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Q R S T U
VXY Mogiana em MG
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Vila Costina
Paula Lima
São José do Rio Pardo
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ramal de Mococa - 1935

IBGE-1956
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ESTIVE NO LOCAL: SIM
ESTIVE NA ESTAÇÃO: SIM
ÚLTIMA VEZ: 2007
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Cia. Mogiana de Estradas de Ferro (1914-1971)
FEPASA (1971-1992)
PAULA LIMA
Município de São José do Rio Pardo, SP
Ramal de Mococa - km 28,772   SP-2677
Altitude: 703 m   Inauguração: 14.06.1914
Uso atual: abandonada (2015)   sem trilhos
Data de construção do prédio atual: 1914
 
 
HISTORICO DA LINHA: O ramal teve origem na Cia. Ramal Férreo do Rio Pardo, empresa particular aberta em 1884 entre Casa Branca e São José do Rio Pardo, e adquirida em junho de 1888 pela Cia. Mogiana, que a transformou no ramal de Mococa, prolongando os seus trilhos em 1890 para atingir Canoas, estação 11 km à frente de Mococa e terminal do ramal. A partir de 1903, da estação de Ribeiro do Vale passou a sair o ramal de Guaxupé, que seguia até essa cidade. Em 1961, o trecho final do ramal entre Mococa e Canoas foi extinto, e em 7/11/1966, o trecho entre Ribeiro do Vale e Mococa também o foi. O que sobrou do ramal, de Casa Branca até Ribeiro do Vale, passou a fazer parte do ramal de Guaxupé e operou até 1977, quando a queda de uma ponte entre S. J. Rio Pardo e Ribeiro do Valle interditaram definitivamente a linha. Em 1986 o trecho entre Casa Branca e S. J. Rio Pardo foi reativado por um curtíssimo espaço de tempo. Por volta de 1992 os trilhos foram retirados.
 
A ESTAÇÃO: No ano de 1913, a Mogiana fez diversas modificações na linha do ramal de Mococa entre Casa Branca e São José do Rio Pardo: baixou rampas máximas e aumentou os raios de curvas para 150,89 m no mínimo. Com isso, claro, houve mudanças de percursos entre os quilômetros 5 e 10, 18 e 21, 24 e 30 e 33 e 35.

Como consequência dessas mudanças, surgiu a estação de Paula Lima, no km 28,7. Esta foi inaugurada em 1914. Uma bela estação, grande aparentemente para o lugarejo. Possivelmente era um pátio e armazém auxiliares para a estação seguinte e muito próxima de São José do Rio Pardo.

Em 3/5/1968, foi fechada e transformada em parada.

Os trens de passageiros, desativados em janeiro de 1977, voltaram a circular naquele trecho em 1986, por pouquíssimo tempo, mas para a estação, que já havia sido invadida, nada mudou.

No início dos anos 1990, os trilhos do ramal foram retirados.

Paula Lima
é um bairro pobre, muito próximo a São José do Rio Pardo, à margem sul da rodovia que vem de Casa Branca, e a estação é lindíssima, um pouco diferente do padrão normal da Mogiana daquela época. Está favelizada, mas continua imponente. Na sua plataforma, brincam hoje crianças que ali moram. A estação estava abandonada em 2015.

Artigo publicado pelo autor desde site em A Tribuna de Santa Cruz das Palmeiras, em 2000: Os meninos de Paula Lima e o trem do governador - No finalzinho do ano de 1999, cheguei em minhas andanças até uma velha estação na entrada da cidade de São José do Rio Pardo. Vim de Casa Branca, dei a volta no trevo (era novinho, ainda não estava acabado) na entrada da cidade e voltei pela pista. Aí, entrei à direita, numa estradinha de terra muito ruinzinha, e desci em relação ao nível da rodovia uns dez metros. A rua continuava, paralela à estrada, e logo à minha direita apareceu uma velha estação da Mogiana, ramal de Mococa: a estação de Paula Lima. Inaugurada em 1914 e desativada em meados de 1976, junto com o trem de passageiros do ramal de Guaxupé - o ramal de Mococa já tinha ido para o espaço dez anos antes, e agora aquele trecho de linha já tinha outro nome - essa estação destoa bastante das construções da Mogiana daquela época: é bem grande, e as coberturas da porta principal e da plataforma são de madeira trabalhada, voltadas para o alto, dando-lhe um ar de imponência raras vezes vista em estações daquela empresa. Desci do carro, e fui cercado por várias crianças que moravam, ali, na estação, com seus pais. Eles viram que eu ia fotografar o prédio, e perguntaram se eu era da televisão. Eu disse que não, mas eles continuaram interessados em posar nas fotos. Eu tirei algumas e eles saíram numa delas, descalços, sorrindo, com um dos meninos carregando uma grande bola de plástico. Para eles, foi uma festa. Eu me lembrei, então, de quando o governador - Franco Montoro, segundo disseram - esteve lá para reinaugurar o trecho abandonado de linha entre Casa Branca e São José do Rio Pardo, em 1986. Foi uma festa, e o trem de passageiros, dez anos depois de ter sido suprimido, voltava a sair de Casa Branca-nova, passando por Casa Branca-velha, Itobi, Vila Costina, Paula Lima e parando em São José do Rio Pardo. Não seguiria adiante. Ali, mais festas e a volta para Casa Branca, além da promessa de que essa seria a primeira de muitas viagens. Afinal, os trens, a linha e algumas das velhas estações haviam sido reformadas. Era um ramal que havia sido aberto noventa e nove anos antes, não mereceria ele uma atenção especial? As estações intermediárias não foram reabertas. Paula Lima já estava fechada, mas ainda se mantinha. Serviria como parada. Teve melhor sorte que Engenheiro Röhe, que já havia sido posta abaixo anos atrás, e que ficava perto da estação de Itobi. Mas o trem não passou nunca mais. A promessa ficou somente naquela primeira viagem, mesmo. Três anos depois, a linha começou a ser arrancada e foi colocada em leilão. Parte dos trilhos, segundo contam, foi para Pedregulho, no extremo nordeste do Estado, para a construção de uma estrada de ferro dali até Rifaina, restabelecendo um pequeno trecho do que outrora foi a Linha do Rio Grande, da Mogiana, que ligava Ribeirão Preto a Uberaba. Essa estrada, com fins turísticos, não durou muito, também. Foi desativada, já há alguns anos. Com o tempo, gente simples passou a morar em Paula Lima. E olhem, podem dizer que vivem numa mansão. A estação impressiona pela sua forma e tamanho. Mas de trilhos, nem sombra. Eu cheguei em casa e mandei revelar as fotografias que tirei. Aquela dos meninos, descalços, sorridentes, com a grande bola na mão, foi mandada ampliar, e colocada num envelope escrito: "para as crianças da antiga estação ferroviária de Paula Lima - Paula Lima, São José do Rio Pardo, SP", com o cep do município e tudo. Isto feito, postei-a no correio. Porém, um mês depois, eu a recebi de volta com a nota do correio dizendo algo do tipo "localidade não atingida pela entrega de correspondência". Será que o correio não pode atender um bairro junto à cidade? Ou ele não o conhece? Que ironia, antigamente praticamente todas as estações ferroviárias eram também agências dos correios! Ora, há uma placa verde e branca no trevo, indicando Paula Lima. Seja qual for o motivo, os meninos de Paula Lima ficaram sem a fotografia, como ficaram sem os trilhos, como ficaram sem o trem. Triste Brasil.


ACIMA: Trabalhador da ferrovia carregando sacos no antigo pátio em Paula Lima, data desconhecida. Notar que a estação não aparece (Autor desconhecido, cortesia Ricardo Anacleto).

ACIMA: (esquerda) Parte da bela fachada da estação (Foto Adriano Martins - BECAM, março de 2009).. (direita) Interior do armazém, totalmente deteriorado e já sem o piso de madeira que ali existia, cheio de lixo (Foto Adriano Martins - BECAM, março de 2009).

TRENS - Os trens de passageiros pararam nesta estação de 1914 a 1977. Na foto à esquerda, o trem do ramal está chegando em Itobi em 1972. Clique sobre a foto para ver mais detalhes sobre esses trens. Veja aqui horários em 1948 e em 1968 (Guias Levi).
(Fontes: Ralph M. Giesbrecht, pesquisa local; Irineu Trentin Jr.; Adriano Martins; Rossana Romualdo; Ricardo Anacleto; Cia. Mogiana: Listagem oficial de estações, 1938; Cia. Mogiana: Relatórios anuais , 1875-1969; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht)
     

A imponente fachada da estação em 30/12/1999. Paula Lima é sem dúvida uma das mais bonitas estações da Mogiana. Foto Ralph M. Giesbrecht

Os meninos de Paula Lima, em 30/12/1999. Foto Ralph M. Giesbrecht

Estação de Paula Lima em 30/12/1999. Foto Ralph M. Giesbrecht

Fachada da estação em julho de 2001. Foto Rossana Romualdo

Acima e à esquerda, a estação de Paula Lima em 03/2009. Fotos Adriano Martins-BECAM

A ex-estação em 1/2015. Foto Irineu Tretin Jr.
   
     
Atualização: 10.11.2019
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.