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Q R S T U
VXY Mogiana em MG
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Laranja Azeda
Emas
Baguassu
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ram. Sta. Veridiana-1935
...
ESTIVE NO LOCAL: SIM
ESTIVE NA ESTAÇÃO: SIM
ÚLTIMA VEZ: 1996
...
 
Cia. Paulista de Estradas de Ferro (1886-1971)
FEPASA (1971-1976)
EMAS
Município de Pirassununga, SP
Ramal de Santa Veridiana - km 5,882   SP-0133
Altitude: 589,000 m   Inauguração: 06.12.1886
Uso atual: abandonada (2022)   sem trilhos
Data de construção do prédio atual: 1891
 
 
HISTORICO DA LINHA: O ramal de Santa Veridiana foi aberto em 1886, como ramal de Emas, partindo de Laranja Azeda, no ramal de Descalvado, com apenas uma estação e transporte exclusivo de cargas. O prolongamento para Santa Veridiana foi decidido em 1888, sob forte pressão contrária da Mogiana, que alegava invasão de sua zona privilegiada. Em 1893, a linha ficou pronta. As brigas entre a Paulista e a Mogiana continuaram até 1913, quando um acordo fez com que o final do ramal e a linha-tronco da Mogiana, que distavam entre si apenas um quilômetro, se encontrassem, com bitolas diferentes (larga e métrica) na nova estação denominada Baldeação. No início de 1968, a linha entre Palmeiras e Baldeação foi suprimida. O agora ramal de Palmeiras sobreviveu até 1976, quando foi extinto. Os trilhos foram arrancados no início dos anos 1980.
 
A ESTAÇÃO: Em 1886, a Paulista construiu um curto ramal para a Cachoeira de Emas, no rio Mogi-Guaçu, para levar e buscar cargas para o ramal de Descalvado, visto que não podia cruzar o rio sem criar problemas de "zona privilegiada" com a Cia. Mogiana. Construiu então uma estação às margens do rio, que não fazia embarque e desembarque de passageiros, apenas de cargas.

Em 1888, a Paulista mandou às favas a Mogiana e decidiu continuar o ramal para atingir a zona cafeeira de Santa Cruz das Palmeiras, além do rio e bem próxima à linha-tronco da concorrente. Mudou então o curso do ramal, construiu outra estação, demolindo a velha (foi essa que acabou por dar origem ao bairro de Emas que hoje existe) e construindo uma ponte metálica, um pouco mais rio acima.

A nova estação, inaugurada em 26 de novembro de 1891 (veja caixa abaixo, de 1891), foi construída dentro da Fazenda Santa Gertrudes da Barra. Antonio Paes de Barros, então seu proprietário, cedeu "gratuitamente a área para o estabelecimento d'uma estação em terras da dita fazenda, conforme a especificação apresentada pelo engenheiro da linha, dr. Ozorio de Almeida. Por seu lado fica a Companhia Santista obrigada a fazer manter em dita fazenda uma estação para o movimento de cargas e passageiros" (folha 7-142-71, carta de 26/10/1889). A tal Companhia Santista era quem cuidaria da nova estação?

Antonio Paes de Barros era também acionista, presidente e diretor da Companhia Paulista. Conforme o Almanach de Pirassununga para 1885: "É esta uma das fazendas mais belas das que existem no município, não só pela sua magnífica colocação, como pelo aperfeiçoamento de suas machinas caprichosamente montadas. Contem cento e cincoenta mil pés de café. O serviço é feito por oitenta escravos. A sua colheita em 1883 foi 16:500 kilos."

Posteriormente a fazenda da Barra passou a pertencer a Cristiano Osório de Oliveira Filho. Em março de 1944 a fazenda da Barra passou a pertencer ao Ministério da Aeronautica e em 2018 abrigava a sede da Fazenda da Aeronáutica, ao lado da Academia da Força Aérea de Pirassununga. Na parte onde ficava a estação, a Aeronáutica arrendou-a a terceiros para plantação de café e, mais tarde, de cana-de-açúcar.

Em 2018, a estação estava abandonada, depois de servir de moradia para uma família até cerca
de 1991, que se apossou do prédio depois da desativação do ramal, em 1976.

Nos anos 1980, os trilhos foram retirados, e em 1996, a estação e a pequena vila à sua volta estavam abandonadas, sem viva alma. Nesse ano foi a única vez em que estive lá.

Em 2013, notícias davam conta de que a estação seguia de pé e abandonada, logicamente em pior estado do que em 1996 e já sem parte do telhado.

Em junho de 2022, segundo Carlos Otávio Nunes da Silva, oficial da Aeronáutica, "
o mato e a vegetação invadiram tudo. No trecho por onde passavam os trilhos ainda há um caminho, talvez mantido por um trator que deve passar por ali de tempos em tempos sabe-se lá por quê. Do lado oposto ao armazém já é tudo cana de açúcar e se passar pelo caminho paralelo ao dos trilhos, pelo meio da cana mal dá para ver o prédio.

O edifício da estação sobrevive, graças à robustez das construções da época e também um pouco devido à reforma que foi feita nos anos 1980 pelo pessoal da Fazenda de Aeronáutica. O telhado ainda existe, ainda que cheio de buracos. No interior, a maioria das salas sequer tem piso. Em alguns pequenos trechos ainda resiste uma parte do parquet original, logicamente em péssimo estado.

Já no armazém, como não fez parte da última reforma, sobraram só as paredes, e mesmo assim já quase ruindo. Existe ainda uma terceira construção próxima à estação (talvez a casa do chefe?) mas o mato alto tomou conta do acesso"
.

1891
AO LADO:
Abrem-se ao tráfego as estações de Emas e de Baguassu. (O Estado de S. Paulo, 27/11/1891).


ACIMA: A ponte de Emas, sobre o rio Mogi-Guaçu, entre as estações de Emas e de Baguassu, em fotografia de 1916. A linha foi construída nesse trecho em 1890, data que se supõe seja a data de conclusão da ponte (Foto atribuída a Filemon Peres).

ACIMA: Chegada do comboio tracionado por locomotiva a vapor em Emas. Provavelmente anos 1930 (Acervo Marcos Alonso).

ACIMA: A mesma ponte da foto de 1916, fotografada em outubro de 2003, já desativada desde 1976 para fins ferroviários, em fotografia tomada a partir da margem esquerda do rio Mogi (lado de Baguassu). Estava então fechada por tábuas e a foto da esquerda foi tomada por entre as tábuas. A ponte fica a montante da cachoeira de Emas e do bairro de Emas (Fotos Ralph M. Giesbrecht).
"Morei com minha família naquela estação, pois, como vou contar abaixo, de 1982 a 1995 ali foi uma vila de militares e funcionários da Fazenda da Aeronáutica. Emocionei-me ao encontrar a foto de Rodrigo Cabredo em seu site, datada de 1991 (ao pé da página). Na época eu tinha 11 anos e lembro do dia em que aquela fotografia foi tirada, pois eu estava lá, junto àquelas pessoas. Minha família morou exatamente nesse prédio, de 1984 a 1991. Meu pai era militar da Força Aérea Brasileira. O local fazia parte da Fazenda da Barra, de propriedade da família de Fernando Costa. No final dos anos 1940, a fazenda foi doada para o Ministério da Aeronáutica, com a finalidade de trazer para Pirassununga a Escola de Aeronáutica, que nos anos 1970 passou a denominar-se Academia de Força Aérea (AFA). Implantou-se ali também em 1948 a Fazenda da Aeronáutica, que incorporou o local onde está construída Emas. A partir da década de 1950, em um lado da estação foi construída a Vila dos Oficiais da AFA e o outro foi arrendado a terceiros para a plantação de café e mais tarde de cana-de-açúcar. A estação funcionou até a metade da década de 1970, quando o ramal que ali funcionava foi desativado. A estação e os outros prédios ao seu redor ficaram abandonados até o ano de 1982, quando então a Fazenda da Aeronáutica decidiu reformar todos eles, exceto o armazém, e transformá-los em residências para seus militares e funcionários. Os trilhos foram retirados em 1985. Tal vilarejo teve fim em 1995, por iniciativa da própria Fazenda da Aeronáutica. Desde então, o local está abandonado e em ruínas. A área da estação de Emas é fechado, por tratar-se de área militar, e é de acesso restrito"
2009
AO LADO:
Depoimento de 2009. (Rafael de Figueiredo, 27/8/2009).

ACIMA: A estação de Emas, abandonada e assolada pelo matagal, em 2022, em foto de Carlos Otavio Nunes da Silva.

TRENS - De acordo com os guias de horários, os trens de passageiros pararam nesta estação de 1891 a 1976. Na foto à esquerda, o trem do ramal está em Santa Veridiana. Clique sobre a foto para ver mais detalhes sobre esses trens. Veja aqui horários em 1964 (Guias Levi).
(Fontes: Ralph M. Giesbrecht, pesquisa local; Carlos Otavio Nunes da Silva, 2022; Sérgio Vick; Acervo Marcos Alonso; Rafael de Figueiredo; Rodrigo Cabredo; Filemon Peres; Sargento Paulo Marcasso; Ralph Mennucci Giesbrecht: Caminho para Santa Veridiana - as ferrovias em Santa Cruz das Palmeiras, Editora Cidade, 2003; Cia. Paulista: Relatórios oficiais, 1872-1969; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht)
     

A estação de Emas, ativa, em 1918. Foto Filemon Peres

A estação, provavelmente anos 1930. As paredes ainda não tem o revestimento. Acervo Marcos Alonso

A estação de Emas em 1946. Acervo Marcos Alonso

A estação de Emas em 1946. Acervo Marcos Alonso

A estação de Emas em 1946. Acervo Marcos Alonso

A estação de Emas em 1946. Acervo Marcos Alonso

A estação, servindo como moradia e já sem trilhos, em 1991. Foto Rodrigo Cabredo

A estação abandonada em 30/05/1996. Foto Ralph M. Giesbrecht

A estação abandonada em 30/05/1996. À direita, o armazém. Foto Ralph M. Giesbrecht

A estação abandonada em 30/05/1996. Foto Ralph M. Giesbrecht

A estação abandonada em 30/05/1996. Foto Ralph M. Giesbrecht
 
     
Atualização: 22.06.2023
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.