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Q R S T U
VXY Mogiana em MG
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Rio Claro-tronco CP
Cachoeirinha
Ajapi
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ramal de Analândia-1935
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ESTIVE NO LOCAL: SIM
ESTIVE NA ESTAÇÃO: NÃO
ÚLTIMA VEZ: 2012
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Cia. Paulista de Estradas de Ferro (1896-1966)
CACHOEIRINHA
Município de Rio Claro, SP
Tronco métrico - km   SP-0720
Altitude: -   Inauguração: 31.12.1896
Uso atual: demolida   sem trilhos
Data de construção do prédio atual: n/d
 
HISTORICO DA LINHA: O trecho entre Rio Claro e São Carlos que passava pelo Cuzcuzeiro foi aberto pela Cia. Rio-Clarense em 1884, e fazia parte de sua linha principal, de bitola métrica. Comprada pelos ingleses que formaram a Rio Claro Railway em 1888, esta foi vendida para a Cia. Paulista em 1892, que ficou com a linha, que então chegava até Araraquara e foi renomeada como Secção Rio Claro. Em 1916, a Paulista prolongou a linha para a frente de Rio Claro com bitola larga, até São Carlos, mas aproveitando somente o leito a partir de quinhentos metros à frente da estação original de Visconde de Rio Claro. Com isto, o trecho entre a estação de Bifurcação (mais tarde Visconde de Rio Claro-nova) e o início, em Rio Claro, ficou reduzido a uma variante de bitola métrica, chamada a partir de 1922 de ramal de Anápolis, nome que em 1944 veio a se tornar ramal de Analândia. Antes disso, em fins de 1940, o trecho entre Anápolis e Visconde-nova foi suprimido e o ramal passou a parar em Anápolis. Em 01/09/1966, o tráfego no ramal foi extinto e os trilhos, logo a seguir, retirados.
 
A ESTAÇÃO: Cachoeirinha era um posto telegráfico, situado no tronco antigo da Paulista, no trecho que mais tarde se transformou no ramal de Analândia. Ficava a uns 11 km de Rio Claro, mais ou menos onde hoje é o distrito industrial da cidade.

Foi aberto pela Cia. Paulista em 1896 (ver caixa abaixo, de 1895) e extinto em maio de 1915. Não se conhecem fotografias do posto, que foi demolido.

Porém, a parada de Cachoeirinha continuou a existir, como relata Christof Meyer: "Escrevo da Suiça, mas aprendi o português, pelo menos o começo, na Escola Mista Rural de Cachoeirinha. A escola tinha as três primeiras classes numa sala só, com uma professora. Quem queria "estudar" repetia o 3° ano. Ao lado da escola existia uma igreja, que possivelmente ainda lá está. Atrás dela nós moleques fazíamos campeonatos de quem fazia xixi mais longe... além disso havia uma casa onde morava a Dona Assunta, que tomava conta da escola e da igreja. Também havia um campo de futebol e um de bocha - muitos dos sitiantes descendiam de italianos. Entrei na escola com 7 anos em janeiro de 1955 e a professora chegava diariamente com o trem, vinda de Rio Claro. O trem, uma autêntica "Maria-Fumaça", que você deve conhecer muito bem, chegava às 10:00h na estação de Cachoeirinha. Para nós moleques era sempre um momento de expectativa: ela veio ou ela não veio? Quando vinha, era mesmo dia de aulas, mas muitas vezes não vinha e aí era dia de alegria! Voltar devagarinho para casa, caçar algum passarinho, correr atrás de alguma carroça, atirar algumas pedrinhas contra caminhões que por volta passavam carregados de paus de eucalipto ou mandiocas... Outra malvadeza era colocar pedras nos trilhos, mas ninguem tinha coragem de esperar pelo trem e ver o que acontece. Por sorte que nunca descarrilhou! A parada de Cachoeirinha estava bem perto desta "pracinha", penso que a uns 300m. Ela consistia numa plataforma do lado direito de quem vinha de Rio Claro e um simples telhado. Não havia nenhum guarda ou funcionário, mas todos os trens sempre paravam. Só tinha um par de trilhos, sem desvios. Saindo da estação era preciso atravessar as estradas, que eram de chão batido. Interessante um outro detalhe: saindo de Rio Claro havia uma estrada "velha" no lado direito da ferrovia que servia para as carroças e as boiadas que vinham de Minas e no lado esquerdo da ferrovia tinha a estrada "nova" que era para os carros e caminhões. Alguns sitiantes que já tinham carroças com pneus atreviam-se a utilizar a estrada nova. O "Zezinho" Alexandre, dono e motorista da jardineira não gostava disso e zurrava com eles. As duas estradas eram de terra e bem arenosas. Na época da chuva formavam-se lagoas que demoravam meses a desaparecer. A parada estava a uns 11 km de Rio Claro, entretanto a cerca de 8 km existia uma "Turma", uma casa dentro dos limites das linha férrea. Aí morava uma família cujo homem trabalhava na supervisão das linhas. De Rio Claro vinha reforço, mais dois ou três homens, montados num pequeno vagão, ou melhor, tratava-se de dois eixos com rodas de trem e uma prancha que encaixava por cima. Montados nessa carruagem, os trabalhadores moviam-se com varejões que empurravam contra a terra. Uma vez embalados seguiam a boa velocidade. Quando trabalhavam, simplesmente desmontavam o veículo e colocavam para o lado. O trem fazia duas viagens diárias em cada sentido e ia de Rio Claro para Cachoeirinha, por Ajapi, Ferraz, Corumbataí até Analândia. Em tempos remotos pensava-se estabelecer uma indústria de seda na região de Analândia, alguns criavam bichos da seda. Eu morava num pequeno sítio junto ao km 9, onde havia uma passagem de nível, onde a estrada mudava do lado esquerdo para o lado direito dos trilhos. Havia aí um portão de cada lado, que entretanto nunca foi utilizado. O trem simplesmente apitava com alguma antecedência e passava a alta velocidade! Daí para adiante as duas estradas seguiam paralelas até Ajapi ou mais. Eu ia à pé até à escola que situava-se no km 11. Essa zona toda chamava-se Cachoeirinha talvez porque existia mesmo uma cachoeira de 2 m no sítio da família Maimoni, ao lado do nosso. O Benedito Lúcio e a Chiquinha que venderam o sítio aos meus pais eram já de alguma idade e resolveram mudar para a cidade. Eles não tinham nem carroça nem bicicleta e iam à pé para Rio Claro. Ele andava no lado dos homens, ela no lado das mulheres da estrada - lados distintos, como na igreja! Além do trem havia uma jardineira, que ia de Rio Claro até Corumbataí, em concorrência com o trem. Tinha a vantagem de parar em qualquer lugar, enquanto o trem só parava nas estações. Acompanhando os trilhos havia carreiras de erva-cidreira, que por vezes pegavam fogo quando a locomotiva expelia alguma brasa. Até os troncos de madeira debaixo dos trilhos por vezes ardiam. Em 1966 chegaram os tempos modernos e a Maria-Fumaça deixou de existir. Pena. Dois anos antes, em 1964, voltamos para a Suiça e nos anos 1972 e 1974 visitei Rio Claro pela última vez. Fui até Cachoeirinha mas muito tinha mudado" (C. Meyer, 03/2005).

Em 2005, não existia mais nem sombra da velha paradinha: "A estação levava o nome por conta do Ribeirão Cachoeirinha, que passava bem próximo. A região é ocupada pelo Distrito Industrial de Rio Claro, no entanto é bem visível o ponto em que o Ramal de Analândia saía do tronco principal, ambos já desativados. O tronco ainda tem alguns pedaços de trilhos dentro do perímetro urbano da cidade, e vindo de carro, pela avenida Visconde do Rio Claro até a frente do Lago Azul, um dos parques da cidade, é só acessar a Avenida 32, à direita, onde ela cruza com a antiga linha tronco. Já p cruzamento da Avenida 32A com a linha é exatamente o ponto de onde saía o Ramal, que seguia por um trecho ocupado somente por instituições públicas, até desembocar no imenso canteiro central da avenida que corta o distrito industrial da cidade (Avenida Brasil), e que se transforma mais à frente, após o cruzamento com a SP-191 (Rio Claro-Araras), na rodovia Rio Claro-Corumbataí, daí seguindo até Ajapi, Ferraz, Corumbataí, e Analândia. Os postes telegráficos ainda existem ao lado da estrada asfaltada" (Thiago Teixeira, maio de 2008).

1895
AO LADO: A casa para telegrafistas citadas no artigo entre Rio Claro (Ajapi) e
Morro Grande deve ser o posto de Ferraz, aberto nessa época (em 1896) (O Estado de S. Paulo, 29/8/1895).

ACIMA E ABAIXO: O sítio próximo a Cachoeirinha, onde morava a família suíça de Christoff, nos anos 1950 (Acervo Christof Meyer).
     

 
     
     
Atualização: 23.12.2020
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.