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Chibarro
Ouro
Araraquara
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Tronco CP-1935
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ESTIVE NO LOCAL: SIM
ESTIVE NA ESTAÇÃO: SIM
ÚLTIMA VEZ: 2009
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Cia. Paulista de
Estradas de Ferro (1897-1971)
FEPASA (1971-1998) |
OURO
Município de Araraquara, SP |
Linha-tronco - km 244,297 (1958) |
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SP-0746 |
Altitude: 710,800 m |
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Inauguração: 01.02.1897 |
Uso atual: abandonada (2014) |
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com trilhos |
Data de construção do
prédio atual: 1897? |
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HISTORICO DA LINHA: A
linha-tronco da Cia. Paulista foi aberta com seu primeiro trecho,
Jundiaí-Campinas, em 1872. A partir daí, foi prolongada até Rio Claro,
em 1876, e depois continuou com a aquisição da E. F. Rio-Clarense,
em 1892. Prosseguiu por sua linha, depois de expandi-la para bitola
larga, até São Carlos (1922) e Rincão (1928). Com a compra da seção
leste da São Paulo-Goiaz (1927), expandiu a bitola larga por suas
linhas, atravessando o rio Mogi-Guaçu até Passagem, e cruzando-o de
volta até Bebedouro (1929), chegando finalmente a Colômbia, no rio
Grande (1930), onde estacionou. Em 1971, a FEPASA passou a controlar
a linha. Trens de passageiros trafegaram pela linha até o março
de 2001. |
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A ESTAÇÃO: Aberta
em 1897, a estação do Ouro recebeu esse nome
por causa do córrego do Ouro, que passa por ali e vai até Araraquara.
Na verdade, o nome vem de algo mais antigo: a antiquíssima
sesmaria do Ouro, que englobava os Campos de Araraquara
e mais uma vasta região.
A estação estava em um local de muitas fazendas, a maioria cafeeiras,
em volta quando foi aberta em fevereiro de 1897, ao lado que já existia
e doze anos depois da abertura da estação central da cidade de Araraquara.
Depois da sua abertura, o vilarejo se desenvolveu em volta da estação.
Sempre em zona rural, até hoje, o local era isolado e servia tanto
como local de atos violentos quando de ponto de fuga e esconderijo,
como um que ocorreu nove dias depois da inauguração (1897) da estação
do Ouro, após a invasão da cadeia de Araraquara, quando
um bando de pessoas arrancou as grades e mataram instantaneamente
dois dos presos. Muitos habitantes da cidade fugiram e o próprio promotor
público da cidade fugiu... para o Ouro. Foi um acontecimento
que chegou até o governo do Estado, cujo presidente era Campos
Salles (O Estado de S. Paulo - OESP, 9/2/1897).
Em 1898, por causa do mau estado sanitário da cidade, o próprio juiz
de direito da Comarca resolveu mudar-se com todos os empregados para
uma fazenda a cerca de um quilômetro da estação do Ouro (OESP,
5/5/1898).
Assim como em 1901, quando os irmãos Castilhos, vítimas da
"prepotência da polícia", chegaram ao Ouro aclamados
por uma grande multidão. O que teriam feito (ou não) os Castilhos?
(OESP, 27/10/1901).
Sete anos depois, uma briga de bêbados nas proximidades da estação
resultou na prisão de uma terceira pessoa, que chegou com uma faca
para defender um deles (OESP, 8/6/1908).
Mas não somente más notícias aconteciam no Ouro. Em 1909, a
prefeitura de Campinas comprou cinco toneladas de granito rosa
e preto da pedreira do bairro, que foram utilizados na pavimentação
em mosaico na praça José Bonifácio (OESP, 20/10/1909).
Em 1912, foi noticiada outra briga violenta entre um funcionário de
uma pedreira (seria a mesma?) e o cozinheiro da estação da Companhia
Paulista (OESP, 1/8/1912).
Apenas oito dias mais tarde, outra briga terminou com a condenação
de um certo Rozendo Rocha, que atingiu Salvador Doria
com um tiro de garrucha (OESP, 8/8/1912).
Em 1913, a E. F. Chibarro-Jacaré conseguiu a autorização da
uma linha de bondes por trinta anos para ligar aquela ferrovia com
a estação de Araraquara, com a expressa condição de não passar pelo
Ouro. Exigências da Cia. Paulista, quase que com certeza (OESP,
21/4/1913). O projeto dos bondes jamais foi construído. Curiosamente,
um ano depois, a mesma ferrovia conseguiu autorização para um ramal
especificamente para o Ouro, e mais: que sua linha continuasse até
Ribeirão Bonito e dali passaria a acompanhar o leito da
C. E. F. do Dourado (Douradense) até cruzar o Tietê em Ibitinga
e chegar até Itapura, às margens do rio Paraná (OESP, 14/4/1914).
Outro projeto ambicioso que jamais se concretizou.
Em 1943, a estação entrou no noticiário por fazer
"câmbio negro de sal", tendo sido lá
descoberto várias sacas de sal grosso, que "entraram
clandestinamente no município e seriam revendidas a preço
fabuloso" (OESP, 17/8/1943) numa época de repressão
ao ágio nos materiais básicos causados pelo racionamento
devido à guerra mundial.
Em 1983, o prefeito da cidade fez um acordo com o presidente da FEPASA
para a instalação de um "metrô de superfície"
entre as estações do Ouro (já abandonada,
funcionando apenas como parada) e a vizinha cidade de Américo
Brasiliense (OESP, 9/7/1983). Ideia de bom senso e rara
na época, que, apesar da concordância, jamais foi posta
em prática (como hoje, onre nem a febre dos VLTs fazem com
que isso ocorra).
Para piorar as coisas, em 1985, o aterro sanitário da cidade
já estava em Ouro e a prefeitura afirmava a mudança
da usina de asfalto da cidade, então no bairro de Santa Angelina,
para o local do aterro, para eliminar o mau cheiro e as moscas, que,
dependendo do vento, atingiam a cidade (OESP, 25/12/1985).
Enfim, em 1985, o bairro já estava praticamente morto.
"Tenho uma irmã que mora em uma chácara em frente à estação
e vou lá toda semana. Lamento informá-lo, derrubaram tudo pra retirar
a madeira e fazer carvão. Houve uma invasão nas áreas próximas da
linha férrea e estão acabando com tudo que é de madeira pra fazer
carvão. E sobre as lembranças, era bacana quando um trem de passageiros
parava ali ficava horas esperando liberação pra seguir em frente.
Minha mãe e eu tomava o trem das 16 horas na estação de Araraquara
e fiquei muitas vezes até as 20 horas esperando o trem que quase sempre
estava atrasado" (Edson Tiburcio de Oliveira, 2/11/2006).
Em janeiro de 2009, somente sobravam as paredes da velha estação
que leva o nome da antiqüíssima sesmaria que abrigava
toda a região dos Campos de Araraquara: a Sesmaria do
Ouro. Olhando a foto de 01/2009 abaixo, tirada no sentido Araraquara,
dá para se ver - embora não seja possível assinalar
na fotografia - de onde sairá o contorno ferroviário
da cidade, num ponto a menos de 100 m da estação. Ele
sairia para a direita, cortando a área rural pelo norte do
município até atingir o pátio de Tutóia,
que então atenderia às linhas não só da
antiga E. F. Araraquara como também a da antiga Companhia Paulista.
Nesta modificação, a única estação
que ficará fora dos trilhos seria a de Araraquara. As
obras já estavam em andamento, como eu mesmo pude presenciar.
Prazo de previsão? 3 anos a partir de 2009. Somente em 2015
começou a funcionar.
Em 2017 tanto a velha estação quanto a antiga vila ferroviária em
volta dela estão abandonadas, depredadas e tomadas pelo mato.
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1895
AO LADO: A estação citada no artigo entre Fortaleza (Chibarro) e Araraquara deve ser a estação do Ouro (em 1897) (O Estado de S. Paulo, 29/8/1895). |
1898
AO LADO: O surto de febre amarela chega à cidade de Araraquara e o fórum é mudado para a estação e fazenda do Ouro (O Estado de S. Paulo, 27/4/1898). |
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ACIMA: A subestação elétrica
de Ouro, ativa até 1999 e inteira, inclusive no instrumental
interno até 2005, está em janeiro de 2009 totalmente
depredada (Foto Ralph M. Giesbrecht).
(Fontes: Ralph M. Giesbrecht, pesquisa local;
Igor Brito; Angelo Stabile; Marco Zambello; Domingos Carnesecca; Carlos
Ronaldo Lopes; Hermes Y. Hinuy; Ricardo Martins; Filemon Peres; O
Estado de S. Paulo, diversos anos; Cia. Paulista: Álbum dos
50 anos, 1918; Cia. Paulista: relatórios anuais, 1892-1969;
Mapa - acervo R. M. Giesbrecht) |
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A estação do Ouro em 1918. Foto Filemon Peres |
Estação do Ouro, em 1951. Acervo Carlos Ronaldo
Lopes |
Estação do Ouro, em 1951. Acervo Carlos Ronaldo
Lopes |
A estação em 1968. O abandono já era nítido.
Autor desconhecido. Acervo Marco Zambello |
Em 24/06/1999, a estação depredada. Foto Ralph
M. Giesbrecht |
Em 24/06/1999, a estação depredada. Foto Ralph
M. Giesbrecht |
Em 24/06/1999, a estação depredada. Foto Ralph
M. Giesbrecht |
A escola de Ouro já depredada (24/06/1999). Em 2009 já
não existe mais. Foto Ralph M. Giesbrecht |
Em 11/06/2002, Ouro, mais depredada do que nunca. Foto Hermes
Y. Hinuy |
A estação do Ouro já não tem mais
seu telhado em agosto de 2008. Foto Ricardo Martins |
A estação em janeiro de 2009 com a plataforma
toda tomada pelo mato. Foto Ralph M. Giesbrecht |
A estação em novembro de 2010. Foto Angelo Stabile |
A estação em 8/10/2017. Foto Igor Brito |
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Atualização:
23.12.2020
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