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E. F. Central do
Brasil (1948-1975)
RFFSA (1975-1996) |
MONTE
AZUL
Município de Monte Azul, MG |
Linha do Centro - km 1.354,296
(1960) |
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MG-0441 |
Altitude: 563 m |
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Inauguração: 1947 |
Uso atual: estação da FCA (2011) |
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com trilhos |
Data de construção do
prédio atual: n/d |
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HISTORICO DA LINHA: Primeira
linha a ser construída pela E. F. Dom Pedro II, que a partir de 1889
passou a se chamar E. F. Central do Brasil, era a espinha dorsal de
todo o seu sistema. O primeiro trecho foi entregue em 1858, da estação
Dom Pedro II até Belém (Japeri) e daí subiu a serra das Araras, alcançando
Barra do Piraí em 1864. Daqui a linha seguiria para Minas Gerais,
atingindo Juiz de Fora em 1875. A intenção era atingir o rio São Francisco
e dali partir para Belém do Pará. Depois de passar a leste da futura
Belo Horizonte, atingindo Pedro Leopoldo em 1895, os trilhos atingiram
Pirapora, às margens do São Francisco, em 1910. A ponte ali construída
foi pouco usada: a estação de Independência, aberta em 1922 do outro
lado do rio, foi utilizada por pouco tempo. A própria linha do Centro
acabou mudando de direção: entre 1914 e 1926, da estação de Corinto
foi construído um ramal para Montes Claros que acabou se tornando
o final da linha principal, fazendo com que o antigo trecho final
se tornasse o ramal de Pirapora. Em 1948, a linha foi prolongada até
Monte Azul, final da linha onde havia a ligação com a V. F. Leste
Brasileiro que levava o trem até Salvador. Pela linha do Centro passavam
os trens para São Paulo (até 1998) até Barra do Piraí, e para Belo
Horizonte (até 1980) até Joaquim Murtinho, estações onde tomavam os
respectivos ramais para essas cidades. Antes desta última, porém,
havia mudança de bitola, de 1m60 para métrica, na estação de Conselheiro
Lafayete. Na baixada fluminense andam até hoje os trens de subúrbio.
Entre Japeri e Barra Mansa havia o "Barrinha", até 1996, e finalmente,
entre Montes Claros e Monte Azul esses trens sobreviveram até 1996,
restos do antigo trem que ia para a Bahia. Em resumo, a linha inteira
ainda existe... para trens cargueiros. |
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A ESTAÇÃO: Até
o início dos anos 1940, sem sua estação, projetada
há anos mas ainda sem linha, Monte Azul era Tremedal.
Com a mudança do nome, a esperança da chegada da linha,
que chegou em 1948.
"Chorado por muitos, esquartejado, reduzido a um fiapo azul
desengonçado que a serraria branca escolta pelo caminho, o
trem do sertão é um fantasma de si mesmo. Não
que tenha conhecido alguma opulência, mas com cecrteza foi mais
útil. Hoje, vagueia entre Montes Claros e Monte Azul, duas
vezes por semana para lá, duas vezes para cá, quase
envergonhado, débil mesmo. São 239 km de intrínseca
decadência, embora ao seu redor nem a seca consiga esconder
que a vida penosamente melhorou alguma coisa nesses seus sofridos
domínios, nestes últimos vinte anos. Há postes
levando luz pelos campos, há uma estrada asfaltada, há
gente minimanete trajada e o gado que agora contempla o comboio está
razoavelmente gordo, só Deus sabe como. Monte Azul, que dormia
pontualmente às dez horas da noite porque os motores a diesel
de eletricidade paravam pontualmente nesta hora, com um longo suspiro,
agora faz ruidosos comícios a noite inteira, no embate dos
'boca preta' contra os 'boca branca'. Mas este trem é amado,
porque nele viaja o sustento de quem produz rapadura, queijo, doce
de leite, andu, corante, pinha, tamarindo e umbu para vender no mercado
de Montes Claros" (O Estado de Minas, 01/09/1996,
numa reportagem publicada dois dias antes da supressão do Trem
do Sertão, o trem de passageiros entre Montes Claros e Monte
Azul).
O trem na época de sua extinção - 3 de setembro
de 1996 - estava custando R$ 2,30, seis vezes mais barato que a viagem
de carro, para as sete horas de viagem na segunda classe, de bancos
de pau. A primeira classe tinha bancos estofados rasgados e imundos.
O carro-restaurante existia, com comida fria e refrigerante quente.
De 1950 até o final dos anos 1970, ainda partia de Monte
Azul o trem da VFFLB - Viação Férrea Federal
do Leste Brasileiro, depois também RFFSA - que seguia para
Salvador. Portanto, Monte Azul era ponto de baldeação
também, mas isso também já é coisa do
passado. "Na foto abaixo de Monte Azul, a casa branca mais
alta que aparece junto à estação parece, mas não é uma caixa
d'agua; no andar superior, é um simpático apartamento para engenheiros
da Rede, onde pernoitei uma das duas vezes que lá estive"
(Coaraci Camargo, 09/2005).
A estação original foi substituída pela atual,
construída já em tempos de RFFSA. As duas podem ser
vistas mais abaixo.
(Fontes: Odair Lopes; João Bosco Setti
; Alberto Fernandes de Oliveira; Coaraci Camargo; O Estado de Minas,
1996; Ilustração Brasileira, 1947;
IBGE: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, 1958;
Max Vasconcellos: Vias Brasileiras de Communicação,
1928) |
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A estação de Monte Azul no dia da inauguração.
Ilustração Brasileira, 10/1947 |
A estação velha em 1956. Enciclopédia dos
Municípios Brasileiros, 1958 |
Estação de Monte Azul, sem data. Na verdade, nesta
foto o que se vê é a casa alta branca citada acima.
Foto João Bosco Setti |
A estação de Monte Azul, em 2005. Foto Alberto
Fernandes de Oliveira |
A estação em 11/2011. Foto Odair Lopes |
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Atualização:
30.07.2017
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