|
|
E. F. Dom Pedro
II - ramal de Porto Novo (1871-1890)
E. F. Central do Brasil - ramal de Porto Novo
(1890-1911)
E. F. Central do Brasil - Linha Auxiliar (1911-1965)
E. F. Leopoldina (1965-1975)
RFFSA (1975-1997) |
PORTO
NOVO DO CUNHA
Município de Além Paraíba,
MG |
Linha Auxiliar - km 240,108 (1928) |
|
MG-1319 |
Altitude: 143 m |
|
Inauguração: 06.08.1871 |
Uso atual: diversos, inclusive abandono (2021) |
|
com trilhos |
Data de construção do
prédio atual: 1871 |
|
|
|
HISTORICO DA LINHA: A chamada
E. F. Melhoramentos foi construída a partir de
1892. Em 1895 foi aberta a linha entre a estação de Mangueira e a da atual Honorio Gurgel. Em março de 1898 foi entregue o trecho até Paraíba do Sul. Até Três Rios foi logo em seguida e em 1911 alcançou Porto Novo do Cunha, anexando o ramal deste nome, que teve a bitola reduzida para métrica, a mesma da Auxiliar. O traçado da serra,
construído em livre aderência e com poucos túneis, foi projetado por
Paulo de Frontin, um dos incorporadores da estrada. Em 1903, a E.
F. Melhoramentos já havia sido incorporada à E. F. Central do Brasil e passou
a se chamar Linha Auxiliar.
No final dos anos 1950, este antigo ramal foi incorporado à E. F.
Leopoldina. A linha, entre o início e a estação de Japeri,
onde se encontra com a Linha do Centro pela primeira vez, transformou-se
em linha de trens de subúrbios, que operam até hoje; da mesma forma,
a linha se confunde com a Linha do Centro entre as estações de Paraíba
do Sul e Três Rios, onde, devido à diferença de bitolas entre as duas
redes, existe bitola mista. A linha da Auxiliar teve o traçado alterado nos
anos 1970 quando boa parte dela foi usada para a linha cargueira Japeri-Arará,
entre Costa Barros e Japeri, ativa até hoje, bem como para
trens metropolitanos entre o Centro e Costa Barros. Entre Japeri e
Três Rios, entretanto, a linha está abandonada já desde
1996. |
|
A ESTAÇÃO: Próximo ao porto
de onde partiam as barcas para a travessia do Paraíba, na chácara
denominada “Boa Vista” que pertenceu, em 1856, ao Dr. Antônio de
Moura Ruas e que foi vendida a Idelphonso José dos Santos,
instalou-se a estação de Porto Novo. Era confrontante de tal
posse Luiz de Souza Breves que se julgava dono dela, como conseqüência
de medição mal feita de sesmaria. Ingressou em juízo e, logo a seguir,
fez um acordo.
A estação de Porto Novo do Cunha - mais tarde
simplificado para Porto Novo - foi inaugurada
em 1871 pela E. F. Dom Pedro II como estação terminal
do ramal de Porto Novo, com bitola de 1m60.
Em 1890, a E. F. D. Pedro
II mudou seu nome para E. F. Central do Brasil.
As oficinas da Central do
Brasil em Porto Novo surgiram em 1910.
Mais tarde, a linha
da Leopoldina Railway veio ter a esta estação, através
de Além Paraíba, e, para facilitar o acesso de
seus trens à cidade de Entre Rios (Três Rios), todo o antigo ramal
teve reduzida a sua bitola para métrica em 1911 e incorporado
à Linha Auxiliar, sendo a estação terminal
desta - que até então estava em Entre Rios. Isto
facilitava o acesso da Leopoldina a Entre Rios.
Em 1957, tanto
a Central quanto a Leopoldina foram incorporadas à RFFSA,
e a linha do antigo ramal passou a ser administrada pela Leopoldina.
Dali a linha segue para a estação de Além-Paraíba,
esta sim construída pela Leopoldina.
O prédio,
um dos mais bonitos do Brasil em termos de estações
ferroviárias, estava em 2010 totalmente abandonado,
embora seus pátios fossem usados para armazenamento de vagões
da concessionária. Eram na verdade dois prédios:
um - o que estava em pior estado, em ruínas - comportava
o hotel (em cima) e o restaurante (embaixo). O outro era a estação
em si e o armazém.
Fora estes dois, existia o prédio
da rotunda, que infelizmente desabou (parcialmente) em 14 de março de 2008,
vítima do abandono: "Hoje infelizmente pude presenciar
a única rotunda de bitola métrica ainda em pé no País começar a cair.
Fiz o que pude, pedi para que escorassem, prontifiquei-me a ajudar,
pois sozinho para mim não dava. Não consegui; só sei que lutei, caíram
03 boxes de história da primeira ferrovia registrada em solo mineiro"
(Valério Franco, 14 de março de 2008).
Em 2021 tanto a estação quanto as oficinas e a rotunda continuavam em estado de abandono, com depradação e até pequenas lojas em algumas salas. Note-se que elas ficam alguns quilômetros distantes da outra.
(Veja
também os bondes
de Além Paraíba, por Allen Morrison)
|
1877
AO LADO: Aonde a estação chegou após apenas 6 anos de funcionamento Porto Novo (A Provincia de S. Paulo, 23/10/1877). |
"Porto Novo do Cunha, Fazenda do Paraíso, 27-12-1893 (...)
Estou aqui haverá uma semana, na fazenda do Paraíso. Ando a
cavalo todos os dias e tomo muito leite. Os dias são quentes,
mas as noites agradáveis (...). (destinatário desconhecido).
"Escrevi-lhe esta carta da fazenda do Paraíso às margens
do Paraíba. Vem-se aqui pelo Porto Novo do Cunha, mas a fazenda
pertence ao Rio de Janeiro, no município do Carmo, se estou
bem informado. (...) Paraíso, 27-5-1901" (carta a Antonio
Jansen do Paço). "Paraíso, 18-8-1901. (...) O Paraíso
donde lhe escrevo é fazenda do Virgilio Brígido. O Paraíba banha
o pé do morro donde lhe escrevo; do outro lado do rio passa
a estrada de ferro Central; o Porto Novo do Cunha fica a cinco
quilômetros e é o povoado mais próximo. Na casa, que é enorme,
estamos sós, o sogro do Virgílio e eu: trata-se, pois, de verdadeiro
retiro espiritual. Por aqui pretendo ficar até setembro (...)"
(carta a Guilherme Studard). "Recebi sábado sua cartinha
de 4, com o bilhete, e muito agradeço. Talvez esteja no Porto
Novo o dinheiro; ontem, porém, não fui lá, porque o cavalo em
que costumo andar está pisado e não aguenta sela; hoje ainda
não tivemos portador. (...) Paraíso, 9-9-1901" (carta
a Mario de Alencar). "Recebi sábado sua cartinha de 4,
com o bilhete, e muito agradeço. Talvez esteja no Porto Novo
o dinheiro; ontem, porém, não fui lá, porque o cavalo em que
costumo andar está pisado e não aguenta sela; hoje ainda não
tivemos portador. (...) Paraíso, 9-9-1901" (carta a Mario
de Alencar). "Amanhã pretendo sair em excursão às margens
do Paraíba, contra o qual vou perdendo minhas velhas antipatias.
Mover-me-ei entre Volta Redonda, no ramal de S. Paulo, e Porto
Novo do Cunha, passagem obrigada para a fazenda de nosso amigo
Virgilio. Antes, em Santana, às margens do Piraí, passarei uma
semana com Sá (...). Rio, 12-4-1905" (carta a Guilherme
Studard). "Desci ontem a Porto Novo passar um telegrama
de felicitações a Sinhoca. Chegando à estação da estrada, tive
a notícia da morte do (Afonso) Pena. (...) Paraíso, 16-6-1909"
(carta a Pandiá Calógeras). "Porto Novo ou Carmo,
17-6-1909. Meu caro Veríssimo, Paraíso, donde lhe escrevo, fazenda
do Virgilio Brigido, pertence ao Rio, mas a estação mais próxima
fica em território mineiro, à esquerda do Paraíba, chama-se
Porto Novo do Cunha. Vim passar alguns dias (...)" (carta
a José Veríssimo). "Tenho passado todo este tempo na
fazenda do Virgilio, com um cunhado administrador, Vicente e
uma cozinheira. Porto Novo dista cinco quilômetros; os jornais
chegam às 4 horas da tarde; o Paraíba corre a uns cem metros.
Paraíso, 19-9-1909" (carta a Guilherme Studard).
|
1893
AO LADO: O escritor e historiador
cearense José Capistrano de Abreu gostava de passar
temporadas na fazenda Paraíso, próxima a Porto
Novo do Cunha, como mostram trechos de cartas enviadas a seus
amigos entre 1893 e 1909.
|
ACIMA: Pátio e estação de Porto
Novo do Cunha, sem data, possivelmente por volta de 1910 (Acervo Mauro
Senra).
|
1929
AO LADO: Descarrilamento na estação de-Porto Novo (O Estado de S. Paulo, 02/06/1929). |
ACIMA: Pátio e estação de Porto
Novo do Cunha, sem data.(Autor desconhecido).
|
1941
AO LADO: Trens expressos RJ-Porto Novo (O Estado de S. Paulo, 16/5/1941). |
ACIMA: Em janeiro de 1949, depois da catástrofe
na região com as chuvas do final do ano de 1948, a locomotiva
da Leopoldina chega a Porto Novo do Cunha para transportar víveres:
era o "Trem da Solidariedade" para ajudar aos flagelados
da enchente (Fotografia da revista O Cruzeiro de 15/01/1949 - acervo
Jorge Ferreira).
ACIMA: Cai parte da rotunda de Porto Novo na tarde do chuvoso
dia de 14 de março de 2008, por puro abandono das autoridades.
É (ou era) ela a única rotunda ainda inteira no Brasil
em bitola métrica (Foto enviada por Valério Franco,
ABPF).
ACIMA: Panorama de Porto Novo do Cunha, com o rio Paraíba
do Sul em segundo plano (Foto Luciano Ferreira em 2011).
ACIMA: Prédio em que funcionava o embarque e desembarque de passageiros em 1/1/2021 (Foto Felipe Medeiros).
(Fontes: Ralph M. Giesbrecht, pesquisa local; Aloizio Barros; Guilherme
Armond Côrtes de Araujo; Luciano Ferreira; Valério Franco;
Flavio Cavalcanti; Pedro Paulo Resende; Jorge A. Ferreira; A. Pastori;
Colecção de 44 vistas photográphicas da Estrada de Ferro Pedro 2º,
1881; Mauro Senra: Blog da História de Além Paraíba,
entrada em 7/8/2010; José Honório Rodrigues: Manuel Fernandes Figueira:
Memória Histórica da EFCB, 1908; Correspondência de Capistrano de
Abreu, volume 1, Rio de Janeiro, 1954; Max Vasconcellos: Vias Brasileiras
de Comunicação, 1928; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht)
|
|
|
|
A estação em 1881. Colecção de 44 vistas photográphicas
da Estrada de Ferro Pedro 2º, 1881 |
Estação de Porto Novo, em 1908. Foto do livro
Memória Histórica da EFCB, de Manuel Fernandes Figueira, 1908 |
A estação de Porto Novo em 1968. Autor desconhecido |
A estação de Porto Novo, supostamente anos 1970,
com carros da Leopoldina abandonados. Foto do boletim Centro-Oeste |
A estação de Porto Novo, já abandonada
em 1995. Foto Pedro Paulo Resende |
Rotunda de Porto Novo em 2002. Foto Jorge A. Ferreira |
Estação de Porto Novo em 2002. Foto Jorge A. Ferreira
|
Estação de Porto Novo em 2002. Foto Jorge A. Ferreira
|
Estação de Porto Novo em 2002. Foto Jorge A. Ferreira
|
Estação de Porto Novo em 2002. Foto Jorge A. Ferreira |
O prédio em ruínas, em 02/2006. Foto A. Pastori |
A estação em 1/2010. Foto Guilherme Armond Côrtes
de Araujo |
Entrada do pátio em 2011. Foto "Memegless" |
Armazéns em 30/9/2012. Foto Ralph M. Giesbrecht |
Estação e armazéns em 30/9/2012. Foto Ralph
M. Giesbrecht |
Porto Novo em março de 2016. Foto Aloizio Barros |
|
|
|
|
|
|
Atualização:
18.11.2022
|
|