A ESTAÇÃO: A estação de Rio
Doce foi inaugurada em 1886 pela E. F. Leopoldina.
"Em 1861 o Sr. Antônio da Conceição Saraiva foi contratado
pela empreiteira responsável pela construção da estrada de ferro
em Minas Gerais, vindo se estabelecer na atual região do município
de Rio Doce, próximo à ponte do Soberbo. Nesta região já havia uma
pequena ocupação, formada pela capela e algumas residências, em
sua maioria pertencente à família Torres. Antônio Saraiva, acompanhado
dos engenheiros responsáveis pela estrada de ferro, elaboraram uma
planta para o povoado.
Traçaram um extenso adro para a capela, uma série de nove lotes
de mesmo tamanho, à margem direita do Córrego das Lages; determinaram
a localização da futura estação ferroviária e a posição para implantação
dos trilhos da estrada de ferro. No núcleo urbano, foi construída
a capela de Santo Antônio do Rio Doce, com escritura assinada por
Antônio da Conceição Saraiva, em 20 de abril de 1885. Em 21 de dezembro
de 1885 é concluída a construção da estação ferroviária de Rio Doce.
Em 25 de junho de 1885 foi inaugurada a Estação da Estrada de Ferro
Leopoldina em Ponte Nova e no dia 30 do mesmo mês o trecho da estrada
Ponte Nova – Chopotó.
Em 20 de setembro de 1886 foi inaugurada a estação de Rio Doce,
nome depois dado ao município, e em 6 de dezembro deste mesmo ano
foi inaugurado o trecho da ferrovia entre Chopotó e Rio Doce, pertencente
ao ramal de Saúde. Em 30 de junho de 1886 foi inaugurado
o trecho da estrada de ferro entre Ponte Nova e Chopotó. Em 06 de
dezembro de 1886 iniciou-se o funcionamento do trecho que liga Chopotó
a Rio Doce. A abertura da estrada de ferro incentivou e intensificou
a ocupação e o desenvolvimento do centro urbano de Rio Doce.
No início de 1887, mais precisamente no dia 20 de fevereiro, passou
a funcionar o trecho da estrada de Rio Doce a Saúde, atual Dom Silvério,
com cerca de 27 quilômetros de extensão. Após a inauguração desse
trecho, a Estrada de Ferro Leopoldina retardou suas obras de lançamento
dos trilhos a partir de Saúde, temerosa com os rumos dos acontecimentos
políticos que desencadearam na proclamação da República em 1889.
Apesar da diminuição no ritmo da expansão da Estrada de Ferro Leopoldina,
a estação de Rio Doce adquiriu grande destaque na região, contribuindo
para a vinda de imigrantes estrangeiros que se estabeleceram em
busca de trabalho.
A estação favoreceu também o escoamento da produção agrícola, incentivando
a expansão do comércio na vila, além implantação de hotel e fábrica
de bebidas que visavam atender à população em intenso crescimento.
No início dos anos 1940 a população do ainda distrito de Rio Doce
alcançou seu auge, atingindo um total de 4258 pessoas, sendo 3231
na área rural e 1027 na sede. Durante os seus 85 anos de funcionamento
o edifício da Estação abrigou um depósito das cargas provenientes
do escoamento da produção que seriam distribuídas em outras localidades.
O cômodo ao lado era usado como bilheteria, onde se vendiam tíquetes
de passagens e a área a seguir servia como morada dos funcionários
da ferrovia.
Com a expansão das estradas de rodagem, diminui o interesse pelo
transporte ferroviário desencadeando o fechamento ao público, pela
Rede Ferroviária Federal, do ramal Ponte Nova-Dom Silvério, em 26
de agosto de 1969. Esta paralisação deveu-se ao fato de que o frete
arrecadado com as cargas embarcadas tornara-se tão baixo que não
conseguia cobrir os custos do percurso.
Em 28 de agosto de 1971, ocorreu a desativação completa da linha,
acompanhada da retração do potencial produtivo da região (Luis
Augusto de Freitas Santos, 2008)".
A estação foi fechada "em caráter definitivo"
em 08/09/1971, de acordo com o relatório da Leopoldina desse
ano.
O ramal foi erradicado em 30/06/1973.
Aqui a pobreza dos locais novamente se manifesta, o estado geral
do prédio é de ruim para precário. Note as duas colunas em tronco
de eucalipto usadas improvisadamente para sustentar o teto. Esta
estação ficará entre as duas represas, Condonga 1 e 2. A primeira
já está cheia e não afetou a linha da Leopoldina, mas a segunda
vai cobrir muita coisa interessante. "Esta estação
foi tombada pelo patrimônio histórico da cidade e será recuperada
e transformada num museu ferroviário. Atualmente ela está habitada
por uma família que a comprou da RFFSA e há negociação para a mudança
desta família e liberação da estação para reforma" (Luiz
Augusto de Freitas Santos, 2006).
Em 2013, depois de anos de moradia e posterior abandono, a prefeitura
comprou o prédio e o reformou em 2014 para abrigar a Secretaria
da Cultura. Em 2017, até um auditório ela
abriga (digo "até"
ACIMA:
Descarrilamento na linha para Rio Doce em 1946 (Acervo site www.riodocenanet.com).
ABAIXO: Uma diesel U-5B da RFFSA número 2126 no pátio
da estação de Rio Doce, provavelmente final dos anos
1960.
(Fontes: Luiz Augusto de Freitas
Santos; Julio Cesar Euzebio Alves; Pedro Paulo Resende; Luiz Augusto
de Freitas Santos; Gutierrez L. Coelho; site www.riodocenanet.com;
Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Guias Levi, 1932-80)
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