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Indice de estações
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Brete de Cerro Chato
Cerro Chato
Alfredo Avila
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Mapa da linha - 1940
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ESTIVE NO LOCAL: NÃO
ESTIVE NA ESTAÇÃO: NÃO
ÚLTIMA VEZ: N/D
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Southern Brazilian
R. G. do Sul Ry. Co. Ltd. (1884-1905)
Cie. Auxiliaire des Chemins de Fer au Brésil (1905-1920)
V. F. Rio Grande do Sul (1920-1968) |
CERRO
CHATO
Município de Herval, RS |
Linha Cacequi-Maritima - km 962,088
(1960) |
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RS-0250 |
Altitude: 99 m |
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Inauguração: 02.12.1884 |
Uso atual: moradia |
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sem trilhos |
Data de construção do
prédio atual: 1884 |
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HISTORICO DA LINHA: A
linha foi construída em partes: pela Southern Brazilian Rio
Grande do Sul Railway Company Limited, sucessora de uma série
de concessões anteriores, a Bagé-Marítima, em
1884. De Cacequi a São Gabriel, em meados de 1896 e de São
Sebastião a Bagé, no final do mesmo ano, ambos pela
pela E. F. Porto Alegre-Uruguaiana. Em 1900, a união São
Sebastião-São Gabriel completaria o trecho Bagé-Rio
Grande. Era uma linha de grande utilidade pois transportava gado e
charque para o porto do Rio Grande, apesar de, no final do século
19, ter baixo movimento por causa dos altos preços do frete,
dos maus serviços e da interrupção do serviço
dos trens pela Revolução Federalista. Os trens de passageiros
partiam de Livramento, em outra linha, chegavam a Cacequi e dali até
Bagé. Em Bagé, havia que se trocar de trem para chegar
a Rio Grande. Uma série de variantes foi entregue entre 1968
e os anos 1980 - Pedras Altas, Três Estradas, Pedro Osório,
Pelotas - que encurtaram e melhoraram seu traçado, eliminando
diversas das estações originais. Até 1982 as
linhas ainda transportavam passageiros, quando o serviço foi
interrompido devido ao desabamento de uma ponte em Pedro Osorio; uma
nova linha foi construída logo depois. O transporte de passageiros
retornou algum tempo depois mas com trens mistos, que duraram até
meados dos anos 1990. |
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A ESTAÇÃO: A estação
de Cerro Chato foi inaugurada em 1884.
"Em Cerro Chato, os excursionistas somente passavam pela
estação e algumas vezes paravam para um almoço.
Eles não permaneciam muito tempo, pois a localidade não possuía atrativos.
Com a entrega da variante de Pedras Altas, em abril de 1968, a estação
ficou fora da nova linha. Hoje está ainda de pé, já
bastante descaraterizada e servindo aparentemente de moradia, junto
à estrada de terra que passa pelo leito da antiga linha retirada.
Quando foi construída a variante de Pedras Altas a estação
foi desativada. O acesso é complicado pois fica dentro de estâncias
e só conhecendo muito bem o proprietário é que se consegue alguma
coisa, pois ali há muito roubo de gado. Há um tempo atrás eu
seguidamente ia a uma estância nesta região (Serra do Erval).
Nos fundos desta estância ficava a antiga linha que, quando visitei,
já havia sido erradicada. Pedi para me mostrarem as estações, porém
me enrolaram e não me mostraram nada. Diziam que ficava longe, acesso
difícil etc. Posteriormente segui de carro pelo antigo leito da estrada
de ferro e cheguei até a estação do Cerro Chato. Para ter uma idéia
para chegar a essa estação, tive de abrir e fechar umas seis ou sete
porteiras, todas dentro das estâncias. O prédio ainda existe e está
meio mal conservado. No local, na época em que lá estive (1996), ali
funcionava um bolixo, espécie de armazém de campanha" (Alfredo
Rodrigues, 12/2005).
Porém, há acessos mais fáceis e livres por outros
caminhos, segundo informava Rita Fagonde em 2007.
(ver também CERRO CHATO-NOVA)
CERRO CHATO NO FINAL DO SÉCULO XIX - ESTRADA DE
FERRO Southern Brazilian Rio Grande do Sul GRANDE FESTA EM
BAGE No dia 25 do corrente DIA DE NATAL Haverá um trem de
excursão de 1ª classe para Bagé. Que partira do Rio Grande
as 7 h. de Pelotas as 8, 35 e chegara a Bagé as 5,25 [...]
Em Cerro-Chato haverá uma demora de meia hora para os Srs.
passageiros que quiserem almoçar. – No dia do Natal não haverá
nenhum outro trem alem d’este trem de excursão. Rio Grande,
15 de dezembro de 1885. Augusto Duprat, Director geral |
1885
AO LADO: A cidade
na época (Diário de Pelotas, 16/12/1885, p. 3). |
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1893
AO LADO: Federalistas atacam a estação de Rio Negro, que foi aasaltada; a situação está ruim em outras estações da região também (A Provincia de S. Paulo, 22/6/1893). |
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1893
AO LADO: A estação de Basilio durante a revolução gaúcha - CLIQUE SOBRE O TEXTO PARA VER TODA A REPORTAGEM (O Estado de S. Paulo, 19/7/1893). |
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1923
AO LADO: Fechamento da linha na revolução
de 1923 (O Estado
de S. Paulo, 14/6/1923).
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1923
AO LADO: Fechamento
da linha na revolução de 1923
(O
Estado de S. Paulo,
15/6/1923).
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Dirceu Gonçalves,
Engenheiro Civil, formado pela Escola Politécnica da Universidade
de São Paulo, turma de 1951, era meu pai. Recém casado, no início
de 1957 enveredou-se junto com minha jovem mãe e eu com apenas
3 anos a tiracolo para um lugar bem diferente, para não dizer
estranho, bem lá no sul do Rio Grande do Sul, uma região chamada
Cerro Chato, objetivando concluir a construção de "uma estrada
de ferro". Contava-me ele, e disso me lembro bem, de que os
homens andavam armados, com "revólver na cinta", costume da
região. Em Santos, minha avó materna recebia cartas chorosas
de saudades e perplexidade escritas por minha mãe. Quando saímos
de Santos, meu irmão Paulo tinha nada mais que 6 meses e em
decorrência das distâncias a serem percorridas e o tempo gasto
até chegarmos em Pelotas e depois nos assentarmos na vila dos
operários, meus pais acharam melhor deixar meu irmão aos cuidados
de minha avó materna. Eu, meu pai e minha mãe moramos por um
curto período na estação de Cerro Chato. Ainda, recordo-me de
algumas passagens: o piso cimentado recém acabado, morno, escorpiões
sobre a plataforma. Aranhas não faltavam. Antes de calçar as
botas, meu pai as sacudia e às vezes saía de dentro delas um
escorpião. Minha mãe acostumada com o calor de Santos e dos
banhos de mar nas praias, fazia um esforço enorme para habituar-se
com a frio dos pampas e esquecer o apartamento frente ao mar.
Os caminhões Chevrolet, carrocerias de madeira e lataria pintada
de cor bem escura, motor a gasolina, utilizados para a construção
da ferrovia, durante o inverno tinham enorme dificuldade para
ligar de manhã cedinho. Havia necessidade de retirar a água
do radiador e do motor no final do expediente para que de manhã
cedo aquela água não congelasse dentro do motor. Meu pai preferia
as carroças com mulas e cavalos para o transporte de cargas
a serviço da ferrovia. Certa vez numa feira em Pelotas, quando
comprou 1 cavalo para utilizar na ferrovia, o proprietário chorou
ao se despedir do cavalo. Minha mãe, não acostumada com o frio,
chorava copiosamente quando esquecia as roupas no tanque, pois
as placas de gelo demoravam para descongelar. As peças de roupas
úmidas ficavam " duras" de gelo. Certa vez quando voltávamos
para a vila, meu pai se perdeu, pois a estrada de terra mesclava-se
com o pasto. Da preocupação dele em achar o caminho a tempo
antes que a noite caísse. Lembro-me da construção de um túnel.
A mulher do capataz às vezes levava-me para passear e
um dia deixou-me sozinho não mais que alguns minutos, sentado
dentro de uma escavadeira de esteiras, estacionada bem próxima
a entrada do túnel. Chorei muito, tive medo ao ver aquele monstro
de aço. Lembro-me do cachorro da raça Collie, das ovelhas, dos
pastos, do céu azul e das chuvas fortes. Das mulheres e homens
trajando roupas diferentes daquelas de Santos. Do chimarrão
quente e amargo. Minha mãe foi bem acolhida pela esposa e filhas
de um fazendeiro da região. Com elas passava o tempo costurando
e contando histórias e costumes de São Paulo e Santos. Lembro-me
das aves grandes, de pescoço comprido, soltas nos campos, avestruzes
ou emas. Das ovelhas e dos cães pastores que as conduziam ao
cercado. Essa era o Erval que conheci. Talvez aquela tenha sido
minha primeira moradia fora de casa. Lembro-me que para chegarmos
lá, saíamos de carro de Santos e íamos até o aeroporto de Congonhas.
Lá, pegávamos um avião da Panair ou da Varig, não me
lembro ao certo, um Douglas DC3 ou um C47, dois motores a gasolina
barulhentos e descíamos em Porto Alegre após várias horas de
vôo e paradas ao longo do percurso. Uma vida alegre, selvagem,
bonita. Povo acolhedor e sincero. Parte do que aqui narrei foi
contado por minha mãe, hoje com 78 anos |
anos
1950
AO LADO:
Como era a vida em Cerro Chato (Dirceu Gonçalves Filho, novembro
de 2008).
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ACIMA: Acidente em Cerro Chato, sem maiores
detalhes de data (desconhecida) e do que o causou (Acervo Alfredo Rodrigues).
ACIMA: (esquerda) Hotel próximo à estação,
onde também funcionava um restaurante e onde também aconteciam bailes
de carnaval na época de juventude do meu pai, hoje com 70 anos. (direita) prédio onde funcionava um gerador de energia que era
fornecida ao hotel e à estação (Fotos Rita Fagonde, 02/2009).
(Fontes: Alfredo Rodrigues; Itabajara
da Silva Vaz; Rita Fagonde; Dirceu Gonçalves Filho; Revista Refesa,
maio-jun 1968; Dalila Müller e Dalila Rosa Hallal: Viagens de Recreio:
as excursões em Pelotas no século XIX, 2008; Diário de Pelotas, 1885;
IPHAE: Patrimônio Ferroviário do Rio Grande do Sul, 2002;
Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil,
1960; Guias Levi, 1940-81; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht)
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A estação em 1996. Foto Alfredo Rodrigues |
A estação de Cerro Chato, c. 2002. Foto do livro
Patrimônio Ferroviário do Rio Grande do Sul,
IPHAE, p. 146 |
A estação em 04/2007. Foto Itabajara da Silva
Vaz |
A estação em 04/2007. Foto Itabajara da Silva
Vaz |
A estação em 04/2007. Foto Itabajara da Silva
Vaz |
A estação em 02/2009. Foto Rita Fagonde |
A estação wm 12/2012, com parte do telhado caído. Foto Victor Hugo Langaro |
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Atualização:
16.01.2023
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