...
Bairro dos Franças
Ortigueira
Leonardos
...
 
RFFSA (1975-1996)
ORTIGUEIRA
Município de Ortigueira, PR
Linha Apucarana-Uvaranas - km 463,736 (2000)   PR-0288
Altitude: -   Inauguração: 11.1975
Uso atual: abandonada (2003)   com trilhos
Data de abertura do prédio atual:
 
 
HISTORICO DA LINHA: A E. F. Central do Paraná começou a ser construída em 1949. Somente em 1960 conseguiu abrir dois trechos, um com 34 km partindo de Apucarana e outro com 83 km, saindo de Ponta Grossa, do que seria no futuro a estação de Uvaranas, a leste da cidade. Foram mais 15 anos para que as duas frentes se juntassem. A inaugração festiva da linha, considerada como um caminho mais curto e moderno do norte do Paraná para o porto de Paranaguá, ocorreu em novembro de 1975. Dias depois a ferrovia foi incorporada à RFFSA - a RVPSC já tinha sido extinta, transformando-se numa das Superintendências Regionais da estatal - e passou a transportar cargueiros apenas, apesar das promessas de trens de passageiros para a linha, nunca cumpridas. O que se vê ao longo da linha de mais de 300 km é um enorme desperdício de dinheiro: embora ela cumpra a sua função até hoje, a construção de vilas ferroviárias enormes que nunca foram utilizadas e que hoje estão em sua imensa maioria abandonadas, invadidas ou depredadas, é um retrato da falta de planejamento no Brasil.
 
A ESTAÇÃO: A estação de Ortigueira foi inaugurada em 1975.

O acesso a ela era muito difícil em 2003. Ela ficava distante da cidade cerca de 8 km, por estrada de terra. Logo na saída do asfalto, passava-se por uma aldeia indígena, meio modernosa com suas casas feitas de placas de concreto - aliás, a estação fica dentro da reserva "Terra Indígena de Queimadas".

"De resto, uma pobreza abjeta. Uma gente barriguda, pelanquenta e descabelada, com os olhos baços de cachaça. É essa a integração que damos aos primeiros habitantes desta terra? Tomamos-lhes as terras, as mulheres (no início da colonização) e em troca os condenamos ao nilismo ? Não sei se era pior o visual ou o cheiro da aldeia, onde um misto de fumaça de lenha verde e lixo empesteia o ar de longe... Quanto à estação, foi muito difícil chegar até ela. A estrada de terra até lá, após uma travessia de nível na linha do trem, está abandonada há tempos, e tivemos que deixar o carro e caminhar a pé pelos trilhos por cerca de 2 km para chegar. Abandonada e depredada, como era de se esperar. Quanto às casas da vila ferroviária, algumas famílias indígenas tomaram posse e moram nelas" (Douglas Razaboni, 07/2003).

O desastre ferroviário em abril de 2004 - "O descarrilamento de um trem às 8h30 de ontem provocou explosões e incêndios na zona rural de Ortigueira, a 252 quilômetros de Curitiba. Dos 104 vagões que seguiam de Londrina para Curitiba, 18 saíram dos trilhos. Em 16 vagões tombados havia pelo menos 480 mil litros de combustíveis, de acordo com a ALL. A carga, avaliada em mais de R$ 450 mil, continuava em chamas durante a noite. A previsão era de que o incêndio fosse apagado durante esta madrugada. Antes de ser controlado, o fogo queimou 10 mil metros quadrados de vegetação rasteira. O acidente ocorreu no território da reserva indígena Queimadas, onde vivem 400 caingangues. Nenhum índio estava próximo da estrada de ferro na hora do acidente. O maquinista Isaac Bolonhese, que conduzia o comboio, saiu ileso do acidente. A locomotiva em que ele estava tombou e foi atingida pelo fogo. Bolonhese afirma ter sido salvo pela “graça de Deus”. O diretor de Relações Corporativas da ALL, Pedro Almeida, disse que o acidente pode ter sido provocado pelo frio. Termômetros espalhados pela rodovia teriam registrado queda na temperatura de 40º para 5º C, entre a tarde de segunda-feira e a madrugada de ontem. “A oscilação pode provocar a quebra dos trilhos”, disse Almeida, no local do acidente. Segundo ele, outras hipóteses, como defeito no trem e falha humana, não podem ser descartadas.

Os bombeiros foram avisados sobre o incêndio às 8h45, mas só conseguiram chegar à estrada de ferro uma hora e meia mais tarde. Como não há guarnição em Ortigueira, foram acionados os quartéis de Telêmaco Borba (distante 75 km), Apucarana (120 km) e Ponta Grossa (160 km). A estrutura de combate a incêndios da indústria de papel Klabin, que possui reflorestamento na região, também foi utilizada. Foram reunidos cinco caminhões de combate a incêndios. Mais de 30 mil litros de água tiveram de ser despejados sobre os vagões. Sem conseguir apagar o fogo, 15 bombeiros trabalharam no resfriamento do comboio, para evitar explosões. O IAP identificou rompimento de três vagões de álcool e de cinco de óleo diesel até o final da tarde de ontem. Oito vagões de álcool podem ter permanecido intactos. O combustível que vazou e não foi consumido pelo fogo se infiltrou no solo, provocando danos ao ambiente, disse o presidente do IAP, Rasca Rodrigues. A ALL informou ter acionado 50 funcionários para controlar o incêndio e minimizar os danos ambientais. Além disso, alegou que não teve como evitar o acidente. O quilômetro 465 da ferrovia teria sido inspecionado há dois dias. A empresa começou a construir ontem pela manhã uma estrada de ferro para desviar os 14 trens que passam pela região diariamente a partir do meio-dia de hoje. A linha interditada é a única ligação ferroviária entre o Norte ao Centro-Sul do Paraná
" (Gazeta do Povo, Curitiba, PR, 28/04/2004).

O pátio tinha em 2000 três linhas de desvio.

Em março de 2016, foi inaugurado pela Rumo um ramal de 23 km ligando o km 454, próximo ao pátio desta estação à nova fábrica de celulose da Klabin, próxima à antiga fábrica de Telêmaco Borba. O ramal se chama Ferrovia do Minuano.


ACIMA: Início do ramal em Ortigueira (Foto Turma Churrascotrem em 19/12/2016). ABAIXO: Curva do ramal no km 15, no local denominado Campina dos Pupos em 18/5/2016 (Foto Carlos Henrique Suchodoliak).

ABAIXO: Chegada do ramal na fábrica (Data 28/5/2016, foto Carlos Henrique Suchodoliak).

(Fontes: Carlos Henrique Suchodoliak; Douglas Razaboni; Turma Churrascotrem; Paulo Stradiotto; Edmilson Henrique Vieira; Fernando Costa Straube; Gazeta do Povo, Curitiba, PR, 2004).
     

A estação de Ortigueira, em 19/07/2003. Foto Douglas Razaboni

A estação de Ortigueira, em 19/07/2003. Foto Douglas Razaboni

A estação de Ortigueira, em 19/07/2003. Foto Douglas Razaboni

A vila ferroviária de Ortigueira, atrás das árvores, em 19/07/2003. Foto Douglas Razaboni
   
     
Atualização: 31.07.2017
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.