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Cia. União
Mineira (1879-1884)
E. F. Leopoldina (1884-1975)
RFFSA (1975-1994) |
BICAS
Município de Bicas, MG |
Linha de Caratinga - km 191,922
(1960) |
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MG-1799 |
Altitude: 597 m |
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Inauguração: 09.09.1879 |
Uso atual: estação rodoviária
(2008) |
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sem trilhos |
Data de construção do
prédio atual: n/d |
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HISTORICO DA LINHA: Este
trecho da Leopoldina na verdade era uma junção de várias linhas isoladas
originalmente, construídas em épocas diferentes. O trecho entre Entre
Rios (Três Rios) e Silveira Lobo foi aberto em 1903 e 1904; o seguinte,
até a estação de Guarani, ficou pronto em 1883 e havia sido construído
e operado pela Cia. União Mineira, até a entrega à Leopoldina, em
1884; o trecho entre esse ponto e Ligação ficou pronto em 1886, enduanto
daí para a frente, até Ponte Nova, foi entregue entre os anos de 1879
e 1886. Entre 1912 e 1926, entregou-se a linha até Matipoó (Raul Soares)
e finalmente, em 1931, a linha chegou a Caratinga, de onde não passou.
Havia um trem de Barão de Mauá, no centro do Rio de Janeiro, para
Caratinga, via Petrópolis, todos os dias, desde que a linha completa
foi entregue, em 1931. Sem trens de passageiros desde os anos 80 (em
1980 ainda existiam trtens mistos fazendo o serviço de passageiros
entre Ubá e Caratinga, vindo de Recreio, na antiga linha-tronco
da EFL), a linha foi erradicada em 1994 nos
trechos Três Rios-Ligação e Ponte Nova-Caratinga; o trecho intermediário
consta até hoje como tendo "tráfego suspenso". |
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A ESTAÇÃO: A estação
de Bicas foi inaugurada em 1879 (O livro de Cyro Deocleciano
Pessoa Jr. cita a data de 13 de maio e não 9 de setembro)
pela Cia. União Mineira, e incorporada, com a linha, pela E.
F. Leopoldina em 1884.
Ela fazia parte originalmente do ramal de Serraria, desativado
em 1904 e com esse trecho da linha incorporado à
linha Três Rios-Ubá.
Dom Pedro II andou na União Mineira passando por Bicas,
em 1881: -"(...) 5 ½ Acordei. Vou ler. Saio às 7h. Caminho conhecido
até Serraria. Cheguei às 8 ¾ a Juiz de Fora. A cidade tem aumentado
muito. Bela avenida com bonitas casas que devem arborizar. Almocei
numa destas que é do barão de Cataguazes. Partida do trem às 11h 10'.
Nada de novo até Serraria. Aí entramos no trem da estrada de ferro
da União Mineira. Percorremos 84km até o arraial - vila ainda não
instalada de S. João de Nepomuceno. A estrada para subir parte da
serra do Macuco tem 2 ziguezagues com plataformas. Tem 7 estações
pequenas porém bem construídas conforme a aparência. Vista muito
bela assim como mato viçoso de Bicas para diante. Descobre-se amplo
vale fechado por altas montanhas, e perto de S. João avista-se a alta
serra do descoberto de contorno original. Grande número de quilômetros
a começar da Serraria passa a estrada por fazendas de café muito bem
plantadas e algumas com casas feitas com bom gosto. Há interrupção
de terras tão boas para voltarem estas. Vim conversando com o engenheiro
Betim cuja direção inteligente e ativa revela-se no modo porque a
estrada foi construída e tendo trilhos de aço, e com o desembargador
Pedro de Alcântara Cerqueira Leite a cuja influência se deve sobretudo
a estrada que é de bitola de um metro. (...)" (Trecho do Diario
de Dom Pedro II, vol. 25, 27 de abril de 1881 (4a fa), copiado de
José Carlos Barroso - cessão Marcus Granado).
Na linha que passava por Bicas rodaram trens de passageiros
até a primeira metade dos anos 1970 e foi suprimida oficialmente
somente em 1994.
"Sou ferroviário de coração e de profissão. Entrei para a
RFFSA em 1983 como Operador de Máquinas e permaneci até 2002, quando
saí, já na MRS Logística S. A. como Desenhista Projetista. Hoje presto
serviços à MRS Logística S.A. como Desenhista Projetista e
resido na cidade de Bicas, da antiga e saudosa Estrada de Ferro Leopoldina.
Em minha cidade, onde trabalhei por 10 anos nas Oficinas da RFFSA,
já sem trilhos mas como unidade industrial, fornecendo peças para
a Via Permanente da SR 3, vi os trilhos sendo retirados em 1984 e
a estação de Bicas ser totalmente desfigurada e transformada em rodoviária.
Pelo menos isso salvou-a de ser demolida totalmente. Vi depois as
oficinas serem totalmente demolidas. O lugar está vazio até hoje.
Um triste fim para uma cidade que foi um vulcão ferroviário no passado.
Aqui nascemos e crescemos ao som das locomotivas Baldwin e Pacific.
O apito da oficina era maravilhoso, tocado a vapor e mais tarde por
um compressor" (Aloizio Barros de Souza, 2/4/2010).
As oficinas permaneceram ali em funcionamento por algum tempo depois
da desativação da linha; trens e carros eram trazidos
por via rodoviária. As oficinas foram totalmente demolidas,
depois de adquiridas pela prefeitura local junto à RFFSA, e
no seu lugar hoje existe absolutamente nada. Já o prédio
da estação virou estação rodoviária.
1878
À DIREITA: Parte de folha do relatório da
E. F. União Mineira falando sobre o estabelecimento
da estação terminal do primeiro trecho, que
se chamaria Bicas ( por causa da serra de Bicas - não
existia cidade alguma ali) e seria construída no local
de nome Taboas devido às melhores condições
de trajeto (Diretoria: Primeiro Relatório apresentado
à E. F. União Mineira em 31 de janeiro de 1878,
Rio de Janeiro).
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ACIMA: Da estação de Bicas partia
a E. F. Guararense, que rodou com máquinas a vapor em bitola
de 60 cm ligando o então bairro do município de Guarará,
ao qual pertencia, ao centro deste. Tal ferrovia funcionou de 1896
a 1897 apenas, tendo permanecido abandonada até 1899, quando
seus trilhos (o maquinário virou sucata) passaram a ser utilizados
para um tramway a tração animal até 1924, quando
fechou definitivamente (https://pt.wikipedia.org/wiki/ Estrada_de_Ferro_Guararense,
10/10/2013).
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1924
AO LADO: Acidente com trem misto
da Leopoldina (e não da Central do Brasil, como diz
o artigo) entre as estações de Bicas e de Rochedo.
(O Estado de S. Paulo,
18/3/1924).
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ACIMA: Trilhos em Bicas: é a saída
do pátio da estação, que pode ser visto à
esquerda, na foto. Anos 1940? (Autor desconhecido).
ACIMA: Oficina da Leopoldina em Bicas, a pleno vapor, sem data (www.otremexpresso. webonte.com.br).
ACIMA:
A estação de Bicas em 2008 era estação
rodoviária (Foto Jorge Alves Ferreira, outubro de 2008).
(Fontes: Gutierrez L. Coelho; Amarildo Dousseau Mayrink; Aloizio
Barros de Souza; Hugo Caramuru; Jorge Alves Ferreira; Roy Christian
(coleção Kirchner); Diretoria:
Primeiro Relatório apresentado à E. F. União
Mineira em 31 de janeiro de 1878, Rio de Janeiro;
https://pt.wikipedia.org/wiki /Estrada_de_
Ferro_Guararense, 10/10/2013; www.otremexpresso.webonte.com.br;
Diario de Dom Pedro II, vol. 25; Cyro Deocleciano Pessoa Jr.:
Estudo Descriptivo das Estradas de Ferro do Brasil, 1886; Guia Geral
das Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Guias Levi, 1932-82) |
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Estação de Bicas. Anos 1950? Cessão Gutierrez
L. Coelho |
Estação de Bicas, c. 1950. Foto Roy Christian,
da coleção Kirchner |
Estação de Bicas, sem data. Acervo Hugo Caramuru
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A estação desativada, em 2000. Foto Jorge A. Ferreira
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A estação em 07/2002. Foto Jorge A. Ferreira |
A estação em 07/2002. Foto Jorge A. Ferreira |
Pequeno prédio próximo à estação
principal (que aparece so fundo), em 07/2002. Foto Jorge A.
Ferreira |
A estação à noite, em 07/2002. Foto Jorge
A. Ferreira |
A estação em 2016. Foto Fernando Marietan |
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Atualização:
23.04.2020
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