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L M N O P
Q R S T U
VXY Mogiana em MG
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Córrego Rico
Jaboticabal
Graminha
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Saída para o ramal de Luzitânia: Albania
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ramal de Jaboticabal-1950

IBGE, anos 1960
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ESTIVE NO LOCAL: SIM
ESTIVE NA ESTAÇÃO: SIM
ÚLTIMA VEZ: 2002
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Cia. Paulista de Estradas de Ferro (1893-1969)
JABOTICABAL
Município de Jaboticabal, SP
Ramal de Jaboticabal - km 63,659 (1959)   SP-2090
Altitude: 575,258 m   Inauguração: 05.05.1893
Uso atual: Ministério Público (2020)   sem trilhos
Data de construção do prédio atual: c.1915
 
 
HISTORICO DA LINHA: Projetado pela Rio Claro Railway, o primeiro trecho da linha foi aberto pela Cia. Paulista, em 06/06/1892, de Rincão a Guariba, como um prolongamento da linha de bitola métrica da Paulista adquirida à RCR, e que partia de Rio Claro. Em 1893, ele chegava a Jaboticabal, e em 1902 atingiu Bebedouro. A ampliação do tronco da Paulista para a bitola larga, entre Rio Claro e Rincão, feito entre 1916 e 1922, acabou por seguir pela margem direita do rio Mogi-Guaçu e não pela linha de Jaboticabal, fazendo um arco que alcançaria Bebedouro em 1929. O trecho entre Rincão e Bebedouro, que passava por Jaboticabal, passou a ser chamado de Ramal de Jaboticabal e permaneceu com a bitola métrica até sua extinção, em 23/12/1966, entre Jaboticabal e Bebedouro, e em 02/01/1969, do trecho restante. Os trilhos começaram a ser arrancados no dia seguinte.
 
A ESTAÇÃO: É interessante saber que a cidade de Jaboticabal, que era município desde 1867, já tinha atividades com a Cia. Paulista desde 1887, quando a linha de navegação do rio Mogi-Guaçu teve um porto inaugurado (veja caixa de 21/12/1886, abaixo).

A estação ferroviária de Jaboticabal foi inaugurada em 1893, como ponta de linha do tronco de bitola métrica da Secção Rio Claro. O primeiro trem teria chegado à cidade, com festas, em 5 de maio do mesmo ano, três meses depois da inauguração citada pela Paulista (veja caixas de 1893, abaixo).

Vê-se por aqui que a navegação e a ferrovia conviveram juntos entre 1893 e 1903, quanto a primeira foi desativada.

Já em 1900 começaram os estudos para o prolongamento da linha até Bebedouro (ver caixa abaixo, de 1900).

A partir de 1916, daqui passou a sair a E. F. Jaboticabal, mais tarde adquirido pela Paulista, como ramal de Luzitânia, pequena ferrovia de pouco mais de 25 km que seguia para a zona rural do município.

Em outubro de 1922, era iniciada a construção da rotunda de Jaboticabal, para bitola métrica, prevendo a apliação para a bitola larga, e em 02/10/1924, a Paulista inaugura o carro Pullmann para a bitola estreita do trecho Rincão-Barretos. Foi nessa época que começou a circular a notícia da intenção da CP de modificar o traçado do prolongamento do tronco de bitola larga, que então já havia chegado até Rincão, para o outro lado do rio Mogi-Guaçu, utilizando parte do ramal de Pontal e seguindo, a partir da estação de Passagem, pelo leito da Companhia Ferroviária São Paulo-Goiaz até Bebedouro, empresa esta que estava sendo comprada pela Paulista. A Cia. alegava que o traçado era mais viável, mesmo tendo que se cruzar duas vezes o Mogi, porque se aproveitava o terreno plano do seu vale. A cidade de Jaboticabal protestou contra essa possibilidade, afirmando que seriam seguidos apenas os interesses particulares do Conselheiro Antonio Prado, presidente da
Companhia
, que tinha as fazendas Guatapará e São Martinho, além de querer
aumentar a movimentação de Barrinha.

A Paulista continuava a afirmar que a serra de Jaboticabal dificultava o traçado da linha. Em 1927, saiu a decisão final de se utilizar o trecho comprado da São Paulo-Goiaz para a ampliação da bitola, na região de Barrinha e Passagem.

Entre 1928 e 1930, o antigo tronco de bitola métrica, reduzido ao trecho entre Rincão e Bebedouro, do lado oeste do rio Mogi, passava a se chamar ramal de Jaboticabal. A cidade passava a travar uma guerra com a Paulista, em que quem perdeu foi a primeira.

Bebedouro
recebe a linha de bitola larga vinda de Pitangueiras com faixas: "Viva Bebedouro, Morra Jaboticabal!". De fato, esta última passava por um período de decadência devido a depender de um ramal de bitola menor e conseqüentemente trens mais lentos.

Dois anos depois, a cidade faz uma grande campanha para boicotar o transporte de suas cargas pela Paulista, tentando levá-las para Ribeirão e embarcá-las pela Mogiana, mas as coisas somente pioram.

Em 1933, a Paulista retirou o carro Pullmann do ramal de Jaboticabal.

Em 1951, a Cia. mandou vagões antigos e ultrapassados para o ramal de Jaboticabal; comentava-se na cidade que eles estariam em piores condições que os da São Paulo-Goiaz, quando foi adquirido o trecho Passagem-Bebedouro, em 1924.

Em 1955, houve um protesto na Câmara contra o abandono do ramal. Dois anos depois, a Paulista começava a implantação de locomotivas diesel no ramal.

Em meados de 1961, a Paulista foi estatizada por Carvalho Pinto e a situação piora.

Em setembro de 1966, o ramal de Luzitânia foi desativado.

Em 21/11/66, o Governo do Estado mandava suprimir o ramal de Jaboticabal e a população de Jaboticabal indignada marcava um comício para o dia 30. A alegação de que os ramais eram deficitários não convencia a opinião pública, que argumentava que isso era conseqüência da manutenção na linha de carros com mais de 40 anos de vida, entre outros fatores.

Em 10/12/1966, o prefeito era informado pela Paulista que o trecho Rincão-Jaboticabal seria mantido, enquanto no trecho restante seria iniciada a retirada dos trilhos até Bebedouro.

Em 22/12/1966, o tráfego no trecho Jaboticabal-Bebedouro foi suspenso definitivamente, enquanto o prefeito, o Presidente da Câmara e deputados tentavam marcar reuniões com o Governador e o presidente da Cia. Paulista. Por sua vez, os horários do trecho que sobraram foram alterados.

Em 14/12/1968, o Governador Laudo Natel publicava no Diário Oficial a supressão do trecho Rincão a Jaboticabal.

Em 02/01/1969, o chamado "Dia da Tristeza" ou "Dia da Despedida": o último trem da Paulista saiu às 19h28m de Jaboticabal para Rincão, repleto de moradores, ferroviários e suas famílias, além de um fotógrafo de "O Estado de S. Paulo", num espetáculo constrangedor e emocionante ao mesmo tempo. Os trilhos começaram a ser retirados na mesma noite, assim que o trem chegou a Rincão.

A estação foi usada por muito tempo como sede da Justiça do Trabalho e o prédio foi, com isso, descaracterizado. Em 2013, estava sendo restaurado para a instalação de um museu.

Em 2020, o prédio servia como sede municipal do Ministério Público do Estado.

CLIQUE AQUI PARA VISUALIZAR A ESTAÇÃO VISTA DO SATELITE
(gentileza Antonio Carlos Mussio)

ACIMA: Ainda em dezembro de 1896, anunciada a inauguração de três estações/portos para o di 10 de janeiro de 1887, da navegação fluvial no rio Mogi-Guaçu, inclusive a de Jaboticabal, para a Rio Claro Railway, sucessora da Rio-Clarense (A Provincia de S. Paulo, 21/12/1886).

1889
AO LADO: Concessão para o trecho Araraquara a Jaboticabal para a Rio Claro Railway, sucessora da Rio-Clarense (A Provincia de S. Paulo, 29/12/1889).

1893
AO LADO: Atraso para a linha chegar a Jaboticabal. Com isso, a estação foi inaugurada apenas em 5 de maio. (O Estado de S. Paulo, 1/2/1893).

1893
AO LADO: Um mês antes da inauguração da linha até Jaboticabal, a Paulista diz que pretende abrir o tráfego de trens somente em maio. (O Estado de S. Paulo, 5/4/1893).

1893
AO LADO: E, de fato, a estação abriu em 5 de maio (O Estado de S. Paulo, 7/5/1893).

1894
AO LADO: Um ano mais tarde e a ferrovia em Jaboticabal já estava em greve (O Estado de S. Paulo, 28/8/1894).



1898
AO LADO: A cidade pede trens rápidos desde São Paulo (O Estado de S. Paulo, 18/2/1898).



1900
AO LADO: Noticia da morte do chefe de trem Jaboticabal-Rio Claro, entre outras notícias da cidade de Rio Clato (O Estado de S. Paulo, 18/2/1900).



1900
AO LADO: Em Jaboticabal, começam os estudos para prolongamento da linha até Bebedouro (O Estado de S. Paulo, 24/06/1900).



1905
AO LADO: Trens mistos em Jaboticabal (O Estado de S. Paulo, 2/1/1905).


ACIMA: Anúncio publicado no jornal em 1920, oferecendo a ligação entre a cidade de Jaboticabal e a de Taquaritinga, entre as linhas da Paulista e da EFA (a tal S. Paulo Northern, na época), já fazendo concorrência com os trens (O Estado de S. Paulo, 22/4/1920).

ACIMA: Mapa publicado em 1931, mostrando o mapa do município de Jaboticabal naquela época, que ainda incluía distritos que se tornariam municipios alguns anos depois, como Taiuva, Taiaçu e Pirangi. Note-se que o rio Mogi-Guaçu limita todo o município a leste. A linha férrea que acompanhava o rio a leste deste é também uma ferrovia da Paulista (Acervo Ralph M. Giesbrecht).

1932
AO LADO:
Maus serviços de telégrafo na estação (O Estado de S. Paulo, 16/12/1932).

1939
AO LADO:
Em Jaboticabal, a linha-tronco já estava passando pela outra margem do Mogi-Guaçu havia dez anos e a reclamação contra isso e os maus serviços da CP no agora ramal continuavam (Folha da Manhã, 11/6/1939).
ACIMA: Plataforma da estação de Jaboticabal ainda em uso em julho de 1968 (O Estado de S. Paulo, 13/7/1968).

ACIMA: Planta de edifícios históricos em Jaboticabal, incluindo a ex-estação (Ministerio Publico) em 2020 - CLIQUE SOBRE A FIGURA PARA OBTÊ-LA EM MAIOR ÁREA E RESOLUÇÃO)(Folha de S. Paulo, 17/9/2020).

(Fontes: Ralph M. Giesbrecht, pesquisa local; Antonio Carlos Britto; Miguel Saad; Clovis R. Capalbo; Jose Mario de Oliveira; Rodrigo Cabredo; Antonio Carlos Mussio; Filemon Peres; O Estado de S. Paulo, 1968; Cia. Paulista: relatórios anuais, 1892-1969; Mapa - Acervo R. M. Giesbrecht)
     

A estação em 1916. Foto Filemon Peres, c.1916

A estação de Jaboticabal em 1918. Foto Filemon Peres

A estação, sem data. Acervo A. C. Brito

A estação, em 17/11/1998. Foto Ralph M. Giesbrecht

A estação em 5/2/2013. Foto Rodrigo Cabredo

A estação em setembro de 2016. Foto Miguel Saad
     
Atualização: 22.01.2023
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.