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Q R S T U
VXY Mogiana em MG
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Pirelli
Santo André
Prefeito Saladino
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SPR-1935
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ESTIVE NO LOCAL: SIM
ESTIVE NA ESTAÇÃO: SIM
ÚLTIMA VEZ: 2010

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São Paulo Railway (1867-1946)
E. F. Santos-Jundiaí (1946-1975)
RFFSA (1975-1992)
CPTM (1992-)
SANTO ANDRÉ
(antiga SÃO BERNARDO)
Município de Santo André, SP
Linha-tronco - km 53,109 (1935)   SP-2084
Altitude: 743,650 m   Inauguração: 16.02.1867
Uso atual: estação de trens metropolitanos   com trilhos
Data de construção do prédio atual: 1979
 
 
HISTORICO DA LINHA: A São Paulo Railway - SPR ou popularmente "Ingleza" - foi a primeira estrada de ferro construída em solo paulista. Construída entre 1862 e 1867 por investidores ingleses, tinha inicialmente como um de seus maiores acionistas o Barão de Mauá. Ligando Jundiaí a Santos, transportou durante muito anos - até a década de 30, quando a Sorocabana abriu a Mairinque-Santos - o café e outras mercadorias, além de passageiros de forma monopolística do interior para o porto, sendo um verdadeiro funil que atravessava a cidade de São Paulo de norte a sul. Em 1946, com o final da concessão governamental, passou a pertencer à União sob o nome de E. F. Santos-Jundiaí (EFSJ). O nome pegou e é usado até hoje, embora nos anos 1970 tenha passado a pertencer à RFFSA, e, em 1997, tenha sido entregue à concessionária MRS, que hoje a controla. O tráfego de passageiros de longa distância terminou em 1997, mas o transporte entre Jundiaí e Paranapiacaba continua até hoje com as TUES dos trens metropolitanos.
 
A ESTAÇÃO: A construção da estação foi basicamente o início da colonização do atual município de Santo André. Tinha o nome de São Bernardo, pois era um local desabitado, sendo a estação mais próxima do centro da freguesia de São Bernardo, na época, pertencente ao município de São Paulo. Em 1865, o pequeno edifício "está acabado, mas em máo estado, e não boa construcção, visto que por tal se não póde considerar a de páo a pique" (Relatório para o Presidente do Estado, 1867).

Aos poucos foi-se formando o núcleo em volta da estação.

A estação original foi reconstruída a partir de 1883 (ver caixa abaixo, de 1883)

O distrito, já com o nome de Santo André, foi criado em 1910, e em 1938 foi elevado a município. (Fonte: Antecedentes Históricos do ABC Paulista, Wanderley dos Santos, 1992).

A estação, no entanto, continuou com o nome de São Bernardo até 20 de agosto de 1934 (VER CAIXAS ABAIXO).

Entre 1923 (ver caixas abaixo) e 1932, funcionou ali a E. F. São Bernardo, com uma linha de bondes que levava o centro de São Bernardo até a estação.

Aos poucos, a estação foi sendo transformada cada vez mais em estação de trens metropolitanos, com o crescimento da área metropolitana de São Paulo. "Pela estação passava "o 'Cometa', com seu característico barulho do motor e buzina. O expresso de nove vagões de madeira puxados por uma 'Pimentinha'. A estação de Santo André, no lado do 'Nosso Bar', sentido São Paulo, com duas plataformas. Uma rebaixada, onde paravam os expressos e Cometas, a outra, para os trens de subúrbios, com uma extensão de madeira, para acomodar a composição que fazia terminal em Santo André" (Wilson Lussari, 19/11/2004).

"A estação de Santo André ainda possuía (no ano de 1965) aquele formato das estações pioneiras da SPR, com a porteira de madeira para os carros e a passarela metálica, importada da Inglaterra e ainda presente hoje em algumas
estações antigas como a de Caieiras e Cubatão. Eu gostava muito de atravessar a linha por aquela passarela! O piso era de cimento queimado mas a estrutura era toda de ferro, com muitos elementos decorativos e pintada de zarcão bem escuro. No topo existia um arco com uma lâmpada incandescente comum, de luz amarelada, que iluminava mais ou menos o caminho. Em Santo André, até o início dos anos setenta, garoava e nublava bastante. Por isso, no início da noite e no topo daquela passarela, observando o movimento da estação naquele clima úmido, eu me sentia em Londres ou em qualquer outra cidade da Inglaterra
" (Edmilson Cinquini, 02/2008).

Em 1975, o movimento da estação foi de 6.780.434 passageiros, sendo que, destes, 6.491.971 (95%) eram de trens de subúrbio.

Em 1977, a estação velha foi demolida. A construção da estação nova havia sido iniciada em 1972 pela RFFSA e a entrega estava prevista para 1977. Foi um projeto da ENGERAL e o custo previsto, DE cR$ 11.520.000,00 (moeda da época).

Em 6/3/1979, foi inaugurada a estação nova (Revista Ferrovia no.65, 1979). Aparentemente, a estação nova já estava funcionando desde 1977, quando a velha foi demolida. Ou houve uma estação provisória nesse período.

Em 1982, o bar que sobrou da antiga estação, preservado, estava ameaçado de demolição para que se colocasse a quarta linha e prolongar sua plataforma (Rev. Ferrovia, no. 83, de 1982). O bar acabou sendo definitivamente preservado como "Casa do Ferroviário" (O Estado de S. Paulo, 29/3/84).

Em 1992, a estação passou a atender os trens da CPTM. Em 1996, deixou de atender aos trens de passageiros para Santos, desativados que estes foram.

Em 20/12/2002 foi colocado na estação o nome de Celso Daniel, prefeito assassinado alguns meses antes. Há até uma placa no local com os dizeres, mas nem a CPTM usa o nome.

"Nasci na cidade de Santo André, SP, praticamente à beira da SPR, a famosa Santos a Jundiaí, nome da estrada de ferro que liga São Paulo ao litoral. Em minha época de criança, quando o expresso subia a serra, partindo de Santos, eu vibrava ao ver os vagões especiais ainda de madeira. A maravilha rodante era puxada pela saudosa "Pimentinha", a locomotiva elétrica. Para mim, um monstro sagrado, de charuto e tudo. Só não soltava fumaça... Na passagem de nível, com porteira, guarda e sinaleira, era meu ponto de observação. Dali, antes que o trem parasse, eu via os passageiros olharem a cidade, como se fossem seres divinos. Eu criança, pensava, um dia vou subir neste trem e ser como eles. Nem bem parava o expresso, o chefe da estação já batia o sino, para que a porteira se abrisse, porque carros e pessoas tinham pressa e compromissos. E eu, menino, via o trem de meus sonhos seguir viagem, na direção da capital. Esta antiga estação hoje é inexistente. E a atual, da década de 1970, só para subúrbio espanhol da CPTM, nome moderno, mas, nem de longe, pomposo como a saudosa São Paulo Railway (SPR). De quando em quando, cansado das aulas de francês e latim oferecidas pelo Instituto Estadual Américo Brasiliense, eu fugia para, escondido, viajar até a estação da Luz. Uma odisséia. O gostoso era passar pelas estações de Utinga, São Caetano, Ipiranga, Mooca sem parar. O bichão só tomava fôlego no Brás. Ali, eu buscava uma greta qualquer para, entre um vagão e outro, sem o chefe perceber, espiar o expresso que vinha do Rio. Esperança de menino, imagens da infância. Assentado à janela da "Inglesa", lia a inscrição "SPR", nome mágico que fez São Paulo deslanchar. Ao picador de bilhetes, com boné e apito no bolso, o passageiro mirim, desassombrado, apresentava com orgulho a passagem. E, todo garboso, descia na plataforma da Luz, para de bonde, passear por toda São Paulo, antes de voltar para casa. De expresso, é claro. Tempo bom, que saudade! Hoje, na histórica Santo André tudo é muito diferente. Os anos se passaram e quando volto à cidade para rever a mãe e irmãs, ainda solteiras, procuro pela história da ferrovia percebo que as imagens da década de 1960, agora, só existem em livros de biblioteca ou em sites especializados" (Jael Eneas de Araújo, 08/2006).

A estação se chamava, em 2016 e já havia alguns anos, "Estação Prefeito Celso Daniel", em homenagem ao prefeito assassinado em 2002 - fato que nada teve a ver com a estação e que não justifica uma alteração de nome.

1883
AO LADO:
A estação de São Bernardo deve ser reconstruída devido às suas más condições de segurança (A Provincia de S. Paulo, 12/9/1883).

1889
AO LADO:
A estação de São Bernardo volta a ser ponto de parada para os trens expressos (A Provincia de S. Paulo, 20/9/1889).

1893
AO LADO:
Faltam vagões para a estação de São Bernardo (O Estado de S. Paulo, 26/2/1893).

1898
AO LADO:
Acidente próximo à estação de São Bernardo (O Estado de S. Paulo, 24/6/1898).

1900
AO LADO:
Dificuldades com o novo horario dos trens em São Bernardo próximo à estação de São Bernardo (O Estado de S. Paulo, 18/02/1900).
1923 - ACIMA: Em 3 de maio era inaugurado o tramway para o centro de São Bernardo (O Estado de S. Paulo, 4/5/1923).

1926 - ACIMA: Depois de uma interrupção (os bondes haviam começado a operar em 1923) ,os bondes para São Bernardo recomeçam a circular (O Estado de S. Paulo, 20/10/1926).

1929
AO LADO:
Usuário critica os serviços na estação de São Bernardo (Folha da Manhã, 22/6/1929).

ACIMA: A mudança de nome da estação de São Bernardo para Santo Anadré em 1929 foi decisão que não foi acatada tão rápida assim - só mesmo em 1934 - VEJA CAIXA MAIS ABAIXO, DE 1934) (Ademir Medici, Diario do Grande ABC, publicação em 24/9/1988).

ACIMA: Os horários dos trens de suburbios da estação de São Bernardo em 1929 geravam queixas quanto à sua periodicidade (O Estado de S. Paulo, 22/10/1929).

ACIMA: Quando Santo André ainda era a estação de São Bernardo, em 1930. Ao fundo, prédios da Rhodiaceta, nome da fábrica de tecidos da Rhodia. Paineís publicitários de loteamentos vendem terrenos numa região com muita terra ainda vazia (Coleção Dalvira Ribeiro Cangussu, Acervo Museu de Santo André)

1931
AO LADO:
Cobertura da estação (
O Estado de S. Paulo, 16/4/1931).

1934 - ACIMA: A estação tem o nome alterado para Santo André em 1934 (O Estado de S. Paulo, 25/8/1934)
1938 - ACIMA: Trens especiais para Santo André em 1938 (O Estado de S. Paulo, 9/11/1938).



1938
AO LADO:
O mau estado dos banheiros da estação (
O Estado de S. Paulo, 24/11/1938).

.1950 - ACIMA: Porteiras da linha ao lado da estação em 1950 (página Santo André em
Memória).

ACIMA: Locomotiva em frente à plataforma da estação de Santo André em 1951 (Autor desconhecido).
ACIMA: Em 1960, esta era a "Entrada para trens expressos; estes vinham de Santos e após a chegada do último pedaço subido pela funicular (antigo sistema de cabos de aço da ferrovia na Serra do Mar), partiam de Paranapiacaba com destino à Luz parando em Mauá, Santo André, São Caetano, Braz e terminal da Luz. Muitas saudades para muitos usuários" (Beny Ganso, 2012. Foto dos anos 1960).

ACIMA: Parte do pátio de Santo André no início dos anos 1970 (Autor desconhecido).

ACIMA: Em 1977, a nova estação estava sendo entregue parcialmente e com o atraso costumeiro das obras ferroviarias no país - CLIQUE SOBRE A FIGURA PARA LER A REPORTAGEM INTEIRA (O Estado de S. Paulo, 16/11/1977).

(Fontes: Ralph M. Giesbrecht, pesquisa local; Carlos Haukal; Beny Ganso; José Antonio Vignoli; Renato Gigliotti; Militão Azevedo; Luiz Rafael de Souza; Wanderley Duck; William Gimenez; Wilson Lussari; Edmilson Cinquini; Jael Eneas de Araújo; Felipe Golfeto; Ademir Medici; Coleção Delvira Ribeiro Cangussu; Museu de Santo André; página Santo André em Memória; Wanderley dos Santos: Antecedentes Históricos do ABC Paulista, 1992; Diario Popular, 12/5/1976; Relatório para o Presidente do Estado, 1867; Santo André - Cidade e Imagens, 1991; O Estado de S. Paulo, 1923, 1926, 1929, 1938, 1982 e 1984; Revista Ferrovias, 1979; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht)
     

Estação original de São Bernardo (mais tarde Santo André), em foto da época da sua inauguração. Foto Militão Azevedo

A estação nos anos 1950. Cessão José Antonio Vignoli


A simpática estação de Santo André, em 1965. Santo André - Cidade e Imagens, 1991, acervo município de Santo André, mostra a estação e as porteiras no final da av. Bernardino de Campos. Cessão Renato Gigliotti

A estação em 1966. Foto Carlos Haukal

Plataforma da estação nos anos 1970. Foto cedida por Wanderley Duck

A estação atual de Santo André, na época de sua inauguração (1979). Revista Ferrovias no. 65, 1979

A estação nos anos 1990. Foto cedida por William Gimenez

A estação em 10/2002. Foto Luiz Rafael de Souza

A estação em 12/2008. Foto Felipe Golfeto
     
Atualização: 18.12.2021
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.