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VXY Mogiana em MG
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Guajuvira
Salles Oliveira
Orlândia
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ramal de Igarapava-1935

IBGE-1960
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ESTIVE NO LOCAL: SIM
ESTIVE NA ESTAÇÃO: SIM
ÚLTIMA VEZ: 1999
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Cia. Mogiana de Estradas de Ferro (1900-1971)
FEPASA (1971-1979)
SALLES OLIVEIRA
Município de Salles Oliveira, SP
Ramal de Igarapava - km 48,648   SP-2822
Altitude: 715 m   Inauguração: 03.07.1900
Uso atual: secretaria da cultura do município e outros órgãos (2017)   sem trilhos
Data de construção do prédio atual: 1900
 
 
HISTORICO DA LINHA: O ramal de Igarapava foi aberto em seu primeiro trecho, em 1899, até Jardinópolis, a partir do local em que seria construída a estação de Entroncamento, um ano depois. Em 1905, chegou a Igarapava, então ainda Santa Rita do Paraizo. Em 1914, atingiria a linha do Catalão, já em Minas Gerais, pouco antes de Uberaba. O ramal atravessava as melhore terras de café do norte do Estado. Em fevereiro de 1979 foi fechado para cargas, e em 10/05/1979 para os trens de passageiros, e substituído pela variante Entroncamento-Amoroso Costa, que correria mais a oeste da linha velha e se tornaria então a continuação do tronco retificado da ex-Mogiana. Os trilhos foram retirados por volta de 1986, sobrando apenas as velhas estações, abandonadas ou com outras funções.
 
A ESTAÇÃO: Em terras vendidas por 300 mil réis pelo lavrador José Pereira Lima, no município de Nuporanga, herdadas de Isaac Pereira Lima, na fazenda Pindaíbas, entre as estacas 2.416 e 2.551 do ramal de Santa Rita do Paraíso, a Mogiana construiu a estação e colocou os trilhos e desvios.

Antes mesmo da inauguração, já havia se definido o nome da estação como sendo Salles Oliveira, homenagem a Francisco Salles Oliveira Júnior, morto em 23/09/1899 e pai de Armando Salles Oliveira, Governador do Estado nos anos 1930 e também Presidente da Cia. Mogiana (veja caixa abaixo, de 1900).

Conta-se também que a população do povoado preferia o nome de Santa Rita, e então designaram para ela o nome de Santa Rita de Salles, enquanto a estação manteria o nome que a Mogiana havia dado. Em pouco tempo, o nome da estação matou o nome do povoado.

A foto do álbum da Mogiana, publicado por volta de 1910, mostraria a estação no dia de sua inauguração, em 1900: lá aparecem trinta e duas pessoas, entre elas o primeiro chefe da estação, Conrado Breternitz. (dados de acordo com o livro "Notícias da Cidade de Sales Oliveira", de Adriano Campanhole, 1991).

Foi ponta de linha do ramal até um ano e meio depois, quando a estação de Orlândia foi aberta.

Já em 1908 a estação era ampliada. Pouco anos mais tarde, Salles Oliveira desmembrou-se de Nuporanga, que ainda tentou fazer sair uma linha de bondes a vapor da estação, e anos mais tarde, uma linha a tração elétrica de Orlândia, duas tentativas que não tiveram êxito. (Crônica de Outrora, A. de Almeida Prado, 1963).

"(...) Então, a coisa era assim: por trem, fagulhas; por estrada, lama e poeira. Num caso e noutro, o uniforme galhardo para enfrentar essas adversidades tecno-naturais era o guarda-pó. E foi trajando um deles que realizei, menino, com minha mãe, em 1949, a viagem com que sonhava e que, com certeza, nela me sonho para sempre menino. Fui de Sales Oliveira a São Paulo, trocando de comboio e de Companhia em Campinas - da Mogiana para a Paulista -, assistindo nas estações-triângulo às longas permanências da composição para abastecimento de lenha para as locomotivas, esperando entediado no entroncamento da infância impaciente os cruzamentos de outros trens a seguir em direção oposta à do desejo de chegar rápido, de aportar logo em São Paulo, na Estação da Luz, na luminosidade feérica da grande metrópole, tornada ainda maior na fantasia assustada do menino do interior.

A viagem durou 14 horas para um percurso de cerca de 400 Km, numa média de velocidade de 28 Km por hora. Em 1955, um ano depois das comemorações do 4º centenário da cidade, viajei com meu pai para São Paulo, novamente. A viagem durou cerca de 12 horas. Outras vezes, já morando na capital, para cursar o 3º ano do colegial no Roosevelt, da rua São Joaquim, na Liberdade, e depois a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, da USP, fiz a mesma viagem em períodos de tempo progressiva e lentamente menores, até que o uso do trem fosse definitivamente substituído pelos ônibus da Cometa, partindo de Ribeirão Preto e rodando em tempo curtíssimo pela rodovia Anhangüera asfaltada: 5 horas (...)
(Carlos Vogt, Transportação, 2003/2004).

Em 9 de maio de 1979, o último trem de passageiros passou por Salles Oliveira: no dia seguinte, eles já estavam correndo pelo novo trecho, a oeste da cidade, na chamada variante Entroncamento-Amoroso Costa.

Os trilhos foram retirados da região entre 1984 e 1986 e neste ano foi inaugurada na cidade a avenida Mogiana, que passou a correr pelo leito da antiga linha. O prédio da estação fica hoje no centro da cidade, servindo de sede para a Secretaria da Cultura do município, para a Associação Comercial, o Rotary e outras entidades.

CLIQUE AQUI PARA VISUALIZAR A ESTAÇÃO VISTA DO SATELITE
(gentileza Francisco Rezende)

1899
AO LADO:
Morte de Francisco Salles de Oliveira em 1899 (O Estado de S. Paulo, 28/9/1899).

1900
AO LADO:
O bairro de Salles Oliveira pede que a estação seja aberta antes da próxima safra (O Estado de S. Paulo, 29/01/1900).

1900
AO LADO:
O bairro de Salles Oliveira pede uma estrada para a sede do município (Nuporanga) estação seja aberta antes da próxima safra (O Estado de S. Paulo, 14/02/1900).

1900
AO LADO:
A estrada pedida em fevereiro já está sendo aberta (O Estado de S. Paulo, 01/04/1900).

1900
Críticas ao atraso da inauguração da estação (O Estado de S. Paulo, 02/07/1900)

1900
A inauguração da estação (O Estado de S. Paulo, 02/07/1900)


ACIMA: Esquema do pátio de Salles Oliveira em novembro de 1968 (Clique sobre a figura para ter maiores informações) (Acervo Museu da Companhia Paulista, Jundiaí, SP - Reprodução Caio Bourg).

(Fontes: Ralph M. Giesbrecht, pesquisa local; Caio Bourg; Museu da Cia. Paulista, Jundiaí, SP; A. de Almeida Prado: Crônica de Outrora, 1963; Adriano Campanhole: Notícias da Cidade de Sales Oliveira, 1991; Carlos Vogt: Transportação, 2003/2004; Cia. Mogiana: Relatórios anuais,1890-1969; Cia. Mogiana: Album, 1910; Diário da Manhã, Ribeirão Preto, 10/05/1979; Mapa: acervo R. M. Giesbrecht)
     

A estação no dia de sua inauguração, segundo o historiador Campagnole. Foto do Álbum da Mogiana

Fachada da antiga estação, em 29/01/2000. Foto Ralph M. Giesbrecht

A antiga estação, em 29/01/2000. Foto Ralph M. Giesbrecht
     
     
Atualização: 23.11.2021
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.