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E. F. Vitória
a Minas (1910-) |
GOVERNADOR
VALADARES
(antiga FIGUEIRA)
Município de Governador Valadares,
MG |
EFVM - km 330 (1960) |
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MG-1689 |
Altitude: 165 m |
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Inauguração: 15.08.1910 |
Uso atual: estação de passageiros (2022) |
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com trilhos |
Data de construção do
prédio atual: anos 1940? |
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HISTORICO DA LINHA: A E. F. Vitoria
a Minas foi aberta em 1904 num pequeno trecho a partir do porto de
Vitória e tinha como objetivo principal transportar as culturas
da região ao longo do Rio Doce, especialmente a produção
de café. Com enormes dificuldades ela foi avançando
no sentido da cidade mineira de Diamantina; em 1910, empresãrios
ingleses a compraram para eletrificá-la e transportar minério
da região de Itabira. O seu objetivo pasava a ser agora atingir
Itabira e se encontrar com a futura linha da EFCB que partindo de
Sabará atingiria São José da Lagoa (Nova Era).
Em 1919 o empresário americano Percival Farquhar a comprou
e depois de inúmeras reviravoltas políticas, a estrada,
afinal nunca eletrificada, foi encampada pela recém-fundada
Cia. Vale do Rio Doce (CVRD) em 1942, a qual maneja a ferrovia até
hoje. Modernizou-a nos anos 1940, alterando o traçado acidentado
na região de Vitória, isto depois de a linha ter finalmente
se ligado à EFCB em Nova Era em 1937, Em 2002, o antigo ramal
de Nova Era foi totalmente modificado e a EFVM passou a comandar a
linha desde Vitória até a região de Belo Horizonte,
depois de passar por Itabira, região do minério de ferro.
É a ferrovia mais rentável do Brasil e uma das pouquíssimas
ferrovias a manter no País até hoje os trens de passageiros. |
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A ESTAÇÃO: A estação
de Governador Valadares foi inaugurada em 1910 com o nome do então distrito, Figueira.
"No dia 15 de agosto de 1910, a máquina de número
1 entrou em Figueira e, com a inauguração da estrada de ferro, a cidade do futuro nunca mais parou. A festa foi no Hotel dos
Pappi. Quando inauguraram a estrada de ferro, não havia ainda estação.
Veio um carro pequeno, o carro do médico. Foi ele que serviu de estação.
O carro do Dr. Serafim. Da estação até o Hotel dos Pappi, o chão foi
forrado com folhas. Depois, como se não quisessem as folhas, mandaram-nos
tirá-las e banharam o chão com cerveja Brahma. Era a estrada de ferro
Vitória-Diamantina (OTAVIANO FABRI, citado por SOARES, 1983, p. 30).
Em 1910, então, o negócio já era só para a Figueira, porque pra baixo
não tinha mais necessidade de fazer transporte de canoas porque a
estrada de ferro fazia. Trazia toda a mercadoria e levava também os
comboios de mercadorias. Aí já começou, em vez de sair toucinhos salgados
de dentro das canoas suscitou a subida nos vagões (EMÍDIO CIPRIANO,
comerciante, na ativa, 74 anos).
Figueira
vive os prenúncios de um novo tempo: o tempo moderno, da vitória do
mecanismo sobre a natureza. Um tempo e um espaço recriados, num ritmo
muito rápido, quando comparado ao das tropas e das canoas. Um novo
tempo se instaura em Figueira: o tempo dos relógios, dos horários
de embarque e desembarque. Mas Figueira ainda viverá dois tempos:
o tempo das tropas que continuam marchando do centro até Figueira
e o tempo da máquina que se dirige para o litoral. Havia o suíno.
Era um transporte lento, os suínos viajavam da seguinte forma: no
1º dia em média 10 km, iam aumentando aos poucos, chegando até 2 km.
Os animais não podiam estar muito gordos, senão dificilmente se locomoviam.
Lembro-me de que meu saudoso pai, o Zé Paca, lá no Santana do Onça, hoje
Coroaci, dedicava-se a criar suínos. Comprava, invernava durante
alguns meses e quando atingiam a meio-engorda, tocava-os para
Figueira do Rio Doce e embarcava-os pela estrada de ferro
Vitória-Itabira para as várias localidades, em direção ao Espírito Santo. Isso quando não
conseguia vendê-los aqui mesmo, na Figueira. Eu mesmo, aos 10 anos,
aqui vim ajudando, sendo o meu trabalho de chamar porcos. Esse trabalho
consistia em colocar dois bornais de couro no ombro e seguir na frente
atirando grãos de milho, pela estrada e ao mesmo tempo cantando: "nego...
nego..." Os suínos chegavam até a correr (HELVÉCIO S. RIBEIRO, citado
por SOARES, 1983, p. 45).
A população de Figueira cresce com a inauguração
da estação. Além de pessoas vindas do Espírito Santo, do Nordeste
e da Bacia do Rio Doce, vieram também estrangeiros, italianos, espanhóis
e, posteriormente, sírios e libaneses, que se vão estabelecendo: comércio
de gêneros alimentícios, madeiras, construção, fábricas de tijolos
e telhas... Com o advento da via férrea, já notamos a presença de
muitas famílias, que vieram para ficar e participar de nossa vida
comunitária. Também notamos a presença de representantes de outras
raças. Era dono da antiga Padaria do Santiago o Sr. Jorge Primo, sendo
verdureiro o muito conhecido Salomão, que muitos anos depois regressou
à sua terra de origem. João Simão e Dona Germana. Um grupo regular
de representantes de sangue italiano. Thomas e Domingos Pappi, madeireiros;
Dona Maria Camisassa, nossa costureira; Júlio Deladone, oleiro; João
Walfrê, antigo dono do terreno onde hoje estão os bairros Nossa Senhora
das Graças e Santa Helena; a família Fabri; Júlio Cipriano, nosso sapateiro (JOÃO ÂNGELO DE OLIVEIRA, trabalhador do
comércio, 1904 a 1988).
A DEMARCAÇÃO DO ESPAÇO DE FIGUEIRA DO RIO DOCE -
Figueira é apenas uma rua - a Rua da Direita, que segue sinuosamente
o rio. Nela, uma praça de embarque. Pioneiros e forasteiros - tropeiros,
fazendeiros, madeireiros, ferroviários, pedreiros - estão todos na
Rua da Direita. No alto, uma igreja, cercada de mata: Quando chegamos
aqui, não sabíamos se havia igreja. Mas já havia uma pequenina, lá
onde está a catedral. Estava escondida no meio da mata. Fora construída
pelos Capuchinhos de passagem por aqui, rumo a Diamantina. Fomos procurá-la.
Havia também casa dos padres. O Santo Antônio estava lá. Foi achado
no rio, pelo pai de Quintiliano Costa. Ele foi pescar e pescou a imagem.
Doou-a para a igreja, que recebeu o nome de Igreja de Santo Antônio.
Para chegar lá, tivemos que fazer a estrada. A mesma que continuou
até hoje (OTAVIANO FABRI, citado por SOARES, 1983, p. 31).
"A mata
envolve Figueira. Todos sabem que ela começa no rio e se alonga do
porto à igrejinha e desta à estação. Mas ninguém sabe onde termina
Figueira do Rio Doce. As terras são devolutas. Fazendeiros, tropeiros
vão legitimando as terras ao redor. Acuada, Figueira vai perdendo
espaço, a estrada de ferro solicita a Peçanha a demarcação das terras
do patrimônio. As terras do patrimônio - 60 alqueires em volta da
estação -, um semicírculo interrompido pelo Rio. O Centro de Figueira
é deslocado do Porto das Canoas para a estação da estrada de ferro"
(http://www.scielo.br /scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-46982008000100014).
Nos anos 1930, meu bisavô, Willhelm (Guilherme) Giesbrecht, passou a residir na cidade, em uma casa na rua Prudente de Morais. Ele havia chegado da Alemanha como imigrante alemão em 1884. Depois
de trabalhar em diversas ferrovias pelo Brasil inteiro e ter sido
uma espécie de co-fundador da cidade de Jaguariúna,
em 1894, fixou residência em Governador Valadares, onde morreu
em janeiro de 1957, com 91 anos.
A cidade foi elevada a município, com o nome de Figueira, em 30 de janeiro de 1938. O nome da cidade e da estação foi alterado em 17 de dezembro de 1938 e para homenagear o governador mineiro Benedito Valadares.
A cidade teve duas estações. A primeira foi
desativada em 1948, quando houve uma grande mudança nas linhas
da EFVM. A outra é a atual que ainda funciona - nos anos 1940,
quando de sua implantação, a ferrovia ainda não passava
"por cima" como aparece no mapa, mas em um ramal que foi
construído dando acesso provisório a ela - afinal, a
cidade ainda hoje tem trens de passageiros, em pleno 2022 no Brasil!!!
Nela, ainda funcionando para os trens da CVRD, geralmente há
troca da tripulação do trem.
ACIMA: A estação em 10/7/1948 (Arquivo
Publico Mineiro).
ACIMA: Mapa da cidade de Governador Valadares (CLIQUE
SOBRE A FIGURA PARA VÊ-LA EM TAMANHO MAIOR) publicado em 1958.
Ele mostra a linha atual da EFVM (no alto) e a linha original, hoje
já retirada (embaixo) e uma conexão (no centro) entre
ambas. Essa ligação da linha antiga com a nova teria
sido mantida por algum tempo para acesso ao prédio onde ficava o primitivo
depósito de locomotivas a vapor (próximo ao triangulo de reversão),
além de dar acesso à antiga indústria açucareira da
cidade e à antiga estação ferroviària. onde é hoje a prefeitura
da cidade. Notar que há ainda duas estações ferroviárias
no desenho, uma em cada linha (ver "E. F."). Até
quando terão existido ali a linha velha e a ligação?
Hoje nada resta disso (Ney Strauch: Zona Metalúrgica de Minas
Gerais e Vale do Rio Doce, CNG, 1958).
ACIMA: O trem da Vitoria-Minas
passa por Governador Valadares (Data desconhecida. Acervo CEDAC/UNIVALE).
Ney Strauch
escreveu em 1958 sobre a cidade: (...) A cidade de Governador
Valadares (que) há trinta anos era uma simples estação
de estrada de ferro - Figueira do Rio Doce - perdida dentro
da mata e refúgio de fugitivos da justiça, é
hoje o centro regional da bacia, uma cidade que cresce vertiginosamente
em população e em importância econômica".
Notar que "trinta anos atrás" seria ao redor
de 1925, então. |
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ACIMA: Mapa
dos anos 1950 mostra a linha passando pelo município de Governador
Valadares. Aparecem junto à ferrovia, de oeste para leste, as estações de Baguari, Governador Valadares, Derribadinha e Traíras. Outras estações de curto período existiram na época deste mapa. - CLIQUE SOBRE O MAPA PARA VÊ-LO EM MAIOR TAMANHO. (IBGE: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros,
vol. VII, 1960).
ACIMA: Troca de equipe do trem em Governador Valadares em 2010 (Foto Silvio Fenior).
ACIMA: Plataforma da estação de Governador Valadares em 2010 (Foto Silvio Fenior).
(Fontes: Ralph Giesbrecht; Silvio Fenior, 2010; Rodrigo Souza, 2006; Silvio Rizzo, 2018; Eduardo Coelho; Nicolas
Fagundes Figueiredo; Rodrigo Souza; Arquivo Publico Mineiro; (Ney Strauch: Zona Metalúrgica de Minas
Gerais e Vale do Rio Doce, CNG, 1958). IBGE: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros,
vol. VII, 1960; Acervo CEDAC/UNIVALE; Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Arquivo
Publico Mineiro; museu da EFVM, Vila Velha, ES; Ney Strauch: Zona
Metalúrgica de Minas Gerais e Vale do Rio Doce, CNG, 1958;
http://www.scielo.br), Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Guias Levi (1917-1984). |
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A estação de Governador Valadares, sem data. Acervo
do museu da EFVM em Pedro Nolasco. |
Fachada e entrada da estação, em 2003. Autor desconhecido |
Pátio da estação em 2006. Foto Rodrigo
Souza |
A estação em 11/3/2018. Foto Silvio Rizzo |
A estação em 11/3/2018. Foto Silvio Rizzo |
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Atualização:
12.11.2022
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