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E. F. Central do
Brasil (1917-1975)
RFFSA (1975-1996) |
BRUMADINHO
Município de Bonfim, MG (1917-1938)
Município de Brumadinho, MG (1938-) |
Linha do Paraopeba - km 579,825
(1928) |
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MG-0219 |
Altitude: 736 m |
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Inauguração: 20.06.1917 |
Uso atual: estação - residência
da turma de manutenção de linha (2015) |
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com trilhos |
Data de construção do
prédio atual: 1918 |
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HISTORICO DA LINHA: A
linha do Paraopeba, assim chamada porque durante boa parte de sua
extensão acompanha o rio do mesmo nome, foi construída
em bitola larga, provavelmente para aliviar o tráfego de trens
entre o Rio de Janeiro e Belo Horizonte que até sua abertura
tinha de passar pela zona de mineração da Linha do Centro,
até General Carneiro, onde saía a linha para a capital
mineira. Além disso, até então havia baldeação
para bitola métrica em Burnier, o que dificultava as operações
principalmente dos trens de passageiros entre as duas capitais. A
linha do Paraopeba, saindo da estação de Joaquim Murtinho,
foi aberta até a estação de João Ribeiro
em 1914 e até Belo Horizonte em 1917. Dali a General Carneiro
foi mantida a bitola de métrica no trecho já existente.
Com isso se estabelecia a ligação direta sem baldeações
entre o Rio e Belo Horizonte. O trem de passageiros trafegou por ali
até 1979, quando, depois de uma ou duas tentativas rápidas
de reativação, foi extinto. O movimento de cargueiros
continua intenso até hoje, com a concessionária MRS,
até a estação do Barreiro, próxima a BH,
e depois com a FCA até General Carneiro, agora sim com bitola
mista, métrica e larga. |
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A ESTAÇÃO: A estação
de Brumadinho foi aberta em 1917, juntamente com o trecho de
linha que ligava a estação de João Ribeiro
a Belo Horizonte. Esta mesma data pode ser considerada como
a da fundação do atual município de Brumadinho.
Muitos trabalhadores vieram para a construção da linha;
alguns, inclusive estrangeiros, se fixaram no núcleo.
A vida não era fácil na época (1914-1917): "Morei
a princípio em rancho de pau a pique, Às margens do
Paraopeba, junto à Cachoeira do Salto. Depois melhor me instalei,
linha abaixo. Primeiro no antigo e belicoso São Gonçalo
da Ponte (Belo Vale), mais tarde no pacífico Aranha (Melo Franco)
e finalmente na quase deserta Várzea da Pantana (Ibirité).
(Tínhamos direito a) proventos (...) e auxílio
para aquisição de montaria (...) e um trabalhador para
cuidar do animal e dele fiz, quanto a meu caso, o meu guarda-costas,
naquelas brenhas pouco amistosas e em geral refratárias à
passagem da linha (...) Quando a empresa de construção
chegou nas proximidades de Brumado do Paraopeba instalou uma 'cabeça
de trecho', isto é, um ponto de reunião de material
e acampamento de trabalhadores. Aí teve origem a cidade de
Brumadinho" (Victor Figueira de Freitas, depoimento sem
data).
Aí foi feito um lastro, reunião de pranchas que traziam
mantimentos. As terras ali em volta eram da Fazenda do Bananal e o
córrego, Córrego das Bananas. Tudo e mais outra
fazenda, a do Lageado, pertenciam a Joaquim da Silva Moreira.
Seu irmão, o 'Capitão Nico' tinha as terras ao
redor, no local hoje conhecido como Olhos D'Água. Outro
irmão, Augusto, tinhas as terras ao redor de Brumado
do Paraopeba. Os casebres começaram a aparecer em 1914.
Não havia anteriormente nenhuma habitação por
perto. O nome de Brumadinho derivou da povoação
mais próxima, acima citada. Logo vieram o primeiro armazém,
açougue, agência de correios e o cartório.
A estação aberta em 1917 somente foi terminada no ano
seguinte.
O distrito, que era em Brumado, foi transferido para Brumadinho.
Separando-se de Bonfim, em 1938, Brumadinho virou município.
Meu bisavô, Guilherme Giesbrecht, trabalhou em Brumadinho
para fazer uma parte da rodovia São Paulo-Belo Horizonte,
no trecho de Brumadinho a Crucilândia, em 1928.
Trinta e cinco anos antes, Giesbrecht tinha projetado e construído a atual cidade
de Jaguariúna, em volta da estação da
Mogiana, no Estado de São Paulo, sendo hoje considerado um
de seus fundadores. Cartas escritas em alemão de Brumadinho
para a sua nora, Rosina (minha avó), escritas em 1928, mostram um Guilherme
preocupado com seu filho mais velho no Paraná, Hugo
(meu avô), que trabalhava na época como engenheiro na
E. F. São Paulo-Rio Grande.
Entroncamento de rodovia com ferrovia, Brumadinho cresceu mais
ainda. Porém, trinta anos depois, a Rodovia Fernão Dias
substituiu a primitiva estrada e passou mais para o sul da cidade,
tirando muito de seu movimento - a estrada de 1928, naquele ponto,
é hoje uma estrada vicinal estadual.
A presença da MRS, a partir de 1997, que mantém ali uma equipe
de manutenção de linha, garante tambem a preservação do prédio da
estação. Pena que isto não seja adotado para todas e a maioria esteja
definhando, apenas vendo o trem passar. O prédio da estação estava
em perfeito estado de conservação em 2015, assim como a plataforma
lateral do antigo trem de subúrbio.
No rompimento da barragem do córrego do Feijão em 25 de janeiro de 2019, a estação e o centro da cidade não foram atingidos (apenas o foi com a lama que entrou pelas águas do rio Paraopeba), mas boa parte
do município, na região do córrego do Feijão (leste das terras do município, onde passava a linha do ramal que chegava ao terminal da mina acompanhando o córrego do Feijão) foi invadida pela lama, que matou cerca de 300 pessoas, deixou muitos feridos e destruiu casas rurais, inclusive um hotel e um centro de convenções, fora uma quantidade também grande de animais de várias espécies (ver fotos abaixo).
1927
AO LADO: Crime na estação (O Estado de S. Paulo, 21/8/1927). |
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ACIMA: Em 15 de setembro de 1928, Guilherme
Giesbrecht e sua equipe construindo a rodovia São Paulo-Belo
Horizonte em Brumadinho. Guilherme, sempre de barba, então
com 62 anos, aparece apoiado no estribo do caminhão. (Acervo
Ralph Giesbrecht).
ACIMA: A estação de Brumadinho
em 1930 (Autor desconhecido).
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1939
AO LADO: Acidente em Brumadinho (O Estado de S. Paulo, 2/7/1939). |
1939
AO LADO: Mais um acidente em Brumadinho
(O Estado de S. Paulo, 21/8/1939). |
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ACIMA: A estação e seu pátio
nos anos 1950 (Foto José J. de Souza).
ACIMA e ABAIXO: Na estação de
Brumadinho nos anos 1930, ainda nos tempos da Central do Brasil, era feito carregamento
de frutas locais (Fotos Robert. S. Pratt - acervo
University of Milwaukee).
ACIMA: Destruição no terminal do ramal da Mina do Feijão em janeiro de 2019, quando do rompimento da barragem do mesmo nome (Autor desconhecido).
ACIMA: Destruição da ponte ferroviária do ramal da Mina do Feijão sobre o rio Paraopeba em janeiro de 2019, quando do rompimento da barragem do mesmo nome (Autor desconhecido).
ACIMA: Infelizmente o contraste saiu mal reproduzido. As lçinhas cinza claro são da ferrovia. O terminal do ramal da Mina do Feijão está à direita no mapa, fazendo a figura de um oval com os trilhos, onde ele é o terminal do ramal, que sai da linha principal no centro baixo do mapa (canto direito superior do mapa). A linha do ramal do Paraopeba segue o rio deste mesmo nome, que é o rio mostrado no mapa e que passa pelo centro de Brumadinho, não atingido pelo mar de lama em janeiro de 2019, quando do rompimento da barragem do mesmo nome. Para chegar ao terminal, o ramal da Mina do Feijão cruzava o tal córrego em algum ponto onde passa o ramalzinho, à direita no mapa (Google Maps em 2019).
(Fontes: Acervo Ralph M. Giesbrecht; Coaraci
Camargo; Victor Figueira de Freitas; Daniel Gentili; Gutierrez L.
Coelho; João Bosco Setti; José J. de Souza; Carlos Miguez;
O Estado de S. Paulo, 1939; Max Vasconcellos: Vias Brasileiras de
Communicação, 1928; Décio Lima Jardim e Marcio
Cunha Jardim: História e Riquezas do Município de Brumadinho,
Prefeitura Municipal de Brumadinho, 1982; IBGE: Enciclopédia
dos Municípios Brasileiros, 1958; Guia Geral das Estradas de
Ferro do Brasil, 1960; Guia Levi, 1932-80; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht) |
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A estação em 1956. Foto da Enciclopédia
dos Municípios Brasileiros, vol. XXIV, 1959, p.253 |
A estação em 1990. Foto João Bosco Setti |
A estação em 18/04/2004. Foto Gutierrez L. Coelho |
Detalhe da estação em 18/04/2004. Foto Gutierrez
L. Coelho |
A estação em 02/2007. Foto Carlos Miguez |
A estação em 2014. Foto Vanderley Zago |
A estação em 5/10/2015. Foto Coaraci Camargo |
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Atualização:
18.11.2022
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