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Cia. Mogiana de
Estradas de Ferro (1914-1971)
FEPASA (1971-1992) |
PAULA
LIMA
Município de São José
do Rio Pardo, SP |
Ramal de Mococa - km 28,772 |
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SP-2677 |
Altitude: 703 m |
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Inauguração: 14.06.1914 |
Uso atual: abandonada (2015) |
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sem trilhos |
Data de construção do
prédio atual: 1914 |
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HISTORICO DA LINHA: O ramal teve
origem na Cia. Ramal Férreo do Rio Pardo, empresa particular aberta
em 1884 entre Casa Branca e São José do Rio Pardo, e adquirida em
junho de 1888 pela Cia. Mogiana, que a transformou no ramal de Mococa,
prolongando os seus trilhos em 1890 para atingir Canoas, estação 11
km à frente de Mococa e terminal do ramal. A partir de 1903, da estação
de Ribeiro do Vale passou a sair o ramal de Guaxupé, que seguia até
essa cidade. Em 1961, o trecho final do ramal entre Mococa e Canoas
foi extinto, e em 7/11/1966, o trecho entre Ribeiro do Vale e Mococa
também o foi. O que sobrou do ramal, de Casa Branca até Ribeiro do
Vale, passou a fazer parte do ramal de Guaxupé e operou até 1977,
quando a queda de uma ponte entre S. J. Rio Pardo e Ribeiro do Valle
interditaram definitivamente a linha. Em 1986 o trecho entre Casa
Branca e S. J. Rio Pardo foi reativado por um curtíssimo espaço
de tempo. Por volta de 1992 os trilhos foram retirados. |
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A ESTAÇÃO: No ano de 1913,
a Mogiana fez diversas modificações na linha do ramal
de Mococa entre Casa Branca e São José
do Rio Pardo: baixou rampas máximas e aumentou os raios
de curvas para 150,89 m no mínimo. Com isso, claro, houve mudanças
de percursos entre os quilômetros 5 e 10, 18 e 21, 24 e 30 e
33 e 35.
Como consequência dessas mudanças, surgiu a
estação de Paula Lima, no km 28,7. Esta foi inaugurada
em 1914. Uma bela estação, grande aparentemente para
o lugarejo. Possivelmente era um pátio e armazém auxiliares
para a estação seguinte e muito próxima de São
José do Rio Pardo.
Em 3/5/1968, foi fechada e transformada
em parada.
Os trens de passageiros, desativados em janeiro de 1977,
voltaram a circular naquele trecho em 1986, por pouquíssimo tempo, mas para
a estação, que já havia sido invadida, nada mudou.
No início dos anos
1990, os trilhos do ramal foram retirados.
Paula Lima é um bairro pobre,
muito próximo a São José do Rio Pardo, à margem sul da rodovia
que vem de Casa Branca, e a estação é lindíssima, um
pouco diferente do padrão normal da Mogiana daquela época. Está favelizada,
mas continua imponente. Na sua plataforma, brincam hoje crianças que
ali moram. A estação
estava abandonada em 2015.
Artigo publicado pelo autor desde site em A Tribuna de Santa Cruz das Palmeiras,
em 2000: Os meninos de Paula Lima e o trem do governador - No
finalzinho do ano de 1999, cheguei em minhas andanças até uma velha
estação na entrada da cidade de São José do Rio Pardo. Vim de Casa
Branca, dei a volta no trevo (era novinho, ainda não estava acabado)
na entrada da cidade e voltei pela pista. Aí, entrei à direita, numa
estradinha de terra muito ruinzinha, e desci em relação ao nível da
rodovia uns dez metros. A rua continuava, paralela à estrada, e logo
à minha direita apareceu uma velha estação da Mogiana, ramal de Mococa:
a estação de Paula Lima. Inaugurada em 1914 e desativada em meados
de 1976, junto com o trem de passageiros do ramal de Guaxupé - o ramal
de Mococa já tinha ido para o espaço dez anos antes, e agora aquele
trecho de linha já tinha outro nome - essa estação destoa bastante
das construções da Mogiana daquela época: é bem grande, e as coberturas
da porta principal e da plataforma são de madeira trabalhada, voltadas
para o alto, dando-lhe um ar de imponência raras vezes vista em estações
daquela empresa. Desci do carro, e fui cercado por várias crianças
que moravam, ali, na estação, com seus pais. Eles viram que eu ia
fotografar o prédio, e perguntaram se eu era da televisão. Eu disse
que não, mas eles continuaram interessados em posar nas fotos. Eu
tirei algumas e eles saíram numa delas, descalços, sorrindo, com um
dos meninos carregando uma grande bola de plástico. Para eles, foi
uma festa. Eu me lembrei, então, de quando o governador - Franco Montoro,
segundo disseram - esteve lá para reinaugurar o trecho abandonado de linha entre Casa Branca e São José do Rio Pardo,
em 1986. Foi uma festa, e o trem de passageiros, dez anos depois de
ter sido suprimido, voltava a sair de Casa Branca-nova, passando por
Casa Branca-velha, Itobi, Vila Costina, Paula Lima e parando em São
José do Rio Pardo. Não seguiria adiante. Ali, mais festas e a volta
para Casa Branca, além da promessa de que essa seria a primeira de
muitas viagens. Afinal, os trens, a linha e algumas das velhas estações
haviam sido reformadas. Era um ramal que havia sido aberto noventa
e nove anos antes, não mereceria ele uma atenção especial? As estações
intermediárias não foram reabertas. Paula Lima já estava fechada,
mas ainda se mantinha. Serviria como parada. Teve melhor sorte que
Engenheiro Röhe, que já havia sido posta abaixo anos atrás, e que
ficava perto da estação de Itobi. Mas o trem não passou nunca mais.
A promessa ficou somente naquela primeira viagem, mesmo. Três anos
depois, a linha começou a ser arrancada e foi colocada em leilão.
Parte dos trilhos, segundo contam, foi para Pedregulho, no extremo
nordeste do Estado, para a construção de uma estrada de ferro dali
até Rifaina, restabelecendo um pequeno trecho do que outrora foi a
Linha do Rio Grande, da Mogiana, que ligava Ribeirão Preto a Uberaba.
Essa estrada, com fins turísticos, não durou muito, também. Foi desativada,
já há alguns anos. Com o tempo, gente simples passou a morar em Paula
Lima. E olhem, podem dizer que vivem numa mansão. A estação impressiona
pela sua forma e tamanho. Mas de trilhos, nem sombra. Eu cheguei em
casa e mandei revelar as fotografias que tirei. Aquela dos meninos,
descalços, sorridentes, com a grande bola na mão, foi mandada ampliar,
e colocada num envelope escrito: "para as crianças da antiga estação
ferroviária de Paula Lima - Paula Lima, São José do Rio Pardo, SP",
com o cep do município e tudo. Isto feito, postei-a no correio. Porém,
um mês depois, eu a recebi de volta com a nota do correio dizendo
algo do tipo "localidade não atingida pela entrega de correspondência".
Será que o correio não pode atender um bairro junto à cidade? Ou ele
não o conhece? Que ironia, antigamente praticamente todas as estações
ferroviárias eram também agências dos correios! Ora, há uma placa
verde e branca no trevo, indicando Paula Lima. Seja qual for o motivo,
os meninos de Paula Lima ficaram sem a fotografia, como ficaram sem
os trilhos, como ficaram sem o trem. Triste Brasil.
ACIMA: Trabalhador da ferrovia carregando sacos no
antigo pátio em Paula Lima, data desconhecida. Notar que a
estação não aparece (Autor desconhecido, cortesia
Ricardo Anacleto).
ACIMA: (esquerda) Parte da bela fachada da estação (Foto Adriano
Martins - BECAM, março de 2009).. (direita) Interior do armazém, totalmente deteriorado e já
sem o piso de madeira que ali existia, cheio de lixo (Foto Adriano
Martins - BECAM, março de 2009).
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TRENS - Os trens de passageiros pararam nesta estação
de 1914 a 1977. Na foto à esquerda, o trem do ramal está
chegando em Itobi em 1972. Clique sobre a foto para ver mais
detalhes sobre esses trens. Veja aqui horários
em 1948 e em
1968 (Guias Levi). |
(Fontes: Ralph M. Giesbrecht, pesquisa local; Irineu
Trentin Jr.; Adriano Martins; Rossana Romualdo; Ricardo
Anacleto; Cia. Mogiana: Listagem oficial de estações,
1938; Cia. Mogiana: Relatórios anuais , 1875-1969; Mapa - acervo
R. M. Giesbrecht) |
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A imponente fachada da estação em 30/12/1999.
Paula Lima é sem dúvida uma das mais bonitas estações
da Mogiana. Foto Ralph M. Giesbrecht |
Os meninos de Paula Lima, em 30/12/1999. Foto Ralph M. Giesbrecht |
Estação de Paula Lima em 30/12/1999. Foto Ralph
M. Giesbrecht |
Fachada da estação em julho de 2001. Foto Rossana
Romualdo |
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Acima e à esquerda, a estação de Paula
Lima em 03/2009. Fotos Adriano Martins-BECAM |
A ex-estação em 1/2015. Foto Irineu Tretin Jr.
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Atualização:
10.11.2019
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