os preparativos de farta
comida para os convidados e até cabrito estava sendo assado
num grande forno à lenha. No quintal, eu me divertia correndo
atrás de pombos que voavam de um lado a outro a procura de
alimento, até que num momento infeliz fui ferido num olho
por um varal de arame farpado. Houve muita correria por parte
das pessoas e muita preocupação ao verem o sangue cobrindo
meu olho e descendo pelo rosto. Em seguida fui levado a um
posto de saúde ali mesmo na localidade e após limpeza do ferimento
e feito curativo, foi constatado que não houve maior gravidade.
Foi colocado um tapume no meu olho e foi assim que fiquei
nas fotos do evento. Passados uns tempos, estando meu pai
aposentado e eu com uns 10 anos de idade, repetimos por algumas
vezes a viagem, porém indo até Josino de Brito e Areado, onde
meu irmão foi agente. Eu gostava de estar ali pela agencia
observando a operação pelo telégrafo que era o único meio
de comunicação da estação. Um monte de fita se formava pelo
chão, que depois era enrolada numa roldana de metal. Sempre
que passava algum trem, embora a parada fosse rápida, os maquinistas
eram recebidos com um cafezinho e quitandas oferecidos gentilmente
pelo meu irmão. Outro fato que me chamava a atenção era quando
pescadores das imediações levavam na estação, peixes até de
grande porte para serem despachados. Das estações do trecho,
lembro-me de quase todas, tais como: Flora, Jurity, Varginha,
Nogueira,Garôa, Batista de Melo, Espera, Josino de Brito,
Gaspar Lopes, Areado, Fama, Harmonia, Engº Trompowsky e Juréia.
Mais tarde, no início da década de 1960, o trecho foi erradicado
para dar lugar às aguas da represa de Furnas. Os agentes das
estações, os guarda-chaves (como eram chamados os auxiliares
das estações), e o pessoal da via permanente foram transferidos
na sua maioria para Três Corações e Varginha.
|
(Fontes: Ralph M. Giesbrecht: pesquisa local; Mauro
Couto; Eduardo Roxo Nobre; O Estado de S. Paulo, 1912, 1916 e 1966;
Cia. Mogiana: Relatórios anuais; Olavo Amadeu de Assis: O ferroviário
nos trilhos da saudade, 1985; http:// muzambinhominasgerais. blogspot.com;
www.jureiaonline.hpg.ig.com; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht)
|
|
|
|
Estação de Tuiuti em 1914, recém aberta.
Autor desconhecido |
Pátio da estação de Juréia, em 1930.
www.jureiaonline.hpg.
ig.com.br. O prédio da estação não
aparece |
Pátio da estação, em 1940. O prédio
da estação aparece à esquerda na foto,
tirada sentido RMV. www.jureiaonline.hpg.
ig.com.br |
Juréia, em 10/2007. Foto tirada no sentido da RMV. Foto
Ralph M. Giesbrecht |
Plataforma da estação de Juréia, em 10/2007.
Foto tirada no sentido da Mogiana, por Ralph M. Giesbrecht |
Ao centro, plataforma da estação de Juréia,
em 10/2007. Foto tirada no sentido da RMV, por Ralph M. Giesbrecht
|
|
|
|
|
Atualização:
05.07.2023
|
|