|
|
E. F. Dom Pedro
II (1863-1889)
E. F. Central do Brasil (1889-1975)
RFFSA (1975-1996) |
PAULO
DE FRONTIN
(antiga RODEIO)
Município de Paulo de Frontin, RJ (veja
a cidade) |
Linha do Centro - km 85,501 (1928) |
|
RJ-1518 |
Altitude: 385 m |
|
Inauguração: 12.07.1863 |
Uso atual: Secretaria Municipal de Cultura
(2011) |
|
com trilhos |
Data de construção do
prédio atual: 1863 |
|
|
|
HISTORICO DA LINHA: Primeira
linha a ser construída pela E. F. Dom Pedro II, que a partir de 1889
passou a se chamar E. F. Central do Brasil, era a espinha dorsal de
todo o seu sistema. O primeiro trecho foi entregue em 1858, da estação
Dom Pedro II até Belém (Japeri) e daí subiu a serra das Araras, alcançando
Barra do Piraí em 1864. Daqui a linha seguiria para Minas Gerais,
atingindo Juiz de Fora em 1875. A intenção era atingir o rio São Francisco
e dali partir para Belém do Pará. Depois de passar a leste da futura
Belo Horizonte, atingindo Pedro Leopoldo em 1895, os trilhos atingiram
Pirapora, às margens do São Francisco, em 1910. A ponte ali constrruída
foi pouco usada: a estação de Independência, aberta em 1922 do outro
lado do rio, foi utilizada por pouco tempo. A própria linha do Centro
acabou mudando de direção: entre 1914 e 1926, da estação de Corinto
foi construído um ramal para Montes Claros que acabou se tornando
o final da linha principal, fazendo com que o antigo trecho final
se tornasse o ramal de Pirapora. Em 1948, a linha foi prolongada até
Monte Azul, final da linha onde havia a ligação com a V. F. Leste
Brasileiro que levava o trem até Salvador. Pela linha do Centro passavam
os trens para São Paulo (até 1998) até Barra do Piraí, e para Belo
Horizonte (até 1980) até Joaquim Murtinho, estações onde tomavam os
respectivos ramais para essas cidades. Antes desta última, porém,
havia mudança de bitola, de 1m60 para métrica, na estação de Conselheiro
Lafayete. Na baixada fluminense andam até hoje os trens de subúrbio.
Entre Japeri e Barra do Piraí havia o "Barrinha", até 1996, e finalmente,
entre Montes Claros e Monte Azul esses trens sobreviveram até 1996,
restos do antigo trem que ia para a Bahia. Em resumo, a linha inteira
ainda existe... para trens cargueiros. |
|
A ESTAÇÃO: A estação
de Rodeio foi inaugurada em 1863 pela família imperial.
Próximo a esta estação fica o "Túnel
Grande", de 2,5 km de extensão, na
Linha do Centro.
"As estações de Serra, Palmeiras e Rodeio são muito procuradas
pelo seu excelente clima e são os germens e lindas e pitorescas povoações
para onde afluirá a população da Corte na estação calmosa. Na estação
Rodeio acha-se estabelecida a fábrica de formicida Capanema, tão importante
para a nossa lavoura" (Cyro Diocleciano Ribeiro Pessoa
Jr.: Estudo Descriptivo das Estradas de Ferro do
Brazil, Imprensa Nacional, 1886).
A partir de 1946, o ainda distrito
do município de Vassouras passou a se
chamar Paulo de Frontin (em homenagem ao Engenheiro
André Augusto Paulo de Frontin, ex-prefeito do Rio de
Janeiro), nome pelo qual a estação já era conhecida
pelo menos desde os anos 1920. Teve também o
nome de Amandaba durante parte dos anos 1940.
"Por Paulo de Frontin passavam
os trens que iam para São Paulo, Belo Horizonte
e também o Barrinha, este desativado devido a um acidente
em 1996 e que ligava Japeri a Barra do Piraí.
"O Cruzeiro do Sul" era mais do que um trem: era uma instituição,
um símbolo de luxo, um emblema de grandeza (...). No silêncio das
noites de Rodeio, nunca chegando antes, nunca chegando depois,
ouvíamos o "Cruzeiro do Sul" ainda ao longe, saindo do
túnel 11 e vindo majestosamente, serpente de aço azulado,
precisando cumprir o horário, nunca parando ali. Ninguém ia dormir
sem que ele chegasse com seus vagões iluminados, deslizando sobre
os trilhos como uma lagarta fosforescente, fazendo a estação rejeitada
tremer de orgulho ferido, mas de vaidade também (...) Assim eram os
trens daquele tempo, assim era o Cruzeiro do Sul, que não dava bola
para Rodeio e o humilhava com o seu desdém, passando lentamente com
seus vagões iluminados e se perdendo na noite. Mesmo assim, Rodeio
sentia que vivera mais um instante de glória. Podia adormecer, agora,
no silêncio deixado pelo trem azul, silêncio magnífico, silêncio que
cheirava a carvão e cheiraria a saudade" (Carlos Heitor
Cony, 17/03/1996).
O prédio da estação estava em obras e deveria
ser reinaugurada como centro cultural em novembro de 2011.
"A
17 de dezembro de 1865, segundo fôra designado por S. M. o Imperador,
teve lugar a inauguração do transito pelo tunnel grande da estrada
de ferro de D. Pedro II, e da nova ponte sobre o rio Parahyba,
no Desengano, bem como da secção daquella estrada entre a estação
de Vassouras, no rio das Mortes, e a do Desengano no municipio
de Valença. O trem imperial, composto da carruagem de Suas Magestades,
de um carro de primeira classe e (collocado junto da machina)
um de bagagens, achou-se na estação de S. Christovão ás 6 horas
da manhã. Tomárão lugar na carruagem imperial SS. MM. e SS.
AA. a Sra. Princeza Imperial e o Sr. Conde D´Eu, Sr. Conselheiro
Christiano Ottoni, ainda na qualidade de diretor da estrada
de ferro, por não ter tomado posse deste cargo o seu successor
e damas de honra e demais membros e serviçais da casa imperial.
Cinco minutos depois partio o trem e às 7 horas e meia parou
em Belém afim de deixar a machina inglesa e tomar a americana,
própria para as rampas da serra. Na estação do Rodeio foi engatada
à locomotiva, pela frente, um carro aberto, que permittia devassar
o horizonte, e nelle se installárão as augustas pessoas e as
que as tinhão acompanhado na carruagem imperial. Dous guardas,
collocados nos angulos anteriores daquelle carro, levavão archotes
accesos, e o clarão destes em breve deixou ver e examinar cabalmente
o interior do tunnel grande. Tem este magnífico subterraneo
de comprimento 1,017 braças (mais de um terço de légua portugueza),
de largura 19 ½ palmos, e de altura 26 ½ palmos do leito à chave
da abobada, e 25 palmos dos trilhos à mesma chave. Em mais da
metade é revestido de cantaria, e em não pequena extensão tem
paredes verticaes, ora de um lado, ora do outro, nos lugares
onde a extratificação da rocha podia ameaçar quédas. O trem
imperial gastou no trajecto do tunnel 13 minutos, para dar occasião
á apreciação da obra; mas o dos passageiros, que partio ¾ de
hora depois, regulando-se pela tabella publicada, empregou apenas
na passagem pouco mais de 4 ½ minutos (...)" (Texto
transcrito do Almanack Laemert, 1865 - Mantida a ortografia
original). |
|
|
1892
AO LADO: Choque de trens em Rodeio no dia 3 de fevereiro (O Estado de S.
Paulo, 6/2/1892). |
ACIMA: A estação de Rodeio no
século XIX, antes da contrução da estação
atual (Autor desconhecido).
1902
AO LADO: Noturno Mineiro sai da estação de Rodeio e bate no trem cargueiro que subia a serra - CLIQUE SOBRE O TEXTO PARA VÊ-LO INTEIRO (O Estado de S. Paulo, 8/4/1902). |
|
ACIMA: A estação
de Rodeio em 1910 e, atrás, o palacete do Dr. Virgilio
Pereira (Fon-Fon, 28/5/1910).
1925
AO LADO: Descarrilamento
na estação (O Estado de S. Paulo, 12/4/1925).
|
|
1925
AO LADO: Mais
um descarrilamento na estação (O Estado de S.
Paulo, 3/10/1925).
|
|
1926
AO LADO: E mais
um descarrilamento na estação (Correio Paulistano, 15/4/1926).
|
|
1927
AO LADO: Outro
descarrilamento na estação (O Estado de S. Paulo,
3/10/1925).
|
|
1933
AO LADO: Acidente na estação (O Estado de S. Paulo,
26/1/1933).
|
|
ACIMA: Placa da estação (Foto Vanderley Zago, sem data).
ACIMA: O lendário trem "Barrinha"
parado na plataforma da estação de Paulo de Frontin,
em 1987 (Foto Hugo Caramuru).
ACIMA: A estação, provavelmente
nos anos 1980 (Foto Hugo Caramuru).
ACIMA: O pátio de Paulo de Frontin, em
8 de maio de 2008 (Foto Jorge Alves Ferreira).
|
TRENS
- Os trens de passageiros pararam nesta estação
de 1863 até 1996. Ao lado, o trem Barrinha, que fazia
o percurso Japeri-Barra do Piraí até 1996. Clique
sobre a foto para ver mais detalhes sobre esses trens. Veja
aqui horários
em 1978. Paravam também trens Rio-SP e Rio-BH. (Guias
Levi). |
(Fontes: Aleksander Oldal; José
Emilio Buzelin; Vitor Leite; Luiz Francisco Moniz Figueira; Carlos
Heitor Cony; Jorge Alves Ferreira; Lourenço Paz; Marco Giffoni;
Hugo Caramuru; Daniel Ribeiro; O Estado de S. Paulo, 1925; Cyro Diocleciano
Ribeiro Pessoa Jr.: Estudo Descriptivo das Estradas de Ferro do Brazil,
Imprensa Nacional, 1886; Il Brasile Gli Italiani, 1906; Clodomiro
Vasconcellos: Livro do Centenário da Independência do Brasil, 1922;
Fon-Fon, 1910; Almanack Laemert, 1865; Max Vasconcellos: Vias Brasileiras
de Communicação, 1928; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht) |
|
|
|
A estação: foto publicada em 1906 em Il Brasile
Gli Italiani. Acervo Luiz F. M. Figueira |
A estação de Rodeio: foto publicada em 1922 no
Livro do Centenário da Independência do Brasil. Autor
da foto: Daniel Ribeiro. Acervo Luiz F. M. Figueira |
A estação em 1991. Foto José Emilio Buzelin |
A estação de Paulo de Frontin, em 04/2001. Foto
Jorge Alves Ferreira |
A estação em 2002. Foto Lourenço Paz |
A estação em 06/2006. Foto Marco Giffoni |
A estação em 2/2010. Autor desconhecido |
A estação em 2012. Foto Aleksander Oldal |
|
|
|
|
|
Atualização:
14.04.2020
|
|