A B C D E
F G H I JK
L M N O P
Q R S T U
VXY Mogiana em MG
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Pindamonhangaba
Coruputuba
Moreira César
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ram. S. Paulo EFCB-1950
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ESTIVE NO LOCAL: SIM
ESTIVE NA ESTAÇÃO: SIM
ÚLTIMA VEZ: 2002
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E. F. Central do Brasil (1937-1975)
RFFSA (1975-1998)
MRS (1998-2011)
CORUPUTUBA
Município de Pindamonhangaba, SP (Veja o bairro)
Ramal de São Paulo - km 318,416 (1960)   SP-0018
Altitude: -   Inauguração: 15.12.1937
Uso atual: estação (2011)   com trilhos
Data de construção do prédio atual: anos 1950?
 
 
HISTORICO DA LINHA: Em 1869, foi constituída por fazendeiros do Vale do Paraíba a E. F. do Norte (ou E. F. São Paulo-Rio), que abriu o primeiro trecho, saindo da linha da SPR no Brás, em São Paulo, e chegando até a Penha. Em 12/05/1877, chegou a Cachoeira (Paulista), onde, com bitola métrica, encontrou-se com a E. F. Dom Pedro II, que vinha do Rio de Janeiro e pertencia ao Governo Imperial, constituída em 1855 e com o ramal, que saía do tronco em Barra do Piraí, Província do Rio, atingindo Cachoeira no terminal navegável dois anos antes e com bitola larga (1,60m). A inauguração oficial do encontro entre as duas ferrovias se deu em 8/7/1877, com festas. As cidades da linha se desenvolveram, e as que eram prósperas e ficaram fora dela viraram as "Cidades Mortas"... O custo da baldeação em Cachoeira era alto, onerando os fretes e foi uma das causas da decadência da produção de café no Vale do Paraíba. Em 1889, com a queda do Império, a E. F. D. Pedro II passou a se chamar E. F. Central do Brasil, que, em 1896, incorporou a já falida E. F. do Norte, com o propósito de alargar a bitola e unificar as 2 linhas. O primeiro trecho ficou pronto em 1901 (Cacheoira-Taubaté) e o trecho todo em 1908. Em 1957 a Central foi incorporada pela RFFSA. O trecho entre Mogi e São José dos Campos foi abandonado no fim dos anos 1980, pois a construção da variante do Parateí, mais ao norte, foi aos poucos provando ser mais eficiente. Em 31 de outubro de 1998, o transporte de passageiros entre o Rio e São Paulo foi desativado, com o fim do Trem de Prata, mesmo ano em que a MRS passou a ser a concessionária da linha. O transporte de subúrbios, existente desde 1914 no ramal, continua hoje entre o Brás e Estudantes, em Mogi e no trecho D. Pedro II-Japeri, no RJ.
 
A ESTAÇÃO: A estação de Curuputuba foi aberta em 1937 como um posto telegráfico. Mais tarde foi construído um prédio para a estação, que continuava ativa em 2011 com pelo menos um desvio.

Nos anos 1950 foi construída a variante Pindamonhangaba-Roseira, cuja linha cruzava com o leito da linha antiga exatamente nesta estação. Ou seja, ela ficou no exato lugar em que estava antes. Ao lado da estação existia ainda um prédio depredado que muito provavelmente era o posto telegráfico original: uma casa, construção típica da Central dos anos 1920/30.


ACIMA:A sede da fazenda Coruputuba em 1954 - CLIQUE SOBRE A FIGURA PARA VER A REPORTAGEM INTEIRA (O Estado de S. Paulo, 15/8/1954, p. 60).

A estação ficava junto à fazenda Coruputuba, que hoje abriga uma fábrica de celulose e papel, a Nobrecel, distante cerca de 1,5 km da estação. "Nos últimos anos da RFFSA havia mais um ponto de embarque de areia em Moreira César, localizado próximo à Confab e Villares, se não me falha a memória pertencia a uma empresa chamada Pedrasil. O desvio e o local de embarque ainda existem. Também ainda existe parte do antigo desvio para a fábrica de papel, que se estende até alguns metros da estação; na última vez que estive lá, os trilhos estavam cobertos de areia. Houve comentários de reativação há algum tempo; quando estive na escala de Roseira, um trem com um ou dois vagões da VCP na cauda parou para manobrá-los ali para depois seguirem para Coruputuba. Na época falaram em testes mas ninguém sabia o motivo real do fato deles terem sido desviados para lá" (Marco Giffoni, 01/2007).

Em 2011, o ramal de entrada para a Nobrecel era usado para carregamento de areia pela AB AREIAS (todo dia saíam 35 vagões carregados mais 12 GPS gôndola para São Bento, esta na variante do Parateí (este mandado separadamente) e ainda 12 da Pedrasil, em Roseira) total de um trem com 37 ou 38 vagões, segundo Bruno Manfredini Pelogia em 7/10/2011. Ainda segundo Bruno, a estação deverá ser reformada (o que significa que vão estragar o simpático predinho, bem característico da Central do Brasil dos anos 1940/50).

Não tenho notícias da estação em 2021, mas a reportagem abaixo mostra a antiga fazenda neste ano que gerou a estação e o que foi feito da empresa que estava ali instalada, agora em 2021:

"Um agricultor no interior de São Paulo criou uma floresta no mesmo lugar onde existiu uma "mini-cidade" no passado. Lá havia, nos anos 1940, um cinema, um açougue, casas, escolas e até uma moeda própria.

Centenária, a Fazenda Coruputuba é uma das mais populares na região de Pindamonhangaba e abrigava uma fábrica de papel e uma plantação de eucalipto, além da pequena cidade. Resultado? A vegetação nativa desapareceu e o solo "dava" cada vez menos. Até que Patrick Assumpção partiu para uma reviravolta sustentável após herdá-la.

Hoje, Patrick produz apenas alimentos orgânicos, tem árvores nativas, em sua propriedade, e vende ingredientes para restaurantes famosos e estrelados, como o DOM, de Alex Atala, o Mani, de Helena Rizzo, e o Mocotó, de Rodrigo Oliveira, localizados na capital paulista.

Após aderir ao modelo sustentável, estudos concluíram que o solo da fazenda de Patrick tem mais vitaminas e uma floresta se formou no terreno com 209 hectares, dos quais 79 hectares ficam intocados. Em 2019, até mesmo o ator estadunidense Leonardo DiCaprio publicou uma fotografia da fazenda e da iniciativa de Patrick.

Apesar disso, Patrick quer ir da "porteira para fora" para ampliar o experimento. Segundo ele, é possível gerar 10 mil hectares para produção de alimentos orgânicos e reflorestar 40 mil hectares no Vale do Paraíba em uma década. A região é formada por 39 municípios e ocupa cerca de 6% do estado de São Paulo e tem milhares de agricultores.

"Se a gente reflorestar a Mata Atlântica na região Sudeste, inclusive com [produção de] madeira de forma sustentável, a gente reduz de maneira direta o interesse e o prejuízo ambiental causado pela extração de madeira da Amazônia", diz. "Além disso, podemos gerar alimentos de valor nutricional alto". Há, ainda, muita história no local escolhido por Patrick para o plantio.

O bisavô de Patrick se chamava Cícero Prado e comprou o terreno da Fazenda Coruputuba no início dos anos 1900. A história popular é a de que encontrou um lugar pouco ocupado após o trem quebrar a caminho do Rio de Janeiro.

Havia uma oportunidade de empregar lavradores europeus que chegavam ao Brasil por meio de programas de incentivo e ainda oferecer serviços a eles. Cícero construiu casas, escolas, açougue, cinema, centro médico e instalação de energia elétrica. O principal negócio de Cícero era a produção de papel a partir da casca de arroz — uma das maiores da América Latina.

Nos anos 1940, Cícero desenvolveu uma moeda própria para mediar os escambos causados pela falta de dinheiro em papel durante a Segunda Guerra Mundial. Bem relacionado, atraiu atenção à sua "pequena cidade" ocupada por quatro a cinco mil pessoas. Em 1959, Mazzaropi produziu o blockbuster Jeca Tatu na fazenda de Cícero. "Era um visionário que tinha grana para chuchu", resume o bisneto.

Segundo Patrick, a morte de Cícero Prado deixou o empreendimento a herdeiros com pouca aptidão para a agricultura e administração. Dívidas trabalhistas e a pouca habilidade para os negócios tiveram como saída a venda de parte dos hectares comprados por Cícero. Parte das estruturas da "minicidade" ainda está de pé em 2021. O herdeiro espera que seja tombada pela prefeitura para se tornar um espaço cultural em Pindamonhangaba. Nos anos 1990, Patrick se formou em desenho industrial e voltou para administrar fazenda que adorava visitar durante toda a infância.

Em 2007, Patrick plantou árvores de guanandi na fazenda para vender como madeira no futuro. Naquela época, pesquisadores da região lhe fizeram uma proposta. "Por que não testar as agroflorestas?", disseram. Dali a cinco anos, eles veriam os resultados. Era uma mão na roda para o agricultor.

Além do guanandi, Patrick também produzia eucalipto. A árvore se tornou símbolo de um modelo de negócio na agricultura que ocupa grandes espaços onde antes existia vegetação nativa para a indústria de papel.

A proposta dos pesquisadores era diferente: aumentar a diversidade de plantas no terreno e criar uma agricultura sustentável. Uma agrofloresta. Patrick aceitou. Ele tinha vontade de vender alimentos saudáveis e, acima disso, poderia livrá-lo da desvalorização do eucalipto devido ao excesso de produtores.

"Eu vendia eucalipto por R$ 68 o metro cúbico. Hoje, sai por cerca de R$ 28", diz. Assim, começou o cultivo agroflorestal que também mudou algo em sua mentalidade. "A agroecologia é um processo de transformação não só de solo, mas principalmente de vida", diz.

Normalmente, a agricultura convencional é chamada de monocultivo e costuma plantar uma ou pouco mais de duas espécies para cultivo e venda. Para não levar prejuízo, agricultores costumam usar elementos químicos que causam danos ao ser-humano e ao solo, como agrotóxicos contra insetos e fertilizantes sintéticos para melhorar a terra.

Por outro lado, a agrofloresta é um tipo de agricultura que imita as condições de uma floresta sem intervenção humana. A técnica abole o uso de elementos químicos ao mesmo tempo que refloresta — o que pode causar certa insegurança para agricultores com possíveis prejuízos e demora para a produção, apesar da regeneração do solo aumentar a garantia de ganho.

Um dos segredos deste modelo é o plantio de espécies que demoram tempos diferentes para crescer. Por exemplo: uma planta que demora 20 anos para crescer é colocada próximo ao vegetal que demora dois anos e outra que leva cinco anos para crescer.

Assim, as espécies que crescem primeiro melhoram a atividade orgânica no solo, o que ajuda na saúde daquele meio ambiente e, especialmente, paga as contas. As que demoram mais para crescer regulam a luminosidade do terreno abaixo. Como em uma floresta que se ajuda.

O número maior de espécies no terreno também aumenta o número de itens que podem ser vendidos para mercados, consumidores avulsos, prefeituras, restaurantes, empresas de produção orgânica, etc. Fora a madeira - que também pode ser vendida.

Em 2021, Patrick já plantava arroz, cambuci, palmito, cereja, cúrcuma, banana e pretende vender madeira de alto padrão no futuro. Também cultivou as chamadas PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais), como ora-pro-nóbis, palmito de pupunha e palmeira real. Só de cúrcuma, produz 1 tonelada e meia por hectare ao ano; de banana, são 4 toneladas.

A Fazenda Coruputuba parece com floresta tradicional, mas na verdade é um espaço de cultivo de frutas, raízes e madeira no Vale do Paraíba

A ideia é que toda a região que o cerca faça uma adesão ao modelo sustentável. Patrick é um divulgador deste tipo de tática para o futuro, e já instruiu assentamentos do Movimento Sem-Terra (MST) e pequenos, médios e grandes produtores da região.

É um dos divulgadores da "Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba", que desde então cultiva frutas nativas da região. A fazenda é aberta para estudiosos e visitantes.

O estudo que apresentou o modelo agroflorestal para Patrick concluiu que a Fazenda Coruputuba está entre as cinco melhores iniciativas de agrofloresta sustentável entre 178 locais analisados no Brasil. "Nada mais justo do que manter no mínimo um legado para meu bisavô, um cara que fez tanta coisa pela região",
conclui" (Marcos Candido De Ecoa, São Paulo, 27/08/2021).


ACIMA: Vista do pátio de Curuputuba em 10/2011. (Foto Bruno Manfredini Pelogia).

ACIMA: Controle do pátio em 2011 (Foto Bruno Manfredini Pelogia).

ACIMA: Os escombros da antiga cidadezinha ainda existem na fazenda agroflorestal no vale do Paraiba
.(Imagem: Asteroide/Reprodução/WRI).

(Fontes: Ralph Giesbrecht, pesquisa local; Bruno Manfredini Pelogia; Marco Giffoni; José Emilio Buzelin; Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht)

     

A estação, sem data, provavelmente anos 1950. Foto cedida por Wanderley Duck

A estação de Curuputuba, em 20/04/2002. Foto Ralph M. Giesbrecht

A estação de Curuputuba, em 20/04/2002. Ao lado, em um dos desvios, uma locomotiva ainda com as insígnias da extinta RFFSA, mas de propriedade da MRS. Foto Ralph M. Giesbrecht

O prédio que supostamente era o posto telegráfico original, ao lado da linha, em 20/04/2002... Foto Ralph M. Giesbrecht

... e a depredação, infelizmente hoje já costumeira. Foto Ralph M. Giesbrecht

A estação de Curuputuba, em 20/04/2002. Foto Ralph M. Giesbrecht

A estação em 10/2011. Foto Bruno Manfredini Pelogia
   
     
Atualização: 18.01.2023
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.