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VXY Mogiana em MG
Indice de estações
...
Aarão Reis
Pirapora
Buritizeiro
...
ESTIVE NO LOCAL: NÃO
ESTIVE NA ESTAÇÃO: NÃO
ÚLTIMA VEZ: N/D
...
 
E. F. Central do Brasil (1910-1975)
RFFSA (1975-1996)
PIRAPORA
Município de Pirapora, MG
Linha do Centro - km 714,330 (1928)   MG-1252
Altitude: 472 m   Inauguração: 28.05.1910
Uso atual: Secretaria da Cultura e biblioteca   com trilhos
Data de construção do prédio atual: n/d
 
 
HISTORICO DA LINHA: O ramal de Pirapora, que saía da estação de Corinto, chegou em 1910 a Pirapora, às margens do rio São Francisco, mas para curzar o rio através de uma ponte ferroviária, levou 12 anos, quando foi inaugurada a estação de Independência (Buritizeiro) na margem oposta. Nessa época, o trecho fazia parte da Linha do Centro da Central do Brasil. Nos anos 1930, entretanto, com a maior afluência de tráfego na linha para Monte Azul, esta passou a ser parte do tronco e o trecho Corinto-Pirapora passou a ser apenas um ramal. Na mesma época, Buritizeiro foi desativada, junto com a ponte sobre o São Francisco. O ramal nunca passou dali, ao contrário dos planos de 1922, que pretendiam chegar a Belem do Pará. No final dos anos 1970, o tráfego de passageiros foi desativado no trecho. A linha permanece ativa até hoje (2003), pelo menos oficialmente. Ainda há trilhos sobre a ponte do São Francisco...
 
A ESTAÇÃO: A estação de Pirapora foi inaugurada em 1910. Em qual data? Janeiro ou maio? Este autor encontrou referências às duas datas. Houve duas inaugurações?

"A estação original situava-se no Km 1000, sendo que a atual situa-se no km 1006, a apenas 200 metros da ponte. Quando estive por lá, em 2000, vi os vestígios da original, mas não pude fotografar devido ao horário impróprio para fotos. Ambas são estações EFCB, apenas houve mudança de local. O motivo da mudança ainda é um mistério. Olhando a planta de exploração daquela linha vemos já estava definido que junto ao rio seria erguida a estação definitiva, juntamente com o complexo de armazéns. Creio que o problema se deu em virtude da indefinição do local exato para a travessia do rio, não tanto pelo prolongamento na direção norte, mas como alternativa ao prolongamento até Januária e a ligação com a Bahia Minas via Bocaíúva, já estudado na época" (Pedro Paulo Rezende, 2003).

A partir de 1922 deixou de ser a ponta de linha da Linha do Centro, pois foi aberta a primeira estação além do rio São Francisco, menos de dois quilômetros à frente: a estação de Buritizeiro. Esta, afinal, acabou sendo a terminal, mas o trecho passou a ser apenas um ramal (de Pirapora), mas logo, antes de 1940, a estação de Pirapora voltou a ser terminal quando os trens não mais cruzavam a ponte.

E os trens de passageiros continuaram a seguir para Pirapora, baldeando em Corinto, até 1978, quando foram suprimidos.

Atualmente, a ponte sobre o rio ainda mantém seus trilhos e é cruzada de carro por motoristas assustados: a madeira colocada no piso ao lado dos trilhos dá uma sensação de insegurança muito grande a quem está dirigindo.

"Meu pai chefiava a estação de Pirapora e também fiscalizava trens e as contas de outras estações. Uma infância, no início dos anos 1950, como a de qualquer criança da época. Para manobras no pátio da estação a Central dispunha de uma reserva, a pequena e desajeitada "1020". Os trens, de bitola métrica, eram conduzidos pelas "Quatrocentas" - a 1401, 1410, 1424, entre outras. Eu sonhava em ser maquinista da Central. O terreno de minha casa, ilhado por trilhos, tinha forma triangular para as máquinas "virarem" o lado para o retorno, pois Pirapora era o ponto terminal da linha. Eu ficava embevecido ouvindo meu pai falar das "Texas" - que eram chamadas, por todos, de "Techas", potentes máquinas que não trafegavam até Pirapora por falta de estrutura adequada. O trem era a única opção de transporte de Pirapora. Saíamos às 5,40 h e, durante todo o dia, empreendíamos a longa viagem até Belo Horizonte, onde chegávamos por volta de 23 h. Numa dessas viagens, o trem atrasou e passamos pela estação do Horto já de madrugada. Ficou-me essa reminiscência felliniana: papai me acordou e me levou para ver uma "Techa", estacionada no pátio. Chovia fino, era frio e a estação estava às escuras, iluminada apenas pelos faróis das máquinas, quando eu a vi. Enorme, preta, luzidia, feericamente iluminada , resfolegando vapores pelos lados . O tender alto e o cheiro do carvão mineral molhado. Eu estava em êxtase. Mal me continha quando entramos na cabine da "Techa". Manômetros em profusão, metais muito polidos, o regulador, a caldeira enorme..." (Luciano Franco Rosa, a Hermes Hinuy, 12/07/2003).

"A estação abriga a biblioteca da cidade. Está pintadinha e bem conservada. Possui os trilhos que vêm de Corinto. O pátio é imenso, e
percebe-se que deveria haver no passado uma malha de trilhos sobre ele. Possui belas e graciosas casas de ferroviários que estão em ruínas. Uma pena que esteja assim. As casas realmente são muito bonitas. Após passar pela estação há uma curva e depois os trilhos se atiram sobre o Velho Chico numa maravilhosa ponte metálica que possui pelo menos uns 10 a 12 lances de arcos! Incrível que os trilhos estejam lá! E eles não são embutidos na ponte como na de Delta da Mogiana. Os motoristas têm que ser habilidosos para conduzirem os veículos sem as rodas pegarem nos trilhos. O piso é de tábuas de madeira. Pensei em atravessar de carro porém não entendi como controlam o sentido do trânsito. Só haviam carros vindos de Buritizeiro. Não havia semáforo ou pessoas controlando. Contentei-me em ir andando até a metade dela a pé mesmo" (Rodrigo Cabredo, 06/2005).

"O prédio da estação, embora pareça bem conservado não o é, basta uma observação mais de perto. Contudo, pelo menos umas 3 casas da EFCB, de construção primorosa, foram inteiramente depredadas e jazem no abandono total. Um cara caprichoso, provavelmente um valoroso combatente da dengue, teve a manha de colocar um telhado sobre a caixa d'água. Uma empresa de turismo recuperou o último vapor e está fazendo passeios regulares pelo rio, numa boa. Isto também, em teoria, poderia ser repetido para o trem. A FCA construiu em Pirapora, antes da estação e à beira da rodovia que liga Patos de Minas a Montes Claros, o Terminal Intermodal de Pirapora, TIP, exclusivamente para transporte de soja, que chega em carretas. Pela distância não há como o TIP receber nada vindo pelo rio: um ramal que ligava o tronco ao porto fluvial está desativado e não vi sinais de recuperação do mesmo" (Gutierrez L. Coelho, 12/4/2009).
1910
AO LADO: Inauguração da estação em 28 de maio, mesmo dia (CLIQUE SOBRE O ARTIGO PARA VÊ-LO INTEIRO (O Paiz, RJ, 27/5/1910).
ACIMA: Inauguração da estação de Pirapora em 1910. Vê-se também populares e diretores da Central no carro-administração (O Malho, 22/1/1910).
ACIMA: Charge da inauguração da ferrovia até Pirapora (CLIQUE SOBRE A FIGURA) (O Malho, 4/6/1910).

ACIMA: Mapa da cidade de Pirapora em 1938. A linha da Central vem de Varzea da Palma (direita), segue pelos limites da sona urbana para o sudoeste, alcança o pátio da estação (que está no centro das duas linhado triângulo de reversão) e sai para o oeste, onde cruza o rio São Francisco para alcançar a atual cidade de Buritizeiro, na outra margem. Há desvios que saem da estação para nordeste e que se viram logo depois para noroeste, bifurcando-se em seguida: um vai para o porto (nor-nordeste) e outro segue reto para em seguida bruscamente virar para o sul e depois terminar (Mapa publicado na Revista Brasileira de Geografia, out-dez de 1944, p. 515).
"Um aspecto que caracteriza muito bem Pirapora é o movimento constante de passagem de emigrantes, em geral nortistas, conhecidos pelo nome de 'baianos'. A hora em que chega o trem, já de noite, grande magotes deles atravessam a zona residencial e vão para as hospedarias carregando as suas trouxas, malas e bagagens. No dia seguinte, pela manhã, os 'baianos' abarrotam os escritórios das empresas de navegação, à procura de lugar nos vapores. À tarde reúnem-se, uns sentados, outros em pé, à porta das hospedarias para conversar. Recolhem-se cedo. Têm uma preocupação constante: partir. É uma gente pobre, maltrapilha, mas de boa índole, ordeira por excelência. Atualmente, é também comum o movimento de tropas que demandam o norte através do São Francisco. A cidade fica periodicamente cheia de soldados"
1944
AO LADO: Extraído da Revista Brasileira de Geografia, out-dez de 1944, p. 516.
1944
AO LADO: "Mando um carimbo recente, de 1944. Gosto muito desses carimbos de trecho. Foi aposto em uma correspondência que transitou no ambulante nº 1 (seria o estafeta ou a composição?), pelo trecho Pirapora - Montes Claros da EF Central do Brasil. O carimbo indica que as agências pertenciam à Diretoria Regional dos Correios de Diamantina" (Texto e reprodução Marcio Protzner, 02/2009).


2009
AO LADO, ACIMA
:A antiga casa do agente (chefe) da estação em Pirapora.

AO LADO, ABAIXO: Caixa d'água da estação (Fotos Gutierrez L. Coelho, 11/4/2009)

(Fontes: Rodrigo Cabredo, 2005; Gutierrez L. Coelho; Marco Giffoni; Marcello Talamo; Pedro Paulo Resende; Luciano Franco Rosa; Hermes Hinuy; Luciano Franco Rosa; Memória do Trem; Buzelin e Setti: FCA, Uma ferrovia e suas raízes, 2001; Max Vasconcellos: Vias Brasileiras de Comunicação, 1928; IBGE: Revista Brasileira de Geografia, 1944; Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960)
     

A estação de Pirapora em 1910, na época da abertura. Foto cedida por Marco Giffoni

Autoridades em Pirapora. Seria na inauguração, em 1910? Foto cedida por Marcello Talamo

A estação, sem data. Foto da coleção Eduardo Coelho, extraída do livro FCA, Uma ferrovia e suas raízes, de Buzelin e Setti (2001)

A estação em 2002. Foto Pedro Paulo Rezende

A estação em 2005. Foto Rodrigo Cabredo

A estação em 2005. Foto Rodrigo Cabredo

A estação em 11/4/2009. Foto Gutierrez L. Coelho
   
     
Atualização: 14.03.2021
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.