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VXY Mogiana em MG

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São Carlos
Retiro
Ibaté
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Tronco CP-1935
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ESTIVE NO LOCAL: SIM
ESTIVE NA ESTAÇÃO: SIM
ÚLTIMA VEZ: 2004
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Cia. Paulista de Estradas de Ferro (1901-1971)
FEPASA (1971-1998)
RETIRO
Município de São Carlos, SP
Linha-tronco - km 211,676 (1958)   SP-2239
    Inauguração: 15.07.1901
Uso atual: demolida   com trilhos
Data de construção do prédio atual: n/d
 
 
HISTORICO DA LINHA: A linha-tronco da Cia. Paulista foi aberta com seu primeiro trecho, Jundiaí-Campinas, em 1872. A partir daí, foi prolongada até Rio Claro, em 1876, e depois continuou com a aquisição da E. F. Rio-Clarense, em 1892. Prosseguiu por sua linha, depois de expandi-la para bitola larga, até São Carlos (1916) e Rincão (1928). Com a compra da seção leste da São Paulo-Goiaz (1927), expandiu a bitola larga por suas linhas, atravessando o rio Mogi-Guaçu até Passagem, e cruzando-o de volta até Bebedouro (1929), chegando finalmente a Colômbia, no rio Grande (1930), onde estacionou. Em 1971, a FEPASA passou a controlar a linha. Trens de passageiros trafegaram pela linha até março de 2001, nos últimos anos apenas no trecho Campinas-Araraquara.
 
A ESTAÇÃO: A estação do Retiro foi inaugurada em 1901 (em 01 ou em 15 de julho, há duas datas nos relatórios da Paulista), como posto telegráfico. Era a estação mais alta de todas as linhas da Cia. Paulista. Em 1986, já estava em mau estado, e alugada para a Usina da Serra, que a havia transformado em residência. Foi demolida por volta de 1996, tendo sobrado somente a cabina de comando, que ficava ao lado, mesmo assim, depredada. A estação ficava na área rural de São Carlos, atrás de um canavial, completamente isolada, sem vila próxima. "O meu avô ria muito contando um caso ocorrido em São Carlos, numa daquelas greves do começo dos anos 1960 que acabaram com a Paulista privada. O piquete resolveu que o trem R vindo de Barretos iria ser paralisado em São Carlos. Vários piqueteiros deitaram de atravessado na linha embrulhados na bandeira nacional para impedir a passagem do trem, todos berrando "Encampa! Encampa!". Eles queriam a encampação da companhia pelo Estado, que pagava melhor seus ferroviários, em particular os da E. F. Araraquara, lá perto. Bom, a CP fez o trem parar em Retiro, uma antes de São Carlos, providenciou táxis para os passageiros que iam embarcar e desembarcar em São Carlos e mandou o trem não parar lá. Deu no que deu: piqueteiros e bandeiras nacionais voando pra todo lado, deixando o trem passar no maior pique... Os ferroviários conseguiram a encampação, mas foi uma vitória de Pirro. 16 anos depois, um veterano do piquete, meu vizinho, chorava as pitangas comigo, lembrando do tempo que a CP dava casa, comida, lenha... e a madrasta Fepa só demitindo e acabando com tudo." (Antonio Augusto Gorni, 04/2003) "Na estação de Retiro, a caixa de água que alimentava as locomotivas a vapor era como uma piscina coberta com folhas galvanizadas, segundo um tio meu que trabalhou na Paulista, e as máquinas grandes dos cargueiros paravam ali para abastecer de água, enquanto esperavam outros trens, e não na estação, pois a caixa dela era pequena e ainda ficava ocupando a estação. Onde era pasto e café, virou plantação de cana, mas ainda existia em 1984 no lado oposto da estação um corredor para embarque de bois e o desvio para o embarque" (Wilson Simionato, 03/2004). "Tenho 60 anos e morei dos meus 7 aos 12 anos em Retiro, de 1953 a 1958. Meu pai tem 87 anos e trabalhou na estação. Ele foi um desses piqueteiros. Eu morava na estação velha, que ficava uns 500 metros para baixo da nova, já demolida. Era uma casa com poço de corrente, dividida entre 2 famílias, mas ninguém gostava de morar lá embaixo. Gostavam de morar na "turma" que ficava ao lado da estação nova que acredito eu tenha sido construída após a colocação da bitola larga em 1922. Entre a estação velha, com plataforma e tudo, e a nova, os boiadeiros de passagem usavam para pernoitar e deixavam o gado preso, pois era um espaço cercado. Nesse espaço entre as 2 estações (velha e nova) houve a grande queima de café (era Getúlio) e podia-se ver ainda quando eu era criança torrões de terra enegrecidos. Havia a escola rural (com as 3 séries) na estação nova, freqüentada pelos filhos dos ferroviários e pelas crianças das fazendas, sítios que ainda não pertenciam à Usina da Serra. Atrás da estação onde hoje há só cana, ainda era um cerrado e antes deste, não havia muita vegetação, em virtude da grande queima do café: havia lá muitos torrões de terra enegrecidos. Atrás da estação estava o quintal do chefe da estação e um pé de manga espada e um de pêssego. Dos 2 lados da estação lembro de um jardim lindo cheio de flores - acho que eram hortências. A casa à esquerda era a primeira casa da turma e a última era a escola com as três séries iniciais na mesma sala. Lembro-me de cerca-viva separando essas casas. Eu não morava na turma, mas vinha todo dia à escola. Como eu disse morava mais abaixo na estação velha Depois que saí demorou um bom tempo para virar canavial" (Valderesse, de São Carlos, 07/2007).
     

A estação de Retiro (a original) em 1918. Álbum dos 50 anos da Paulista

A estação, a nova, c. 1983. Foto Wilson Simmionato

A estação, c. 1983. Foto Wilson Simmionato

Cabina de comando da estação, c. 1983. Foto Wilson Simmionato

Vista dee baixo da caixa d'água suplementar da estação, no alto, c. 1983. Foto Wilson Simmionato

A caixa d'água suplementar da estação, no alto, atrás, c. 1983. Foto Wilson Simmionato

Em 21/08/1998, plataforma e restos da estação demolida. Foto Ralph M. Giesbrecht

Ao lado da estação demolida, sobrou a cabine de comando, em ruínas (21/08/1998). Foto Ralph M. Giesbrecht

A cabine ainda está lá, cada vez mais depredada, em 04/2005. Foto Lucas M. R.
     
Atualização: 17.09.2013
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.