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L M N O P
Q R S T U
VXY Mogiana em MG
RMV - Linha-tronco
...
Rio das Velhas
Almeida Campos
Itiquapira
...
ESTIVE NO LOCAL: NÃO
ESTIVE NA ESTAÇÃO: NÃO
ÚLTIMA VEZ: N/D
...
 
E. F. Oeste de Minas (1926-1931)
Rede Mineira de Viação (1931-1965)
V. F. Centro-Oeste (1965-1975)
RFFSA (1975-1996)
ALMEIDA CAMPOS
Município de Nova Ponte, MG
Ramal Ibiá-Uberaba - km 978,500 (1960)   MG-1237
Altitude: 1.016 m   Inauguração: 15.11.1926
Uso atual: em pé; uso desconhecido (2014)   com trilhos
Data de construção do prédio atual: n/d
 
 
HISTORICO DA LINHA: A linha Ibiá-Uberaba, ligando o tronco da E. F. Oeste de Minas (depois RMV) à linha do Catalão, da Mogiana, foi aberta em 1926. Funciona até hoje com trens cargueiros, e em 1982 a parte da linha que passava por dentro da cidade de Araxá foi erradicada com a construção de uma variante que margeia a cidade.
 
A ESTAÇÃO: A estação de Almeida Campos foi inaugurada em 1926 pela E. F. Oeste de Minas, no ramal Ibiá-Uberaba, projetado originalmente pela E. F. Goiaz.

O nome provisório da estação era Capão dos Porcos, como se pode ver na caixa abaixo. Recebeu o nome em homenagem ao diretor geral da EFOM, o Sr. José de Almeida Campos Júnior, que ocupava o cargo durante a construção do ramal.

Hoje Almeida Campos é um distrito do município de Nova Ponte. Está num dos pontos mais altos do ramal, a 1.106 metros de altitude, somente superado pela estação de Alpercatas, 100 metros mais alta.

O acesso à estação Almeida Campos é difícil, estando, segundo moradores próximos à rodovia Uberaba-Ibiá, a mais de 15 quilômetros de distância desta por estrada de terra. O ramal, na verdade, corcoveia vindo de Ibiá pela esquerda da rodovia (sentido Uberaba), cruzando-a depois de Araxá e aí afastando-se bastante para o norte até
chegar a Amoroso Costa. Isto faz com que as estações, em geral, fiquem bem longe da rodovia e os lugarejos, geralmente atingidos somente partindo-se da rodovia, fiquem isolados, sem o trem de passageiros, inexistente já há mais de 40 anos - desde 1976.

ACIMA: Mapa de situação da estação Almeida Campos em 1970 - CLIQUE SOBRE A FIGURA PARA VER O MAPA COM MAIS ABRANGÊNCIA (IBGE, 1970).

Encontrei nos arquivos digitalizados do jornal Folha da Manhã do ano 1926 duas saborosas notícias sobre o meu saudoso "Ramal de Uberaba" da Oeste de Minas que talvez lhe interessem. A primeira está no canto inferior direito da página 10 na edição do dia 02/01/1926. Conta que na véspera, dia 1º de janeiro, aconteceu uma inauguração provisória do trecho entre Uberaba e Capão dos Porcos (que eu suponho seja a futura estação Almeida Campos). A ponte sobre o antigo Rio das Velhas (atual Rio Araguari) ainda não estava concluída, impedindo a ligação da linha com o trecho de Araxá, mas a ferrovia foi inaugurada como um ramal saindo de Uberaba, com apenas um trem por semana (aos sábados) para atender a população do entorno das estações. Suponho que o material rodante tenha vindo pela linha da Mogiana. É curioso que as três estações inauguradas estão com nomes provisórios: Pinto (futura Batuira), Água Emendada (Itiguapira) e a citada Capão dos Porcos (Almeida Campos). A entrega da ponte do rio Araguari estava prevista para março do mesmo ano, mas como o Brasil de 1926 não era muito diferente do de hoje, a inauguração definitiva da ligação entre Uberaba e Araxá só vai acontecer no dia 11 de novembro de 1926 (aparece na edição do dia 19/11/1926 da Folha da Manhã, página 8) consolidando a integração do Triângulo com Minas Gerais. Nessa ocasião, as estações já aparecem com os nomes definitivos e inaugura-se com festa a estação Uberaba da Oeste de Minas (depois R.M.V.) que vai funcionar até o final dos anos 1960 (1966 ou 67, se eu não me engano). A curiosidade dessa segunda notícia é que o jornal destaca o fato de que a construção da linha custou muito barato: 79 contos de réis por quilômetro linear. Cito o jornal: "não se conhece no Brasil uma via-ferrea, cujo custo quilométrico fosse tão baixo. E, pode-se dizer, a construção mais barata que se fez no Brasil até o atual momento". Quem conhece a linha entende muito bem o porque: não há grandes rios a transpor, o relevo é relativamente suave na maior parte do percurso e a ferrovia foi feita praticamente acompanhando as curvas de nível do terreno, o que resulta num traçado absurdamente sinuoso para evitar quaisquer deslocamentos de terra de maior vulto e/ou a construção de obras de arte. Há casos em que a linha contorna brejos ou pequenos cursos d'água por quilômetros a fio para depois passar a 200 ou 300 metros do ponto original. O que deu origem à uma lenda ferroviária de que os construtores foram pagos por quilômetro de linha assentada, e não por trecho cumprido. No fim resultaram 273 km de ferrovia para cobrir uma distância que, por rodovia, é de cerca de 170 km (em linha reta não passa de 150 km). Economicamente, suponho que teria sido muito melhor se houvesse custado o dobro por km, desde que o trecho ficasse significativamente mais curto. Como até hoje essa linha continua sendo usada por trens cargueiros (praticamente com o mesmo trajeto), certamente o que já se desperdiçou de carvão, diesel e tempo nesses quase 90 anos teria pago com sobra uma eventual diferença. Sentimentalmente, entretanto, é provável que um traçado mais arrojado não passasse bem defronte à sede da fazenda da minha tia-avó, o que para mim fez toda a diferença

AO LADO: Por André Borges Lopes, em 6/4/2014.

(Fontes: André Borges Lopes; Glaucio Henrique Chaves; Leo Figueiredo; Fernando Picarelli; Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Guias Levi, 1932-80) 
     

A estação, em 04/2004. Foto Fernando Picarelli

A estação em 2011. Foto Leo Figueiredo
 
     
     
Atualização: 08.07.2019
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