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Q R S T U
VXY Mogiana em MG
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Itaquera
Quinze de Novembro
Guaianazes
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ram. S. Paulo EFCB-1950
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ESTIVE NO LOCAL: SIM
ESTIVE NA ESTAÇÃO: SIM
ÚLTIMA VEZ: 2000
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E. F. Central do Brasil (1926-1975)
RFFSA (1975-1994)
CPTM (1994-2000)
QUINZE DE NOVEMBRO
Município de São Paulo, SP
Ramal de São Paulo - km 478,670   SP-0571
Altitude: 760 m   Inauguração: 29.07.1926
Uso atual: demolida em 2000   sem trilhos
Data de construção do prédio atual: n/d
 
 
HISTORICO DA LINHA: Em 1869, foi constituída por fazendeiros do Vale do Paraíba a E. F. do Norte (ou E. F. São Paulo-Rio), que abriu o primeiro trecho, saindo da linha da SPR no Brás, em São Paulo, e chegando até a Penha. Em 12/05/1877, chegou a Cachoeira (Paulista), onde, com bitola métrica, encontrou-se com a E. F. Dom Pedro II, que vinha do Rio de Janeiro e pertencia ao Governo Imperial, constituída em 1855 e com o ramal, que saía do tronco em Barra do Piraí, Província do Rio, atingindo Cachoeira no terminal navegável dois anos antes e com bitola larga (1,60m). A inauguração oficial do encontro entre as duas ferrovias se deu em 8/7/1877, com festas. As cidades da linha se desenvolveram, e as que eram prósperas e ficaram fora dela viraram as "Cidades Mortas"... O custo da baldeação em Cachoeira era alto, onerando os fretes e foi uma das causas da decadência da produção de café no Vale do Paraíba. Em 1889, com a queda do Império, a E. F. D. Pedro II passou a se chamar E. F. Central do Brasil, que, em 1896, incorporou a já falida E. F. do Norte, com o propósito de alargar a bitola e unificar as 2 linhas. O primeiro trecho ficou pronto em 1901 (Cacheoira-Taubaté) e o trecho todo em 1908. Em 1957 a Central foi incorporada pela RFFSA. O trecho entre Mogi e São José dos Campos foi abandonado no fim dos anos 1980, pois a construção da variante do Parateí, mais ao norte, foi aos poucos provando ser mais eficiente. Em 31 de outubro de 1998, o transporte de passageiros entre o Rio e São Paulo foi desativado, com o fim do Trem de Prata, mesmo ano em que a MRS passou a ser a concessionária da linha. O transporte de subúrbios, existente desde 1914 no ramal, continua hoje entre o Brás e Estudantes, em Mogi e no trecho D. Pedro II-Japeri, no RJ.
 

A ESTAÇÃO: Quando a ferrovia chegou na região em 1876, a Vila Progresso ainda era a Fazenda Figueira Grande. A estação, porém, somente foi aberta em 1926 (segundo a Central, em 29 de julho, e segundo moradores da região, em 15 de novembro, daí o nome...). A parte baixa da fazenda era a Vila Progresso - da Cia. Progresso, que comprou a fazenda em 1905 - data ainda incerta - e iniciou o loteamento em 1912.

A sua construção foi fruto de uma longa jornada de luta da população local nos anos 1920, que inclusive montaram barricadas por dois anos, quando havia dois trens diários para quem quisesse embarcar para São Paulo ou Mogi, mas somente se podia tomá-los caminhando até Itaquera. Os moradores do local ergueram barricadas na linha durante dois anos até sua conquista definitiva, em 1926.

Com a inauguração da estação a parte alta da fazenda virou Parada 15 e a parte baixa continuou como Vila Progresso, nome derivado da Cia. Progresso Paulista, que adquiriu a fazenda em 1905. E antes disso, a região era conhecida como a "região da corcova", pois ali havia uma curva saliente no desenho da linha. Ali se ergueram barricadas para impedir que as tropas federais chegassem até São Paulo em 1917, nas primeiras grandes greves operárias, em 1924, no levante tenentista, e em 1932, na revolução constitucionalista. Muito da história do Brasil passou por ali.

Em 1932, aliás, um jornal existe uma afirmação de que a estação se chamava Itaquera... (ver caixa abaixo). Não vi nenhuma justificativa para isto, já que a estação de Itaquera era outra.

Em 1937, foi concluido um desvio que saía desta estação (ver caixa abaixo, de 14/08/1937).

"Nos tempos da RFFSA, em fins dos anos 1970, me lembro que ia com meu pai para cuidar de um terreno que ficava bem próxima da Estação 15 de Novembro. Nós tomávamos o trem sempre aos domingos à tarde na antiga estação Clemente Falcão e nos dirigíamos para lá, dentro de um Budd Mafersa aço inoxidável. Meu pai não gostava muito de ir pela linha variante, por que os trens que lá serviam na época eram muito velhos, com os vidros de acrílicos todos embaçados e não havia como ter uma boa visibilidade das regiões, além daqueles bancos de madeiras, em que nos obrigava a viajar de costas para a janela. Então íamos mais para Mogi, Parada 15, pela linha tronco. Lá na Parada 15, descíamos do trem, nos dirigíamos pelo meio do matagal, perto da curva, havia uma mina d'água, um pequeno córrego que passava por debaixo da estrada de ferro, bebíamos água daquela mina! Hoje, depois de tudo, existe aquele trecho da Radial Leste e a velha estrada de ferro, bem como a estação, não mais existe! Chega ser impressionante essa deturpação urbana, causada por políticos tão incompetentes!" (Paulo Duarte, 12/2005).

Em 27/05/2000, a estação foi fechada, pois, com a entrada de operações do trem do Expresso Leste da CPTM, a linha entre Artur Alvim e Guaianazes foi desativada, passando a correr mais para o sul com novas estações nesse trecho. Dois dias depois, a placa da estação já seria retirada, como se vê na foto abaixo. A estação foi mesmo demolida, apesar da resistência dos moradores, que a queriam conservar mesmo com a intenção de se construir uma avenida sobre o leito desativado da linha.

Em junho de 2004, tudo já era um lodaçal com alguns restos de trilhos. Hoje a avenida passa por ali.

1922
AO LADO: Estava pronta uma plataforma no km 471, "entre as estações de Lageado e de Itaquera" e para trens de suburbio. A dúvida: a quilometragem (difícil de ler, mas parece ser km 471; XV de Novembro era km 478), mas a posição entre as 2 estações era correta. (O Estado de S. Paulo, 9/4/1922).

1932
AO LADO: Acidente na estação 15 de Novembro. Notar a indicação que ela se chamava Itaquera. (O Estado de S. Paulo, 19/11/1932).

1932
AO LADO: Descarrilamentos em excesso na estação. (O Estado de S. Paulo, 19/11/1932).

1933
AO LADO: Outro descarrilamento na estação. (O Estado de S. Paulo, 15/8/1933).

1934
AO LADO: Queda do trem. (O Estado de S. Paulo, 16/2/1934).

1939
AO LADO: Acidente próxima à parada 15 de Novembro. A quilometragem citada (437) está errada, pode ser 473 (O Estado de S. Paulo, 1/12/1939).

ACIMA: Neste anúncio de 1955, vê-se que nesta época ainda se vendiam lotes em XV de novembro e a estação e o trem eram os grandes chamarizes (Folha da Manhã, 14/8/1955).

1959
AO LADO: Acidente na parada 15 de Novembro em 1959 (Folha da Manhã, 3/2/1959).

ACIMA: Curva próxima à parada em foto de 1967. Para ver mais sobre a reportagem que tem esta foto, clique em xvdenovembro9673; xvdenovembro9674 e xvdenovembro9675 (Diario Popular, 23/7/1967).

ACIMA: Planta da estação sem data, mas possivelmente dos anos 1970. Não sei se ela foi construída dessa forma, realmente (RFFSA).

(Fontes: Ralph M. Giesbrecht, pesquisa local; Coaraci Camargo; Eduardo Nakashima; José Raimundo Pereira; Paulo Augusto Mendes; Paulo Duarte; O Estado de S. Paulo, 1939 e 2000; Folha da Manhã, 1955; EFCB: relatórios anuais, 1925-40; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht)
     

A parada em foto publicada em 1967 (Diario Popular,

A estação, anos 1980. Acervo Paulo Augusto Mendes

No dia seguinte à desativação (28/5/2000), o tapume impede a entrada. Vista da plataforma oeste. Foto Ralph M. Giesbrecht

No dia seguinte à desativação (28/5/2000), vista da plataforma oeste. Foto Ralph M. Giesbrecht

No dia seguinte à desativação (28/5/2000), vista da plataforma leste. Foto Ralph M. Giesbrecht

Dois dias após a desativação (29/05/2000), funcionários da CPTM retiram a placa. Era o fim. Foto de O Estado de S. Paulo

Em 03/2003, sem os fios aéreos, sem as coberturas das plataformas, sem nada, XV de Novembro é só uma saudade. Foto Eduardo Nakashima

Em junho de 2004, os trilhos da antiga passagem de nível ainda estavam por lá perto da antiga parada. Foto Coaraci Camargo

Em junho de 2004, o lamaçal no local da antiga parada. Foto Coaraci Camargo
     
Atualização: 04.12.2021
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.