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César de Souza
Sabaúna
Luiz Carlos
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ram. S. Paulo EFCB-1950
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ESTIVE NO LOCAL: SIM
ESTIVE NA ESTAÇÃO: SIM
ÚLTIMA VEZ: 2005
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E. F. Central do
Brasil (1893-1975)
RFFSA (1975-1996) |
SABAÚNA
Município de Mogi das Cruzes, SP |
Ramal de São Paulo - km
437,531 (1928) |
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SP-2404 |
Altitude: 661,980 m |
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Inauguração: 01.01.1893 |
Uso atual: espaço cultural e sede da
ANPF (2018) |
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com trilhos |
Data de construção do
prédio atual: 1932 |
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HISTORICO DA LINHA: Em
1869, foi constituída por fazendeiros do Vale do Paraíba a E. F. do
Norte (ou E. F. São Paulo-Rio), que abriu o primeiro trecho, saindo
da linha da SPR no Brás, em São Paulo, e chegando até a Penha. Em
12/05/1877, chegou a Cachoeira (Paulista), onde, com bitola métrica,
encontrou-se com a E. F. Dom Pedro II, que vinha do Rio de Janeiro
e pertencia ao Governo Imperial, constituída em 1855 e com o ramal,
que saía do tronco em Barra do Piraí, Província do Rio, atingindo
Cachoeira no terminal navegável dois anos antes e com bitola larga
(1,60m). A inauguração oficial do encontro entre as duas ferrovias
se deu em 8/7/1877, com festas. As cidades da linha se desenvolveram,
e as que eram prósperas e ficaram fora dela viraram as "Cidades Mortas"...
O custo da baldeação em Cachoeira era alto, onerando os fretes e foi
uma das causas da decadência da produção de café no Vale do Paraíba.
Em 1889, com a queda do Império, a E. F. D. Pedro II passou a se chamar
E. F. Central do Brasil, que, em 1896, incorporou a já falida
E. F. do Norte, com o propósito de alargar a bitola e unificar as
2 linhas. O primeiro trecho ficou pronto em 1901 (Cacheoira-Taubaté)
e o trecho todo em 1908. Em 1957 a Central foi incorporada pela RFFSA.
O trecho entre Mogi e São José dos Campos foi abandonado no fim dos
anos 1980, pois a construção da variante do Parateí, mais ao norte,
foi aos poucos provando ser mais eficiente. Em 31 de outubro de 1998,
o transporte de passageiros entre o Rio e São Paulo foi desativado,
com o fim do Trem de Prata, mesmo ano em que a MRS passou a ser a
concessionária da linha. O transporte de subúrbios, existente desde
1914 no ramal, continua hoje entre o Brás e Estudantes, em Mogi e
no trecho D. Pedro II-Japeri, no RJ. |
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A ESTAÇÃO: A estação
de Sabaúna foi aberta em 1893. Por muitos anos, foi
uma pequena estação de madeira.
"Na foto abaixo, de 1902, aparece Roberto Fernandes Lopes,
sentado à esquerda, chefe da estação de Sabaúna na época. Trabalhou
mais de 40 anos na Central. Atrás, um garotinho de 8 anos, de branco
e de chapéu, Cordovil Fernandes Lopes, com essa idade já conhecia
o aparelho Morse. Ao completar 14 anos, em 1908, ingressou na SPR
em Santos como telegrafista. Trabalhou por 47 anos na ferrovia, aposentando
como chefe da seção de exportação da EFSJ em Santos. Foi o primeiro
presidente da Beneficência Portuguesa em Santos, diretor durante 15
anos da Santa Casa de Santos, trabalhador incansável do Educandário
Anália Franco em Santos, entre outras várias atividades na cidade.
Um de seus filhos, nascido em Santos, Silvio Fernandes
Lopes, foi duas vezes prefeito de Santos"
(Wilson de Santis Jr., 2006).
Em 1932, foi construído o prédio atual, aberto em 1932 (no caixa abaixo, ver-se-á que o novo prédio foi inaugurado já em maio deste ano);
no meio da revolução de 1932, soldados se escondiam
dentro das paredes ainda inacabadas do prédio em construção (será verdade. haja visto o que o artigo, da época, dez sobre a abertura do prédio?).
O prédio de madeira que existia desde os primórdios
da estação e que na verdade era um vagão de madeira
adaptado seguidas vezes - segundo moradores mais antigos, ele teria
ficado de ambos os lados dos trilhos, dependendo da época;
inicialmente, estava do outro lado em relação à
estação atual e um pouco além de onde hoje está
a casa do chefe da estação - foi então transportado
para o outro lado da linha, a 50 m da nova estação,
e passou a servir de residência para funcionários, até
os anos 1960, quando foi abandonado e aos poucos foi apodrecendo,
desaparecendo, provavelmente após um incêndio, nos anos
1970.
Foi na plataforma da estação de Sabaúna
que, em 1954, se deu o famoso assalto ao Trem Pagador, tão
noticiado pela imprensa na época. Em 1986, o último
trem de passageiros (o chamado mistinho, que fazia a linha
Mogi das Cruzes-São José dos Campos) passou por
ali, numa estação que apenas servia como plataforma
- o prédio funcionava então desde os anos 1960 como
arquivo da RFFSA.
"Minha família foi uma das principais famílias
fundadoras de Sabaúna. Eles vieram de Andalucia, Espanha, direto
para lá, a fazenda de minha família ainda está
lá, é cuidada por uma prima e parte da família.
Foi o primeiro lugar que possuiu energia elétrica em Sabaúna
e creio eu, em toda a região de Mogi das Cruzes, pois meu bisavô
comprou a fazenda principalmente porque tinha riacho, assim ele importou
um turbina geradora de energia da Siemens da Alemanha na época
e foi um pioneiro, além de um grande empreendedor. Assim a
fazenda dos Jimenez, ou Gimenes, em Sabaúna, foi o primeiro
local com energia elétrica em Mogi. A turbina não existe
mais, talvez algumas peças, mas a casa de máquinas ainda
está lá. O cemitério de Sabaúna inclusive,
possui terreno doado por meu bisavô Don Jose Jimenez Vallejo"
(Rogerio Gimenes, 02/2005).
O sr. Luiz Carlos, da mesma família, no entanto contesta
algumas das afirmações de Rogério: "O
nome de meu avô paterno é Antonio Jimenez Vallejo e não Don
Jose Jimenez Vallejo, nascido em Itrigo na Espanha e que se radicou
em Sabaúna após o falecimento de seu pai na Espanha, motivo de sua
vinda para o Brasil, com a mãe e duas irmãs. Em Sabaúna, núcleo de
imigrantes espanhóis, conheceu minha avó Rosa Lopes Prado, com quem
teve 12 filhos, dos quais ainda mora na mesma casa construída por
meu avô a filha Irene Jimenez Lopes. Sabaúna foi, segundo meu pai,
um núcleo importante de agricultura nas décadas de 1920/30. Posteriormente,
com o Governo Vargas e a crise do café em todo o Vale do Paraíba,
as pequenas cidades foram perdendo importância e se inviabilizaram
economicamente, resultando suas atividades em pequenas criações de
gado leiteiro, que com o passar dos anos se tornaram ainda mais esparsas.
De fato, o primeiro lugar no bairro a ter energia elétrica por turbina
foi a casa de meu avô, e o terreno do Cemitério foi doado por ele,
mas não há informação de que tivesse sido o primeiro lugar com energia
elétrica em Mogi das Cruzes, como também não há informação de que
a turbina seria da marca Siemens, pois ela ainda está lá desativada
e datada do início do século passado e não dispõe se marca visível"
(Luiz Carlos Sanchez Jimenez, julho de 2008).
A estação fechou de vez em 1989. A partir daí,
o prédio foi evacuado e a estação caiu no abandono,
iniciando-se um lento processo de depredação.
Em 1990, uma família ocupou o prédio vazio e nele permaneceu
até maio de 2003, repartindo o espaço com uma ONG. A
comunidade de Sabaúna acabou retomando a estação.
Em novembro de 2001, foi anunciada em Sabaúna,
que se tornou sede da Associação Nacional de Preservação
Ferroviária, a provável instalação de
um trem turístico ligando Mogi das Cruzes à
estação de São Silvestre,
em Jacareí, pela ANPF.
A linha abandonada por anos coberta de mato foi limpa pela Prefeitura
de Mogi das Cruzes inicialmente e em seguida pela MRS,
pois na linha passaram a correr, diariamente e a partir do início
de 2003, trens da Votocel, situada junto à estação
de São Silvestre, em Jacareí.
Existem ainda várias casas ainda da vila ferroviária
original, geralmente habitadas. A estação foi limpa
e restaurada externamente; dentro, ainda precisa de pintura e reformas,
mas já em 2005 era utilizada eventualmente como espaço
para eventos e exposições. Em agosto de 2006, a ANPF
reinstalou os desvios que um dia existiram no pátio da estação
para estacionar seu material rodante.
Em 2008, um "trem de Natal" partiu da Luz para Sabaúna
num domingo de manhã. Em 2018, nenhum trem turistico ainda funcionava por aqui; apenas passam os cargueiros de e para a Votorantim em São Silvestre.
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1888
AO LADO: A fundação do bairro? (A Provincia de S. Paulo, 15/12/1891).
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1891
AO LADO: O bairro já existia e pedia uma parada ali (O Estado de S. Paulo, 2/8/1891).
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1892-3
AO LADO: Anuncio da inauguração da estação de Sabaúna para o dia 1° de janeiro de 1893 - infelizmente com defeito no texto (O Estado de S. Paulo, 27/12/1892).
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1895
AO LADO: Acidente em Sabaúna em 1ª de novembro (O Estado de S. Paulo, 2/11/1892).
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1895
AO LADO: Os médicos do acidente afrimam, sobre o acidente de 1º de novembro, que não pediram que se pagasse antecipadamente pelo tratamento do ferido (O Estado de S. Paulo, 27/12/1892).
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1898
AO LADO: Aumento de tarifas na Central do Brasil causa colapso em Sabaúna - CLIQUE SOBRE A FIGURA PARA LER TODA A REPORTAGEM (O Estado de S. Paulo, 20/1/1898).
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1898
AO LADO: Descarrilamento em Sabaúna atrasa o trem para São Paulo (O Estado de S. Paulo, 6/5/1898). |
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1900
AO LADO: Problemas no correio na estação de Sabaúna (O Estado de S. Paulo, 02/02/1900). |
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1900
AO LADO: Mercadorias na estação de Sabaúna - CLIQUE SOBRE O TEXTO PARA LÊ-LO INTEIRO (O Estado de S. Paulo, 02/04/1900). |
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1900
AO LADO: Comentários sobre irregularidades na estação de Sabauna - CLIQUE SOBRE O TEXTO PARA LÊ-LO INTEIRO (O Estado de S. Paulo, 16/06/1900). |
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1900
AO LADO: Mais dados de Sbaúa e de sua estação em 1900 - CLIQUE SOBRE O TEXTO PARA LÊ-LO INTEIRO (O Estado de S. Paulo, 23/07/1900). |
1910
- Um artigo publicado no jornal O Estado de S.
Paulo em 3/6/1910 conta que a colônia de Sabaúna
foi fundada em 1889 pelo Governo Imperial. Sua população
era de 1400 habitantes nessa época, a maioria de origem
espanhola, "antigos trabalhadores ruraes de fazendas
de café e, hoje, legitimos proprietários dos
respectivos lotes". Plantava-se ali batatinhas, batatas
doces, repolhos, pimentões, limões, milho, feijão,
tremoço, grão de bico e produtos de avicultura.
Havia duas escolas públicas com 80 alunos. O problema
era que os terrenos eram pouco propícios ao uso de
máquinas agrícolas: tudo tinha de ser "no
braço", o que encarecia a produção.
Citava o lote do Sr. José Alabarce Ximenes, que veio
de uma fazenda de café no Estado do Rio e hoje tinha
"varios lotes e uma fazendinha", mais de 180 hectares
de terrenos onde plantava e tinha uma "bem instalada
destilaria".
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TRENS
- De acordo com os guias de horários, os trens de
passageiros pararam nesta estação de 1893 a 1984.
Alguns horários registrados (1964): 8:24 (SP-2), de S.
Paulo; 18:41 (SP-72), SP-Cruzeiro; 9:12 (DP-72*) e 13:32 (DP-74*);
3:15 (MP-74), SP-Barra do Piraí. No sentido inverso:
17:30 (SP-1), do Rio; 10:07 (SP-51), de Cruzeiro e 19:48 (MP-41),
de Barra do Piraí; 11:23 (DP-71*) e 16:27 (DP-73*). *automotrizes
S. J. Campos-SP. |
1911
AO LADO: Desastre entre dois trens noturnos em Sabaúna
em 1911 (O Estado de S. Paulo, 12/10/1911).
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"Há rampas pesadas entre Sabaúna e a
estação de Cesar de Sousa, já em Mogi das Cruzes. Havia uma
locomotiva a vapor,uma 'Camelo' que ficava de plantão na estação
de Sabaúna para auxiliar os cargueiros que vinham do Vale
do Paraíba. Ela era adicionada no final das composições e
auxiliava os cargueiros a vencerem as rampas e chegarem em
Cezar de Souza. Após terminada essa operação,ela retornava
para Sabaúna" (Leonardo Lahuerta,
12/2015).
1915
AO LADO: Problemas com o correio em Sabaúna em
1915 (O Estado de S. Paulo, 14/7/1915).
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1925
AO LADO: Descarrilamento
em Sabaúna (O Estado de S. Paulo, 24/6/1925).
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1926
AO LADO: Descarrilamento
próximo à estação de Sabaúna
(O Estado de S. Paulo, 27/4/1926).
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1927
AO LADO: Outro descarrilamento
próximo à estação (O Estado de
S. Paulo, 23/2/1927).
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1927
AO LADO: Descarrilamento próximo à estação
de Sabaúna (O Estado de S. Paulo, 16/8/1927).
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1932
AO LADO: O novo prédio ficou pronto (O Estado de S. Paulo,
6/5/1932). |
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1932 - AO LADO: Problemas com passagem de nivel em Sabaúna (O Estado de S. Paulo,
29/6/1932).
1933
AO LADO: Irregularidades na estação (O Estado de S. Paulo,
10/2/1933). |
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1938
AO LADO: Acidente ferroviário próximo à
estação de Sabaúna (O Estado de S. Paulo,
1/12/1938).
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1939
AO LADO: Outro acidente (O Estado de S. Paulo, 24/2/1939).
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ACIMA: CLIQUE SOBRE A FOTO PARA VER EM TAMANHO MAIOR - Acidente do trem Santa Cruz em Sabaúna em 1950 (A Gazeta, 10/10/1950).
ACIMA: O famoso assalto ao trem pagador em Sabaúna em 1954.
ACIMA: O famoso assalto ao trem pagador em Sabaúna em 1954 (Manchete, ed. 113, 1954).
2009
ACIMA: Casas de turma em Sabaúna, em janeiro de 2009 (Fotos
Felipe Marques).
2012
ACIMA: Estação (no canto direito inferior) e bairro
de Sabaúna em 2012. São Paulo está à direita
(Foto Diário de Mogi, 5/8/2012).
(Fontes: Ralph M. Giesbrecht, pesquisa local;
Fernando Marietan; Fábio Barbosa; Cleide Maria Nogueira Soares;
Adriano Martins; Marco Giffoni; Felipe Marques; Rogério Gimenez;
Luiz Carlos Sanchez Jimenez; Wilson de Santis Jr.; Carlos R. Almeida;
Folha da Manhã, 1954; Diário de Mogi, 2012; Max Vasconcellos:
Vias Brasileiras de Communicação, 1928; O Estado de
S. Paulo, 1910, 1915, 1925, 1926, 1927, 1938 e 1939; Revista Ferrovia,
1955; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht) |
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A estação de Sabaúna original, de madeira,
aparece atrás do chefe da estação e provavelmente
sua familia, em 1902 (veja texto). Foto Revista Ferrovia, 1955,
acervo Wilson de Santis Jr |
A "Baronesa" em Sabaúna, em 1954. Foto cedida
por Fábio Barbosa |
A "Velha Senhora" sendo abastecida em viagem turística
por volta de 1983, abastecendo na caixa d'água da estação
de Sabaúna. Foto Carlos R. Almeida |
Estação, em 28/10/2000. Foto Ralph M. Giesbrecht |
Estação, em 28/10/2000. Foto Ralph M. Giesbrecht |
A caixa d'água, em 09/2002. Foto Adriano Martins |
A estação, em 09/2002. Foto Adriano Martins |
A estação de Sabaúna renasce, em 19/06/2003,
dia da limpeza do prédio, já com os trilhos em
uso e a aproximação do trem cargueiro que vem
da Votorantim. Foto Marco Giffoni |
Face lateral leste da estação, em 02/01/2005.
Foto Ralph M. Giesbrecht |
A estação em 01/2009. Foto Felipe Marques |
A estação de Sabaúna em 2/7/2011. Foto
Julio Florez |
A estação de Sabaúna em 14/9/2014. Foto
Fernando Marietan |
A estação em 14/9/2017. Foto Fernando Marietan |
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Atualização:
27.11.2021
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