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Rede Mineira de
Viação (1942-1965)
V. F. Centro-Oeste (1965-1975)
RFFSA (c.1975) |
TRÊS
RANCHOS
Município de Três Ranchos, GO |
Linha-Tronco - km 1.063,250 (1960) |
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GO-1234 |
Altitude: 675 m |
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Inauguração: 11.11.1942 |
Uso atual: abandonada (2009) |
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sem trilhos |
Data de construção do
prédio atual: 1942 |
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HISTORICO DA LINHA: A linha-tronco
da RMV foi construída originalmente pela E. F. Oeste de Minas a partir
da estação de Ribeirão Vermelho, onde a linha de bitola de 0,76 chegou
em 1888. A partir daí, a EFOM iniciou seu projeto de ligar o sul de
Goiás a Angra dos Reis, passando por Barra Mansa por bitola métrica:
construída em trechos, somente em 1928 a EFOM chegou a Angra dos Reis,
na ponta sul, e no início dos anos 1940 a Goiandira, em Goiás, na
ponta norte, e já agora como Rede Mineira de Viação. A linha chegou
a ser eletrificada entre Barra Mansa e Ribeirão Vermelho, e transportou
passageiros até o início dos anos 1990. Nos anos 1970, o trecho final
norte entre Monte Carmelo e Goiandira foi erradicado devido à construção
de uma represa no rio Paranaíba, e a linha foi desviada para oeste
encontrando Araguari. Hoje (2003) a linha, já não mais eletrificada,
é operada pela concessionária FCA. |
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A ESTAÇÃO: A estação
de Três Ranchos foi aberta em 1942.
Foi inaugurada oficialmente dois anos depois, embora o trem já
trafegasse regularmente desde a abertura em 1942: "Em 11 de
fevereiro de 1944, com a presença dos chefes de governo mineiro
e goiano, representantes dos Srs. Ministro da Viação
e Diretor Geral do Departamento Nacional de Estradas de Ferro e altas
autoridades federais e estaduais, foi oficialmente inaugurada a linha
Patrocínio a Ouvidor, com a extensão de 179 km, construída
pela Rede Mineira de Viação. A construção
desta importante ligação ferroviária era velha
aspiração de mineiros e goianos, que por muitos anos
pleitearam a realização dessa obra, a fim de que os
produtos da economia de Goiaz e do nordeste de Minas pudessem atingir
o porto de Angra dos Reis em linha direta, pela Rede Mineira de Viação.
São inumeráveis as consequências econômicas
que qdvêm da ligação de Minas ao Estado de Goiaz.
Toda a zona agropecuária que se estende pararelamente aos novos
trilhos da Rede ficou em condições de escoar rapidamente
a sua produção, fazendo-a chegar ao litoral brasileiro
depois de atravessar vasta região do nosso território"
(relatório da RMV para 1944).
As datas oficiais, entretanto, de inauguração do trecho
Monte Carmelo-Ouvidor acusam 11/11/1942 para todas as estações
deste trecho, e para o trecho Patrocínio-Monte Carmelo,
a data seria 1937.
De qualquer forma, nos anos 1970, o trecho entre Celso Bueno
e Catalão, que passava por Ouvidor, foi desativado
por causa da construção da represa de Emborcação,
a estação foi desativada e os trilhos retirados.
O texto a seguir, excelente, foi extraído da página
sobre a cidade de Três Ranchos na Wikipedia (em 30 de
outubro de 2008), não cita seu autor, que é José
Luiz Vaz de Sousa, descoberto mais tarde, e mostra a influência
da ferrovia na cidade: "No processo de estabelecimento de
novos aglomerados humanos no interior do Brasil, o pioneirismo enfrentou
grandes dificuldades. O isolamento era certamente o maior estorvo,
causando a necessidade de produzir a maior parte dos mantimentos,
em vista da difícil importação de outras regiões. Benefícios hodiernos
e triviais como a comunicação, a energia elétrica e tantos outros,
há bem pouco tempo é que ficaram disponíveis à população de Três Ranchos.
O aparelho de rádio, luxo incomum, servia para ouvir a notícia; transmiti-la
daqui, porém, só através do telégrafo, meio de comunicação muito útil
por um longo período da história do município, mas que só chegou quando
veio a ferrovia, em meados do século XX, tempo em que as primeiras
imagens de televisão já eram vistas nos grandes centros do país. Viajar
era outra penúria: ia-se aonde ia o trem.
Antes dele, somente a cavalo ou no carro-de-bois; a falta de estradas
por aqui impedia a mobilidade dos veículos automotores que percorriam
velozes o Brasil afora. (...) O estabelecimento do Distrito de Três
Ranchos se deu através da Lei Municipal nº 24, de 19 de dezembro de
1948, e se consolidou 'aos treis dias do mês de janeiro de mil novecentos
e quarenta e nove, às treze horas', conforme ata da solenidade na
qual compareceram várias autoridades e moradores, interessados na
constituição do novo município. Em 19 de outubro de 1953, através
da Lei nº 823, decretada pela Assembléia Legislativa do Estado de
Goiás e promulgada pelo então Governador Dr Pedro Ludovico Teixeira,
o distrito de Três Ranchos foi desmembrado do Município de Catalão,
para se tornar 'município autônomo com a denominação de Paranaíba
de Goiás', ato que se consolidou em 1º de janeiro de 1955.
(...) a inauguração da estrada de ferro foi determinante para que
Três Ranchos se constituísse de maneira organizada, justamente nos
arredores da estação ferroviária (...)
No Decreto da instalação do Distrito de Três Ranchos, datado de 19
de dezembro de 1948, consta que a solenidade seria realizada na estação,
provavelmente em razão de ser o único prédio público existente à época.
Embora já houvesse uma população significativa nas fazendas e o garimpo
já causasse alvoroço, na aurora da década de 1940 o aglomerado urbano
ainda não existia. Foi somente a partir de 1942, com a inauguração
da linha férrea, que a região tomou grande impulso, solidificando
as bases para a formação da cidade e a criação do município. O traçado
da avenida principal iniciava nas cercanias da estação e seguia o
trajeto da via férrea: o relevo, conveniente tanto para as locomotivas
quanto para outros veículos, recomendava que as duas estradas seguissem
parelhas.
(...) A inauguração do segmento de Patrocínio a Monte Carmelo,
ainda em Minas Gerais, ocorreu em 1937. O segundo trecho, de Monte
Carmelo a Ouvidor, passando por Três Ranchos, foi entregue ao tráfego
no dia 11 de novembro de 1942, embora num relatório da RMV conste
como data da inauguração oficial o dia 11 de fevereiro de 1944. Esta
foi, no entanto, apenas a data da solenidade política, posto que a
ferrovia já estava em operação havia dezesseis meses. A chegada da
ferrovia constituiu-se num grande propulsor da economia regional,
pois possibilitava a vinda de insumos e ferramentas com mais quantidade,
variedade e celeridade, assim como permitia o escoamento da produção
de arroz, feijão, milho e da castanha de babaçu. Também o gado passou
a ser transportado pela via férrea, com a vantagem de não perder peso,
como quando tocado nas longas jornadas. Para a transposição do Rio
Paranaíba foi construída uma ponte que, além dos trens, dava travessia
aos pedestres, aumentando o intercâmbio entre as populações de Três
Ranchos e dos municípios vizinhos no lado mineiro.
Eram comuns as visitas aos parentes e amigos para transmitir as notícias
'do outro lado', assim como fazia parte perguntar pelas novidades
aos maquinistas e ferroviários envolvidos no trabalho da ferrovia,
que também faziam o favor de trazer e levar recados, cartas e pequenas
encomendas. A década de 1950 foi o início do declínio da ferrovia
no Brasil. (...) o transporte ferroviário perdia a importância de
outrora, e o desmazelo com a ferrovia fazia as viagens atrasarem e
se tornarem cada vez mais preocupantes e inseguras aos usuários. Este
pedaço da ferrovia foi desativado e os trilhos retirados no final
da década de 1970, para a construção da Usina Hidrelétrica de Emborcação.
Também a ponte ferroviária que fazia a ligação entre os municípios
de Três Ranchos e Douradoquara foi submersa pelo lago e chegou-se
a cogitar a construção de outra ponte, projeto logo em seguida descartado,
em vista dos interesses e da influência política de municípios importantes,
especialmente do lado mineiro, de onde o tráfego seria desviado, causando-lhes
algum reflexo negativo na economia. Registro importante do tempo em
que a ferrovia passava por Três Ranchos é a estação ferroviária, ainda
de pé. Pouco alterada em seu aspecto arquitetônico original, da década
de 1940, a estação permanece indelével na memória de muitos como o
lugar de abraços e adeuses, de um tempo em que o trem promovia encontros
e despedidas.
Com a ferrovia veio o telégrafo, meio de comunicação fundamental para
aquela época, tanto para os avisos sobre o tráfego de trens quanto
para aliviar a angústia da população por notícias urgentes e distantes.
Outro relevante papel desempenhado pela ferrovia na história de Três
Ranchos foi o de estimular a fixação de quem já habitava a região,
além de "qualificar" a imigração (...) Há também as importantes contribuições
culturais trazidas pelos ferroviários e suas famílias, vindos de regiões
longínquas do país e que fixaram residência aqui. A linha férrea tinha
o seu traçado no município margeando o curso do Córrego Cutia, até
a nascente. A cerca de cinco quilômetros da estação ferroviária, nas
proximidades da sede da fazenda do Sr. Sandoval Inácio Carneiro, as
locomotivas a vapor eram abastecidas de água e lenha (ainda está de
pé a grande caixa d'água) e os vagões carregados com as telhas produzidas
pela Cerâmica Modelo, hoje desativada.
Outros empreendimentos e algumas sedes de fazendas eram estrategicamente
construídos às margens da ferrovia, de forma a facilitar a
utilização desse meio de transporte, o mais eficiente daqueles tempos.
Vale acrescentar sobre a ferrovia que, a par de um relevante papel
na história do Município, em função dela é que se intensificou o desmatamento
na região e grande parte da cobertura vegetal foi transformada em
lenha e consumida pelas máquinas a vapor que dependiam da lenha como
combustível. Também os dormentes, utilizados na construção e manutenção
da ferrovia, eram obtidos das madeiras de lei hoje quase extintas
no município.
O processo de urbanização de Três Ranchos intensificou-se após o alagamento
das terras do Município que margeavam o Rio Paranaíba, com o término
do preenchimento do reservatório da Usina Hidrelétrica de Emborcação,
em agosto de 1981, cuja barragem teve a construção iniciada quatro
anos antes, em maio de 1977 (...) A orientação econômica do município,
vinculada originalmente à extração da castanha de babaçu e do corte
de madeiras para lenha e dormentes da ferrovia e ao garimpo de diamantes
e rutilo alterou-se radicalmente para o setor terciário, em que predominam
as atividades relacionadas à prestação de serviços (...)".
O distrito, encravado no município de Catalão,
foi criado em 19/12/1948. Em 1/1/1955, foi criado o município,
desmembrado do de Catalão, mas com o nome de Paranaíba
de Goiás. Este nome voltou ao de Três Ranchos
em 1/1/1959. O nome da estação, porém, nunca
foi alterado, nem na época em que o nome do municípiuo
era outro (1955-58).
A estação, em julho de 2009, estava abandonada e negligenciada
pela Prefeitura.
Registro importante do tempo em que a ferrovia
passava por Três Ranchos é a Estação Ferroviária, ainda de
pé. Pouco alterada em seu aspecto arquitetônico original,
da década de 1940, a estação permanece indelével na memória
de muitos como o lugar de abraços e adeuses, de um tempo em
que o trem promovia encontros e despedidas. Com a ferrovia
veio o telégrafo, meio de comunicação fundamental para aquela
época, tanto para os avisos sobre o tráfego de trens quanto
para aliviar a angústia da população por notícias urgentes
e distantes. Outro relevante papel desempenhado pela ferrovia
na história de Três Ranchos foi o de estimular a fixação de
quem já habitava a região, além de "qualificar" a imigração:
seguindo os trilhos vieram professores e outros técnicos,
como o farmacêutico Luís Ribeiro Horta, cuja prática profissional
(incluída a de médico) fez dele importante figura política
em toda região, tendo sido vereador na cidade de Catalão,
antes de ser prefeito de Três Ranchos por três mandatos; ainda
hoje os moradores mais antigos da margem mineira do Paranaíba
se lembram de como se deslocavam para cá em busca dos bons
serviços do "Sêo Luís". Há também as importantes contribuições
culturais trazidas pelos ferroviários e suas famílias, vindos
de regiões longínquas do país e que fixaram residência aqui.
A linha férrea tinha o seu traçado no município margeando
o curso do Córrego Cutia, até a nascente. A cerca de cinco
quilômetros da estação ferroviária, nas proximidades da sede
da fazenda do Sr Sandoval Inácio Carneiro, as locomotivas
a vapor eram abastecidas de água e lenha (ainda está de pé
a grande caixa d'água) e os vagões carregados com as telhas
produzidas pela Cerâmica Modelo, hoje desativada. Outros empreendimentos
e algumas sedes de fazendas eram estrategicamente construídos
às margens da ferrovia, de forma a facilitar a utilização
desse meio de transporte, o mais eficiente daqueles tempos.
Vale acrescentar sobre a ferrovia que, a par de um relevante
papel na história do Município, em função dela é que se intensificou
o desmatamento na região e grande parte da cobertura vegetal
foi transformada em lenha e consumida pelas locomotivas da
época, as "marias-fumaça", máquinas a vapor que dependiam
da lenha como combustível. Também os dormentes, utilizados
na construção e manutenção da ferrovia, eram obtidos das madeiras
de lei hoje quase extintas no Município.
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AO LADO: extraído
de http://www.tresranchos.
go.gov.br.
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ACIMA: Município de Três Ranchos, ainda como
Paranaíba de Goiás (IBGE: Enciclopedia dos Municípios
Brasileiros, vol. II, 1960).
(Fontes: José Luiz Vaz de Sousa; Fernando Picarelli; Wikipedia; RMV:
relatório anual, 1944; www.tresranchos.go.gov.br;
Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Guia
Levi, 1932-79). |
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A estação já sem os trilhos em 02/2004.
Foto Fernando Picarelli |
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Atualização:
15.04.2017
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