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VXY Mogiana em MG
Indice de estações
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Teixeira Leite
Sebastião de Lacerda
Aliança
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Saída para a E. F. de Rio das Flores (1882-1922): Marambaia
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ESTIVE NO LOCAL: NÃO
ESTIVE NA ESTAÇÃO: NÃO
ÚLTIMA VEZ: S/D
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E. F. Dom Pedro II (1866-1889)
E. F. Central do Brasil (1889-1975)
RFFSA (1975-1996)
SEBASTIÃO DE LACERDA
(antiga COMMERCIO)

Município de Vassouras, RJ
Linha do Centro - km 146,816 (1937)   RJ-1514
Altitude: 319 m   Inauguração: 27.11.1866
Uso atual: fechada (2014)   com trilhos
Data de construção do prédio atual: n/d
 
 
HISTORICO DA LINHA: Primeira linha a ser construída pela E. F. Dom Pedro II, que a partir de 1889 passou a se chamar E. F. Central do Brasil, era a espinha dorsal de todo o seu sistema. O primeiro trecho foi entregue em 1858, da estação Dom Pedro II até Belém (Japeri) e daí subiu a serra das Araras, alcançando Barra do Piraí em 1864. Daqui a linha seguiria para Minas Gerais, atingindo Juiz de Fora em 1875. A intenção era atingir o rio São Francisco e dali partir para Belém do Pará. Depois de passar a leste da futura Belo Horizonte, atingindo Pedro Leopoldo em 1895, os trilhos atingiram Pirapora, às margens do São Francisco, em 1910. A ponte ali constrruída foi pouco usada: a estação de Independência, aberta em 1922 do outro lado do rio, foi utilizada por pouco tempo. A própria linha do Centro acabou mudando de direção: entre 1914 e 1926, da estação de Corinto foi construído um ramal para Montes Claros que acabou se tornando o final da linha principal, fazendo com que o antigo trecho final se tornasse o ramal de Pirapora. Em 1948, a linha foi prolongada até Monte Azul, final da linha onde havia a ligação com a V. F. Leste Brasileiro que levava o trem até Salvador. Pela linha do Centro passavam os trens para São Paulo (até 1998) até Barra do Piraí, e para Belo Horizonte (até 1980) até Joaquim Murtinho, estações onde tomavam os respectivos ramais para essas cidades. Antes desta última, porém, havia mudança de bitola, de 1m60 para métrica, na estação de Conselheiro Lafayete. Na baixada fluminense andam até hoje os trens de subúrbio. Entre Japeri e Barra do Piraí havia o "Barrinha", até 1996, e finalmente, entre Montes Claros e Monte Azul esses trens sobreviveram até 1996, restos do antigo trem que ia para a Bahia. Em resumo, a linha inteira ainda existe... para trens cargueiros.
 
A ESTAÇÃO: A estação de Commercio foi inaugurada em 1866.

"Sentem-se as mesmas falhas apontadas na estação de Ubá (ou seja, a plataforma (da estação de Commercio) não é coberta, de maneira que os passageiros têm de entrar nos carros e subir expostos à chuva ou ao sol). Esta estação (de Vassouras) deve ser assoalhada, pois é apenas ladrilho de cimento" (Relatório apresentado a S. Ex. o Sr. Conselheiro Joaquim Antão Fernandes Leão, Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Agricultura, Commercio e Obras Públicas, pelo Conselheiro Manoel da Cunha Galvão, em 29/10/1868). O prédio provavelmente não era o mesmo de hoje, apenas dois anos depois de aberta a estação.

Conservou seu nome até os anos 1930. Aí o nome tornou-se Sebastião de Lacerda, que curiosamente já era o nome de uma estação a cerca de 40 km mais próxima a Barra do Piraí. Esse nome, por sua vez, homenageava Sebastião Eurico Gonçalves de Lacerda, Ministro da Viação de 1897 a 1898 e ministro do STF anos mais tarde. Era de Vassouras e morreu em 5 de julho de 1925.

Em 1928, Max Vasconcellos relatava que o leito da antiga E. F. Rio das Flores, que funcionara de 1882 a 1922, ligando essa estação com a vila de Rio das Flores, ainda estava ali, sem trilhos e em excelente estado, funcionando como estrada de rodagem.

Com o fim do trem de passageiros, no final dos anos 1970, a vila em torno da estação praticamente morreu.

Em 1990, uma reportagem de jornal dizia que quase toda a atividade agropecuária tinha sido abandonada e que somente 5% da população ainda vivia ali. Curiosamente, Max Vasconcellos, em 1928, afirmava que a estação tinha o seu nome (na época, ainda Commercio, com dois mm, mesmo) por causa da intensa atividade comercial que ali existia desde a sua fundação. Mas em 1990... "Em Sebastião de Lacerda, um lado da cidade morreu, o outro está vivo. A cidade é cortada pela linha do trem, mas o trem não passa mais lá. A estação é fantasma. O lado esquerdo da cidade, o outro lado do rio, resiste: é servido por estradas. As pessoas vão e vêm. O lado direito morreu, a ponte caiu há cinco anos e não foi reconstruída. Poucas pessoas ainda moram nas
casas padronizadas, datadas do início do século, com suas paredes grossas e altas. Andam horas e horas para chegar à estrada, ou arriscam-se numa ponte de arame, cabo de aço e madeira, improvisada. Essas pessoas não pensam, porém, em arredar pé de lá. Na porta de umas das casas, uma senhora idosa olha desconfiada os estranhos que passam à sua frente. Não quer conversar. Parece ter medo de perder alguma coisa. Depois de algum tempo troca duas palavras: 'A casa é da senhora?' 'Não, senhor.' 'E quem é o dono?' 'O dono morreu'" (O Estado de S. Paulo, 03/01/1990).

Informações em 2007 dão conta que "em Sebastião de Lacerda, cujas fotos estão anexas, a ponte sobre o rio Paraíba do Sul já foi reconstruída e me deu acesso à outra margem do rio, onde está a linha. Entretanto, a situação de abandono é total, as casas enfileiradas parecem não ter vida. Estive lá uns 20 minutos, só me apareceu um nativo, assim mesmo sem nenhuma curiosidade. Até aqueles moleques que sempre aparecem, fazendo mil perguntas, não estavam lá. A MRS circula uma média de 3 trens/hora. São trens de retorno, vagões de minério, em sua maioria. Embora ainda estejam de pé tanto a estação quanto a edificação em frente a ela estão abandonadas e inabitadas. Não sei quanto tempo ainda suportarão a ação da chuva e do sol, sem ruirem. Curiosamente todas as janelas e portas estão em seus lugares, não houve a rapina que estamos acostumados a ver" (Gutierrez L. Coelho, 01/2007).

Por fim, uma lembrança dos tempos em que paravam trens de passageiros na estação: "triste ver mais uma estação (abandonada)... já tomei muito leite com broa aí enquanto esperávamos (o trem)" (Laura Spindola, 21/4/2014).

1880
AO LADO:
Sobras do desastre em Barra Mansa, ocorrido três semanas antes (A Provincia de S. Paulo, 05/02/1880).

1883
AO LADO:
A febre amarela na estação (A Provincia de S. Paulo, 27/4/1883).

"Commercio, aprasível localidade, a 3 horas da capital, ponto de parada obrigatório de todos os trens da linha do centro da Central do Brasil, situada na vertente septentrional da Serra do Mar, em altitude moderada (360m), apresenta por sua privilegiada climatologia as mais benéficas características de estação de villegiatura e de descanço. Acha-se edificada nas margens pittorescas do Parahíba, que na região corre entre montes e cômoros, ora em declive, ora represado em tranquillos remansos, dando as cercanias paisagens bellas e empolgantes. O clima temperado e ameno, sem os excessos das máximas e mínimas, a pureza da atmophera, o grande numero de disposição Orographica que a abriga e defende dos ventos violentos e das rajadas, conferem-lhe vantagens excepcionaes à vida e à euphoria. A flora regional, ainda que desfalcada pelas gerações passadas, está presentemente representada por verdadeiras florestas de mangueiras, na maioria medrando expontaneamente, cujos fructos saborosos dão característico ao lugar. Outrora, centro de grande efervescencia commercial, por ahi transitando avultada mercadorias que abasteciam innumeras cidades do Estado do Rio, achava-se ultimamente relegado a quase completo abandono, quando, graças a acção intelligente de um homem de acção, ganhou novo e eficaz surto de progresso, constituindo actualmente razoável núcleo de população. Melhoramentos importantes, taes como illuminação electrica, pública e particular, abastecimento d'agua potável puríssima, escoamento, etc., foram emprehendidos e realisados, bem como a construcção de numerosos prédios dotados todos, dos mais modestos aos mais confortáveis dos requisitos da hygiene. O commercio local, satisfazendo plenamente as necessidades da população, acha-se funccionando em prédios adrede edificados. Solida ponte mettalica sobre o caudaloso Parahiba, com piso de concreto armado, põe em communicação a estação da via férrea com a margem esquerda, onde se acha grande numero de residências particulares e o modelar HOTEL DE COMMERCIO. Acha-se concluído o novo prédio onde funcciona a escola publica. As agencias postal e telegraphica, facilitam a rápida expedição e entrega de toda a correspondência. Uma capella, que embora reformada, conserva as linhas architetonicas e as veneráveis imagens de antanho, abriga e perpetúa o culto catholico. Pharmacia bem sortida e consultório medico, ao serviço da população. Excursões e passeios podem ser facilmente emprehendidos a locaes aprasíveis, fazendas ou cidades visinhas, como Parahiba do Sul, Vassouras, Valença, etc."

anos 1910
AO LADO:
De folheto de propaganda supostamente dos anos 1910 (cedida por Annibal e Carla, de Rio das Flores, RJ).

1925
AO LADO:
Desastre no km 149 próximo à estação (O Estado de S. Paulo, 2/10/1925).

ACIMA: Em dezembro de 1930, inauguração da placa com o nome nome da estação (A Careta, 20/12/1930).

TRENS - Os trens de passageiros pararam nesta estação de 1866 até 1980. Ao lado, o trem Rio-Belo Horizonte, que fazia esse percurso. Clique sobre a foto para ver mais detalhes sobre esses trens. Veja aqui horários em 1968 (Guias Levi).

ACIMA: Trecho da estrada de acesso a Sebastião de Lacerda vindo de Vassouras em abril de 2014 (Foto Jorge A. Ferreira).

(Fontes: Laura Spindola; Marco Giffoni; Annibal _; Alexandre Ferreira; Carla _; Marco Antonio Silvestre; Christoffer R.; Jorge A. Ferreira; Gutierrez L. Coelho; O Estado de S. Paulo, 1925 e 1990; Conselheiro Manoel da Cunha Galvão: Relatório apresentado a S. Ex. o Sr. Conselheiro Joaquim Antão Fernandes Leão, Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Agricultura, Commercio e Obras Públicas, 29/10/1868; A Careta, 20/12/1930; Max Vasconcellos: Vias Brasileiras de Communicação, 1928; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht)
     

A estação de Commercio, em 1908. Foto cedida por Marco Giffoni

A estação nos anos 1920. Cessão Annibal e Carla, de Rio das Flores, RJ

Plataforma da estação nos anos 1920. Cessão Annibal e Carla, de Rio das Flores, RJ

A estação em 1976. Foto Alexandre Ferreira

A estação de Sebastião de Lacerda, em 1996. Foto Marco Antonio Silvestre, cedida por Christoffer R.

A estação em 04/2003. Foto Jorge A. Ferreira

A estação em 04/2003. Foto Jorge A. Ferreira

A estação em 26/12/2006. Foto Gutierrez L. Coelho

A estação em 26/12/2006. Compare com a foto mais acima, dos anos 1920. Foto Gutierrez L. Coelho

A estação em 20/4/2014. Foto Jorge Alves Ferreira
   
     
Atualização: 22.04.2022
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.