A B C D E
F G H I JK
L M N O P
Q R S T U
VXY Mogiana em MG
...
Loreto
Elihu Root
São Bento
...

ramal de Descalvado-1935

IBGE-1956
...
ESTIVE NO LOCAL: SIM
ESTIVE NA ESTAÇÃO: SIM
ÚLTIMA VEZ: 2008
...
 
Cia. Paulista de Estradas de Ferro (1877-1971)
FEPASA (1971-1997)
ELIHU ROOT (antiga GUABIROBA)
Município de Araras, SP (veja mais sobre Elihu Root)
Ramal de Descalvado - km 144,640   SP-0360
Altitude: 594,000 m   Inauguração: 30.09.1877
Uso atual: abandonada (2022)   sem trilhos
Data de construção do prédio atual: 1891
 
 
HISTORICO DA LINHA: Em 1877, a Paulista abria o primeiro trecho, partindo de Cordeiros até Araras, do que seria o prolongamento de seu tronco. Em 1880, a linha, com o nome de Estrada do Mogy-Guassú, atingia Porto Ferreira, na mesma época em que a autorização para cruzar o Mogi e chegar a Ribeirão Preto foi indeferida pelo Governo Provincial, em favor da Mogiana. A linha, então, foi desviada para oeste e atingiu Descalvado no final de 1881, seu ponto final. Em 1916, as modificações da Paulista na área entre Rio Claro e São Carlos, na linha da antiga Rio-Clarense, fizeram com que o trecho fosse considerado como novo tronco, deixando a linha a partir de Cordeiros como o Ramal de Descalvado. Desde o começo em bitola larga (1,60m), ele funcionou para trnes de passageiros até julho de 1976 (Pirassununga-Descalvado) e até fevereiro de 1977 (Cordeirópolis-Pirassununga). Trens cargueiros andaram pela linha até o final dos anos 1980. Abandonado, o ramal teve os trilhos arrancados entre 1996 e 2003.
 
A ESTAÇÃO: A linha de Araras ao Manoel Leme foi aberta em 30 de setembro de 1877, e no mesmo dia se inaugurava a estação de Guabiroba, era inicialmente um barracão de tábuas.

Na última hora, quase que a estação de Guabiroba não sai: em fevereiro de 1877, a diretoria decidiu alterar o local onde esta estação seria construída, para um ponto de nome Vira-Copos (nada a ver com o local onde hoje se localiza o aeroporto de mesmo nome) a cerca de três quilômetros dali, chegando mesmo a, nessa época, realizar trabalhos de movimentação de terras gastando por volta de dois contos de réis (não pouco dinheiro na época). Porém, passou-se algum tempo e a Paulista voltou atrás, abandonando todas as obras feitas e passando a construir o pátio e a estação da futura Elihu Root.

Um anônimo, provavelmente sentindo-se prejudicado com a nova mudança, publicou nos jornais uma carta (ver caixas abaixo, de 1877) contando que tais procedimentos eram absurdos. A Cia. Paulista respondeu, colocando seus argumentos e dizendo que a estação iria mesmo ficar em Guabirobas.

Em 1882, foi construído o armazém, ao lado do barraco.

Com o estado precaríssimo da estação, em 1891 foi construído o prédio de alvenaria, aumentando-se a sua plataforma de 21 metros, que ganhou uma nova cobertura com telhas francesas. O prédio e o armazém sobrevivem até hoje.

Em 1906, recebeu o nome do Secretário de Estado norte-americano, o advogado Elihu Root (1845-1937), que, depois de presidir a Conferência Pan-Americana no Rio de Janeiro, veio à estação para lá descer e visitar a fazenda de café Santa Cruz. Foi uma viagem que o marcou muito, principalmente por causa da volta, em que parou na estação então chamada de Villa Americana, em que foi recebido por imigrantes do sul dos Estados Unidos que ali haviam se estabelecido trinta anos antes.

Em 1919 e 1920, a estação de Elihu Root passou por uma grande reforma, para "melhor distribuição das salas, sendo retirados os commodos do chefe", tomando as feições atuais (ver caixa abaixo, de 1920).

Foi imortalizada no filme Sinhá-Moça, de 1952, em que não só aparece, como também foi usada para desembarque dos atores que filmavam na Fazenda Araruna.

Em 1962, lá esteve o Príncipe Philip, príncipe consorte da Inglaterra, Duque de Edimburgo. quando de sua visita ao Brasil. Segundo um morador antigo de Elihu Root, "a estação ainda estava bem cuidada, o chefe com o uniforme impecável, enquanto a locomotiva a vapor, com o número 23 ou 25, não me lembro exatamente, chegava com duas bandeiras fincadas à sua frente, uma inglesa, outra brasileira, puxando um carro de administração; eu não me lembro se havia mais um carro de apoio ou não. A máquina era a vapor, sim, embora elas, nessa época, raramente passassem por ali. O príncipe desceu, cumprimentou meus filhos crianças ainda, e entrou num jipe que também tinha duas bandeiras e o levou até a fazenda Santa Cruz".

Seis anos depois, em 1968, a estação foi rebaixada a parada, sem pompas e circunstâncias. O fim do transporte de passageiros no trecho ocorreu em fevereiro de 1977, mesmo ano em que seria, meses mais tarde, homenageada pelos cem anos de existência, última honraria que receberia. A partir daí, foi abandonada, estando hoje depredada e com sério risco de ruir.

"No seu pátio ferroviário havia um  desvio dotado de depósito de carga utilizado pela Citrosuco para enviar laranjas (em caixas de madeira) para o mercado paulistano. De outro havia o depósito onde a Cia Nestlé despachavas as caixas de produtos para o mercado brasileiro e para o porto de Santos. Após o término do serviço de transporte de de passageiros a estação recebia composições com vagões cargueiros, vagões tanque para alimentar as caldeiras da Nestlé e alguns vagões para transporte de lenha para a citada companhia (informações de Luiz Augusto Pesce de Arruda)".

O bairro a seu lado segue existindo, pequeno, mas com boas casas e algum comércio. Os trilhos foram retirados no final de outubro de 1998.

Em 2003, a parte da cobertura da plataforma que ficava fixa na parede da estação caiu, provavelmente por podridão do madeirame, caindo com ela a velha placa que teimava e ficar ali pendurada, com o nome "Elihu Root". Esta desapareceu.

Em 2022, o abandono e a depredação de 60 anos eram visíveis desde a desativação da estação nos idos de 1968.

1877
AO LADO:
Crítica à mudança de local da estação - CLIQUE SOBRE O TEXTO PARA LÊ-LO EM SUA INTEGRA (A Provincia de S. Paulo, 17/2/1877).

1877
AO LADO:
A resposta dos diretores da Cia. Paulista ao artigo publicado três dias antes sobre a mudança de Vira-Copos para Guabiroba - CLIQUE SOBRE O TEXTO PARA LÊ-LO EM SUA INTEGRA (A Provincia de S. Paulo, 20/2/1877).

1877
AO LADO:
Noticia da inauguração da estação de Guabiroba sem citar seu nome, mas que estava no trecho inaugur, em 30 de setembro ado, dois dias depois do fato (A Provincia de S. Paulo, 2/10/1877).

1877
AO LADO:
Noticia da inauguração da estação de Guabiroba sem citar seu nome, mas que estava no trecho inaugurado, dois dias depois do fato, em 30 de setembro. As duas notícias aqui mostradas saíram no jornal no mesmo dia, de fontes diferentes (A Provincia de S. Paulo, 2/10/1877).

ACIMA: Armazém particular abre na estação das Guabirobas em 1877 (A Provincia de S. Paulo, 7/10/1977).

1877
AO LADO:
Ainda havia problemas com o correio na estação correios em Guabiroba (A Provincia de S. Paulo, 17/10/1877).


ACIMA: Menos de um mês depois da abertura da estação, ela já servia de referência para a região (A Província de S. Paulo, 23/10/1877).

1888
AO LADO:
Trocam os chefes da estação dos correios em Guabiroba
(A Provincia de S. Paulo, 19/5/1888).

1900
AO LADO:
Casas comerciais em Guabiroba (A Provincia de S. Paulo, 31/07/1900).


ACIMA: Elihu Root (de terno claro) na estação de Guabiroba, no dia de sua visita à fazenda Santa Cruz em 1906. Ao seu lado esquerdo, de barba, o Conselheiro Antonio Prado, então Presidente da Cimpanhia Paulista de Estradas de Ferro (Maria Pacheco e Chaves: Os grandes esquecidos de um Brasil verdadeiro, 1970; acervo Vera Helena Bressan Zveibil).

1913
À ESQUERDA: Carimbo de cartão postal postado em Elihu Root em 2/9/1913 (Acervo Ralph M. Giesbrecht).

1920
À ESQUERDA: O dia em que a estação de Elihu sofreu reformas de ampliação e outras estações também foram reformadas (O Estado de S. Paulo, 15/06/1920).

ACIMA: A morte de Elihu Root (O Estado de S. Paulo, 9/2/1937).

1940
AO LADO:
Morte na estação (O Estado de S. Paulo, 16/2/1940).

1962
AO LADO: Duas notícias sobre a visita do Principe Phillip a Elihu Root em 17/3/1962 (Folha de S. Paulo, 18/3/1962).

ACIMA: 1962 - Na plataforma da estação de Elihu Root, o embarque do Principe Phillip no trem que o levará de volta a São Paulo. À noite, ele iria assistir ao jogo Santos x Palmeiras, para ver Pelé jogar.(Foto de Orley Camargo Schmidt, original slide, cessão Eduardo Schmidt em 17/3/1962).

ACIMA: O fechamento da estação em 15 de agosto (O Estado de S. Paulo, 1/8/1968).

ACIMA: Parte do que foi o antigo pátio de Elihu Root em foto de satélite, de 2009, mostrando o armazem (centro abaixo), a estação (canto esquerdo superior), a casa da esquina da estrada Araras-rio Mogi (canto direito inferior) e a outra casa (centro acima). Os trilhos passavam pela esquerda do armazém e da estação (Google Maps, entrada em 31/10/2009).

ACIMA: Armazém, igual ao mais antigo da estação de Araras. Pintura original das paredes internas, já bastante descascada (Fotos Leonardo dos Santos em 2009).


ACIMA: As marcas do abandono crescem com o tempo, nada está sendo feito para recuperar a estação de Elihu Root nesta fotografia de 10/10/2022 (Foto Leonardo Patara).

TRENS - De acordo com os guias de horários, os trens de passageiros pararam nesta estação de 1877 a 1977. Na foto à esquerda, o trem do ramal está parado em Loreto. Clique sobre a foto para ver mais detalhes sobre esses trens. Veja aqui horários em 1964 (Guias Levi).
(Fontes: Ralph M. Giesbrecht: pesquisa local; Alexandre Giesbrecht; Vera Helena Bressan Zveibil; Leonardo dos Santos; Gessio Maiochi; Leonard Niero da Silveira; Elihu Root III (in memoriam); Molly Root; Filemon Peres; A Província de S. Paulo, 1877; O Estado de S. Paulo, 1937; Folha de S. Paulo, 1962; Ralph Mennucci Giesbrecht: Caminho para Santa Veridiana, Editora Cidade, 2003; Maria Pacheco e Chaves: Os grandes esquecidos de um Brasil verdadeiro, 1970; Cia. Paulista: album, 1918; Cia. Paulista: relatórios anuais, 1875-1969; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht)
     

Elihu Root, em 1918, antes da reforma do prédio. Foto Filemon Peres

A estação no abandono (15/10/1996). Foto Ralph M. Giesbrecht

A estação no abandono (15/10/1996). Foto Ralph M. Giesbrecht

A estação no abandono (15/10/1996). A placa com o nome ainda pendurada na cobertura... Foto Ralph M. Giesbrecht

A estação no abandono (15/10/1996). Foto Ralph M. Giesbrecht

Toda esta parte da cobertura da estação, junto à parede da estação, e com a placa, ainda estava no lugar em 07/09/2002. Toda ela desabou alguns meses mais tarde. Foto Ralph M. Giesbrecht

A estação já com a cobertura da plataforma desabada, em 1906. Foto Leonard Niero da Silveira

A estação em 2009. Foto Leonardo dos Santos

Estrada da estação com a escadaria em 11/2015. Foto Gessio Maiochi

A estação em 5/8/2018. Foto Leandro Guedini
   
     
Atualização: 11.10.2022
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.