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VXY Mogiana em MG
Indice de estações
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Alberto Flores
Brumadinho
Souza Noschese
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Linha do Paraopeba - 1931
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ESTIVE NO LOCAL: NÃO
ESTIVE NA ESTAÇÃO: NÃO
ÚLTIMA VEZ: N/D
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E. F. Central do Brasil (1917-1975)
RFFSA (1975-1996)
BRUMADINHO
Município de Bonfim, MG (1917-1938)
Município de Brumadinho, MG (1938-)
Linha do Paraopeba - km 579,825 (1928)   MG-0219
Altitude: 736 m   Inauguração: 20.06.1917
Uso atual: estação - residência da turma de manutenção de linha (2015)   com trilhos
Data de construção do prédio atual: 1918
 
 
HISTORICO DA LINHA: A linha do Paraopeba, assim chamada porque durante boa parte de sua extensão acompanha o rio do mesmo nome, foi construída em bitola larga, provavelmente para aliviar o tráfego de trens entre o Rio de Janeiro e Belo Horizonte que até sua abertura tinha de passar pela zona de mineração da Linha do Centro, até General Carneiro, onde saía a linha para a capital mineira. Além disso, até então havia baldeação para bitola métrica em Burnier, o que dificultava as operações principalmente dos trens de passageiros entre as duas capitais. A linha do Paraopeba, saindo da estação de Joaquim Murtinho, foi aberta até a estação de João Ribeiro em 1914 e até Belo Horizonte em 1917. Dali a General Carneiro foi mantida a bitola de métrica no trecho já existente. Com isso se estabelecia a ligação direta sem baldeações entre o Rio e Belo Horizonte. O trem de passageiros trafegou por ali até 1979, quando, depois de uma ou duas tentativas rápidas de reativação, foi extinto. O movimento de cargueiros continua intenso até hoje, com a concessionária MRS, até a estação do Barreiro, próxima a BH, e depois com a FCA até General Carneiro, agora sim com bitola mista, métrica e larga.
 
A ESTAÇÃO: A estação de Brumadinho foi aberta em 1917, juntamente com o trecho de linha que ligava a estação de João Ribeiro a Belo Horizonte. Esta mesma data pode ser considerada como a da fundação do atual município de Brumadinho.

Muitos trabalhadores vieram para a construção da linha; alguns, inclusive estrangeiros, se fixaram no núcleo.

A vida não era fácil na época (1914-1917): "Morei a princípio em rancho de pau a pique, Às margens do Paraopeba, junto à Cachoeira do Salto. Depois melhor me instalei, linha abaixo. Primeiro no antigo e belicoso São Gonçalo da Ponte (Belo Vale), mais tarde no pacífico Aranha (Melo Franco) e finalmente na quase deserta Várzea da Pantana (Ibirité). (Tínhamos direito a) proventos (...) e auxílio para aquisição de montaria (...) e um trabalhador para cuidar do animal e dele fiz, quanto a meu caso, o meu guarda-costas, naquelas brenhas pouco amistosas e em geral refratárias à passagem da linha (...) Quando a empresa de construção chegou nas proximidades de Brumado do Paraopeba instalou uma 'cabeça de trecho', isto é, um ponto de reunião de material e acampamento de trabalhadores. Aí teve origem a cidade de Brumadinho" (Victor Figueira de Freitas, depoimento sem data).

Aí foi feito um lastro, reunião de pranchas que traziam mantimentos. As terras ali em volta eram da Fazenda do Bananal e o córrego, Córrego das Bananas. Tudo e mais outra fazenda, a do Lageado, pertenciam a Joaquim da Silva Moreira. Seu irmão, o 'Capitão Nico' tinha as terras ao redor, no local hoje conhecido como Olhos D'Água. Outro irmão, Augusto, tinhas as terras ao redor de Brumado do Paraopeba. Os casebres começaram a aparecer em 1914. Não havia anteriormente nenhuma habitação por perto. O nome de Brumadinho derivou da povoação mais próxima, acima citada. Logo vieram o primeiro armazém, açougue, agência de correios e o cartório.

A estação aberta em 1917 somente foi terminada no ano seguinte.

O distrito, que era em Brumado, foi transferido para Brumadinho.

Separando-se de Bonfim, em 1938, Brumadinho virou município.

Meu bisavô, Guilherme Giesbrecht, trabalhou em Brumadinho para fazer uma parte da rodovia São Paulo-Belo Horizonte, no trecho de Brumadinho a Crucilândia, em 1928. Trinta e cinco anos antes, Giesbrecht tinha projetado e construído a atual cidade de Jaguariúna, em volta da estação da Mogiana, no Estado de São Paulo, sendo hoje considerado um de seus fundadores. Cartas escritas em alemão de Brumadinho para a sua nora, Rosina (minha avó), escritas em 1928, mostram um Guilherme preocupado com seu filho mais velho no Paraná, Hugo (meu avô), que trabalhava na época como engenheiro na E. F. São Paulo-Rio Grande.

Entroncamento de rodovia com ferrovia, Brumadinho cresceu mais ainda. Porém, trinta anos depois, a Rodovia Fernão Dias substituiu a primitiva estrada e passou mais para o sul da cidade, tirando muito de seu movimento - a estrada de 1928, naquele ponto, é hoje uma estrada vicinal estadual.

A presença da MRS, a partir de 1997, que mantém ali uma equipe de manutenção de linha, garante tambem a preservação do prédio da estação. Pena que isto não seja adotado para todas e a maioria esteja definhando, apenas vendo o trem passar. O prédio da estação estava em perfeito estado de conservação em 2015, assim como a plataforma lateral do antigo trem de subúrbio.

No rompimento da barragem do córrego do Feijão em 25 de janeiro de 2019, a estação e o centro da cidade não foram atingidos (apenas o foi com a lama que entrou pelas águas do rio Paraopeba), mas boa parte do município, na região do córrego do Feijão (leste das terras do município, onde passava a linha do ramal que chegava ao terminal da mina acompanhando o córrego do Feijão) foi invadida pela lama, que matou cerca de 300 pessoas, deixou muitos feridos e destruiu casas rurais, inclusive um hotel e um centro de convenções, fora uma quantidade também grande de animais de várias espécies (ver fotos abaixo).

1927
AO LADO:
Crime na estação (O Estado de S. Paulo, 21/8/1927).


ACIMA: Em 15 de setembro de 1928, Guilherme Giesbrecht e sua equipe construindo a rodovia São Paulo-Belo Horizonte em Brumadinho. Guilherme, sempre de barba, então com 62 anos, aparece apoiado no estribo do caminhão. (Acervo Ralph Giesbrecht).

ACIMA: A estação de Brumadinho em 1930 (Autor desconhecido).

1939
AO LADO:
Acidente em Brumadinho (O Estado de S. Paulo, 2/7/1939).

1939
AO LADO:
Mais um acidente em Brumadinho (O Estado de S. Paulo, 21/8/1939).

ACIMA: A estação e seu pátio nos anos 1950 (Foto José J. de Souza).

ACIMA e ABAIXO: Na estação de Brumadinho nos anos 1930, ainda nos tempos da Central do Brasil, era feito carregamento de frutas locais (Fotos Robert. S. Pratt - acervo University of Milwaukee).



ACIMA: Destruição no terminal do ramal da Mina do Feijão em janeiro de 2019, quando do rompimento da barragem do mesmo nome (Autor desconhecido).

ACIMA: Destruição da ponte ferroviária do ramal da Mina do Feijão sobre o rio Paraopeba em janeiro de 2019, quando do rompimento da barragem do mesmo nome (Autor desconhecido).

ACIMA: Infelizmente o contraste saiu mal reproduzido. As lçinhas cinza claro são da ferrovia. O terminal do ramal da Mina do Feijão está à direita no mapa, fazendo a figura de um oval com os trilhos, onde ele é o terminal do ramal, que sai da linha principal no centro baixo do mapa (canto direito superior do mapa). A linha do ramal do Paraopeba segue o rio deste mesmo nome, que é o rio mostrado no mapa e que passa pelo centro de Brumadinho, não atingido pelo mar de lama em janeiro de 2019, quando do rompimento da barragem do mesmo nome. Para chegar ao terminal, o ramal da Mina do Feijão cruzava o tal córrego em algum ponto onde passa o ramalzinho, à direita no mapa (Google Maps em 2019).

(Fontes: Acervo Ralph M. Giesbrecht; Coaraci Camargo; Victor Figueira de Freitas; Daniel Gentili; Gutierrez L. Coelho; João Bosco Setti; José J. de Souza; Carlos Miguez; O Estado de S. Paulo, 1939; Max Vasconcellos: Vias Brasileiras de Communicação, 1928; Décio Lima Jardim e Marcio Cunha Jardim: História e Riquezas do Município de Brumadinho, Prefeitura Municipal de Brumadinho, 1982; IBGE: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, 1958; Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Guia Levi, 1932-80; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht)
     

A estação em 1956. Foto da Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, vol. XXIV, 1959, p.253

A estação em 1990. Foto João Bosco Setti

A estação em 18/04/2004. Foto Gutierrez L. Coelho

Detalhe da estação em 18/04/2004. Foto Gutierrez L. Coelho

A estação em 02/2007. Foto Carlos Miguez

A estação em 2014. Foto Vanderley Zago

A estação em 5/10/2015. Foto Coaraci Camargo
   
     
Atualização: 18.11.2022
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.