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E. F. Dom Pedro
II (1865-1889)
E. F. Central do Brasil (1889-1975)
RFFSA (1975-1996) |
BARÃO
DE JUPARANÃ
(antiga DESENGANO e JUPARANÃ)
Município de Valença, RJ |
Linha do Centro - km 132,154 (1937) |
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RJ-1373 |
Altitude: 340,655 m |
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Inauguração: 17.12.1865 |
Uso atual: Prefeitura de Valença - várias
funções (2022) |
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com trilhos |
Data de construção do
prédio atual: 1865 |
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HISTORICO DA LINHA: Primeira
linha a ser construída pela E. F. Dom Pedro II, que a partir de 1889
passou a se chamar E. F. Central do Brasil, era a espinha dorsal de
todo o seu sistema. O primeiro trecho foi entregue em 1858, da estação
Dom Pedro II até Belém (Japeri) e daí subiu a serra das Araras, alcançando
Barra do Piraí em 1864. Daqui a linha seguiria para Minas Gerais,
atingindo Juiz de Fora em 1875. A intenção era atingir o rio São Francisco
e dali partir para Belém do Pará. Depois de passar a leste da futura
Belo Horizonte, atingindo Pedro Leopoldo em 1895, os trilhos atingiram
Pirapora, às margens do São Francisco, em 1910. A ponte ali constrruída
foi pouco usada: a estação de Independência, aberta em 1922 do outro
lado do rio, foi utilizada por pouco tempo. A própria linha do Centro
acabou mudando de direção: entre 1914 e 1926, da estação de Corinto
foi construído um ramal para Montes Claros que acabou se tornando
o final da linha principal, fazendo com que o antigo trecho final
se tornasse o ramal de Pirapora. Em 1948, a linha foi prolongada até
Monte Azul, final da linha onde havia a ligação com a V. F. Leste
Brasileiro que levava o trem até Salvador. Pela linha do Centro passavam
os trens para São Paulo (até 1998) até Barra do Piraí, e para Belo
Horizonte (até 1980) até Joaquim Murtinho, estações onde tomavam os
respectivos ramais para essas cidades. Antes desta última, porém,
havia mudança de bitola, de 1m60 para métrica, na estação de Conselheiro
Lafayete. Na baixada fluminense andam até hoje os trens de subúrbio.
Entre Japeri e Barra do Piraí havia o "Barrinha", até 1996, e finalmente,
entre Montes Claros e Monte Azul esses trens sobreviveram até 1996,
restos do antigo trem que ia para a Bahia. Em resumo, a linha inteira
ainda existe... para trens cargueiros. |
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A ESTAÇÃO: A estação
de Desengano foi inaugurada em 1865. Na época, ficava
"na estrada da Polícia e freguezia de Valencia"
(no decreto 4373 de 20 de maio de 1869).
O ramal de Jacutinga, de bitola métrica e também
da EFCB (também chamado de Rede Fluminense) vinha seguindo
a linha do Centro desde Barão de Vassouras, trecho
em que a linha tinha bitola mista, onde se encontrava
vindo da estação de Vassouras. A estação
de Barão de Juparanã era, portanto, uma estação
que atendia às duas linhas.
"Sentem-se nesta estação todas as falhas apontadas
na estação do Comercio (ou seja, a plataforma (da estação
de Desengano) não é coberta, de maneira que os passageiros
têm de entrar nos carros e subir expostos à chuva ou
ao sol)" (Relatório apresentado a S. Ex. o Sr.
Conselheiro Joaquim Antão Fernandes Leão, Ministro e
Secretário de Estado dos Negócios da Agricultura, Commercio
e Obras Públicas, pelo Conselheiro Manoel da Cunha Galvão,
em 29/10/1868).
Aníbal Magalhães conta que o curioso nome Desengano
teria vindo na verdade de um sítio que existia no local da
estação, de nome Desengano Feliz. Porém,
há outra história que diz que a disputa
entre os valencianos, comandados pelo Barão de Juparanã,
Manuel Jacintho Nogueira da Gama, presidente da Câmara
de Valença, venceram a disputa com os vassourenses,
representados pela família Teixeira Leite. O Barão
teria vencido a disputa fazendo a linha passar pelo território
de Valença tendo doado à E. F. Dom Pedro o terreno
para a passagem da linha e a estação. Para comemorar
a vitória, deu o nome de Desengano por causa da decepção
de seus rivais.
Ali previa-se (ver texto na coluna acima) o crescimento de uma grande
cidade, fato que, por um motivo ou por outro, jamais veio a ocorrer.
Por volta de 1920, seu nome foi alterado para Juparanã.
Nos anos 1940, voltou a se chamar Desengano, e mais tarde Barão
de Juparanã.
Aníbal Magalhães levanta outra questão: por
que uma estação tão grande tendo inclusive uma
torre com um relógio teria sido construída num simples
arraial como Desengano? A pergunta ainda não tem uma
resposta concreta.
A estação servia também para que, em caso de
interrupção na linha na Serra do Mar, como aconteceu
em 15 de fevereiro de 1944 - quando desabou parte do túnel
oito - a estação recebia trens do Rio de Janeiro
que se dirigiam a São Paulo e a Belo Horizonte
pela linha Auxiliar, fazendo a baldeação para
a bitola larga.
Em 2015, havia sido restaurado (ver fotografia ao pé da página)
e em 2019 o enorme prédio já estava ocupado pela prefeitura de Valença,
cidade à qual pertence o distrito de Barão de Juparanã; ele abrigava diversas salas que pertenciam à prefeitura
local para atendimento ao público.
"A 17 de
dezembro de 1865, segundo fôra designado por S. M. o Imperador,
teve lugar a inauguração do transito pelo tunnel grande da estrada
de ferro de D. Pedro II, e da nova ponte sobre o rio Parahyba,
no Desengano, bem como da secção daquella estrada entre a estação
de Vassouras, no rio das Mortes, e a do Desengano no municipio
de Valença. O trem imperial, composto da carruagem de Suas Magestades,
de um carro de primeira classe e (collocado junto da machina)
um de bagagens, achou-se na estação de S. Christovão ás 6 horas
da manhã (...). Desde a corte, com excepção da Barra do Pirahy,
é o Desengano o unico lugar que tem amplas proporções para uma
grande cidade, da qual estão lançados os primeiros fundamentos,
existindo já bastantes edifícios, além de outros em construcção,
casas de negocio, um bom hotel, etc. A estação do Desengano
occupa uma das faces da praça, e está na frente de um alinhamento
recto que tem cerca de 1050 braças, isto é, pouco mais que a
extensão do tunnel grande, do qual, portanto, se fórma alli
idéa exacta. É um grande e lindo edifício que tem nas extremidades
dous bellos pavilhões e no centro uma elegante torre, em que
está collocado um excellente relogio. Contém, nos pavilhões
e nas salas das extremidades, accommodações para os empregados
da estação, escriptorios, recepção dos passageiros, etc., e
no centro um armazém da conveniente capacidade para um ponto
que deve ser de considerável trafego. Este edifício contractado
por 20:000$000 pelo Sr. coronel Manoel Jacintho Carneiro Nogueira
da Gama, e que só isso custou aos cofres públicos, foi avaliado
pelos engenheiros da estrada de ferro em 50:000$000, sendo a
differença generosamente supprida pela Sra. Marqueza de Baependy.
É esta, sem contestação, de todas as estações da estrada de
ferro de D. Pedro II a que merece ser vista e apreciada como
belleza de edificio. Alli forão Suas Magestades e Altezas recebidos
pela camara municipal de Valença, presidida pelo Sr. Barão do
Rio Preto, comparecendo um extraordinário concurso de cidadãos
de todas as classes que possuídos do maior entusiasmo, rompérão
em vivas a Suas Magestades e Altezas, que pela primeira vez
pisavão o territorio de Valença". |
1865
AO LADO: Transcrito
do Almanack Laemert, 1865 - Mantida a ortografia original. |
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1876
AO LADO: O Imperator também fazia baldeação na estação de Desengano para visitar o Duue de Caxias, que provavelmente morava nos arredores
(A Provincia de S. Paulo, 21/3/1876). |
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1889
AO LADO: Voltando de uma visita a São Paulo e o interior da provincia, o trem do Conde D'Eu para na estação de Desengano. O jornal A Provincia foi muito seco ao dar a notícia: ele era totalmente contra a monarquia e fazia ampla campanha para derrubá-la
(A Provincia de S. Paulo, 27/3/1889). |
1917
AO LADO: Baldeação de cargas em Juparanã
por causa de inundação da linha no ramal de Governador Portela (O Estado de S. Paulo, 19/1/1917). |
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1917
AO LADO: Descarrilamento
de trem de carga em Juparanan (O Estado de S. Paulo, 14/5/1939). |
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ACIMA: A fotografia mostra pessoas da cidade
de Valença aguardando em 1922 na plataforma de Juparanã
a chegada do Dr. Alberto Pentagna, político da cidade, mais
tarde prefeito e em 1927 vice-governador do Estado (Acervo Luiz Francisco
Moniz Figueira).
1939
AO LADO: Descarrilamento
em Juparanan (O Estado de S. Paulo, 14/5/1939).
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1939
AO LADO:
Acidente (O Estado
de S. Paulo, 2/7/1939).
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1941
AO LADO: Acidente com mortes na estação (O Estado
de S. Paulo, 25/5/1941). |
1941 -
ACIMA: Ainda sobre o acidente com mortes na estação (O Estado
de S. Paulo, 27/5/1941).
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1941
AO LADO: Mais sobre o acidente com mortes na estação (O Estado
de S. Paulo, 28/5/1941). |
ACIMA: Localização
de Barão de Juparanã em relação a Valença
- CLIQUE SOBRE O MAPA PARA VER TODO O MUNICIPIO DE VALENÇA
(IBGE, 1960).
ACIMA: Foto frontal da estação,
em 29/09/2012. Ela estava em más condições
externamente; o relógio não funcionava. Marcava 10:25,
mas quando a foto foi tirada era de tarde (Foto Ralph M. Giesbrecht).
ACIMA: A estação em 2022 (Foto Zilmar Luis Reis Agostinho em 26/7/2022).
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TRENS
- Os trens de passageiros pararam nesta estação
de 1865 até 1980. Ao lado, o trem Rio-Belo Horizonte,
que fazia esse percurso. Clique sobre a foto para ver mais detalhes
sobre esses trens. Veja aqui horários
em 1968. Paravam também trens
do ramal de Jacutinga (Guias
Levi). |
(Fontes: Ralph M. Giesbrecht, pesquisa local; Zilmar Luis Reis Agostinho, 2022;
Sergio Murilo; Celeste dos Santos Nascimento; Cristoffer R.; Luiz
Francisco Moniz Figueira; Gutierrez L. Coelho; Anibal Magalhães;
Jorge Alves Ferreira; Marco Giffoni; Acervo Luiz Francisco Moniz Figueira;
Colecção de 44 vistas photográphicas da Estrada de Ferro Pedro 2º,
1881; O Estado de S. Paulo, 1939; Central do Brasil: relatório
anuak, 1937; Almanack Laemert, 1865; Max Vasconcellos: Vias Brasileiras
de Communicação, 1928; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht)
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A estação em 1881. Colecção de 44 vistas photográphicas
da Estrada de Ferro Pedro 2º, 1881 |
A estação de Desengano, foto sem data. Acervo
Anibal Magalhães |
A estação de Desengano, em desenho de 1908. Cedido
por Marco Giffoni |
Ao fundo, a estação em 1950. Em primeiro plano,
a linha, vinda de Barão de Vassouras, se abre em duas:
à esquerda, métrica, do ramal de Jacutinga; à
direita, larga. Acervo Cristoffer R. |
A estação de Barão de Juparanã,
em 26/05/1998. Foto Ralph M. Giesbrecht |
A estação de Barão de Juparanã,
em 26/05/1998. Foto Ralph M. Giesbrecht |
A estação, ainda com uma baita infiltração,
em 12/2004. Foto Gutierrez L. Coelho |
A estação em 02/2006. Foto Jorge A. Ferreira |
A estação em 14/6/2009. Foto Jorge A. Ferreira |
A estação sendo restaurada em junho de 2015. Foto
Celeste dos Santos Nascimento |
A estação em 12/2018. Foto Brazil Imperial |
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Atualização:
24.08.2023
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