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E. F. de Baturité
(1891-1909)
Rede de Viação Cearense (1909-1975)
RFFSA (1975-1997) |
DANIEL
DE QUEIROZ
(antiga JUNCO e MUXIOPÓ)
Município de Quixadá, CE |
Linha-tronco - km 171,872 (1960) |
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CE-3387 |
Altitude: - |
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Inauguração: 07.09.1891 |
Uso atual: n/d |
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com trilhos |
Data de construção do
prédio atual: n/d |
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HISTORICO DA LINHA: A linha-tronco,
ou linha Sul, da Rede de Viação Cearense surgiu com
a linha da Estrada de Ferro de Baturité, aberta em seu primeiro
trecho em 1872 a partir de Fortaleza e prolongada nos anos seguintes.
Quando a ferrovia estava na atual Acopiara, em 1909, a linha foi juntada
com a E. F. de Sobral para se criar a Rede de Viação
Cearense, imediatamente arrendada à South American Railway.
Em 1915, a RVC passa à administração federal.
A linha chega ao seu ponto máximo em 1926, atingindo a cidade
do Crato, no sul do Ceará. Em 1957 passa a ser uma das subsidiárias
formadoras da RFFSA e em 1975 é absorvida operacionalmente
por esta. Em 1996 é arrendada juntamente com a malha ferroviária
do Nordeste à Cia. Ferroviária do Nordeste (RFN). Trens
de passageiros percorreram a linha Sul supostamente até os
anos 1980. |
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A ESTAÇÃO: A estação
de Junco foi inaugurada em 1891, com o nome da fazenda dos
Queiroz, que já existia à época.
Nos anos
1940 teve o nome alterado para Muxiopó.
Em 1961, o nome
foi alterado para Daniel de Queiroz, pessoa da família
ainda dona das terras por onde a ferrovia passava.
"Meninos
criados à beira da linha férrea, a estação
da RVC, orgulhosamente chamada Junco (o nome da fazenda de meu pai),
para nós o trem era o rei do mundo, só tinha como rival
o navio, que anda por cima do mar. Sabíamos decor o horário
dos trens, inclusive os de carga. Conhecíamos os maquinistas
e o nosso herói era um certo Abílio, que subia o alto
da Carnaúba, passava voando pelo pontilhão do riacho
dos Cavalos, e ia puxar os freios já na reta da estação.
De noite era lindo, lá do alpendre da fazenda, via-se o holofote
do trem, como um sol avermelhado, tirar a escuridão. Nós
sentíamos uma espécie de sentimento de propriedade em
relação à estrada.
Afinal, fora o nosso avô,
o dr. Arcelino, que doara e não venderia, como os demais proprietários,
os 14 quilômetros de pista, com 30 metros de largura, para a
linha passar. E só viajávamos de trem, até mesmo
para ir a Quixadá, a curtas 3 léguas de distância.
Durante muitos anos a principal fonte de renda para a família
era a lenha para o trem (nosso pai era juiz, promotor, salário
curto).Mas também fazendeiro esclarecido: já antes dos
ecochatos, só deixava cortar a madeira que se substituía
automaticamente, crescendo árvore nova dos próprios
brotos cortados, e nada de madeira nobre. Só sei que, durante
mais de 30 anos, o Junco forneceu lenha à estrada, como as
do 'Não me Deixes', que me coube de herança, e tão
compactas, que se mostram como mancha negra nas fotos tiradas por
satélite. Depois do combustível a lenha, veio a grande
revolução do óleo diesel. As máquinas
mudaram de formato e cor, sem chaminé, sem limpa-trilhos, com
cara de bonde. Os engenheiros explicavam que era ótimo, que
os trens iriam mostrar outra velocidade, afinal, estávamos
na era do progresso. Progresso nada, O que foi acontecendo foi o ingresso
da estrada asfaltada.
E as estradas de ferro ficaram gradualmente
em desuso. Os dois horários que nos serviam diariamente foram
suprimidos; ficaram só os trens de carga; e hoje só
passa láum trem de três em três dias, levando petróleo
para o Cariri. Será que essa maldição contra
os trens aconteceu só no Brasil? Mas podem ficar sabendo as
autoridades que o povo do interior não se consola da falta
do seu velho trenzinho, substituídos pela sucata de ônibis
com que se entopem as estradas cheias de buracos. E tudo isso feito
à socapa, ninguém nunca explicou ao público por
que acabaram com as linhas de trens. O público que se dane,
não é mesmo? E, para terminar, cadê a Transamazônica?
Virou lama. Se fosse linha de trem, estaria correndo" (Rachel
de Queiroz, do jornal O Estado de Minas, de 23/03/1997).
ACIMA: Mapa (parcial) do municipio de Quixadá com suas estações ferroviárias, como a de Muxiopó, que passou depois ser Daniel de Queirós (no canto superior diteito) nos anos 1950 (IBGE: Enciclopedia dos Municipios Brasileiros, 1960).
ACIMA: A estação e a vila ferroviária em 2021 (Foto Geraldo Langovsky).
ACIMA: A fachada da estação em 2021 (Foto Geraldo Langovsky).
(Fontes: Rachel de Queiroz, 1997; Fábio Barros;
O Estado de Minas, 1997; Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil,
1960; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht) |
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Ao lado: a estação de Daniel de
Queiros, em 2009. Foto Fabio Barros. Na foto está escrito
"Daniel de Queiroz" abaixo do dístico onde
ainda está escrito "Junco". |
A estação em 2021. Foto Geraldo Langovsky |
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Atualização:
16.10.2022
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