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Monteiros
Vila Albertina
Guatapará-CM
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ramal de Monteiros-1950
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ESTIVE NO LOCAL: SIM
ESTIVE NA ESTAÇÃO: SIM
ÚLTIMA VEZ: 2003
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Cia. Mogiana de
Estradas de Ferro (1914-1961) |
VILA
ALBERTINA
Município de Guatapará, SP |
Ramal de Monteiros - km 5,881 (1937) |
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SP-2975 |
Altitude: 519 m |
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Inauguração: 03.05.1914 |
Uso atual: demolida |
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sem trilhos |
Data de construção do
prédio atual: 1914 |
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HISTORICO DA LINHA: O ramal de
Monteiros, da Mogiana, foi inaugurado em 1914 como consequência dos
acordos de 1911 com a Cia. Paulista, para constituir três pontos de
junção em suas linhas. Por este ramal, o ramal de Jataí, aberto entre
1910 e 1913, foi unido à estação de Guatapará, então no ramal do Mogi-Guaçu,
da CP, foi unido à estação de Monteiros, da CM no ramal de Jataí.
Em 1930, Guatapará-CP passou a ser parte do tronco. Em 1961, o ramal
de Monteiros foi unido à parte norte do ramal de Jataí, surgindo o
ramal de Guatapará, com o trem da Mogiana seguindo direto de Guatapará
para Ribeirão Preto. Em 1976, o ramal foi suprimido para passageiros,
e, em 1979, acabou para sempre, com o arrancamento de seus trilhos. |
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A ESTAÇÃO: Vila Albertina
era a primeira estação do ramal de Monteiros;
ficava em terras da Fazenda Guatapará, de Martinho
da Silva Prado, em 1865.
A família Prado também
possuía a São Martinho, em Guariba, e
a Santa Veridiana, em Santa Cruz das Palmeiras. A intenção
dos Prado era construir uma cidade na fazenda, tendo inclusive
traçado algumas ruas. O nome dessa cidade seria Vila Albertina,
homena-geando a esposa de Martinho Prado Júnior, um
dos filhos do Martinho original.
Eram audaciosos os projetos:
queria ele rivalizar a futura cidade com a já florescente Ribeirão
Preto. A vila não vingou, mas a estação,
inaugurada em 1914, construída ao lado da "Casa das
Laranjas", manteve o seu nome.
A estação foi
desativada pela Mogiana em 1961 (relatório da Mogiana, 1961),
certamente por falta de movimento que a justificasse. Segundo antigos
moradores da fazenda, em frente ao paiol da fazenda, perto dos estábulos,
não muito longe da sede da fazenda, foi construída então
uma plataforma para embarque do pessoal, parada simples chamada de
Chave. Esse foi, aliás, o mesmo ano em que foi suprimido
o trecho sul do ramal de Jataí.
O trecho do ramal
de Monteiros onde ficava Vila Albertina foi juntado ao
trecho do ramal de Jataí que sobrou, entre Monteiros
e Ribeirão Preto, para formar o ramal de
Guatapará. Na época, a fazenda já
não pertencia aos Prado, mas sim aos Morganti.
Mais tarde, já nos anos 1970, foi vendida para os Silva
Gordo, donos até cerca de 1997, quando venderam a parte
da fazenda que continha a sede e a estação para a Usina
São Martinho, de Pradópolis.
O prédio
ainda tinha servido de dormitório para o pessoal da empreiteira que
retirou os trilhos do ramal, em 1978/79. Por ter sido a primeira das
estações a ser desativada, há mais de quarenta
anos, poucas pessoas da cidade ainda se recordavam da existência
dessa estação. A fazenda já foi praticamente
toda demolida, tomada pelo canavial. Somente sobraram o prédio
da usina, a Casa da Laranja - aquela que ficava ao lado da estação,
esta demolida - e a casa da antiga senzala.
A sede, as casas de colonos
e outros edifícios foram todos arrasados pela cana. A sede
era uma casa muito bonita, mas foi demolida quando surgiram os primeiros
estudos para o seu tombamento, por volta de 1998. Na mesma época,
vários prédios da propriedade foram arrasados, e com
eles a velha estação, abandonada há tantos anos.
Na verdade, a posição da antiga estação
é duvidosa: ficava ela próxima à casa-sede ou
não? Seria a tal parada "Chave" uma parada
ou a estação, mesmo? Os relatos de quem lá viveu
não são nada coerentes. O relato a seguir talvez defina:
Vila Albertina ficava longe de qualquer coisa.
"Em
1o de janeiro de 1944, (...) conduzindo (...) uma moringa de barro
e um amarrado contendo colchão, estrado e cabeceiras de cama,
cheguei finalmente à estação de Vila Albertina,
local em que iniciaria minha carreira ferroviária (...) Meu
primeiro chefe (...) chamava-se João Bernardes Costa. Era o
titular da estação de Monteiros. O segundo era o próprio
chefe da estação de Vila Albertina, Francisco Barros
Manso, a quem eu estava subordinado por vínculos estritamente
hierárquicos. (...) A casa em que fixei residência fazia
parte de um grupo de dois imóveis geminados e apenas um muro
de pouca altura se tornava o divisor de ambas as moradias. Casa antiga
de tijolos à vista, telhado enegrecido pela intempérie
do tempo, piso encardido, escada ladeada de espinhosas roseiras, de
cor rubra, fogão a lenha, armazenado de fina cinza, como que
a atestar que delicadas mãos femininas jamais tocaram em qualquer
pertence daquele doce lar. (...) meu generoso vizinho João
Aguillera (...) ocupava o cargo de portador na humílima Vila
Albertina. (...) O poço de água potável, movido
a sarrilho, corda e caçamba, ficava a razoável distância.
Água para lavagem dos cômodos da casa estava totalmente
fora de cogitação, tanto que jamais viram a cor do sabão.
Próximo aos trilhos do último desvio, se esparramava
um imenso taboal, onde uma orquestra afinada de sapos coaxava a noite
inteira. Integrada à mesma faixa de água ferrugínea,
onde saracuras, nambus, rolas, nuvens de pássaros pretos, bando
de coleiros e pintassilgos, vinham se refrigerar e beliscar espigas
de pequenos e avermelhados frutos. (...) Após ter deixado Vila
Albertina, (...) um dia, estando em Pedregulho, decidi retornar à
estação onde iniciei minha carreira. O ramal fora desativado
(*nota do autor do site: o ramal somente
foi desativado em 1976. A volta do relator desta teria nsido antes, pois Pedregulho
ainda estava aberta e somente fechou em 1972) e a estação
fora fechara ao tráfego de passageiros e de mercadorias. A
casa que me abrigara estava completamente abandonada, Portas amarradas
com tiras de pano, vidraças quebradas por certeiros estilhaços
de estilingue. Ao fixar, doutro lado, a casa de Agullera e Isabel,
onde florescia um jasminzeiro, atapetado de flores, dominado por uma
angústia que se sufocava o coração e dava um
nó na garganta, eis que pergunto ao mano João, meu parceiro
de excursão: onde estaria Isabel?" (Manoel Rodrigues
Seixas, O Herói Ferroviário, 1995).
(Veja também
FAZENDA GUATAPARÁ)
ACIMA: Segundo quem enviou a fotografia, estes seriam
restos da estação de Vila Albertina cobertos de mato.
A foto é de 2014 (Autor não identificado).
(Fontes: Ralph M. Giesbrecht, pesquisa local; João
Paulo Papandré Lemos; José Paulo Bassaneto; Arquivo
Municipal de Ribeirão Preto; Manoel Rodrigues Seixas: O Herói
Ferroviário, 1995; Cia. Mogiana: Relatórios oficiais,
1875-1969; Companhia Mogiana: Horário oficial dos trens de
passageiros e mistos a partir de 3-1-1967; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht)
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A bela sede da fazenda, já demolida. Foto de 1939. Arquivo
Municipal de Ribeirão Preto. |
A planta da fazenda mostra a posição da parada
de Chave. Desenho de João Paulo Papandré Lemos
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A foto supostamente é da estação de Vila
Albertina, sem data, e de cartão postal. A locomotiva
que aparece à frente é a Albertina, não
da Mogiana mas da ferrovia da fazenda. Foto cedida por José
Paulo Bassaneto |
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À esquerda, acima e à direita, supostamente a
Casa das Laranjas com sua chaminé magnífica de
detalhes... |
...mostram uma pequena parte do que se perdeu da antiga fazenda... |
...que, quando se olha de longe, nada mais se vê de construções... |
...das poucas que sobreviveram ao tempo. Difícil de ter
certeza de alguma coisa. |
Pelo que se pôde deduzi, a linha do ramal passava próximo
a tudo isso, concentrado hoje num canto da fazenda não
muito longe da rodovia. Aí, parece, era Vila Albertina.
Fotos Ralph M. Giesbrecht, em 10/2003 |
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Atualização:
30.09.2019
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