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VXY Mogiana em MG
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Paraitinga
Samaritá
Doutor Alarico
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Saída para o ramal de Juquiá (1930-2001): Bandeirantes
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Mairinque-Santos - 1937
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ESTIVE NO LOCAL: SIM
ESTIVE NA ESTAÇÃO: SIM
ÚLTIMA VEZ: 1998
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E. F. Sorocabana (1930-1971)
FEPASA (1971-1998)
SAMARITÁ
Município de São Vicente, SP
Mairinque-Santos - km 110,789 (1960)   SP-2820
Altitude: 7 m   Inauguração: 15.02.1930
Uso atual: moradia (2017)   com trilhos
Data de construção do prédio atual: 1936
 
 
HISTORICO DA LINHA: Projetada desde 1889, a Mairinque-Santos, linha que quebraria o monopólio da SPR para ligar o interior ao litoral foi iniciada em 1929 e terminada em 1937, com a ligação das duas frentes, uma vindo de Santos e outra de Mairinque. É uma das obras ferroviárias mais reportadas por livros no Brasil. Já havia, no entanto, tráfego desde 1930 nas duas partes, e o trecho desde Santos até Samaritá havia sido adquirido em 1927 da Southern São Paulo Railway, operante desde 1913. Com o fim da Sorocabana e a criação da Fepasa, em 1971, a linha foi prolongada até Boa Vista, no fim dos anos 80 (retificação do antigo ramal de Campinas). Houve tráfego de passageiros entre Mairinque e Santos até cerca de 1975, e mais tarde entre Embu-Guaçu e Santos, até novembro de 1997. A linha opera até hoje sob a administração da Ferroban.
 
A ESTAÇÃO: O estribo de Samaritá teve a autorização para atender ao tráfego público em 1925 (ver caixa abaixo).

No lugar do estribo, a estação de Samaritá foi inaugurada em 1930, para servir de ponto de encontro da então Santos-Juquiá com a Mairinque-Santos, então em construção. No mesmo dia de sua inauguração, entregou-se ao tráfego o trecho Samaritá-Estaleiro (hoje Gaspar Ricardo).

A estação, nesta época, estava a cerca de 1 km da atual, à frente, sentido Juquiá.

Em 1936, a estação ganhou um novo prédio, que deve ser o que está atualmente lá.

"Meu avô, Armindo Ramos, foi chefe de estação em Santos e em 1929 adquiriu o sítio Barranco, hoje Vila Samaritá. A primeira estação situava-se a cerca de 1 km da atual, e fora construída em 1930, por meu avô, e doada à Sorocabana, com o intuito de atender as terras de nossa propriedade. A segunda estação, a atual, foi construída em 1936, em local diferente, como assinalei. Toda sua vida, minha infância e parte da juventude foram passadas freqüentando Samaritá. Até 1980, as terras eram utilizadas para extração de areia sílica, em escala industrial, com fornecimento regualar para industrias de vidro e fundição. Ali meu avô construiu sua empresa, a Mineração Atlantica Ltda., desativada em 1985. Após 1985, foi iniciado um plano de desenvolvimento sustentado para manutenção da propriedade. O local que havia tido um loteamento de cerca de 80 lotes aprovados em 1956, passou a contar com mais 400. Hoje (2006) o local, que era uma vila operária, está com grande parte das ruas asfaltadas, incluindo um anel viário, tem todas as ruas iluminadas, agua e esgoto em toda área urbanizada. Foram construídos 750 apartamentos pela CEF, o CDHU está implantando 320 casas, e preve implantar mais 640 em dois anos. Ainda mantemos a propriedade e existe um plano diretor para ocupação do restante da área. O entorno, Jardim Rio Branco, Parque das Bandeiras, Vila Ema, Vila Nova, Quarentenário, e Humaitá possuem juntamente com a Vila Samaritá, cerca de 90.000 habitantes, que contam com supermercados, pronto socorros, escolas de primeiro e segundo graus" (Clóvis Bitencourt, 07/2006).

Quanto à estação original, que funcionou de 1930 a 1936, moradores do local afirmam que ainda existe, e o prédio que teria sido a própria está abandonado a pouco mais de 1000 metros da estação original (foto abaixo). A estação serviu para passageiros dos trens de longa distância até o final de 1997, quando os trens do ramal de Juquiá e da Mairinque-Santos foram suprimidos. Porém, até 2000 serviu aos trens metropolitanos (TIM) que ligavam Santos a Samaritá. Quando visitei a entrada da estação em 1998, que fica situada numa curva fechada de 90 graus e ruas não asfaltadas na época, a foto ficou difícil, pois basicamente era uma pequena porta, com uma placa sobre ela com o nome "Estação Samaritá" e muros e mais muros. O prédio está dentro dos muros, impossível de se ver de fora. Em 2001 era um enorme cemitério de carros, vagões e locomotivas. Arlindo Miranda, mestre de linha aposentado que vive na antiga vila ferroviária de Samaritá, reclama dos problemas com o transporte público. ‘‘Toda manhã é um sufoco. As peruas já saem lotadas e seguem apertadas durante todo o trajeto, colocando gente para dentro enquanto for possível. Quando o trem estava funcionando, não era assim’. Aos 57 anos, Miranda recorda com saudades os tempos áureos da Linha Sorocabana. ‘A movimentação de passageiros era tão intensa, que próximo à Estação do Samaritá existia um bar famoso em toda a região’. Praticamente abandonado, hoje o local serve de depósito de vagões velhos, mas ainda guarda um certo charme, sendo considerado um marco do bairro. Outro ponto de referência da vila é a Igreja de Nossa Senhora do Samaritá, que, apesar da simplicidade dos traços, carrega um peso histórico para os moradores vizinhos" (A Tribuna, 15/02/2003).

"Interessante lembrar que, em Samaritá, a composição que vinha de São Paulo encontrava a que vinha de Santos, mas o curioso é que o trem para continuar a viagem em direção à Itanhaém, para quem vinha de SP, "andava para tras", ou seja, era uma conexão em "Y". Então a gente tinha que rebater o encosto dos bancos para o outro lado ou "andar de costas" dependendo de como eram os bancos nos vagões" (Marcos Virgínio Pasini, 10/1/2014).

Com o fechamento da linha métrica ao tráfego de trens no início de 2008, os trens dessa bitola da ALL que descem a serra pela antiga Mairinque-Santos entram por Paratinga e seguem dali para o porto de Santos pela velha linha de Piassaguera ao Valongo, linha agora de bitola mista sobre a linha da velha Santos-Jundiaí. Não passam mais por Samaritá, nem por São Vicente. Sem tráfego, a estação tende ao abandono.

Em agosto de 2008, já estava sem a cobertura da plataforma. Outras construções do local iam se deteriorando rapidamente. Em 2011, a estação de Samaritá estava totalmente descaracterizada, foi feita uma parede de alvenaria para ser utilizada como residência, o pátio estava tomado pelo mato, onde virou pasto para gado. Em 2017, já tinha até puxadinho...

1925
AO LADO: Abre-se o estribo de Samaritá (O Estado de S. Paulo, 4/10/1925).

ACIMA: Inauguração do primeiro trecho da Mairinque-Santos em 1930. O arco encontra-se na ferrovia Santos a Juquiá, no quilômetro 19, exatamente onde está a estação de Samaritá - que foi também inaugurada nesse dia 15 de fevereiro, mas que não aparece na fotografia (O Malho, 1/3/1930).

Na estação de Samaritá, a placa típica do TIM (Autor não identificado).
ACIMA: O TIM, Trem Inter Municipal, operado pela CPTM nos anos 1990 ligando a estação de Ana Costa a Samaritá. Apesar de sua utilidade, embora operasse bem longe das perfeitas condições, foi suspenso em 1998 (Foto Nilson Rodrigues).

ACIMA: A estação de Samaritá e seu pátio aguardam o seu fim. Com a colocação de linha mista entre Cubatão e o porto de Santos na linha da antiga Santos-Jundiaí, os trens de bitola métrica vão passar a entrar por Paratinga e seguir para o porto por fora da cidade de Santos. O antigo trecho Paratinga-Samaritá-Santos vai ficar sem função. A linha deverá ser retirada. Tristeza para a história do País (Foto Antonio A. Gorni, agosto de 2007).

ACIMA: O antigo posto de revisão de vagões de Samaritá está totalmente abandonado e deteriorado em 5 de setembro de 2008. (Foto Marco Antonio Nóbrega).

ACIMA: No mesmo dia de 2008, a situação não se alterava muito na antiga balança de carga no mesmo pátio (Foto Marco Antonio Nóbrega).

ACIMA: Aspecto da estação em 9/8/2017 (Foto Marcos Nobrega).

(Fontes: Ralph M. Giesbrecht, pesquisa local; Glaucio Henrique Chaves; Waldir Rueda; Carlos Campanhã; Clovis Bittencourt; Antonio A. Gorni; Marcos Antonio Nobrega; Marlus Cintra; Marcio Souza; O Malho, 1930; A Tribuna, 2003; E. F. Sorocabana: relatórios anuais, 1900-69; FEPASA: Relatório de Instalações Fixas, 1986; Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht)
     

Estação e pátio de Samaritá, anos 1970. Foto Waldir Rueda

A estação em 1986. FEPASA: Relatório de Instalações Fixas, 1986

A estação em 1986. FEPASA: Relatório de Instalações Fixas, 1986

A estação em 1994. Autor desconhecido

Chegada à estação, vindo da serra, em 1998. A estação aparece ao fundo à esquerda. Foto Ralph Mennucci Giesbrecht

A estação de Samaritá, em 15/10/2001. Foto Marlus Cintra

A provável estação original de Samaritá, em 04/2007. Foto Marcio Souza

A estação de Samaritá, em 04/2007. Foto Marcos Antonio Nobrega

A estação de Samaritá já sem a cobertura da plataforma, em setembro de 2008. Foto Marcos Antonio Nobrega

A estação de Samaritá em 08/2011. Foto Marcos Antonio Nobrega

A estação em janeiro de 2017. Foto Glaucio Henrique Chaves
 
     
Atualização: 01.10.2019
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.