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Inspetor Aureliano Godói
Barro Preto
Olaria
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IBGE-1957
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ESTIVE NO LOCAL: NÃO
ESTIVE NA ESTAÇÃO: NÃO
ÚLTIMA VEZ: S/D
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Rede de Viação Paraná-Santa Catarina (1949-1975)
RFFSA (1975-1996)
BARRO PRETO
Município de Telêmaco Borba, PR
Ramal de Monte Alegre - km 173,264 (1989)   PR-2044
Altitude: 1.009 m   Inauguração: 16.02.1949
Uso atual: escritório de indústria de compensados (2009)   com trilhos
Data de abertura do prédio atual: 1949
 
 
HISTÓRICO DA LINHA: O ramal de Monte Alegre teve a construção iniciada pela RVPSC em outubro de 1942, especificamente para ligar a estação de Joaquim Murtinho (Raul Mesquita) à fábrica de papel e celulose da Klabin, na Fazenda Monte Alegre, junto ao rio Tibagi. O primeiro trecho foi aberto em 1949, chegando a Barro Preto, mas somente em 1958 chegou à fábrica, que já operava havia cerca de dez anos. O ramal deveria ser estendido até Apucarana, na linha Ourinhos-Cianorte, bem como até Lysimaco Costa, no ramal de Barra Bonita, e dali a Cornélio Procópio, também na Ourinhos-Cianorte, mas ambos os prolongamentos nunca vieram a ser construídos. A vila operária da fábrica de celulose acabou por dar origem à "Cidade Nova", mais tarde chamada de Telêmaco Borba. Trens de passageiros circularam pelo ramal desde o seu início, até 1976/77, quando foram suprimidos. Entretanto, o tráfego de cargueiros para a fábrica continua até hoje, sendo o responsável pela operatividade da antiga linha Itararé-Uruguai, entre as estações de Uvaranas (em Ponta Grossa) e Raul Mesquita, passando daí diretamente para o ramal.
HISTÓRICO DA ESTAÇÃO: A estação de Barro Preto foi aberta em 1949 (há outra fonte que dá a data como sendo 19/7/1950), como ponta de linha, situação que somente se alterou em 1953, quando a linha foi prolongada até Olaria. Também é conhecida como Barro Preto do Sul.

A função primordial desta estação desde o seu início era servir como central de recebimento e estocagem do café produzido na região entre as cidades de Cornélio Procópio e Maringá, passando pela rica zona produtora de Londrina. Isto porque a antiga E. F. São Paulo-Paraná, que na época ligava Ourinhos a Apucarana, não tinha sido ampliada em sua capacidade de transporte e de estocagem para dar conta de transportar todo aquele café para o porto de Santos e, depois, para Paranaguá. Barro Preto teria então um armazém e infra-estrutura adequadas para receber boa parte dessa produção - que, aliás, tinha de viajar bastante para chegar a essa estação, pelo menos 150 quilômetros a leste da região, e por rodovias ainda precárias.

Alegava a RVPSC que um caminhão de café poderia realizar três viagens por semana da região de Londrina até Barro Preto e apenas uma até Paranaguá; mas em 1955, seis anos depois da inauguração de Barro Preto, os caminhões, embora usassem em parte a pequena estação, ainda seguiam em grande número para o porto sem passar pela ferrovia, carregando mais da metade da produção. Não se tem notícias posteriores, mas provavelmente Barro Preto jamais conseguiu alcançar seu intento inicial.

"Nossa viagem nos levou então para Barro Preto, que tem o sufixo "do Sul" na tradicional placa de altitude e quilometragem. Uma fábrica de madeira compensada, enorme, ocupa agora o antigo pátio, que teve todas as linhas auxiliares retiradas. O trem passa direto, numa estação que foi planejada para ser entreposto logístico de café. Preservada como escritório da fábrica, a estação resiste, bem como as casas da vila ferroviária, ocupadas por empregados locais. Meu pai contou que carregou muitas vezes café do Norte do Paraná para esta estação, na década de 1960. Naquela época, a cidadezinha era infestada por cabritos, que não tinham donos e perambulavam por ali, invadindo hortas e casas dos moradores, provocando estragos com sua voracidade. Até roupa dos varais os bichos comiam, angariando a revolta da população local. Um certo dia o chefe da estação, sujeito decidido, teve uma idéia. Começou a jogar milho no pátio da estação, acostumando a cabritada a comer entre os trens e vagões, para que os mesmos perdessem o medo. Após alguns dias, passou a deixar o milho dentro dos vagões-gaiola, até que, num belo dia, trancou os vagões com os bichos lá dentro. No primeiro trem que partiu rumo a Paranaguá os vagões de cabritos foram engatados, com ordens expressas de somente serem abertos no destino final. Foi o fim da praga doscabritos em Barro Preto. Como não consta nenhum "causo" de invasão de cabritos no Litoral Paranaense, alguém deve ter interceptado a carga e vendido a cabritada para algum matadouro" (Douglas Razaboni, 03/01/2004).

"A estação de Barro Preto está sendo usada como escritório de uma empresa de compensados que carregam e despacham via ferrovia; interessante é que esta empresa montou toda a parte de fabricação desses compensados dentro da área da ferrovia. Segundo o supervisor deste trecho, algumas vezes em que eles chegam em Barro Preto há carretas obstruindo a linha férrea. Outro detalhe sobre este trecho é que ele foi construído já com curvas com raios maiores e rampas pequenas, mas o que não ajuda é que no trecho os trilhos são TR-32 com barras de 6 metros" (Edmilson Henrique Vieira, 02/2008).


ACIMA: Reportagem sobre o transporte rodoferroviario de Barro Preto publicado num jornal paulista em 1957. As fotografias, no entanto, não parecem ser em Barro Preto. CLIQUE SOBRE A FIGURA PARA VER A REPORTAGEM INTEIRA E EM TAMANHO MAIOR (Folha da Manhã, 10/8/1957).


ACIMA: A estação de Barro Preto, ao fundo, meio amarelada, é o escritório de uma indústria de compensados que usa a ferrovia para carregar sua produção (Foto Edmilson Henrique Vieira, 02/2008).

(Fontes: Douglas Razaboni; Edmilson Henrique Vieira; Folha da Manhã, 1957; RVPSC: Relatórios anuais, 1920-60; IBGE, 1960; IBGE, 1957)
     

A estação na sua inauguração em 1949. Foto do relatório da RVPSC para esse ano

Casas da vila ferroviária na sua inauguração em 1949. Foto do relatório da RVPSC para esse ano

Casas ferroviárias em Barro Preto, em 29/12/2003. Foto Douglas Razaboni

Placa da estação em Barro Preto, em 29/12/2003. Foto Douglas Razaboni

Pátio ferroviário em Barro Preto, em 29/12/2003. Foto Douglas Razaboni

Fachada da estação ferroviária de Barro Preto, em 29/12/2003. Foto Douglas Razaboni

Armazém da estação de Barro Preto, em 29/12/2003. Foto Douglas Razaboni
   
     
Atualização: 26.11.2018
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.