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E. F. de Baturité
(1907-1909)
Rede de Viação Cearense (1909-1975)
RFFSA (1975-1997) |
PIQUET
CARNEIRO (antiga GIRAU)
Município de Piquet Carneiro, CE |
Linha-tronco - km 319,822 (1960) |
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CE-3163 |
Altitude: 243 m |
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Inauguração: 15.11.1907 |
Uso atual: abandonada (2016) |
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com trilhos |
Data de construção do
prédio atual: n/d |
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HISTORICO DA LINHA: A linha-tronco,
ou linha Sul, da Rede de Viação Cearense surgiu com
a linha da Estrada de Ferro de Baturité, aberta em seu primeiro
trecho em 1872 a partir de Fortaleza e prolongada nos anos seguintes.
Quando a ferrovia estava na atual Acopiara, em 1909, a linha foi juntada
com a E. F. de Sobral para se criar a Rede de Viação
Cearense, imediatamente arrendada à South American Railway.
Em 1915, a RVC passa à administração federal.
A linha chega ao seu ponto máximo em 1926, atingindo a cidade
do Crato, no sul do Ceará. Em 1957 passa a ser uma das subsidiárias
formadoras da RFFSA e em 1975 é absorvida operacionalmente
por esta. Em 1996 é arrendada juntamente com a malha ferroviária
do Nordeste à Cia. Ferroviária do Nordeste (RFN). Trens
de passageiros percorreram a linha Sul supostamente até os
anos 1980. |
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A ESTAÇÃO: A estação
de Girau foi inaugurada em 1907. Sua inauguração
mereceu até uma nota do jornal O Estado de S. Paulo de 16/11/1907,
da distante São Paulo, talvez por ser, então,
ponta de linha - condição que manteve até meados
do ano seguinte.
O nome foi mais tarde alterado para Piquet Carneiro.
O prédio da estação foi ampliado em 1951.
Depois da privatização da ferrovia em 1997, o prédio
foi utilizado por algum tempo pela CFN e foi posteriormente abandonado.
Em abril de 2011, seguia neste estado, segundo o memorialista Osmar
Lucena Filho e em 2016 a situação ainda era a mesma.
ACIMA:
Estação de Girao (assim mesmo), possivelmente anos 1930.
Notar o trem de passageiros (http://osmarlfilho.blogspot.com).
Foi o que ocorreu, por exemplo, à altura
do quilômetro 322, da então Rede de Viação Cearense na manhã
de 17 de dezembro de 1951, uma segunda-feira, tão próximo já
da estação de Piquet, o trem de passageiro, que havia partido
de Iguatu-CE, ao romper da aurora daquele dia, desgoverna-se,
e salta dos trilhos, ocasionando o "maior acidente com trem
de passageiro", de que se tem notícia, aqui, no Ceará. Os principais
periódicos da época enviaram repórteres a Piquet Carneiro para
cobrir o pavoroso sinistro. O número de vítimas fatais aproximou-se
de uma centena. A causa do acidente teria sido o excesso de
velocidade que, à locomotiva, uma diesel, de prefixo 612, imprimira
o maquinista, de nome João Cruz, sobre quem pesou a maldição
das famílias enlutadas. Acerca dos sobreviventes, muitos dos
quais escaparam com várias mutilações, tendo, iclusive, braços
e pernas amputados, veja-se este trecho: “O trabalho heróico
para salvar a vida dos que ainda a retinham no corpo dilacerado
pelo espetacular descarrilamento foi inegavelmente o desenvolvido
por médicos e enfermeiros em Piquet Carneiro, onde não havia
recursos terapêuticos nem material cirúrgico para atender aos
sinistrados. Olhos foram arrancados a mão livre e até serrotes
comuns de carpinteiro funcionaram nas amputações”. Mais este
trecho: “Dezenas de feridos, alguns em estado grave, em conseqüência
do maior desastre ferroviário do estado. Os carros de passageiros
ficaram adernados e engavetados. O trem vinha de Crato e havia
pernoitado em Iguatu, de onde saíra às 5 horas de hoje”. |
TRENS - De acordo com os guias de horários, os trens
de passageiros pararam nesta estação de 1907 a
1988. Veja aqui horários
em fevereiro de 1963 (Guias Levi). |
1951
AO LADO: Extraído do jornal O Povo, edições
de 17 e 18.12.1951 (cessão: Osmar Lucena Filho, 2010). |
ACIMA: Parte do pátio de Piquet Carneiro,
em 26/3/2009 (Foto Elieta Carneiro).
ACIMA: A cidade e a estação em 2009 (Foto Osmar Lucena).
Foi o que ocorreu, por exemplo, à altura
do quilômetro 322, da então Rede de Viação Cearense na manhã
de 17 de dezembro de 1951, uma segunda-feira, tão próximo já
da estação de Piquet, o trem de passageiro, que havia partido
de Iguatu-CE, ao romper da aurora daquele dia, desgoverna-se,
e salta dos trilhos, ocasionando o "maior acidente com trem
de passageiro", de que se tem notícia, aqui, no Ceará. Os principais
periódicos da época enviaram repórteres a Piquet Carneiro para
cobrir o pavoroso sinistro. O número de vítimas fatais aproximou-se
de uma centena. A causa do acidente teria sido o excesso de
velocidade que, à locomotiva, uma diesel, de prefixo 612, imprimira
o maquinista, de nome João Cruz, sobre quem pesou a maldição
das famílias enlutadas. Acerca dos sobreviventes, muitos dos
quais escaparam com várias mutilações, tendo, iclusive, braços
e pernas amputados, veja-se este trecho: “O trabalho heróico
para salvar a vida dos que ainda a retinham no corpo dilacerado
pelo espetacular descarrilamento foi inegavelmente o desenvolvido
por médicos e enfermeiros em Piquet Carneiro, onde não havia
recursos terapêuticos nem material cirúrgico para atender aos
sinistrados. Olhos foram arrancados a mão livre e até serrotes
comuns de carpinteiro funcionaram nas amputações”. Mais este
trecho: “Dezenas de feridos, alguns em estado grave, em conseqüência
do maior desastre ferroviário do estado. Os carros de passageiros
ficaram adernados e engavetados. O trem vinha de Crato e havia
pernoitado em Iguatu, de onde saíra às 5 horas de hoje”.
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TRENS - De acordo com os guias de horários, os trens
de passageiros pararam nesta estação de 1907 a
1988. Veja aqui horários
em fevereiro de 1963 (Guias Levi). |
1951
AO LADO: Extraído do jornal O Povo, edições
de 17 e 18.12.1951 (cessão: Osmar Lucena Filho, 2010).
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(Fontes: João Carlos Reis Pinto, 2002; Osmar Lucena Filho;
Roosevelt Reis, 209; Elieta Carneiro, 2009; O Estado de S. Paulo,
1907; http://osmarlfilho.blogspot.com; O Povo, 1951; Ilustração
Brasileira: "2145 Quilômetros pelo Nordeste Brasileiro",
1922; Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Guias Levi,
1932-79; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht) |
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A estação em 2002. Foto João Carlos Reis
Pinto |
A estação de Piquet Carneiro aparece atrás
do auto de linha, à esquerda, em 2004. Autor desconhecido
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A estação em 26/3/2009. Foto Elieta Carneiro |
A estação em 26/3/2009. Foto Elieta Carneiro |
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Atualização:
23.05.2021
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