HISTORICO DA LINHA: A
E. F. Vitoria a Minas foi aberta em 1904 num pequeno trecho a partir
do porto de Vitória e tinha como objetivo principal transportar
as culturas da região ao longo do Rio Doce, especialmente a
produção de café. Com enormes dificuldades ela
foi avançando no sentido da cidade mineira de Diamantina; em
1910, empresãrios ingleses a compraram para eletrificá-la
e transportar minério da região de Itabira. O seu objetivo
pasava a ser agora atingir Itabira e se encontrar com a futura linha
da EFCB que partindo de Sabará atingiria São José
da Lagoa (Nova Era). Em 1919 o empresário americano Percival
Farquhar a comprou e depois de inúmeras reviravoltas políticas,
a estrada, afinal nunca eletrificada, foi encampada pela recém-fundada
Cia. Vale do Rio Doce (CVRD) em 1942, a qual maneja a ferrovia até
hoje. Modernizou-a nos anos 1940, alterando o traçado acidentado
na região de Vitória, isto depois de a linha ter finalmente
se ligado à EFCB em Nova Era em 1937, Em 2002, o antigo ramal
de Nova Era foi totalmente modificado e a EFVM passou a comandar a
linha desde Vitória até a região de Belo Horizonte,
depois de passar por Itabira, região do minério de ferro.
É a ferrovia mais rentável do Brasil e uma das pouquíssimas
ferrovias a manter no País até hoje os trens de passageiros. |
A ESTAÇÃO: A estação
de Aimorés foi inaugurada em 1907 (Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960), com o nome de Natividade do (rio) Manhuaçu. Já com a estação, o então distrito tornou-se vila (município), implantada em 1917. A fotografia ao pé desta página mostra (com o nome "Natividade" claramente tendo sido um rabisco posterior na foto).
"A única coisa que eu sei da revolução de 1930 é que o coronel
Amaral desceu aqui nessa estação (Figueira). E pegou a
polícia de Minas Gerais e passou... Chegou e tomou conta da estrada
de ferro. E aqui ele andou arranjando muita gente pra estrada também
e levou para Aimorés. Lá em Aimorés, parece-me que tinha uma meia
dúzia de soldados, ele prendeu os soldados, e botaram num carro de
boi e mandaram para cá. A única coisa que eu me lembro aqui foi dos
sujeitos no carro de boi. O coronel Amaral, pra entrar no Espírito
Santo, fez uma conexão na divisa do Espírito Santo com Aimorés
e eles se renderam. Mas os capixabas fizeram uma barreira em Baixo
Guandu, deram tiro pra desgraçar lá. O coronel Amaral com a força
mineira cortaram na bala até... Eles prenderam todos. Eles vieram
presos no carro de boi, foi a única coisa que eu vi com os meus olhos,
eles presos no carro de boi" (Sizenando Ribeiro,
empalhador de móveis, 84 anos).
Segundo Eduardo Coelho e João Bosco Setti, nos anos 1940, tempos de grandes modificações na ferrovia, em experiêncisa feitas com a lotação dos novos trens com lotação máxima de 50 t por vagão, um trem com 1000 t de minério partia de Itabira com uma locomotiva Mikado e 20 vagões tinha de ser dividido em dois trens de 500 t e 10 vagões cada um quando chegava a Aimorés, prosseguindo até Barbados, de onde prosseguia até Barbados, onde cada uma deles era dividido novamemte, desta vez em dois trens de 250 t com cinco vagões, ou seja, o mesmo trem de minério que saía de Itabira chegava a Vitória dividido em quatro.
A estação ainda servia aos trens de passageiros da EFVM em 2022.
Nota: Não confundir esta estação da E. F. Vitoria-Minas, no Estado de Minas Gerais, com duas outras estações com o mesmo nome, uma no Estado de
São Paulo, na Cia. Paulista de Estradas de Ferro, e outra na E. F. Bahia-Minas, que curiosamente pertence a dois Estados, o da Bahia e o de Minas Gerais, por estar bem na divisa entre eles.
ACIMA: A estação ainda com o nome de Natividade em foto provavelmente tirada por volta de 1910 (Cessão Prof. Dr. André Simplicio Carvalho, UFMG: https://journals.openedition. org/terrabrasilis/10282;
ACIMA: Deposito de locomotivas de Aimores em 1951 (créditos na foto).
ACIMA: Mapa (parcial) do município de Aimorés dUrante os anos 1950 (IBGE: Enciclopedia dos Municipios Brasileiros, vol. VII, 1960).
ACIMA: A estação e o pátio
inundados em 1979 (Autor desconhecido).
ACIMA: A estação
de Aimorés e os carros novos da linha em 2014 (Autor desconhecido).
ACIMA: Vista aérea da estação de Aimorés
em 2017 (Foto Felipe Rodrigues).
(Fontes: Prof. Dr. André Simplicio Carvalho, UFMG: https://journals.openedition. org/terrabrasilis/10282; Felipe Rodrigues; Sizenando Ribeiro; Silvio Rizzo;
IBGE: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, 1960;
Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Guias Levi, 1917-1984; http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S0102-
46982008000100014). |