HISTORICO DA LINHA: O Ramal de
Jacutinga teve a sua origem na Cia. E. F. União Valenciana,
aberta em 1871 e que ligava Valença a Desengano (Juparanã).
Em 1880, foi prolongada até Rio Preto. Somente em 1910, com
a criação da Rede Viação Fluminense, da
Linha Auxiliar encampada pela EFCB, foi que se abriu um ramal unindo
Governador Portella a Barão de Vassouras e daí se fez
a bitola mista, pela linha do Centro, até Desengano, unindo-se
Portella a Rio Preto, ao mesmo tempo em que se prolongava a linha
até Santa Rita do Jacutinga, na Rede Sul-Mineira, onde a ela
se ligou em 1918. Para que tudo isso se concretizasse foi necessário
também a redução de bitola da antiga Valenciana
de 1m10 para métrica. Por volta de 1965, o trecho entre Portella
e Barão de Vassouras foi entregue à Leopoldina, enquanto
o trecho restante continuou com a Central. Mas de 1971 a 1973 os dois
trechos foram extintos e os trilhos retirados. |
A ESTAÇÃO: A estação
de Santa Clara foi aberta em 1914. Mais tarde foi renomeada
como João Honório. Em 1930, ainda tinha o nome original (Guia Levi, 1/1930).
Abaixo há duas fotos diferentes da estação. O
primeiro prédio não mais existe. O da foto de 2007 pode tê-lo
substituído, mas está mais com cara de casa de turma.
Este ainda estava de pé em 2007. Abandonada. O antigo não
mais existia.
Quem escreveu o texto a seguir foi Anderson Nascimento, que lá esteve em agosto de 2023: "Seu nome original era estação Santa Clara, mesmo nome de uma imponente fazenda que fica na margem mineira do rio Preto e que atualmente (2023) recebe turistas para visitação. O nome da estação foi modificado para João Honório, porém não há registros de quando isso ocorreu, possivelmente foi após 1924, quando foi arrematada pelo Coronel João Honório em um leilão. A fazenda Santa Clara fica localizada aproximadamente a 600 metros da estação, onde há duas placas originais que deram o nome à estação: Santa Clara (primeiro nome) e João Honório (segundo nome). Junto a elas, um antigo lampião ali usado, são essas as relíquias que resistiram ao tempo e ao descaso. Existe a informação que o primeiro prédio construído, para ser a estação Santa Clara, havia durado apenas quatro anos e depois foi demolido, sendo então construído o prédio atual, com a finalidade de aumentar o seu tamanho devido às necessidades operacionais da época. Infelizmente, também não há registros fotográficos ou documentais sobre o fato. Informações e registros sobre a estação e suas atividades são raros. Os que participavam ou trabalhavam no trecho, quase que em sua totalidade já nos deixaram, os documentos e cartas que foram escritos e que contariam a sua história se perderam no tempo e acabaram sendo esquecidas, perdidas, ignoradas e, se alguma existir, hoje ninguém sabe onde se encontram. Atualmente, aparentemente, funcionando como lanchonete (pelo menos há uma placa na antiga plataforma) a estação Santa Clara está em bom estado de conservação, os trilhos se foram entre 1971 e 1973, as composições há muito deixaram de trafegar, os dormentes desapareceram, o apito cessou, os cafezais viraram lenha, os passageiros não sobem mais na plataforma vazia. É mais um trecho belíssimo que desapareceu por conta da “genialidade e progresso” de um Brasil fora dos trilhos".
ACIMA: Segundo quem tirou e enviou a foto, "o
texto é na estação de João Honório, grafitado por uma jovem, muito
provavelmente apaixonada, ou muito sonhadora - o que dá no mesmo".
Transcrevendo-o: "23/07/2007 - Queria escrever algo que fizesse
nascer lágrimas em seus olhos ou até mesmo brotar um
sorriso em seus lábios. Porém, não tenho perfeição
para tanto, mas se minha presença não for constante
em sua vida, saiba que sua presença será constante em
minha memória. Ass.: Lucinha". Tudo isso escrito sem nenhum
erro de português, o que, no Brasil de hoje, é um verdadeiro
milagre (Foto Nelson Mendonça, agosto de 2007).
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TRENS - De acordo com os guias de horários, os trens de passageiros
- pararam nesta estação somente de 1914 a 1970.
Ao lado, um destes trens na estação de Santa Rita
do Jacutinga, por volta de 1969. Clique sobre a foto para ver
mais detalhes sobre esses trens. Veja aqui horários
em janeiro de 1964 (Guias Levi). |
(Fontes: Anderson Nascimento, 2023; Luiz Antonio
Mathias Netto, 1996; Alexandre Ferreira, 2016; Nelson Mendonça, 2007;
Jorge A. Ferreira; Central do Brasil: relatório anual, 1937;
Max Vasconcellos: Vias Brasileiras de Communicação,
1928; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht) |