A ESTAÇÃO: A estação
de Prados foi inaugurada em 1881.
Essa estação era a maior do trecho da "bitolinha", tirando a de São João del Rei. Por ela passava todo o movimento de cargas e passageiros de duas cidades: Prados, cuja sede fica a 10 km afastada da estação, e Dores de Campos, que fica a 6 km da estação. Esta última cidade conectava-se por jardineiras e ônibus.
"Na década
de 1970 eu e um amigo viajamos de São João Del Rei a
Barroso, passando por Prados, Num percurso de uns 40 km. Este passeio
ficou marcado pois tratava-se de uma viagem normal, não turística,
com passageiros comuns carregando compras. Na época tive o
privilégio de viajar em uma Maria-fumaça de verdade,
que deve ter sido uma das últimas no Brasil neste contexto.
O mais incrível é que na volta para São João
Del Rei, eu e meu amigo descemos na estação de Prados,
muito bonita e bucólica, com a intenção de conhecer
a cidade, e qual não foi nossa surpresa de que quando o trem
partiu só restaram eu e meu amigo na estação,
totalmente isolada no meio de um pasto cortado apenas por uma estradinha
de terra que cruzava os trilhos do trem próxima à estação.
Olhamos para todos os lados e não vimos nenhuma cidade. Apenas
a placa característica de estações escrito "PRADOS".
Avistamos uma pessoa a uns 300 m da estação e lhe perguntamos
sobre a cidade, quando descobrimos que ela ficava a uns 3 ou 4 km
dali, e que nesse dia não haveria mais trem nem ônibus
para São João Del Rei, e que a estação
estava distante da cidade por reivindicação dos moradores.
Fomos até a cidade a pé para compensar a viagem, e encontramos
uma cidade maravilhosa, encravada nos morros de Minas, cheio de riquezas
minerais, ouro, pedras, entradas de minas, e num final de semana em
que estava acontecendo um grande e famoso festival de música
clássica. O som de tubas, fagotes, clarinetes, violinos entre
outros instrumentos, ecoavam de todos os lugares, entre os morros,
de todas as antigas igrejas e dos antigos casarões que alojavam os músicos vindos de vários locais do
Brasil.
Era uma reconstituição perfeita, com cheiro
de óleo queimado dos trilhos, das fagulhas da locomotiva a
vapor, dos freios do trem, a imagem dos passageiros comuns, vestidos
com roupas humildes pois o trem ainda era um transporte barato e acessível.
A imagem da pequena estação, a condição
de só poder chegar a um destino caminhando a pé. A imagem
das casas, casarões e igrejas do século passado, os
sons irregulares dos instrumentos sendo afinados para tocar Carlos
Gomes, Ari Barroso entre outros" (Marcos Cavaliere, 11/2004).
Com a erradicação da linha, em dezembro de 1984, a estação
foi fechada. Em 2003 estava abandonada, tendo sido saqueada,
com todas as portas e janelas arrancadas. O piso de tábuas
havia sido arrancado e o forro de madeira do teto estava desabando com
a unidade. O telhado desabou no segundo semestre desse ano.
Em 2004, Prados continuava sendo destruída aos poucos. Havia um ano, o telhado estava caído,
mas estavam lá os portais, uma das porta do armazém e o chão de tábua
corrida. Agora, levaram quase todos os portais, desmancharam o fogão
de lenha e agora estavam levando as telhas (Informações
de Bruno Nascimento Campos em 06/2004).
Em 2018, a estação estava somente com as paredes em pé. A pequena vila à sua volta ainda sobrevive, mas a distante prefeitura de Prados não parece nem um pouco interessada em sua conservação.
ACIMA: Um grupo de cidadãos locais na estação de Prados. O primeiro da esquerda para a direita, em cima é o meu tio avô Manoel Gonçalves e o segundo é o meu avô José Neto. Aproximadamente 1930 (Acervo Eduardo Lanna Malta)
ACIMA:
A estação de Prados nos bons tempos (anos 1970?) (Acervo
Thiago Lopes de Resende).
ACIMA: A estação de Prados
está jogada à própria sorte em agosto de 2007.
Uma pena. Não é parte da história da cidade que
se vai, é praticamente toda ela. A beleza simples desta estação
é o retrato de uma época que não pode ser simplesmente
atirada ao lixo (Fotos Eduardo Lanna).
(Fontes: Bruno Carvalho Leal; Alberto del Bianco; Hugo
Caramuru; Bruno Nascimento Campos; Thiago Lopes de
Resende; Marcos Cavaliere; Guia Geral das Estradas de Ferro
do Brasil, 1960) |
A estação em 1881. Acervo Familia Almeida Franco |
Acima e à direita, Prados nos bons tempos, c. 1980. Foto
acervo Hugo Caramuru, cedida por Bruno Campos |
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A estação de Prados em 1981. Foto Alberto del
Bianco |
A estação de Prados, em junho de 2003, pouco antes
de o telhado desabar. Foto Bruno Nascimento Campos. |
A estação de Prados, em junho de 2003, pouco antes
de o telhado desabar. Foto Bruno Nascimento Campos. |
A estação de Prados, em junho de 2003, pouco antes
de o telhado desabar. Foto Bruno Nascimento Campos. |
A estação de Prados, em junho de 2003, pouco antes
de o telhado desabar. Foto Bruno Nascimento Campos |
A estação, já com o teto desabado, em junho
de 2004. Foto Bruno Campos |
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A estação de Prados em 2011. Foto Bruno Carvalho
Leal/Panoramio |
A estação de Prados em ruínas em outubro de 2018. Foto Ludmila Albuquerque |
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