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Southern Brazilian
R. G. do Sul Ry. Co. Ltd. (1884-1905)
Cie. Auxiliaire des Chemins de Fer au Brésil (1905-1920)
V. F. Rio Grande do Sul (1920-1968) |
PEDRAS
ALTAS
Município de Pedras Altas, RS |
Linha Cacequi-Maritima - km 921,705
(1960) |
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RS-0253 |
Altitude: |
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Inauguração: 02.12.1884 |
Uso atual: de posse da Prefeitura de Pedras Altas
(2020) |
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sem trilhos |
Data de construção do
prédio atual: n/d |
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HISTORICO DA LINHA: A
linha foi construída em partes: pela Southern Brazilian Rio
Grande do Sul Railway Company Limited, sucessora de uma série
de concessões anteriores, a Bagé-Marítima, em
1884. De Cacequi a São Gabriel, em meados de 1896 e de São
Sebastião a Bagé, no final do mesmo ano, ambos pela
pela E. F. Porto Alegre-Uruguaiana. Em 1900, a união São
Sebastião-São Gabriel completaria o trecho Bagé-Rio
Grande. Era uma linha de grande utilidade pois transportava gado e
charque para o porto do Rio Grande, apesar de, no final do século
19, ter baixo movimento por causa dos altos preços do frete,
dos maus serviços e da interrupção do serviço
dos trens pela Revolução Federalista. Os trens de passageiros
partiam de Livramento, em outra linha, chegavam a Cacequi e dali até
Bagé. Em Bagé, havia que se trocar de trem para chegar
a Rio Grande. Uma série de variantes foi entregue entre 1968
e os anos 1980 - Pedras Altas, Três Estradas, Pedro Osório,
Pelotas - que encurtaram e melhoraram seu traçado, eliminando
diversas das estações originais. Até 1982 as
linhas ainda transportavam passageiros, quando o serviço foi
interrompido devido ao desabamento de uma ponte em Pedro Osorio; uma
nova linha foi construída logo depois. O transporte de passageiros
retornou algum tempo depois mas com trens mistos, que duraram até
meados dos anos 1990. |
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A ESTAÇÃO: A estação
de Pedras Altas foi inaugurada em 1884. No início, esta
estação é que tinha o nome de Candiota
(nome transferido depois para outra estação).
Segundo se conta na região, o nome da estação,
que gerou o da cidade, foi dado pelo fato de os engenheiros da ferrovia
terem encontrado ali duas pedras muito grandes sobrepostas com cerca
de 5 m de altura.
A estação foi construída em 1884, a mais tarde,
à sua frente, a sede da fazenda de Joaquim Francisco de
Assis Brasil, de nome Castelo de Pedras Altas (ver nota
sobre este no quadro à esquerda).
"Meu bisavô Guilherme Minssen trabalhou lá (no castelo), como
agrônomo, entre 1904-07. Na ocasião, meu avô, João, ficou estudando
em Pelotas e este trecho de mais ou menos 150km de ferrovia era utilizado
por eles quase todas as semanas" (Eduardo Minssen, 03/2009).
Com a entrega da variante de Pedras Altas, em abril de 1968,
a estação ficou fora da nova linha.
Em 2020, o prédio era utilizado como feira. bem conservado o prédio. Utilizado por alguns órgãos públicos, como a inspetoria veterinária;
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1893
AO LADO: A estação de Pedras Altas estava bem guarnecida (O Estado de S. Paulo, 15/10/1893). |
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1893
AO LADO: A estação de Pedras Altas informa reporta combate (O Estado de S. Paulo, 26/11/1893). |
ACIMA: "O desenho (bico-de-pena), feito
pelo meu bisavô, Dr. Guillaume Theodor Minssen, em fevereiro de 1906,
da E F de Pedras Altas (linha Pelotas-Bagé). A vista é à partir da
Granja de Pedras Altas, onde logo em seguida foi construído o Castelo
de mesmo nome, do Dr. Assis Brasil. Os pinheiros que aparecem plantados
(Pinus insignis - pinheiro da Califórnia) hoje são árvores magníficas,
na aléia da entrada do Castelo. Meu bisavô era engenheiro agrícola
e veio da França em 1889" (Texto e desenho cedido por Eduardo
Minssen em 15/5/2011) (CLIQUE SOBRE O DESENHO PARA VER EM TAMANHO
MAIOR).
O escritor e historiador cearense
José Capistrano de Abreu visitou a propriedade de seu
amigo Assis Brasil em Pedras Altas no verão de 1916 e
de lá mandou cartas descrevendo o castelo e os problemas
da estação ferroviária: "Escrevo-lhe
de Pedras Altas, da granja de Assis Brasil, aonde vim solver
um compromisso (...). O tempo de verão não é o mais próprio
para vistar uma terra essencialmente fria, mas tenho sido feliz:
a dois ou três dias de calor intercalados, tem sucedido sempre
a chuva, e a temperatura não pode ser mais agradável. Uma das
últimas noites acordei com o frio. Diz-me Assis que talvez o
termômetro baixasse a 3º. Há dez anos havia somente campos,
com uma ou outra arvore silvestre. Hoje há bosques de eucalipto,
pinheiro, carvalho; representam-se, em dezenas de espécies,
pessegueiros, macieiras, pereiras, ameixeiras; pela primeira
vez vi oliveiras. A casa de morada é um castelo granítico, em
cuja construção consumiram-se não menos de cem contos. Em roda
nascem buxos americanos, que sob a tesoura assumem formas variadas,
entre as quais as de muralhas com ameias; muito interessante
um dia destes vê-las tremerem com um vento forte do Norte, que
persistiu algumas horas (...). Na granja fabrica-se manteiga
que encontra rápida extração; criam-se animais de corrida, que
nos prados fluminenses vão levantando prêmios repetidos; há
gados Jersey e Devon em exemplares escolhidos. A força do gado
está em Ibirapuitã, lá pelas bandas de São Gabriel (...). Moro
só, em chalet de madeira, habitado antes de ereto o castelo
(...) Pedras Altas, 31 de janeiro de 1916" (carta a Mario
de Alencar). "Pelotas, 22 de março de 1916 (...) Quando
saí ontem de Pedras Altas, esperava demorar aqui menos de 20
horas, se não, teria vindo hoje pela manhã, ou pelo noturno.
O Itajubá encalhou entre Rio Grande e Pelotas: tenho de ficar
36 horas (...). Vou encantado do Rio Grande do Sul: ainda mais
iria, se o correio fosse melhor: não sei agora de que é capaz.
Pedras Altas é estação de grande movimento, mas não se conseguiu
ainda uma agencia postal para lá. Nem mesmo se pode telegrafar
diretamente: os telegramas têm de ir primeiro a Cerro Chato
ou a Bagé e chegam (a Pedras Altas) quando querem. Imperfeitamente,
porque nos últimos dias os jornais têm chegado mais escassa
e irregularmente que de costume (...)" |
1916
AO LADO: Capistrano
de Abreu: carta a Pandiá Calógeras.. |
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1916
AO LADO:
De Gonçalo de Reparaz (O Estado de S. Paulo, 15/6/1916).
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ACIMA: O castelo de Assis Brasil, em fotografia de 2007:
"Fortaleza de 44 cômodos erguida pelo diplomata, político, agropecuarista
e escritor Joaquim Francisco de Assis Brasil (1857-1938) em uma das
paisagens mais isoladas do Rio Grande do Sul. O local para construção
do castelo foi definido em 1904. O lançamento da pedra angular ocorreu
em 1909. Mais do que um luxo, a propriedade tornou-se uma referência
para a pecuária gaúcha. Assis Brasil importou vacas jersey da Inglaterra,
robustos touros devon, cavalos árabes e ovelhas karakul e ideal. Só
criava animais de raça, como galinhas white wyandotte trazidas dos
Estados Unidos. Ele também introduziu novas espécies de árvores, como
o eucalipto, construiu estrebarias, galpões e porteiras que ainda
funcionam. Ainda inventou utensílios, como a bomba de chimarrão de
mil furos que jamais entope e leva o seu nome. A intenção de Assis
Brasil era demonstrar a possibilidade de desfrutar a natureza sem
ficar embrutecido" (Texto e fotografia de Poti Campos).
(Fontes: Eduardo Minssen; Tarik Teixeira; Poti
Campos; Gonçalo de Reparaz; IPHAE: Patrimônio Ferroviário
do Rio Grande do Sul, 2002; O Estado de S. Paulo, 1914; Revista Refesa,
maio-jun 1968; Eng. Ariosto Borges Fortes: VFRGS, suas estações
e paradas, 1962; www.pampasonline.com.br; José Honório Rodrigues:
Correspondência de Capistrano de Abreu, volume 1, Rio de Janeiro,
1954; Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Guias Levi,
1940-81; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht) |
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A estação de Pedras Altas, c. 2002. Patrimônio Ferroviário do Rio Grande do Sul, IPHAE, p. 152
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A estação em 11/2007. Foto Poti Campos |
A estação restaurada em 2012. Foto Tarik Teixeira |
A estação de Pedras Altas em 04/2018. Foto Joaquim Machado |
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Atualização:
07.01.2022
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