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E. F. Central do
Brasil (1893-1975)
RFFSA (1975-1996) |
SCHEID
Município de Paulo de Frontin, RJ |
Linha do Centro - km 77,924 (1928) |
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RJ-1516 |
Altitude: 252 m |
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Inauguração: 21.04.1893 |
Uso atual: demolida |
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com trilhos |
Data de construção do
prédio atual: n/d |
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HISTORICO DA LINHA: Primeira
linha a ser construída pela E. F. Dom Pedro II, que a partir de 1889
passou a se chamar E. F. Central do Brasil, era a espinha dorsal de
todo o seu sistema. O primeiro trecho foi entregue em 1858, da estação
Dom Pedro II até Belém (Japeri) e daí subiu a serra das Araras, alcançando
Barra do Piraí em 1864. Daqui a linha seguiria para Minas Gerais,
atingindo Juiz de Fora em 1875. A intenção era atingir o rio São Francisco
e dali partir para Belém do Pará. Depois de passar a leste da futura
Belo Horizonte, atingindo Pedro Leopoldo em 1895, os trilhos atingiram
Pirapora, às margens do São Francisco, em 1910. A ponte ali constrruída
foi pouco usada: a estação de Independência, aberta em 1922 do outro
lado do rio, foi utilizada por pouco tempo. A própria linha do Centro
acabou mudando de direção: entre 1914 e 1926, da estação de Corinto
foi construído um ramal para Montes Claros que acabou se tornando
o final da linha principal, fazendo com que o antigo trecho final
se tornasse o ramal de Pirapora. Em 1948, a linha foi prolongada até
Monte Azul, final da linha onde havia a ligação com a V. F. Leste
Brasileiro que levava o trem até Salvador. Pela linha do Centro passavam
os trens para São Paulo (até 1998) até Barra do Piraí, e para Belo
Horizonte (até 1980) até Joaquim Murtinho, estações onde tomavam os
respectivos ramais para essas cidades. Antes desta última, porém,
havia mudança de bitola, de 1m60 para métrica, na estação de Conselheiro
Lafayete. Na baixada fluminense andam até hoje os trens de subúrbio.
Entre Japeri e Barra do Piraí havia o "Barrinha", até 1996, e finalmente,
entre Montes Claros e Monte Azul esses trens sobreviveram até 1996,
restos do antigo trem que ia para a Bahia. Em resumo, a linha inteira
ainda existe... para trens cargueiros. |
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A ESTAÇÃO: A estação
de Scheid foi aberta em 1898.
Era, na verdade, um posto telegráfico, que, a partir de 1949,
passou a ter perto dele (cerca de 1 a 2 km acima) uma subestação
elétrica. Esta subestação, espremida entre dois
túneis muito próximos, o 5 e o 6, tinha sua própria
plataforma, em curva, utilizada apenas por quem trabalhasse no local,
hoje totalmente abandonado e depredado. O nome veio por causa do engenheiro
Henrique Scheid, da EFCB.
A estação mesmo, um prédio de madeira, ficava
entre dois túneis na serra: o Túnel 4 e o 4A. Ela provavelmente
teve um prédio mais novo que hoje está demolido, sobrando
apenas a plataforma no local.
O texto a seguir é de José Emilio C. Buzelin,
um dos maiores especialistas em Central do Brasil: "A eletrificação
na Serra do Mar foi inaugurada em 29/03/1949, juntamente com a sinalização
CTC no trecho, por ocasião do 91o aniversário da EFCB, e a subestação
de Scheid fazia parte deste complexo que reunia duas grandes subestações
na serra, esta e a de Barra do Pirai e as cabines seccionadoras ao
longo do trecho. A subestação de Scheid é a de número 4 e a de Barra
a número 5. Esta numeração seguia a ordem das subestações que alimentavam
o trecho eletrificado da linha tronco da Central, que tem seu início
em 1937 a partir de Mangueira, onde está a primeira. A EFCB eletrificou
a malha dos subúrbios do Grande Rio de 1937 a 1943; a serra do Mar,
em 1949 e a extensão Barra-Três Rios e Barra-Volta Redonda, no final
dos anos 1950, com o intento de preparar o caminho para o que seria
o prolongamento da eletrificação até SP e MG, o que nunca ocorreu,
graças aos ilustres rumos diferenciados que o Brasil toma a cada governo
que se inicia. Foi quando chegaram as SIEMENS "Pão-de-forma", em 1958,
e as GE4400, as famosas "Charutões" (1962). O braço da eletrificação
nestes últimos trechos foi desativado nos anos 1970. E no final dos
anos 1990, o da serra. A eletrificação dos subúrbios do Rio ainda
existe.
Com o fim da eletrificação na serra, as instalações de suporte foram
abandonadas, salvo a Subestação no. 5 de Barra do Piraí, que hoje
abriga o setor de eletrotécnica da MRS e vale a pena visitar pois
a MRS conservou intactos e preservados os bastidores com os transformadores
originais (desativados) e o interior da subestação, que é cuidado
com muito esmero. A subestação de Scheid não foi incorporada
à epoca do Edital de desestatização e assim ficou abandonada à própria
sorte. Permanecem ela, os prédios das seccionadoras e os postes da
rede aérea e, com sorte, pela linha, ainda é possível encontrar um
ou dois isoladores de porcelana, por incrível que pareça, intactos...
Aparentemente a subestação de Scheid não tem acesso
rodoviário visível e está entre dois túneis. Foi totalmente saqueada
e depredada. Uma fortuna em cobre, alumínio, mercúrio, ascarel, disjuntores,
equipamentos elétricos (antigos, mas funcionais) cabos e transformadores.
Lembrando que por ocasião da extensão da eletrificação, a RFFSA já
nos anos 1960 fez o que hoje conhecemos por "up-grade" no sistema,
reformando tudo. Portanto, ainda com vida útil... No tempo da RFFSA
/ Central, Scheid chegou a ser a mais bela das subestações, com jardins
e uma iluminação deslumbrante. Ela ainda abrigava os famosos retificadores
a vapor de mercúrio que trabalhavam associados para a devolução da
energia regenerada durante a descida das locos elétricas, mas segundo
relatos este equipamento não chegou a funcionar a contento ainda no
tempo da EFCB".
A estação deixou de receber passageiros nos anos 1950.
1921
AO LADO: Parte da reportagem que estava legível e que mostra que o acidente ocorreu próximo a Scheidt desastre com mortes em Scheid (O Estado de S.
Paulo, 10/4/1921). |
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ACIMA:Desastre com mortes em 1921 em Scheid. A reportagem inteira estava em grande parte ilegível. Pode-se ler algo mais sobre o acidente no caixa abaixo (O Estado de S.
Paulo, 10/4/1921).
1923
AO LADO: Dois anos depois, outro desastre com mortes próximo a Scheid,
no tunel de Palmeira (O Estado de S.
Paulo, 3/3/1923).
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1924
AO LADO: Descarrilamento próximo a Scheid
(O Estado de S. Paulo, 12/10/1924).
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1938
AO LADO: Acidente com morte envolvendo as estações
de Scheid e de Serra em
1938 (O Estado de S. Paulo,
30/10/1938).
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TRENS
- Os trens de passageiros pararam nesta estação
de 1876 até 1952. Ao lado, o trem Barrinha, que fazia
o percurso Japeri-Barra do Piraí até 1996. Clique
sobre a foto para ver mais detalhes sobre esses trens. Veja
aqui horários
em 1978. Paravam também trens Rio-SP e Rio-BH. (Guias
Levi). |
(Fontes: Carlos Latuff; José Emilio de
C. Buzelin; __ Zaidan; Jorge A. Ferreira; Botelho e Netto: Filme-documentário
sobre o desmoronamento em Palmeiras, 1929; Memória Histórica
da EFCB, 1908; Memória do Trem: MRS Logística - A Ferrovia
de Minas, Rio e São Paulo, 2001; O Estado de S. Paulo, 1924
e 1938; Max Vasconcellos: Vias Brasileiras de Communicação,
1928; O Dia, 1991; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht) |
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A estação em 1914, logo após a construção
do prédio que substituiu o original, devido à
abertura da linha dupla. Foto enviada por J. H. Buzelin |
Nos primordios da eletrificação da serra, a estação
aparece ali, escondida, e parece ainda ser a mesma de 1914,
pelo detalhe do telhado. Foto cedida por Christoffer R. |
A sub-estação de Scheid, em 2002, a quase dois
quilômetros acima da antiga estação e ente
dois túneis muito próximos entre si. Foto de Carlos
Latuff |
A plataforma da antiga estação em 1/7/2018. Foto Eduardo Moreira |
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Atualização:
30.03.2022
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