A ESTAÇÃO: A estação de Alto
da Serra foi inaugurada em 1883.
Sua função é descrita a seguir: "A
linha de cremalheira partindo da Raiz da Serra na cota 31,100 m
vence a altura de 842,300 m no alto da serra, seu ponto culminante,
com o desenvolvimento de 6,023 km, tendo-se empregado a máxima declividade
de 15% e o raio mínimo de 149,91 m, correspondente á curva de 7,39º.
A linha segue em grande parte para o vale de Caiuaba, transpondo-o
duas vezes em grande viaduto de colunas de ferro entre os quilômetros
4 e 5 e em ponte de alvenaria pouco antes do quilômetro 4. Além
dessas obras de arte contam-se mais o viaduto do Bonini sobre colunas
de ferro entre os quilômetros 5 e 6, a ponte sobre o Caiuaba-mirim
com três vãos entre os quilômetros 4 e 5, a ponte do Batista antes
do quilômetro 1. Do alto da serra a Petrópolis é a linha construída
pelo sistema ordinário com o desenvolvimento de 2,844 km de extensão,
acompanha o vale do Palatinado e o transpõe duas vezes em pontes
de superestrutura metálica.
A declividade máxima nesse trecho é de 2% e o raio mínimo de 89,94
m, correspondente á curva de 12º46'. Esta linha férrea com cremalheira
forma uma secção da linha que liga o Rio a Petrópolis. A linha de
cremalheira começa na Raiz da Serra e se eleva de 31 a 810 m até
o Alto da Serra, estação que fica a 841 m do nível do mar, em uma
distância de 6.104 m sendo a rampa mais forte de 19% e o raio mínimo
das curvas de 150 m. O sistema usado nessa serra é o de cremalheira
'Riggenback'. Para a tração nesse trecho ha locomotivas de cremalheira,
algumas capazes de levar serra acima uma carga de 28 ton trens de
passageiros e 35 em trens de mercadorias e outras de levar 24 e
26 respectivamente em trens de passageiros e mercadorias. O peso
das mais possantes dessas maquinas é de 24 toneladas e os seus cilindros
são de 13.3/4" x 19.11/16".
O tráfego de passageiros entre Rio e Petrópolis é considerável;
na secção da linha de cremalheira é necessário dividir o trem em
secções, que não excedam um peso bruto de 28 ton; foi portanto preciso
empregar um tipo de carros para passageiros, em que a totalidade
de força de impulso da locomotiva fosse aproveitada, carregando
ao mesmo tempo um número máximo de passageiros num peso mínimo de
tara para cada carro. Os carros têm 42'10.1/2" na linha dos para-choques,
26'7.1/2" entre os centros dos trucks, com uma largura de - 8'8.
1/2" e 8 11.1/2 por fora das guarnições.
A sua tara é de 13 toneladas ou 750 libras por passageiro; tem assentos
para 40 passageiros, podendo os encostos ser voltados num e noutro
sentido, são estofados em palhinha, frescos e confortáveis. A estrutura
inferior e o assoalho são construídos de pinho de Riga e madeira
nacional, de modo a combinar a maior resistência com o menor peso
possível. O interior dos carros tem um acabamento simples e bonito
em madeira de carvalho" (Resumo Histórico da
Leopoldina Railway, de Edmundo Siqueira, 1938).
Em Alto da Serra, os carros eram desengatados das locomotivas
da cremalheira que subiam a linha desde Vila Inhomerim, geralmente
com dois deles por locomotiva, e juntados, geralmente em número
de quatro, para seguir com uma vapor, ou diesel, dependendo de que
época estávamos falando, até Petrópolis
e Três Rios.
Com o fechamento da linha entre Vila Inhomerim e Três
Rios em 5 de novembro de 1964, tudo em Alto da Serra
foi desativado. No lugar da estação foi construído
um conjunto habitacional. Não sobrou nada.
(Veja video
da estação em 1920)
ACIMA: De acordo com a legenda da fotografia
do livro de onde foi extraída esta foto: "O encontro
das estradas de ferro e de rodagem antiga, por volta de 1885, onde
principiava a estrada da Vila Teresa, depois rua Teresa. Perto,
ficava o bois, que de bosque só tinha o nome, e onde os veranistas
vinham aguardar os diaristas que chegavam do Rio". (Foto Marc
Ferrez).
ACIMA: Grupo de congressistas regressando de Petropolis
posa na estação de Alto da Serra em 1905 (Revista
da Semana, 3/9/1905).
ACIMA: Parada em Alto da Serra em 1911, enquanto se troca a locomotiva (Revista da Seama, 19/1/1911
ACIMA: Pátio da estação
de Alto da Serra. Sem data (Autor desconhecido).
ACIMA: Duas fotografias comparam o mesmo
local, que abrigava o pátio ferroviário da estação
de Alto da Serra em Petrópolis, no final do século
XIX... e em 2014 (Fotos Otto Hees e Cleiton Pierruccini).
(Fontes: Cleiton Pierruccini; Eduardo Moreira;
Otto Hees; Antonio Pastori; Marc Ferrez; Revista da Semana, 1905 e
1926; Edmundo Siqueira: Resumo Histórico da Leopoldina Railway,
1938; Cyro Pessoa Jr.: Estudo Descritivo das Estradas de Ferro do
Brasil, 1886; Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Guias
Levi, 1932-80; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht) |