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Cia. E. F. Barão
de Araruama (1890)
E. F. Leopoldina (1890-1965) |
SANTA
MARIA MADALENA
Município de Santa Maria Madalena,
RJ |
Ramal de Santa Maria Madalena -
km 361 (1962) |
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RJ-1861 |
Altitude: 632 m |
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Inauguração: 05.12.1890 |
Uso atual: casa da cultura (2008) |
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sem trilhos |
Data de construção do
prédio atual: n/d |
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HISTORICO DA LINHA: O
ramal que ligava Entroncamento (Conde de Araruama) a Ventania (Trajano
de Morais) teve a linha entregue em 1878 até Conceição e no ano seguinte
até Triunfo (Itapuá) e Ventania, pela E. F. Barão de Araruama. Somente
em 1896, já com as linhas de posse da Leopoldina, foi entregue a continuação
até Visconde do Imbé e em 1897 a Manoel de Morais. Antes disso, em
1891, o engenheiro Ambrosino Gomes Calaça havia aberto uma linha entre
Ventania e Santa Maria Madalena, estabelecendo outro ramal. Logo após
a inauguração, a linha foi vendida À E. F. Santa Maria Madalena, e
em 1907 à Leopoldina. Dependendo da época, a linha principal era Conde
de Araruama-Madalena, ou Conde de Araruama-Manoel de Morais, com o
outro trecho sendo o ramal, ou seja, passando por baldeação ou espera
em Trajano de Morais. Em 31/08/1965, o trecho a partir de Triunfo
foi suprimido para trens de passageiros, ou seja, o entroncamento
de Trajano de Morais já não era alcançado. Em
1966 ou 1967, o que restava do ramal acabou de vez. Ficou, entretanto,
o trecho entre Conde de Araruama e Conceição de Macabu
ainda funcionando para a Usina Victor Sence, até o início
dos anos 1990. Com a sua desativação, os trilhos foram
arrancados. |
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A ESTAÇÃO: A estação
de Santa Maria Madalena foi aberta ainda pela E. F. Barão
de Araruama em 1890. Logo em seguida foi adquirida pela Leopoldina.
A última viagem no ramal (em 1965), com a locomotiva partindo
da estação de Santa Maria Madalena, foi relatada
dez anos depois do fim por um escritor local: "Lembro-me bem do
derradeiro dia em que o trem deixou a estação. Com sonoro e melancólico
toque do sino é dada a saída precisamente às 6 horas e 20 minutos.
Muita gente lá estava para a despedida. Vagarosamente vai deslizando
pelos trilhos até a curva da chácara do Américo Lima. Aí faz uma paradinha,
ouvindo-se um agudo e angustioso apito, fazendo de conta como se fosse
um adeus para sempre. E lá se foi pela estrada afora, deixando uma
baforada de fumaça que pouco a pouco foi desaparecendo. O carro misto
de 1a e 2a classe estava todo ornamentado de hortênsias azuis e rosas,
repleto de passageiros.
Por onde ele passou, Loreti, Trajano de Moraes, Leitão da Cunha, o
trecho da serra, vendo-se lá embaixo o rio Triunfo e o Conceição,
as manifestações de despedida foram as mais sentidas e expressivas,
sendo que na de Conceição de Macabu havia uma banda
de música que executou, na partida, a melodia Valsa da Despedida,
tendo o padre local usado da palavra, o que fez muita gente chorar.
O ponto do almoço, em Conceição, onde na mesa não faltava a boa carne
de porco, a galinha, a couve picadinha, o torresmo, o tutu com carne
seca desfiada, etc., e o custo era apenas de dois mil réis. Depois
vinha Paciência e finalmente Conde de Araruama, local em que se fazia
a baldeação para Campos, Niterói ou Rio. Esse trem, verdadeiro calhambeque,
ajustado num amontoado de peças usadas e quase imprestáveis, e muitas
vezes, nos trechos de subida, os passageiros tinham de saltar para
que o peso diminuísse.
Os dormentes, já podres, cediam com a passagem da máquina, ocasionando
descarrilamentos. Com alavancas, depois de estafante e penosa operação,
a máquina era colocada novamente sobre os trilhos. Em dias chuvosos,
abria-se o guarda-chuva dentro do vagão e quando havia boi ou cavalo
na linha, o trem gingava e apitava até que o animal saísse da linha.
Quando um passageiro se atrasava para o embarque, esperava-se o amigo,
que, se não tivesse dinheiro para a passagem, não tinha importância,
pagaria na volta. Mas, apesar dos pesares, esse trenzinho que carregava
a gente, todo bamboleante e desengonçado, aos trancos e solavancos,
chegava sempre ao seu destino e ninguém reclamava, achando até tudo
muito bom. E era" (Octavio Fajardo Rodrigues, 1975).
O trem alavancou o desenvolvimento de Santa Maria Madalena,
mas com o decreto 58.992/66 (Programa de Erradicação de Ramais
Antieconômicos) o ramal foi fechado, o trecho de Santa Maria
Madalena em 1965. O mesmo decreto previa a construção de uma rodovia
asfaltada para substituir o trem, mas, como não foi cumprida esta
parte, o processo de desagregação sócio-econômica do município se
agravou.
Apenas no final dos anos 1970 foi asfaltada a estrada que ligaria
a cidade a Nova Friburgo.
"A estação hoje abriga a Casa da Cultura, um
museu e uma biblioteca. A casa do chefe da estação foi também reformada
e funciona como hotel" (Ricardo Quinteiro de Mattos, julho
de 2008).
ACIMA: A cidade de Santa Maria Madalena em 1909 (Studio Geografico, 1909).
ACIMA: Composição
na estação (Autor e data desconhecidas).
ACIMA: Santa Maria Madalena, 1923 (Fon-fon, 9/6/1923).
(Fontes: Ricardo Quinteiro de Mattos; Mario Guimarães;
Tamar; Nestor Luiz Cardoso Lopes; Octavio Fajardo Rodrigues; FB/Ferrovias
das Cidades Mineiras; Joaquim Vieira Ferreira Sobrinho: Studio Geografico,
1909; Fon-fon, 1923; Programa de Erradicação de Ramais Antieconômicos;
Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Mapa - acervo R.
M. Giesbrecht) |
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O virador no final da linha do ramal, em Santa Maria Madalena.
Foto Nestor Luiz Cardoso Lopes |
A estação de Santa Maria Madalena, em 2003. Foto
cedida por Mario Guimarães e Tamar, da Prefeitura local |
A estação de Santa Maria Madalena, em 2003. Foto
cedida por Mario Guimarães e Tamar, da Prefeitura local
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A estação em julho de 2008. Foto Ricardo Q. Mattos |
A estação em julho de 2008. Foto Ricardo Q. Mattos
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A estação em julho de 2008. Foto Ricardo Q. Mattos
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A estação em 2015. FB/Ferrovias das Cidades Mineiras |
A estação em 2016. Foto Fernando Marietan
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Atualização:
29.02.2020
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